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EBL

VOLUME 04
SANTIFICADOS PELA VERDADE

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SUMÁRIO

1. SANTIFICADOS PELA VERDADE (PALAVRA) ............................................ 4


2. OS TEMPOS DA SANTIFICAÇÃO .............................................................. 6
3. O EQUILIBRIO NA SANTIFICAÇÃO ........................................................... 8
4. QUEM ESTÁ APTO À SANTIFICAÇÃO? ................................................... 10
5. AS CARACTERÍSTICAS DA SANTIFICAÇÃO ............................................. 12
6. A SANTIFICAÇÃO NÃO É LEGALISMO OU APARENTE ESPIRITUALIDADE ......... 14

7. TRANFORMADOS PELA VERDADE ........................................................ 16


8. PERMANECENDO NA PALAVRA DE DEUS ............................................. 18
9. ASSIMILANDO A VERDADE BÍBLICA ...................................................... 20
10. DEVEMOS POR EM PRÁTICA OS PRINCÍPIOS DAS ESCRITURAS ............ 22

Referências Bibliográficas ................................................................................. 24

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1. SANTIFICADOS PELA VERDADE (PALAVRA)

“Santifica-os na verdade, a tua Palavra é a verdade.”


João 17:17

O Senhor Jesus Cristo, por sua morte expiatória, comprou a salvação para os homens.
As verdades relacionadas com a aplicação da salvação agrupam-se sob três títulos:
“Justificação”, “Regeneração” e “Santificação”. É sobre Santificação que estaremos
estudando.

A ideia de Santificação é separar algo ou alguém para uso particular (exclusivo) à Deus.
De acordo com este conceito, os crentes são postos a parte para Deus e seus propósitos,
de modo que fazem somente o que Deus quer e, odeiam tudo o que Deus odeia (Lv 11.
44, 45; 1 Pe 1. 16). A santificação é realizada por meio da Verdade que é a Revelação
que o Filho proporcionou de tudo que o Pai lhe ordenou comunicar, e agora está contida
nas Escrituras deixadas pelos apóstolos.

Paulo diz aos (Ef 5. 26) que Cristo se entregou pela igreja para a santificar, purificando-
a com a lavagem da água, pela Palavra.

Na carta aos (2 Ts 2. 13) Paulo diz que devemos sempre dar graças por Deus ter nos
elegido desde o princípio para a salvação, em Santificação do Espírito, e fé da verdade.

Tiago o irmão de Jesus no Cap. 1. 23 diz que devemos rejeitar toda imundícia e receber
com mansidão a Palavra em nós enxertada, a qual pode salvar as nossas almas.

Pedro diz na sua primeira carta cap. 1. 22 e 23 que fomos purificados em nossas almas
pelo Espírito na obediência à verdade, de modo que fomos gerados, não de semente
corruptível, mas da incorruptível pela Palavra de Deus, viva, e que permanece para
sempre.

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1.1. A PALAVRA QUE SANTIFICA (Jo 17. 17)

O crente é santificado pela Verdade e não através de seus próprios esforços! A Verdade
é a Palavra de Deus, e todos os que creem na Palavra são santificados.

A santificação é um processo progressivo e contínuo operado por Deus na vida daquele


que foi regenerado, convertido e justificado. No processo de santificação o cristão é
ensinado e moldado a viver cada vez mais para Cristo, numa vida de retidão conforme a
vontade do Senhor (1 Ts 4. 3ª). Assim a santificação o leva a morrer dia a dia para o
pecado.

1.2. O QUE SIGNIFICA SANTIFICAÇÃO, OU SANTIDADE?

O termo hebraico “qadash”, “Separado”, “consagração” e “purificação”. A raiz desse


termo significa “separar” ou “cortar”. Alguns sugerem outro aspecto no significado que
transmite o sentido de “brilhar”, o que nos dá a ideia de pureza. Já no grego “hagiasmos”
deriva do termo “hagios” que também transmite a ideia de separação e consagração.

O objetivo principal é enfatizar o sentido de separação das práticas pecaminosas. Ao


mesmo tempo aponta para a dedicação ao serviço de Deus. Que é viver aquilo que é
justo e que está de acordo com a vontade divina.

1.3. OS CONCEITOS ACERCA DA SANTIFICAÇÃO

Ao longo da história muito se tem discutido sobre o conceito de Santificação segundo a


Bíblia. Especialmente durante e após a Reforma protestante. Algumas linhas teológicas
afirmam que a santificação ocorre de uma única vez, especialmente por meio do
batismo.

Outros insistem em confundir a santificação com a regeneração e a própria justificação.


Há também aqueles que defendem o perfeccionismo na santificação. Essas pessoas
entendem que o cristão pode chegar, ainda nessa vida terrena, a um estado de plena
santificação que se traduz em um tipo de perfeição onde ele não pecará mais.

Contudo, o ensino que mais se mostra fiel às Escrituras, é aquele adotado pelos
reformadores. Nele, a santificação é vista como um processo progressivo e inacabado
nesta vida terrena. Dentro deste conceito, a santificação então, pode ser entendida em
três aspectos (o que veremos na lição seguinte.

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2. OS TEMPOS DA SANTIFICAÇÃO

“Falo como homem, pela fraqueza da vossa carne; pois assim como apresentastes os
vossos membros à imundícia, e à maldade para a maldade, assim apresentai “agora”
os vossos membros para servirem à justiça para santificação”
Romanos 6:19

2.1. OS TRÊS NÍVEIS DA SANTIFICAÇÃO

Onde aquele que foi regenerado e justificado é visto por Deus como totalmente
santificado em Cristo. Isto significa que ocorre uma separação instantânea e definitiva.
Neste sentido os Cristãos são descritos na Bíblia como santos e perfeitos, mas isto não
significa que estejam imunes ao pecado (que sejam impecáveis). Então essa verdade
revela um processo longo e inacabado durante esta vida.

2.1.1. SANTIFICAÇÃO POSICIONAL - o seu aspecto posicional, a santificação é


completa e perfeita, ou seja, o crente pela fé torna-se santo “em Cristo”. Deus nos vê
em Cristo perfeitos (Ef 2.6; Cl 2.10). Quando estamos “em Cristo”, não há qualquer
acusação contra nós (Rm 8.33,34), porque a santidade do Senhor passa a ser a nossa
santidade (1 Jo 4.17b).

