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Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará

Curso: Licenciatura plena em História


Disciplina: LIBRAS

Discente: _ALDO_TXEBUARE_KARAJA_
Data: __01 de abril de 2023__

Referência da Obra
QUADROS, Ronice Muller de; CAMPELLO, Ana Regina e Souza. Constituição política,
social e cultural da Língua Brasileira de Sinais. In: Lucyenne Matos da Costa Vieira-
Machado, Maura Corcini Lopes. (Org.). Educação de Surdos: Políticas, Língua de Sinais,
Comunidade e Cultura Surda. 1 ed. Santa Cruz/RS: EDUNISC, 2010, v. 1, p. 15-47.

Fonte
Artigo – Google acadêmico.

Síntese
No artigo apresentado os autores buscam apresentar as conquistas da comunidade
surda mediante a constituição, relacionada aos seus aspectos políticos, sociais e culturais. O
trabalho se divide em algumas temáticas pertinentes para a compreensão do tema como: A
Constituição Histórica da Libras; A Libras depois do período imperial; políticas linguísticas no
Brasil e a Libras e Desdobramentos das políticas linguísticas na constituição política, social e
cultural da Libras.
As autoras descrevem a história dessa língua no Brasil com base nos poucos
documentos encontrados, uma história que está diretamente ligada à educação e aos
movimentos sociais dos surdos brasileiros. Apresentamos a comunidade surda brasileira
que usa esta língua e a legitima social e culturalmente. Depois, trata, sobre o movimento
político que garantiu a legitimação dessa língua por meio de políticas linguísticas
desencadeadas pela legislação. E por fim, realizam uma reflexão sobre o caso específico das
políticas linguísticas e das políticas públicas de educação de surdos do Brasil que acabam
interferindo nas formas que o bilinguismo passa a tomar nas experiências brasileiras.
Destaque de Citações Relevantes

“Os franceses contribuíram com o Brasil nas formações em diferentes campos de


conhecimento, entre eles, na literatura, nas artes e na produção de conhecimento do território
brasileiro durante as suas aventuras, conquistas e visitas ao Brasil no período de 1503 a 1822.
Igualmente, “a França desempenhou um papel determinante na transmissão do saber
tecnológico e científico no Brasil” CARELLI (1994:67). Nesse contexto, a escola para surdos
é fundada no país”. (p.3)

“No texto de Bacellar (p.83) publicado em 1925, é mencionada a data de 1o de janeiro de


1856 como sendo a da constituição da língua brasileira de sinais - Libras, com o programa de
ensino aos alunos surdos (menino de 10 anos e menina de 12 anos) no Colégio Vassinon, no
Rio de Janeiro.” (p.4)

“O dicionário de Flausino José da Gama reflete a influência da LSF na LSB. Todas as


representações dos sinais franceses foram copiadas, com a tradução do nome dos sinais do
francês para o português.” (p.8)

“Atualmente, a LSB é diferente da LSF. A língua de sinais, como qualquer outra língua
natural, apresenta todos os elementos linguísticos específicos de uma língua. A LSB reflete a
cultura e a identidade surda brasileira, assim como a sociedade ou comunidade surda que,
historicamente, foi construída e estabelecida em um grupo ou “povo surdo” no Brasil.” (p.8)
“A criação do INES foi muito importante para a comunidade surda e a constituição de sua
língua, pois é a formação do grupo que constitui a língua. A LSF é uma herança que temos e
que fez parte da constituição da nossa língua de sinais, a LSB”. (p.8)

“Dessa forma os surdos brasileiros vêm adquirindo a sua língua através da interação entre os
pares, e transmitindo-a de geração em geração de estudantes, através desse convívio com
adultos surdos vinculados à instituição escolar”.” (p.9)

“As nações indígenas do país falam cerca de 170 línguas (chamadas de autóctones), e as
comunidades de descendentes de imigrantes outras 30 línguas (chamadas de línguas
alóctones). Somos, portanto, como a maioria dos países do mundo, um país de muitas
línguas, plurilíngue – em 94% dos países do mundo, falam-se mais de uma língua. O Estado
Português adotou uma política linguísitca de imposição do português como a única língua
legítima, considerando-a ‘companheira do Império’ (Fernão de Oliveira, na primeira
gramática da língua portuguesa, em 1536).” (p.10)

“No caso específico da Libras, há um reconhecimento legal traduzido por meio da Lei 10.436
de 2002, comumente referida como a Lei de Libras, regulamentada pelo Decreto 5626 de
2005. Essa legislação apresenta não somente a lei, mas um planejamento linguístico para que
essa língua seja reconhecida e difundida no país” (p.12)

