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Revisitando a história dos surdos, vê-se que, por longo período, foi negado
a eles o acesso à educação, sendo que até o seu reconhecimento como humanos
permaneceu subtraído. Somente no século XVI é que se tem registro das primeiras
iniciativas educacionais voltadas para eles, quando se começou a utilizar a Língua
de Sinais no processo de ensino-aprendizagem. L'Epée foi o precursor de tal uso
em sua metodologia de ensino, atingindo níveis de formação desses sujeitos
equivalentes aos dos ouvintes.
A fim de contribuir para sanar esse déficit de sinais, têm sido desenvolvidas
diferentes pesquisas refletindo sobre essa problemática (MOREIRA, 2020;
MARTINS, 2018; COSTA, 2012). Desta feita, têm surgido iniciativas para a criação
de sinais e coleta dos já existentes, para compartilhá-los por todo o território
nacional, em diferentes plataformas digitais. Dentre as ações, os autores surdos do
presente artigo estão coletando e criando sinais da área de tecnologia, os quais
são disponibilizados no site “Sinais na Libras: Área de Tecnologia” 2, e apresentados
junto com seu conceito na língua portuguesa.
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Como o objetivo era garantir às famílias nobres que seus filhos surdos
pudessem receber herança, somente seus descendentes é que, inicialmente,
passaram a ter acesso à educação. Assim, no século XVI, são registradas as
primeiras experiências educacionais voltadas para esses sujeitos, com a figura do
monge espanhol Pedro Ponce de Leon, reconhecido como o primeiro professor de
surdos (FERNANDES, 2011).
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Como somente os surdos podem criar sinais, em razão de esta ser a sua
língua natural, e eles entraram tardiamente nas universidades, muitas áreas do
conhecimento acabam por ainda apresentar grandes lacunas de sinais específicos.
A criação de novos sinais não é fomentada, na medida em que os surdos não estão
inseridos nesses ambientes. Vale ressaltar que, apesar de atualmente estar
previsto o direito ao intérprete de Língua de Sinais no processo educacional, é
preciso levar em conta a dificuldade desses sujeitos em ingressar na universidade,
especialmente em cursos mais concorridos, devido aos desastrosos processos
educacionais a que foram submetidos, o que explica a discrepância entre o
contingente de sinais que existem em algumas áreas quando comparadas a outras.
Nesse cenário, para além da entrada gradativa dos sujeitos surdos nas
universidades em diferentes cursos e da concomitante criação de sinais por eles,
também há diferentes grupos de surdos buscando contribuir para suprir essa
lacuna, tanto na criação de sinais de áreas específicas quanto na busca por fazer
uma coletânea dos já existentes, a fim de compartilhá-los em todo o território
brasileiro. Como exemplo desse processo, tem-se a pesquisa de doutorado,
desenvolvida por Martins (2018), de coleta e registro de sinais-termos da área de
psicologia.
Conforme já referido, somente os surdos podem criar sinais, uma vez que
essa é a sua língua natural. O fato de os surdos se constituírem como seres visuais
confere-lhes essa singularidade. Dessa forma, a criação de sinais envolve um
processo pelo qual o sinal criado precisa, por meio de seus aspectos visuais,
expressar o conceito do termo ao qual se refere.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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In Brazil, the recognition of the Brazilian Sign Language (Libras) as the official language of
deaf people only took place in 2002, through Law n. 10.436. Later, this was regulated by
Decree n. 5.626/2005, which established numerous prerogatives for these students,
including providing for the right to the Libras interpreter at different levels of education
in the public and private system, without financial burden. When considering how recent
the achievement of the aforementioned rights is, it is understood that many areas of
knowledge still have gaps in the signs to designate different terms, as, before the
aforementioned legislation, the presence of these students in universities was little
significant. This time, as only the deaf can create signals, such signal vacuums are
proportional to the absence of these subjects in these institutions. In order to contribute
to remedying this deficit, initiatives have emerged to create them, as well as to collect
existing ones, in order to share them throughout the national territory, on different
digital platforms. Among these, the deaf authors of this article are collecting and creating
signals in the area of technology, which are available on the website “Sinais na Libras:
Área de Tecnologia”. In this article, in addition to recovering the historical aspects that
explain the gaps in signs that still exist, the singularities of the creation of signs by the
aforementioned group of deaf are addressed, seeking to elucidate the creative process
involving the design of signs that express their respective concepts.
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2 Observa-se que esse site, Sinais na Libras: Área da Tecnologia, disponível em:
https://tecnalibras.github.io, constitui-se e um Recurso Educacional Aberto, criado
em um processo colaborativo entre dois projetos, elaborados com o fomento do
Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Recursos Educacionais Abertos da
UTFPR – Campus Curitiba (PRADREA-CT) na Graduação e no Ensino Técnico de
Nível Médio. São eles: 1 - Representando na Libras as Tecnologias Digitais do
Futuro – Definição de sinais, coordenado pela professora ouvinte Tânia Lúcia
Monteiro; 2 - Produção de Manual On-line da Libras para Tecnologias Digitais do
Futuro, coordenado pelo professor ouvinte Gabriel Kovalhuk.
REFERÊNCIAS
VELOSO, E.; MAIA FILHO, V. Aprenda Libras com eficiência e rapidez. 4. ed.
Curitiba: Mãos Sinais, 2011. v. 1.
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