Onde aquele que foi regenerado e justificado é visto por Deus como totalmente
santificado em Cristo. Isto significa que ocorre uma separação instantânea e definitiva.
Neste sentido os Cristãos são descritos na Bíblia como santos e perfeitos, mas isto não
significa que estejam imunes ao pecado (que sejam impecáveis). Então essa verdade
revela um processo longo e inacabado durante esta vida.

2.1.2. SANTIFICAÇÃO EXPERIMENTAL - A santificação que tem início com a


regeneração e encontra sua base judicial na justificação, desenvolve-se como um
processo gradual durante toda a vida do cristão.

É a santificação prática, aplicada ao viver diário do crente. Nesse aspecto, a santificação


do crente pode ser aperfeiçoada (2Co 7.1). Os crentes mencionados em Hebreus 10.10
já haviam sido santificados, e continuavam sendo santificados (vv.10,14 - ARA). O
crescimento do crente “em santificação” ocorre à medida que o Espírito o rege
soberanamente e, o crente, por sua vez, a busca, em cooperação com Deus: “Sede vós
também santos em toda a vossa maneira de viver” (1Pe 1.15).
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2.1.3. SANTIFICAÇÃO FINAL - A santificação só alcançará seu estado pleno e perfeito
quando a velha natureza for finalmente removida dos redimidos. Isto acontecerá na
glorificação, quando os salvos receberão seus corpos glorificados, semelhantes ao de
Cristo.

“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo
sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo” (1Ts 5.23). Trata-se da santificação completa e final (1Jo 3.2). Ver também: Ef
5.27; 1Ts 3.13.

2.2. QUEM OPERA A SANTIFICAÇÃO, DEUS O HOMEM?

A santificação é obra do Deus trino (unidade de Deus, nas pessoas do Pai, do Filho e do
Espírito Santo), mas geralmente atribuída nas Escrituras especialmente à Pessoa do
Espírito Santo (a terceira Pessoa da Trindade) Rm 8. 11; 15. 16; 1 Pe 1. 2.

No entanto o homem que foi regenerado participa desse processo. Mas isso não ocorre
de forma independente! Na verdade, o homem serve como um instrumento pelo qual,
em parte, o Espírito de Deus afeta essa obra. Ao mesmo tempo em que a Bíblia afirma
que a santificação é uma obra sobrenatural de Deus (Ef 3. 16; Cl 1. 11, 1 Ts 5. 23; H 13.
20, 21). Ela também aponta em várias exortações para cooperação do homem nesse
processo (Rm 12. 9, 16, 17; 1 Co 6. 9, 10; Gl 5. 16 – 23).

Essas duas verdades não se anulam e nem se contradizem. Ao contrário disso, elas se
completam em perfeita harmonia. Ainda que não podemos compreender
perfeitamente. Essa mesma questão acontece em outras doutrinas bíblicas, como a
soberania de Deus e a responsabilidade humana.

A Escritura ensina que a santificação é decorrente de uma nova natureza: “Eleitos


segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e
aspersão do sangue de Jesus Cristo: graça e paz vos sejam multiplicadas” (1 Pe 1.2). O
crente foi resgatado para uma vida santa (1 Co 6.19,20; 1 Pe 1.16). Cristo não veio
apenas livrar o homem do inferno; veio torná-lo santo (Tt 2.14).

O cristão é exortado a viver de modo digno diante de Deus e dos homens (Ef 4.1-3; Cl
1.10; 1Ts 2.12). Ele também é impelido a uma vida santa, tendo em vista o iminente
retorno do Senhor e o glorioso futuro que o aguarda (vv.11-14).

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3. O EQUILIBRIO NA SANTIFICAÇÃO

“E cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra”


1 Ts 4. 3

A Bíblia ensina que é Deus quem opera a santificação e que o redimido também participa
desse processo; não devemos priorizar um e desprezar o outro, por exemplo:

Há quem pense que como a santificação é uma obra operada por Deus, nós não
precisamos fazer nada com relação ao nosso desenvolvimento espiritual, e acabam
fazendo da santificação uma tentativa de justiça própria.

Quem pensa assim, induz a irresponsabilidade e a falta de diligencia na conduta cristã.


Por outro lado, o outro grupo, inevitavelmente conduz o cristão a um legalismo que
distorce as doutrinas da Graça (legalismo: atitude que consiste em considerar apenas as
exigências do direito positivo sem levar em conta o direito natural).

Em sua carta aos Fp 2. 12, 13 Paulo fala exatamente sobre o equilíbrio que deve existir
nesse processo. Perceba que o apóstolo aconselha da necessidade do compromisso e
esforço do crente em ter uma vida santa (“operai a vossa salvação em temor e tremor”),
ao mesmo tempo ele aponta para a verdade de que Deus é que opera a obra, por mais
que o homem esteja agindo (“por Deus é o que opera em vós tanto o querer como o
efetuar).

O apóstolo ensina que a santidade exige esforço por parte do Cristão e que esse esforço
está diretamente ligado ao soberano controle de Deus.

O cristão trabalha, mas é Deus que opera nele. De modo que o poder de Deus se
manifesta inclusive em seu esforço. Um exemplo prático ocorre quando oramos ou
meditamos na Palavra. No entanto, é o Espírito Santo que nos leva a amar as Escrituras
e nos derramar em sua presença em oração.

Quando demonstramos em nossas vidas as virtudes que nos assemelham ao caráter de


Cristo, como – fidelidade, longanimidade, mansidão, temperança e outros; percebemos
que tais virtudes não tem origem em nós mesmos, mas que provêm do Fruto do Espírito
gerado em nós (Gl 5. 22).

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3.1. O COMPORTAMENTO DO CRISTÃO

O crente é exortado a uma vida de santidade pela certeza do retorno iminente de Cristo
(Rm 13.11). Sua vida em nada lembra o modo de viver dos incrédulos. Por esta razão,
vive como peregrino (2Co 5.1; 1Pe 2.11,12), não amando o mundo nem o que há nele
(1Jo 2.15-17) e almejando o dia em que deixará para sempre este corpo mortal (Fp
3.20,21).

A diferença entre o salvo e aquele que não tem a Cristo é tão grande quanto a existente
entre a luz e as trevas. E não é uma questão apenas de comparação; é um fato
demonstrado pelo Senhor Jesus (Jo 8.12; At 26.16-18).