“Além da educação, essa legislação regula sobre os direitos dos surdos brasileiros de terem
acesso a informações e atendimento público em Libras. Portanto, são vários os
desdobramentos desencadeados a partir da Lei de Libras enquanto política linguística que
vem fortalecer a comunidade linguística brasileira, embora ainda tenhamos uma política
maior que legitima o português como “a” língua brasileira, submetendo as demais línguas,
inclusive a Libras, a um status de menos valia.” (p. 12)

“A Libras é um símbolo de identidade; por meio dela, os surdos se reconhecem parte de uma
comunidade (parte de um povo, no sentido discutido por STROBEL, 2008).” (p.13)

“Os surdos brasileiros têm direito à educação bilíngue como grupo social e linguístico, e não
como indivíduo.” (p.14)

“A língua, como elemento crucial de pertencimento a um grupo social, é um dos elementos


mais poderosos para o estabelecimento da coesão desse grupo.” (p.15)

“A política nacional de educação especial foi publicada em 2008, depois de passar por várias
instâncias de reflexão. Uma comissão composta por pessoas consideradas como referências
nacionais na área da educação especial foi formada pelo Ministério da Educação para compor
o texto inicial dessa política.” (p.18)

“Nesse sentido, faz-se fundamental a presença de pensadores surdos na construção de uma


proposta de implementação da política de educação de surdos. Os surdos deixam de ser
“convidados” e passam a assumir o seu papel nos contextos decisórios.” (p. 21)
“Considerando-se esses aspectos no contexto das escolas públicas brasileiras, fazse
necessário criar um sistema de acompanhamento da implementação da educação bilíngue no
país, tendo em conta os diferentes espaços de educação.” (p.22)

“Não basta simplesmente decidir se uma ou outra língua passará a fazer parte ou não do
cenário da proposta escolar, mas sim tornar possível a existência das línguas, reconhecendo-
as de fato e constituindo um espaço de negociação permanente. O espaço de negociação
instaurou-se no reconhecimento do outro – e, mais importante ainda, com os surdos sendo
participantes ativos da significação e atribuição de espaços para as línguas na sua própria
educação.” (p.23)

Avaliação Crítica
O livro traz um assunto muito importante para a comunidade acadêmica sobretudo a
comunidade surda e suas lutas diária para a implementação da Língua Brasileira de sinais ou
o modo de escolarização bilingue, onde coloca na grade curricular a língua do surdo para o
aprendizado do ouvinte e não ouvinte. O texto nos permite refletir as necessidades que o
surdo tem para o ambiente escolar mais inclusivo contemplando a segunda língua oficial do
nosso país.
As lutas travadas por décadas para sua aceitação, foram contempladas em pequena
medida por meio de leis no Congresso nacional. A luta ainda continua para que as instituições
de ensino estejam totalmente capacitadas a ensinar, disponibilizar recursos para a
comunidade surda, em integrar o ouvinte e o não ouvinte na mesma proporção.
Conforme compreende Strobel, (2008) “a Libras é um símbolo de identidade; por
meio dela, os surdos se reconhecem parte de uma comunidade.” e tem contato com as pessoas
e tudo o que é a sua volta, logo a língua, é essencial para a sua interação e trocas de saberes
com sujeitos ou com o ambiente onde está inserida.
Apesar da língua Brasileira de sinais se garantida em lei dentro da Constituição
federal, o que se percebe nas escolas e demais instituições de ensino é a falta de aplicação da
lei, ou seja, nas escolas é muito comum observar o ensino da língua portuguesa e de qualquer
outra língua estrangeira enquanto a libras, que é a segunda língua oficial do Brasil, não é
aplicada dentro de sala de aula sendo um problema dos órgãos públicos e por muita das vezes
a falta de interesse dos gestores escolares tanto do viés público e particular.
Deste modo, qualquer cidadão brasileiro têm seus direitos garantidos perante a
Constituição, sendo assim, a comunidade surda têm direito à educação bilíngue como grupo
social e linguístico, para seu progresso enquanto sujeito, crescimento intelectual visado desde
a educação básica até a educação superior.

Adaptação do Modelo de Ficha de Leitura da Pró-Reitoria de Ensino da UNIVILLE


Centro de Inovação Pedagógica -
https://www.academia.edu/39341674/MODELO_FICHA_DE_LEITURA

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