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ELTON AUGUSTO MENDES- 1819231

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA COMO SEGUNDA


LÍNGUA PARA ALUNOS SURDOS

Pré-Projeto de Pesquisa apresentado a


UNIP Interativa - Polo Senador Canedo –
GO - Curso de Letras (Português),
como requisito para elaboração de
Trabalho de Curso.

Orentação:

Senador Canedo
2021
1. INTRODUÇÃO

Analisar questões relacionadas à educação e/ou escolarização dos surdos implica


compreender, historicamente, os conceitos e práticas aplicados. Isso remete aos
acontecimentos de desde os primórdios, quando, ainda na Antiguidade, a pessoa surda
já sofria com comportamentos de exclusão por parte da comunidade ouvinte, que a
julgava incapaz de ser ensinada: “Acreditava-se que o pensamento não podia se
desenvolver sem a linguagem e que a fala não se desenvolvia sem a audição: quem não
ouvia, portanto não falava e não pensava” ( STREIECHEN, 2012, p. 13 ). Foram,
então, a essas pessoas, negados diversos direitos básicos, como descreveram as autoras
Rosa e Araújo:
“No passado os surdos eram considerados incapazes de
serem ensinados, por isso eles não frequentavam escola. As
pessoas surdas, principalmente as que não falavam, eram
excluídas das sociedades, sendo proibidas de casar, possuir ou
herdar bens e viver com as demais pessoas. Assim, privadas de
seus direitos básicos, ficavam com a própria sobrevivência
comprometida” ( ROSA; ARAÚJO, 2012, p. 9 ).

Além dos direitos básicos negados e rejeições sofridas, nas civilizações antigas
( Grécia e Roma ) algumas vezes os surdos eram sacrificados seja pelo ideal grego de
beleza e perfeição, pois associava-se a sua deficiência como um castigo dos deuses
para justificar a sua morte ou então, no caso de Roma, no século XII “a infortunada
criança era prontamente asfixiada ou tinha sua garganta cortada ou era lançada de um
precipício para dentro das ondas. Era uma traição poupar uma criatura de quem a
nação nada poderia esperar” ( LANE; PHILIP, 1984, p. 165 ).
Não obstante uma vida material miserável ostentada no mundo, na Idade Média a
igreja católica julgava a alma dos surdos como não sendo imortais, porque não podiam
falar os sacramentos, condenando, assim, a sua vida espiritual.
A partir do século XVI, já na Idade Moderna, pecebeu-se que o surdo poderia se
desenvolver e alguns educadores começaram a trabalhar no desenvolvimento
intelectual dos surdos. Infelizmente, neste primeiro momento, apenas os surdos de
famílias nobres é que tiveram acesso aos estudos, pois para que tivessem acesso a
títulos ou herança era necessário que aprendessem a língua oral e se desenvolvessem
como um ouvinte, ficando assim, o ensino realizado de maneira individual e sem
muitas informações dos métodos utilizados pelo professor, que trabalhava
autonomamente e não havia troca de experiências com outros professores.
Percebe-se que, a história da educação dos surdos já começava com uma certa
restrição, ficando a classe social mais pobre sem acesso à educação, desenvolvimento
pessoal e integração à sociedade. O professor Pedro Ponce de León foi reconhecido
como o primeiro professor de surdos. Como o professor utilizava uma proposta de
língua oral ( oralismo ), posterior a ele foram surgindo novas propostas de ensino,
desta vez, com uma abordagem gestualista. Charles-Michel de L’Epée foi o primeiro
professor a reconhecer o valor linguistico da língua de sinais utilizadas por surdos
( ainda em gestos ) e rompeu com as tradições das práticas secretas de ensino,
fundando em 1775 a primeira escola com aulas coletivas, nas quais os professores e
alunos de todas as classes sociais utilizavam sinais.
Percebe-se que durante anos, a luta pela educação da pessoa surda tem sido árdua e
constante, uma história de conflitos e fracassos sociais e educacionais, mas que
começa a mudar a partir do momento em que a língua de sinais é reconhecida como
meio de expressão dos surdos. Por este motivo, ocorre esta pesquisa, estimulada pelo
interesse de saber como se desenvolve o ensino da Lingua Portuguesa para alunos
surdos dentro da proposta de Educação Biilíngue?

2. OBJETIVOS

Objetivo Geral

Verificar e investigar os motivos que favorecem um resultado plenamente satisfatório


do ensino de Lingua Portuguesa para alunos surdos, dentro da proposta Bilíngue de
Ensino.

Objetivos Específicos

 Compreender, historicamente, conceitos e práticas relacionados à


educação da pessoa surda;

 Analisar as questões relativas a educação dos surdos;

 Apontar as diferenças entre as propostas de ensino: do Oralismo,


da Comunicação Total e do Bilinguísmo;

 Particularizar as vantagens, no processo de educação dos surdos,


do Biliguísmo.