O salvo, por conseguinte, não é alguém “um pouco melhor” do que os demais; é total e
absolutamente diferente (Ef 5.6-8; 1Ts 5.1-6; 1Pe 1.23; 1Jo 5.17-19).

O objetivo de Deus é que o crente participe da “herança dos santos na luz” (Cl 1.12).
João chama de mentiroso aquele que diz ter comunhão com Deus e não muda seu modo
de viver (1Jo 1.5,6; 2.4). O salvo é luz no meio de um mundo perverso (Fp 2.15). É
requerido daquele que nasceu de novo um comportamento condizente com a nova vida
em Cristo. O retorno de Cristo reforça a necessidade de uma vida pautada nos padrões
bíblicos. O amor de Deus, implantado e sendo aperfeiçoado no crente pelo Espírito
Santo, é imprescindível para o apropriado relacionamento do crente com o próximo.

A santidade não isola o crente do convívio social; pelo contrário: é demonstrada em


nossos relacionamentos cotidianos (1Co 1.2; 10.31; Cl 3.12; 1Pe 1.15). Entretanto, não
basta deixarmos a conduta da vida passada; é necessário passar a viver a nova vida em
Cristo (Rm 6.4). Isto significa que não é suficiente deixar de mentir; é necessário dizer a
verdade (Ef 4.25-32). Não basta despojar-se do “velho homem”; é essencial vestir-se do
novo (Ef 4.22,24). A santificação, por conseguinte, é viver de acordo com a nova vida
que recebemos. Isso exige esforço por parte do crente. Muitos imperativos bíblicos
acionam a responsabilidade humana: Operai (Fp 2.12,13); buscai (1Ts 4.1); mortificai (Cl
3.5); andai (1Ts 4.1-5); fugi (2Tm 2.22); segui (Hb 12.14).

A Palavra de Deus é enfática em afirmar que o homem que depende unicamente dos
seus esforços para se santificar está fatalmente condenado ao fracasso. Se o homem
não estiver em Cristo e não contar com a presença do Espírito Santo para suplantar suas
tendências carnais, continuará resistindo a Deus; continuará distante do caminho da
santificação e fora da dimensão do Espírito Santo.

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4. QUEM ESTÁ APTO À SANTIFICAÇÃO?

“por isso todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de poder te achar; até no
transbordar de muitas águas, estas não lhe chegarão”
Sm 32: 6-11

Somente aquele que foi regenerado. A regeneração é uma obra operada exclusivamente
por Deus no pecador, e que acontece uma única vez e de forma imediata. É quando Deus
vivifica o pecador que está morto em delitos e pecados (Ef 2. 1- 4).

A santificação é um processo gradual e tem início a partir da regeneração. A regeneração


é um novo nascimento. Enquanto que a santificação é um crescimento.

Só pode crescer e se desenvolver e se desenvolver aquele que nasceu. É incorreto pensar


que a santificação é a causa da salvação, pelo contrário. A santificação não é para ser
salvo, mas porque é salvo.

O crescimento espiritual não é para nascer de novo, mas porque já nasceu de novo.

4.1. COMO OCORRE A SANTIFICAÇÃO?

A santificação ocorre no interior do homem de modo que o afeta por inteiro: corpo,
alma, intelecto, vontade e afetos. Vejamos sob duas linhas simultâneas o que a Bíblia
diz sobre a santificação:

1 - Mortificação do velho homem, isto é, a natureza pecaminosa não é retirada


do homem. Mas através da santificação a mesma é subjugada e mortificada.

2 - O revestimento do novo ser criado em Cristo para as boas obras. Enquanto


a velha natureza vai sendo mortificada, crucificada com Cristo, o cristão vai
sendo conduzido à uma nova vida que agrada a Deus (Ef 4. 25 – 5. 1).

O Espírito Santo emprega vários meios para realizar a santificação na vida do cristão:
leitura e estudo da Bíblia, oração, comunhão entre os irmãos, adoração e o
direcionamento de Deus na vida do cristão.

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4.2. ANDAR NA CARNE OU ANDAR NO ESPÍRITO

4.2.1. A natureza humana caída. O vocábulo “carne”, no original, ocorre muitas vezes
nas epístolas paulinas. O termo, em geral, está associado aos prazeres sensuais e aos
pecados ligados ao corpo (Rm 6.12-14; 7.5,23-25; 8.13). Aqui, no entanto, “carne” diz
respeito ao mundo, à natureza humana caída e escrava de tudo que se opõe ao Espírito
(Gl 5.16-25).

A carne isola o homem de tudo o que é espiritual (v.8) e engloba todas as formas de
arrogância. Sempre que o “eu” aparece em oposição a Deus, ali está a carne. João
esclarece-nos: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da
vida são opostas a Deus (1Jo 2.15-17).

4.2.2. Os que andam “segundo a carne”. Alguém afirmou, com muita propriedade, que
“a tragédia básica da experiência humana caída é que um ser criado por Deus e para
Deus, vive agora sem Deus”. Andar segundo a carne é a consequência desta tragédia.
Não há méritos em viver alheio à vida de Deus (Ef 4.18), seguir os próprios pensamentos
e inclinações (Is 53.6) de uma natureza que jaz em iniquidade (Rm 7.24). Morto em
delitos e pecados, o homem é tanto um rebelde quanto um fracassado (Ef 2.1-3). O ser
humano nasce em pecado, existe em pecado e continua vivendo em pecado, em eterna
rebelião contra Deus.

4.2.3. Os que andam “segundo o Espírito”. De acordo com o original, “inclinar-se” indica
a ação total da personalidade humana (razão, vontade e sentimento) em sujeição à
carne ou ao Espírito (vv.5-7). “Inclinar-se para as coisas do Espírito” é muito mais do que
uma mera disposição mental. Trata-se de dispor a razão, a vontade e os sentimentos ao
domínio do Espírito. É viver na direção do Espírito de Cristo (vv.9,10). O maior interesse
do cristão deve ser as coisas do Espírito. Aquele que se inclina para o Espírito prioriza,
acima de tudo, o seu relacionamento com Deus (Mt 6.33). Além de ter consciência do
pecado, foge dele (Hb 12.1). Por fim, reconhece sua fraqueza e busca o auxílio do
Espírito Santo (Jo 16.13; Rm 8.26,27).

A justificação é uma declaração de Deus, segundo a qual todos os processos da lei divina
são plenamente satisfeitos, por meio da justiça de Cristo, em benefício do pecador que
o recebe como salvador. Regeneração significa mudança de posição espiritual diante de
Deus na qual passamos de condenados para justificados. Esta é a única maneira do
homem ter comunhão com Deus, apresentando-se a Ele sem culpa.

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5. AS CARACTERÍSTICAS DA SANTIFICAÇÃO

“Mas todos nós, com o rosto descoberto, refletindo como um espelho a Glória do
Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo
Espírito do Senhor”
2 Co 3. 18

a) Deus é o autor da santificação. O homem tem a sua participação como


instrumento dos meios que Ele colocou a seu dispor.
b) A santificação tem lugar tanto na vida subconsciente como na vida consciente
do homem. Primeiro ela é uma operação imediata do Espírito Santo
(subconsciente). Segundo ela é um processo que depende do uso do exercício
da fé e dos meios da graça durante a vida do cristão (consciente).
c) A santificação é um processo longo, que perdurará por toda a vida do cristão
e por isso é um processo inacabado.
d) A santificação encontrará a sua plena perfeição quando a vida do cristão findar
aqui na terra, ou no retorno de Cristo. (Fp 3. 21)

5.1. ATRAVES DA SANTIFICAÇÃO É POSSIVEL DEIXAR DE PECAR?

A mortificação da nossa natureza pecaminosa, não a exclui completamente. Já fomos


libertos da culpa e do poder do pecado, mas ainda estamos sujeitos a ela.

1 Jo 1. 10 João fala exatamente sobre isso. Logo, qualquer doutrina que ensine o
perfeccionismo aqui na terra, não se sustenta à luz da Bíblia (1 Rs 8. 46; Pv 20.9; Ec 7.
20, Tg 3. 2; 1 Jo 1. 8). Pois há uma luta constante entre a carne e o Espírito (Rm 7. 7 – 26;
Gl 5. 16 – 24; Fp 3. 10 – 14).

O pecado não é mais o padrão da vida do crente. Não é mais o que o caracteriza, pois
ele não sente mais prazer na prática do pecado. Quando o pecado acontece na vida do
salvo em Cristo, ocorre por acidente de percurso e não como prática. É por isso que os
verdadeiros cristãos confessam e oram a Deus em arrependimento pelo perdão de seus
pecados (1 Jo 1. 9). A graça de Deus através das Escrituras: ensina, repreende e corrige
os crentes para que estes sejam aperfeiçoados (Tt 2. 11 – 15; 2 Tm 3. 16).

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5.2. A NECESSIDADE DA RENOVAÇÃO ESPIRITUAL

5.2.1. A renovação deve ser diária. Assim como o corpo físico revigora-se diariamente,
nosso homem interior precisa de constante renovação para manter-se fortalecido e
plenamente saudável espiritualmente. Conforme nos orienta a Palavra de Deus, a
renovação espiritual deve ocorrer “de dia em dia” (2Co 4.16).

No tabernáculo, tudo deveria estar sempre pronto a fim de que o culto diário a Jeová
nunca fosse interrompida. Os sacerdotes cuidavam para que o fogo do altar nunca se
apagasse. A cada manhã, este era alimentado com nova lenha e novos holocaustos (Lv
6.12,13). O mesmo se dava com as especiarias do altar do incenso e o azeite do castiçal.
Ambos eram renovados continuamente na presença do Senhor (Êx 27.20,21; 30.7). Da
mesma forma Deus quer que nos apresentemos a Ele. Sempre prontos e renovados
espiritualmente diante dEle (Fp 4.4).

5.2.2. A renovação deve ser consciente e desejada. Precisamos ter consciência da


urgente necessidade da renovação espiritual: “...transformai-vos pela renovação do
vosso entendimento” (Rm 12.2). Assim como a chuva cai sobre as plantações, gerando
e produzindo fruto (Sl 65.7-13), devemos pedir ao Senhor que envie sobre nós, sua
lavoura, uma abundante chuva de renovação (1 Co 3.10; Sl 72.6,7; Os 6.3). Quando essa
chuva começar a cair, o Espírito Santo de Deus certamente fará maravilhas, a começar
pelas vidas renovadas. Aleluia!

5.2.3. A renovação enseja a operação do Espírito Santo. A renovação mantém o crente


afastado do mundo. Em Efésios 4.25-31 encontramos uma relação de vícios e práticas
mundanas, emanadas do velho homem, que muitas vezes atingem sorrateiramente a
vida do crente. Precisamos não somente abandonar, mas abominar estas coisas que
entristecem o Espírito de Deus: “Não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas,
mas, antes, condenai-as” (v.11). Pela renovação espiritual nos mantemos firmes no
processo de despir-se do velho homem e revestir-se do novo (Ef 4.22-24).

Quando somos renovados ficamos bem atentos à voz do Espírito, para sermos
conduzidos e instruídos por Ele (At 16.6,7; 10.19). Se o Espírito Santo conhece todas as
coisas em seus pormenores, pode nos guiar com precisão. Só um crente renovado tem
sensibilidade espiritual para ouvir e obedecer a voz do Senhor: “... Este é o caminho;
andai nele...” (Is 30.21).

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6. A SANTIFICAÇÃO NÃO É UM LEGALISMO OU UMA APARENTE ESPIRITUALIDADE

“As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária,


humildade e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum se não para a
satisfação da carne”
Cl 2. 23

Para muitos a santificação é vista sob as lentes distorcidas do legalismo, que se expressa
por meio de usos e costumes e outras práticas que são apenas aparência de piedade. A
santificação não é apenas se abster de uma série de coisas consideradas impróprias e
abraçar outras. Santificação não é adotar o paletó e a gravata como uniforme. Não é
andar com saias e vestidos que arrastam no chão. Não é manter o comprimento dos
cabelos e outras coisas mais. Nem tampouco, a santidade está implícita na ostentação
de vários dons espirituais.

De que adianta todo esse exagero no exterior e ser um mentiroso, ter a mente dominada
por pensamentos impuros, ter aparência espiritual de tanto jejuar e promover discórdia
e inimizades, ser invejoso, ganancioso e destemperado? É claro que alguém que nasceu
de novo e que agrada a Deus, jamais agirá ou se vestirá de maneira lasciva, sensual ou
reprovável que contradiz sua nova natureza. O nascido de novo não se achará em
lugares ou situações impróprias, pois ele busca se parecido com Cristo.