 Assimilar o quão importante é, para professor e aluno, o domínio


da Lingua Brasileira de Sinais para a aquisição da Lingua
Portuguesa como segunda língua.

 Sondar características da Lingua Brasileira de Sinais;

3. JUSTIFICATIVA

Este trabalho se justifica na importância de compreender que a educação e a


escolarização não devem ser negados a ninguém, ademais, o aluno surdo tem o direito
a uma Eucação Bilíngue garantido pelo Decreto Federal n° 5626, de 22 de dezembro
de 2005 e pela Lei Brasileira de Inclusão da pessoa com deficiência n° 13146 de 6 de
julho de 2015.
Justifica-se ainda, esta pesquisa, pelo momento de levantes de bandeiras e
enxurradas de discursos sobre inclusão, diversidade e direitos exclamados por parte
da sociedade.
“Na atualidade, existe uma formação discursiva que exalta a
diversidade e a inclusão sem, no entanto, reconhecer as lutas dos
diferentes segmentos sociais na conquista efetiva dos direitos de fato, de
todos.” ( GOMES, 2020, p. 79 ).

Também pode se justificar esta pesquisa pelo fato de que por um longo período
de tempo o direito à educação para a pessoa surda foi negado. Hoje, no entanto, existe
além de Lei e Decreto, um esforço maior que outrora para garantir o acesso do surdo à
escola, mas não quer dizer que esse aluno não seja vítima, ainda, de preconceitos por
parte da comunidade ouvinte dentro e fora dela, pois muitos são os discursos
empáticos, mas aprofundar sobre a história do surdo e tentar compreender o contexto
de vida desse indivíduo é algo que poucas pessoas se dispõe a fazer.

“A trajetória social das pessoas surdas sempre esteve


dialeticamente implicada com a concepção de homem e de
cidadania ao longo do tempo. A rigor a história da
educação de surdos no Brasil é um pequeno capítulo da
longa história em todo o mundo. Nas civilizações grega e
romana, por exemplo, as pessoas surdas não eram
perdoadas, sua condição custava-lhes a vida.
Posteriormente, há o reconhecimento de que não há surdez
absoluta e que os restos auditivos podem ser utilizados e
desenvolvidos. No entanto, as pessoas surdas, ao longo do
caminho, enfrentam descrédito, preconceito, piedade e
loucura.” (SALLES et al., 2004, p. 54).

5. METODOLOGIA

Esta monografia, contará com uma pesquisa Bibliográfica que é o levantamento ou


revisão de obras publicadas sobre a teoria que direcionará o trabalho científico.
“A pesquisa bibliográfica é habilidade fundamental nos
cursos de graduação, uma vez que constitui o primeiro
passo para todas as atividades acadêmicas. Uma pesquisa
de laboratório ou de campo implica, necessariamente, a
pesquisa bibliográfica preliminar. Seminários, painéis,
debates, resumos críticos, monográficas não dispensam a
pesquisa bibliográfica. Ela é obrigatória nas pesquisas
exploratórias, na delimitação do tema de um trabalho ou
pesquisa, no desenvolvimento do assunto, nas citações, na
apresentação das conclusões. Portanto, se é verdade que
nem todos os alunos realizarão pesquisas de laboratório ou
de campo, não é menos verdadeiro que todos, sem
exceção, para elaborar os diversos trabalhos solicitados,
deverão empreender pesquisas
bibliográficas.”(ANDRADE, 2010, p. 25).
6. REFERÊNCIAS

ANDRADE, M. M. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de


trabalhos na graduação. São Paulo, SP: Atlas, 2010.

BRASIL. Decreto n° 5.626, de 22 de de 2005. Regulamenta a Lei n° 10.436, de 24 de


abril de 2002, que dispôes sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras. Disponível em:
>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/d5626.htm>.
Acesso em 16 de outubro de 2021.

BRASIL. Lei n° 13.146, de 6 de julho de 20015. Insitui a Lei Brasileira de inclusão da


pessoa com deficiência ( Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasilia, 2015.
Disponível em: >http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Ato2015-2018/Lei13146.htm>.
Acesso em: 16 de outubro de 2021.

GOMES, Meire Luce. ( org ). Educação, transformação e inclusão na prática


docente. São Carlos: Pedro e João, 2020.

ROSA, Andréia da Silva. ARAÚJO. Hélio Fonseca de. Língua de Sinais. São Paulo:
Editora Sol, 2012.

SALLES, H. M. M. L; FAULSTICH, E.; CARVALHO, O. L; RAMOS, A. A. L.


Ensino de língua portuguesa para surdos: caminhos para a prática pedagógica.
Vol 1. Secretaria de Educação Especial. - Brasília: MEC, SEESP, 2004. 2 v. –
(Programa de Apoio à Educação dos Surdos)

STREIECHEN, Eliziane Manosso. Língua Brasileira de Sinais: LIBRAS; ilustrado


por Sérgio Streiechen. Guarapuava: UNICENTRO, 2012.

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