A santificação é mortificar o velho homem e não o maquiar com aparente


espiritualidade. Se vestir como cristão, pregar o Evangelho, expulsar demônios e realizar
milagres, até mesmo os mais regenerados conseguem fazer (Mt 7. 23). Devemos atentar
para o que Paulo diz (Ef 4. 24).

6.1. A IMPORTANCIA DA SANTIFICAÇÃO (HB 12. 14)

Para quem é um cristão genuíno a santificação é inevitável. Isto acontece porque desde
o princípio Deus os escolheu para serem salvos mediante a obra santificadora do Espírito
Santo (2 Ts 2. 13; 1 Pe 1. 2; Hb 2. 11). Os textos dizem que é Cristo que santifica os
santificados. A santificação reflete de forma visível na regeneração. Demonstra de forma
clara que aquele que nasceu de novo é uma nova criatura. Através da santificação o
crente segue os passos de Cristo e deseja ardentemente o dia em que finalmente poderá
contemplar a sua face.

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6.2. ASPECTOS DO CARÁTER CRISTÃO

A Santificação molda o caráter cristão em nós. O Sermão do Monte nos apresenta os


principais aspectos do caráter cristão, sendo eles.

6.2.1. Humildade (Mt 5.3). Jesus foi modesto em toda a sua maneira de viver (Mt 11.29).
Ele demonstrou sua humildade ao despojar-se de sua glória (Fp 2.6,7); na irrestrita
obediência à vontade do Pai (Jo 5.30; 6.39; Fp 2.8); quando lavou os pés dos discípulos
(Jo 13.3-5); e ao relacionar-se com todas as pessoas, independentemente de sua raça
ou posição social (Mt 9.11; 11.19; Jo 3.1-5; 4.1-30). A humildade é um aspecto do caráter
imprescindível a todos os crentes (Ef 4.1,2; Cl 3.12), pois os humildes sempre alcançam
o favor do Senhor (Tg 4.6).

6.2.2. Mansidão (Mt 5.5). É uma virtude que se opõe à rudez. Nosso Senhor Jesus Cristo
sempre foi manso e benigno de coração (2 Co 10.1; Mt 11.29).

6.2.3. Fome e sede de justiça (Mt 5.6). O Senhor Jesus ordenou aos seus discípulos que
priorizassem, acima de todas as coisas, o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6.33). Em um
mundo perverso (At 2.40), onde as pessoas estão mais preocupadas em acumular
riquezas (2 Tm 3.2) do que socorrer ao aflito e necessitado, o verdadeiro crente deve
refletir o caráter de Cristo através de uma vida de santidade e retidão (Mt 6. 25,31,34).

6.2.4. Misericórdia (Mt 5.7). É a compaixão pela necessidade alheia. Jesus foi
misericordioso com os homens em suas fraquezas e privações (Mc 5.19; Hb 2.17; Tg
5.11; 2 Co 1.3). Lembremos, pois, que a misericórdia é um mandamento divino, e que a
Bíblia condena a indiferença para com os pobres (Lc 6.36; Mt 12.7). Sejamos
misericordiosos assim como Jesus nos ensinou na Parábola do Samaritano (Lc 10.37).

6.2.5. Coração puro (Mt 5.8). Nas Escrituras, o coração representa a personalidade, o
centro das emoções humanas (Sl 15.2; 16.9; 51.10; Mc 7.21-23). Por isso, a Bíblia afirma
que o Senhor perscruta os corações e conhece o interior de cada pessoa (Sl 139.23; Pv
21.2; Ap 2.23). Quando Cristo repreendeu os fariseus, mostrou-lhes como a pureza
interior era necessária. Ele os acusou de serem semelhantes aos “sepulcros caiados” (Mt
23.27). O Senhor, que conhece os nossos pensamentos (Fp 4.8) e as motivações de
nossas ações cotidianas (1 Co 4.5), manifestará em seu santo e justo julgamento cada
uma de nossas ações (Rm 2.1-7; 1 Co 3.12-15).

6.2.6. Espírito pacificador (Mt 5.9). Fomos conclamados a seguir a paz e, na medida do
possível, ter paz com todos os homens (Rm 12.18; 1 Co 7.15; Hb 12.14; 1 Pe 3.11).
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7. TRANFORMADOS PELA VERDADE

“Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à Palavra da sua graça; a Ele que é
poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados”
At 20. 32

O crescimento espiritual é o processo pelo qual substituímos as mentiras pela verdade


(a verdade nos transforma). Jesus orou: “Santifica-os na verdade; a tua Palavra é a
verdade (Jo 17. 17). Santificação exige revelação. O Espírito de Deus usa a Palavra de
Deus para nos tornar semelhantes ao Filho de Deus. Para isso devemos preencher nossa
vida com a Palavra de Deus (2 Tm 3. 17).

A Palavra de Deus é diferente de qualquer outra. Ela é viva (At 7. 38; Hb 4. 12; 1 Pe 1,
23; Jo 6. 63b). Quando o Senhor fala as coisas mudam. Tudo ao redor – toda a criação –
existe por que “Deus disse”. Foi pelas palavras dele que tudo veio a existir. Sem elas nós
não existiríamos (Tg 1. 18).

A Bíblia é muito mais do que um manual de doutrinas. A Palavra de Deus gera a vida,
produz fé, promove mudanças, afugenta o Diabo, realiza milagres, cura feridas, edifica
o caráter, transforma as circunstancias, transmite alegria, supera adversidade, derrota
a tentação, inspira esperança, libera poder, esclarece a mente, cria coisas e nos garante
o futuro eterno! Você deve considera-la tão essencial à sua vida quanto o alimento (Jó
23. 12b).

A Bíblia é chamada “mel”, “pão”, “alimento sólido” e “leite” (Sl 119. 103; Mt 4. 4; 1 Co
3. 2; 1 Pe 2. 2). Essa refeição completa é o menu do Espírito Santo para o fortalecimento
e crescimento espiritual.

A Bíblia é a revelação de Deus escrita para a humanidade. Disso decorre o fato de ela
ser nossa exclusiva fonte de autoridade espiritual. Sua inspiração divina e sua soberania
como única regra de fé e prática para a nossa vida constituem a doutrina basilar da fé
cristã. Essa inspiração é um fato singular que ocorreu na história da redenção humana.
O enfoque da presente lição é sobre a importância e o significado dessa inspiração
divina.

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7.1. REGRA INFALÍVEL DE FÉ E PRÁTICA

7.1.1. "Proveitosa para ensinar". O propósito das Escrituras é o ensino para a salvação
em Jesus, pois elas “podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo
Jesus” (2Tm 3.15). São ensinos espirituais que não se encontram em nenhum lugar do
mundo. A Bíblia revela os mistérios do passado como a criação, os do futuro como a
vinda de Jesus, os decretos eternos de Deus, os segredos do coração humano e as coisas
profundas de Deus (Gn 2.1-4; Is 46.10; Lc 21.25-28).

7.1.2. A conduta humana. A Bíblia corrige o erro e é útil para orientar a vida sendo
“proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (v.16b).
Uma das grandezas das Escrituras é a sua aplicabilidade na vida diária, na família, na
igreja, no trabalho e na sociedade. Deus é o nosso Criador e somente Ele nos conhece e
sabe o que é bom para suas criaturas. E essas orientações estão na Bíblia, o “manual do
fabricante”.

7.1.3. Autoridade. A autoridade da Bíblia deriva de sua origem divina. O selo dessa
autoridade aparece em expressões como “assim diz o SENHOR” (Êx 5.1; Is 7.7); “veio a
palavra do SENHOR” (Jr 1.2); “está escrito” (Mc 1.2). Isso encerra a suprema autoridade
das Escrituras com plena e total garantia de infalibilidade, pois a Bíblia é a Palavra de
Deus (Mc 7.13; 1Pe 1.23-25).

7.1.4. A Palavra de Deus muda o caráter. A salvação não é apenas uma mudança de
religião, mas envolve regeneração (Jo 3.3,7), justificação (Rm 3.24; 5.1,9; 1Co 6.11) e
santificação (Hb 12.14; 1Ts 5.23). No processo de santificação, vamos sendo
transformados pela Palavra de Deus. As Escrituras têm o poder de transformar o
homem, pois somente elas podem penetrar em seu interior: “Porque a palavra de Deus
é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até
à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os
pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12).

7.1.5. A importância de valorizar a Doutrina. Desde os primórdios a Igreja foi tentada a


se desviar da verdade. Doutrinas falsas sempre estiveram à espreita. Aqui não foi
diferente (Hb 13.9). É impossível precisarmos que tipo de doutrina associada ao uso de
alimentos o autor estivesse falando, mas o contexto do Novo Testamento revela que
esse fato não era estranho para os cristãos (Rm 14.1-4; 1Co 8.1; Cl 2.21). O certo é que
o autor exorta os crentes a firmarem-se na Palavra de Deus para se manterem e não se
enredarem para aquilo que era de natureza meramente material, ritual e externa.
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8. PERMANECENDO NA PALAVRA DE DEUS

“Jesus dizia, pois, aos Judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha
Palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos”
Jo 8. 31

Existem mais Bíblias impressas hoje em dia do que jamais houve no passado, mas de
nada vale uma Bíblia na estante. Milhões de fiéis são assolados pela anorexia espiritual,
morrendo de fome com a alma subnutrida. Para se tornar um saudável discípulo de
Jesus, alimentar-se da Palavra de Deus deve ser nossa prioridade. Jesus chama isso
“permanecer”

8.1. DEVO ACEITAR A AUTORIDADE DA BÍBLIA?

A Bíblia deve se tornar o critério definitivo para nossas vidas. A bússola na qual
confiamos para saber a direção, o conselho que devemos dar ouvidos para tomar
decisões sábias e o parâmetro que utilizamos para avaliar todas as coisas.

Muitos de nossos problemas ocorrem porque baseamos nossas escolhas em critérios


duvidosos: Cultura (“todos estão fazendo isso”); Tradição (“sempre fazemos isso”);
Emoção (“pareceu-me a coisa certa”); Razão (“Isso parece lógico”). Todos esses critérios
foram corrompidos pela entrada do pecado no mundo. O que precisamos é de um
critério perfeito, que jamais nos aponte a direção errada. Somente a Palavra de Deus
supre essa necessidade (Pv 30. 5ª; 2 Tm 3. 16).

A decisão mais importante que devemos tomar hoje é estabelecer o que exercerá a
autoridade máxima sobre nossas vidas. Antes de tomar qualquer decisão devemos
perguntar: “O que a Bíblia diz a respeito?

Devemos adotar a declaração de Paulo como sua afirmação pessoal (At24. 14b)

Não necessitamos de uma nova revelação extraordinária para a nossa salvação e o nosso
crescimento espiritual. Significa que todas as doutrinas necessárias para a salvação já
nos foram transmitidas pelas Escrituras e que nenhuma tradição humana pode a crescer
ou retirar coisa alguma (Ap 22.18,19). Assim, ratifica-se que a Bíblia é a fonte final de
autoridade.

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8.2. O PODER DA PALAVRA DE DEUS

O seu poder se assemelha ao fogo que consome e purifica, bem como um martelo que
despedaça a penha (Jr 23.29). As qualidades de fogo e martelo indicam que nada pode
impedir o cumprimento da Palavra de Deus (Is 55.11; Jr 5.14) O seu poder também é
capaz de derrubar fortalezas espirituais que fazem oposição ao conhecimento divino (2
Co 10.4,5). A Palavra de Deus tem poder, tal qual uma espada, para penetrar no mais
íntimo do ser humano e julgar os pensamentos e intenções do coração (Hb 4.12).
Quando tentado no deserto, o próprio Cristo derrotou Satanás usando o poder da
Palavra. Ele venceu as sugestões do Diabo ao fazer citações das Escrituras (Mt 4 -4 ,7
,10).

Nossa Declaração de Fé ensina que “a Bíblia é a mensagem clara, objetiva, entendível,


completa e amorosa de Deus, cujo alvo principal é, pela persuasão do Espírito Santo,
levar-nos à redenção em Jesus Cristo” (Jo 16.8; 1 Jo 1.1-4). Nela também se encontram
revelados os códigos morais para a sociedade. Ratifica-se que a moral bíblica não se
relativiza, pois, seus valores são absolutos (Ap 22.18,19). Nessa compreensão, a Bíblia é
a revelação de Deus e de sua vontade à humanidade. Dessa forma, o compromisso
inegociável da Igreja deve ser de fidelidade e propagação da mensagem bíblica para a
salvação e libertação dos pecadores (1 Tm 1.15).

“Categorias da Revelação Divina Revelação Especial […] A Bíblia, ao manter de forma


perene a revelação especial de Deus, é tanto o registro de Deus e dos seus caminhos,
quanto a intérprete dela própria. A revelação escrita é confinada aos 66 livros do Antigo
e do Novo Testamento. A totalidade de sua revelação que Ele quis preservar para o
benefício de toda a humanidade acha- -se armazenada, em sua totalidade, na Bíblia.
Examinar as Escrituras é conhecer a Deus da maneira que Ele quer ser conhecido (Jo
5.39; At 17.11). A revelação divina não é um vislumbre fugaz, mas um desvendamento
permanente. Ele nos convida a voltarmos repetidas vezes às Escrituras para, aí,
aprendermos a respeito dEle. […] A totalidade das Escrituras é a Palavra de Deus em
virtude da inspiração divina dos seus autores humanos. A Palavra de Deus, na forma da
Bíblia, é um registro inspirado de eventos e verdades da autorrevelação de Deus”

A autoridade da Bíblia fundamenta-se em seu autor: Deus. Portanto, a Bíblia é a Palavra


de Deus escrita. Assim sendo, a autoridade dela depende total e exclusivamente do
Altíssimo e não dos homens. Desse modo além da Bíblia, a Igreja não possui outra fonte
infalível de autoridade. Nesta lição, veremos a origem da Bíblia, sua autenticidade e
mensagem revelada na Palavra de Deus.
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9. ASSIMILANDO A VERDADE BÍBLICA

“E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração”


Dt 6. 6 – 9

Não basta acreditar na Bíblia, devemos impregnar nossa mente de seus ensinamentos
de forma que o Espírito Santo possa nos transformar com a verdade. Existem cinco
maneiras de fazer isso:

Primeira: receber a Palavra de Deus quando ouvir e aceita-la sem reservas. A parábola
do semeador ilustra como nossa receptividade determina se a Palavra de Deus irá ou
não criar raízes em nossas vidas e dar frutos. Jesus identifica três atitudes de rejeição:
1. Mente fechada (à beira do caminho)
2. Mente superficial (solo pedregoso)
3. Mente distraída (entre os espinhos)
Em seguida Jesus adverte: “Considerem atentamente como vocês estão ouvindo (Lc 8.
18a NVI). Toda vez que sentir que não está aprendendo nada com sermão ou professor
de Bíblia, examine sua atitude, especialmente em relação ao orgulho (Tg 1. 21b).

Segunda: Não se pode assistir à televisão durante três horas e esperar crescimento
lendo a Bíblia apenas três minutos. Mas se você separa quinze minutos de seu dia para
ler a Bíblia, em um ano terá lido a Bíblia toda. A leitura diária da Bíblia o manterá ao
alcance da voz de Deus (Dt 17. 19)

Terceira: Pesquisar ou estudar a Bíblia é outra forma prática de permanecer na Palavra


de Deus. Não teremos estudado realmente a Bíblia se não anotarmos os nossos
pensamentos no papel ou no computador. (Tg 1. 25)

Quarta: Memorizar a Palavra de Deus, que é uma dádiva concedida por Deus. Mesmo
achando que temos memória fraca, mas na verdade é que memorizamos milhões de
ideias, verdades, fatos e imagens. Principalmente quando lembramos do que é
importante para nós. Devemos usar o nosso tempo para memoriza-la. Dentre os
benefícios na memorização de versículos estão. Eles nos ajudam a resistir à tentação,
tomar decisões sábias, reduzir o stress, ganhar confiança, dar bons conselhos e
compartilhar a fé com outros (Sl 119. 11, 49, 50, 105; Pv 22. 18; Jr 15. 16; 1 Pe 3. 15).

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A memória é como um músculo. Quanto mais a exercitamos, mais forte ela se tornará,
e memorizar a Escritura ficará cada vez mais fácil.

Quinta: Refletir sobre a Palavra de Deus. Para muitos, a ideia de meditar evoca imagens
de alguém provocando um estado de consciência neutra, deixando a mente fluir. Isso é
exatamente o oposto da meditação bíblica. Meditação é o pensamento concentrado. É
necessário esforço. A partir da escolha de um versículo, ponderamos longamente a
respeito dele.

Não outro habito tão eficaz para a transformação de nossas vidas afim de nos tornar
semelhantes a Cristo do que a reflexão diária sobre as escrituras (2 Co 3. 18b; At 13. 22;
Sl 119. 97; Js 1. 8; Sl 1. 2, 3 e Jo 15. 7)

9.1. A PALAVRA DE DEUS É VIVA E EFICAZ

A Bíblia é viva e eficaz, transpassa o interior do ser humano; tal qual uma espada, anula
os conselhos do mundo e nos capacita a viver em humildade diante de Deus.

Ela é de origem divina e seu autor é o único Deus vivo e verdadeiro (Jo 17.3). Por isso a
sua mensagem transforma o nosso entendimento, e nos faz compreender “a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).

O texto sagrado descreve as Escrituras como “mais penetrante do que qualquer espada
de dois gumes” (Hb 4.12b). O uso figurado da espada de dois gumes simboliza que a
Palavra de Deus é tão bem afiada, que nada existe que ela não possa transpassar.
Nenhuma resistência humana consegue impedir a ação da espada do Espírito (Ef 6.17).
Assim, a Palavra “penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas”
(Hb 4.12c). Significa que ela atinge o âmago de nosso interior, examina os segredos
obscuros e revela o nosso verdadeiro caráter; ainda expõe os desejos de nossa alma e
os conflitos entre o nosso espírito e a carne (G1 5.17).

A mensagem bíblica também “é apta para discernir os pensamentos e intenções do


coração” (Hb 4.12d). Nada está imune ao discernimento da Palavra de Deus. Até os
nossos pensamentos mais íntimos e as nossas motivações mais espúrias são
desvendadas. Os pecados escondidos são revelados, a hipocrisia e a rebeldia são
desmascaradas. Coisa alguma pode ser escondida de Deus, toda a verdade é exposta
“aos olhos daquele com quem temos de tratar” (Hb 4 -13). Portanto, se o nosso coração
se render à Palavra, seremos salvos (Rm 10.9,10). Porém, se o endurecemos tal qual os
israelitas no deserto, a Palavra nos julgará, e por fim nos condenará (Hb 3.12,13).
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10. DEVEMOS POR EM PRÁTICA OS PRINCÍPIOS DAS ESCRITURAS

“E sede cumpridores da Palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos


discursos”
Tg 1. 22

Podemos receber, ler, pesquisar, memorizar e refletir na Palavra de Deus, mas tudo será
inútil se falharmos em pô-la em prática. Esse é o passo mais difícil, porque o Adversário
luta com muita intensidade par impedir que coloquemos em pratica a Palavra de Deus.
Ele não se importa que frequentemos estudos bíblicos, contanto que não pratiquemos
nada do que aprendemos. Sem prática o estudo é inútil (Mt 7. 24; Jo 23. 17).

Outra razão que nos faz evitar a aplicação pessoal da Palavra de Deus é a possibilidade
de que isso seja difícil, e até mesmo doloroso. A verdade nos liberta, mas no começo,
podemos sentir-nos miseráveis. A Palavra de Deus expõe nossas motivações, aponta
nossas faltas, repreende nossos pecados e espera que nos transformemos.

Faz parte da natureza humana resistir as mudanças, por isso, a prática da Palavra se
torna uma tarefa difícil. Sempre aprendemos com a verdade compartilhada pelos outros
e jamais aprendemos por conta própria.

A melhor maneira de se tornar um praticante da Palavra é colocando no papel uma


atitude resultante da leitura, do estudo ou da reflexão sobre a Palavra de Deus.
Precisamos desenvolver o habito de anotar o que pretendemos fazer. Essa atitude deve
ser pessoal (apenas nós), prática (algo que podemos fazer) e verificável (com um prazo
final para ser realizada). Toda aplicação deve envolver tanto o nosso relacionamento
com Deus, quanto com os outros em relação ao nosso caráter. Deveríamos passar algum
tempo pensando nisso: “O que Deus já nos pediu por meio da sua Palavra que nós ainda
não começamos a fazer?”

“A Bíblia não nos foi concedida para aumentar nosso conhecimento, mas para mudar
nossas vidas”. A Bíblia usa a metáfora de um atleta para ilustrar a vida de um cristão,
que está correndo em uma corrida com obstáculos dentro de um estádio, rodeado de
uma plateia que representa todos os heróis da fé de todos os tempos, bem como uma
grande multidão, como uma nuvem de testemunhas que nos rodeiam.

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Muitos dentre eles andam nos espiando, para terem o que nos acusar diante de Deus.
Por isso, nesta corrida pela vida, a Bíblia nos recomenda a nos desvencilharmos de todo
o peso supérfluo que possa dificultar nosso desempenho. Cada um de nós sabe o que
pode nos estorvar na carreira e o que temos que renunciar para chegarmos até o final.
Ela nos lembra que o pecado pode nos distrair, e caso isso aconteça, a corrida estará
seriamente comprometida. (Hb 12. 1, 14).

10.1. A BÍBLIA É UM ALICERCE PARA A VIDA

É importante ressaltar que a Bíblia é a única infalível revelação escrita, divinamente


inspirada (2 Tm 3.16; Ap 1.1). Quem ouve e coloca em prática a Palavra de Deus é
comparado a uma pessoa prudente cuja casa é alicerçada sobre a rocha (Mt 7.24). Nesta
ilustração de Jesus, a casa simboliza a vida. A vida deve ser edificada nos ensinos de
Cristo a fim de alcançar a virtude e um destino glorioso (Jo 3.16). O próprio Cristo é a
rocha (l Co 10.4). Ele tem as palavras de vida eterna (Jo 6.68). A síntese desse grande
ensinamento é que nem as crises dessa vida e nem a eternidade poderá abalar quem
está firmado em Cristo e na sua Palavra (Mt 7.25).

Os Salmos declaram que a Palavra de Deus é “lâmpada para os pés” e “luz para o
caminho” (Sl 119.105). Significa que a Bíblia possui orientações para cada passo do nosso
viver e instruções para todo o curso da nossa vida. Pedro fala da Palavra com o “um a
luz que alumia em lugar escuro” (2 Pe 1.19). Quer dizer que a luz das Escrituras dissipa
a escuridão espiritual e nos conduz em segurança pelo caminho da vida eterna. Cristo
disse: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas” (Jo 8.12); e Paulo
ensina que devemos andar como filhos da luz (Ef 5.8), isto é, afastados da prática do
pecado (1 Jo 3.6).

Tendo a inspiração divina como pressuposto, ratificamos novamente que a Palavra de


Deus é a nossa autoridade final de fé e prática (2 Pe 1.21). A Bíblia difere de outros livros
porque seus ensinos são fidedignos e confiáveis, não erram e nem falham (Jo 10.35).
Desse modo, o texto bíblico permanece inalterado (Mc 13.31). Por conseguinte, os
princípios bíblicos têm aplicação hoje, assim como o tiveram antigamente (Is 55.11) –
Os padrões da ética e da moral cristã não sofrem mudanças (l Pe 1.20). Portanto, os
valores cristãos são permanentes, pois a fonte de autoridade é permanente (Mt 5.18).

Assim sendo, o comportamento e o caráter do cristão se alicerçam nas doutrinas bíblicas


(Ef 2.20).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BÍBLIA, Português. A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento.


Tradução de João Ferreira de Almeida. Brasília: Sociedade Bíblia do Brasil.

GILBERTO, Antônio. Revista Lições Bíblicas, Adultos, As Doutrinas Bíblicas


Pentecostais. Rio de Janeiro: CPAD, 2006

LIRA, Eliezer. Revista Lições Bíblicas, Adultos, Salvação e Justificação. Os pilares


da vida cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2006

GONÇALVES, José. Revista Lições Bíblicas, Adultos. A supremacia da Cristo. Fé,


esperança e ânimo na Carta aos Hebreus. Rio de Janeiro: CPAD, 2018

BAPTISTA, Douglas. Revista Lições Bíblicas, Adultos. A Supremacia das Escrituras


a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2021

HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio


de Janeiro: CPAD, 2006

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Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória,
pois, a ele eternamente. Amém!

Romanos 11:36
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