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CURSO: Letras (Português)

POLO DE APOIO PRESENCIAL: Taubaté

SEMESTRE: 1 ª Etapa

COMPONENTE CURRICULAR / TEMA: Língua Portuguesa I

NOME COMPLETO DO ALUNO: Renan Santos Soares

TIA: 22018239

NOME DO PROFESSOR: Prof ª Liliane Barros Oliveira Delorenzo

A historiografia do processo de ensino-aprendizagem da língua portuguesa pode ser concebida como


o estudo sistematizado do ensino da língua em terras brasileiros a partir de uma perspectiva temporal e
evolutiva, considerando-se todos os aspectos de ensino a aprendizagem em seus âmbitos sociais e históricos
dentro de um recorte específico da história do Brasil, além de abordar os sujeitos e fenômenos socioculturais
que significativamente influenciaram o panorama de ensino de línguas no país. Por meio desta abordagem
historiográfica, apreende-se que o ensino-aprendizagem das línguas não está isolada ou a mercê das objetos
culturais, mas o oposto: todo projeto de ensino de uma língua reflete as noções de homem, de sociedade e
de cultura que regem as diversas civilizações do mundo. Desde essa contextualização, levanta-se uma análise
historiográfica do processo de ensino-aprendizagem da língua portuguesa no Brasil: do século XVI ao século
XXI.

No século XVI até o XVIII, destaca-se a proeminência da Companhia de Jesus, ordem religioso da
Igreja Católica fundada em 1949 pelo jesuíta espanhol Inácio de Loyola com o intuito de conter o movimento
protestante na Europa, possibilitar a expansão da fé católica no mundo e a aquisição de novos fiéis. A
Companhia de Jesus chegou no Brasil também no mesmo ano de fundação, projetado incialmente como um
plano de catequização, mas formando também a elite intelectual da colônia. Os jesuítas buscaram, assim, a
evangelização segundo o universo dos grupos, aprendendo as suas línguas e adequando determinados
dogmas católicos à realidade dos indígenas. Desenvolveu-se, assim, a língua geral (ou língua brasílica), ou o
tupi, língua das localidades costeiras, gramaticalizada pelos jusuítas:
A Língua Geral é retomada pelos intelectuais brasileiros corno um traço cultural típico
e demarcador, no campo simbólico e ideológico, da originalidade cultural brasileira, objetivando
estabelecer as diferenças entre a história brasileira e a europeia . Nesse momento, as elites
intelectuais brasileiras tornam a Língua Geral, a língua do "outro", como um recurso ideológico
fundamental para a constituição da identidade nacional brasileira, no século XIX. Neste caso,
ela deixa de ser do "índio" para ser do "brasileiro", que teria uma genealogia cultural diversa
daquela do europeu (BARROS, BORGES; MEIRA, 1996)

Sendo a língua geral o principal idioma utilizado Brasil nos séculos XVI e XVIII, houve, por entanto, no
século XVIII, a reforma pombalina, que proibiu todas as manifestações linguísticas diferentes de português na
colônia, impulsionando a sua obrigatoriedade de ensino e difusão. A Reforma Pombalina, desde 1759, visava
unificar os instrumentos linguísticos entre a metrópole e as suas colônias, envolvendo os setores
administrativos, econômicos, sociais, e, também, educacionais. Já no século XIX, destacou-se, como central
método de ensino-aprendizagem da língua portuguesa, o método sintético. Esse modelo foi definido pelo
ensino meramente estrutural e formal, pois nele, as partes pressupunham o todo. Houve um foco, portanto,
no significante, já que os aspectos formais (aspectos fônicos, alfabéticos e silábicos) eram espaços para se
entender as palavras.

Ainda no século XIX, deve-se ressaltar, ademais, o método analítico de ensino-aprendizagem da


língua. Nessa abordagem, as unidades linguísticas maiores pressupunham as unidades maiores. Se o método
sintético focalizava demasiadamente nas estruturas, o analítico propiciava uma compreensão mais geral e
ampliada da língua, pois focava nos processos de palavração, sentenciação e texto. Há, desta maneira, uma
predominância do significado. Esse método tornou-se obrigatório para o ensino de alfabetização no estado de
São Paulo em 1911 (e permaneceu até 1920). O seu marco de fundação foi a disseminação da “Cartilha
Maternal” (1876), do poeta português João de Deus, pois nele, explanava-se as bases do método analítico.
No século XX, predominou-se o método sintético-analítico, principalmente com a publicação da cartilha
“Caminho Suave” (1948) da educadora Branca Alves da Silva , que teve mais de 40 milhões de exemplares
vendidos. A cartilha, portanto, foi removida do catálogo do Ministério da Educação, mas ainda encontra-se
disponível à venda.

Já a partir dos anos 70, destacou-se o ensino por meio dos diversos gêneros textuais. Nessa
concepção, os gêneros se personificam nas modalidades mais diversas de texto, sejam escritos ou orais, que
circulam constantemente no cotidiano. Os gêneros são definido por padrões estáveis de texto (em tema, estilo
e composição), cumprindo algumas funções de cunho comunicativo. A linguagem passa a ser compreendida,
então, como uma ferramenta viva de comunicação, sendo os gêneros textuais os espaços em que os diversos
textos se materializam com os seus objetivos comunicativos. O ensino de gêneros muito incidiu também, na
década de 1980, na proposta construtivista de ensino-aprendizagem, voltada à interação como ferramenta de
ensino. Se anteriormente o foco incidia na produção de texto, na leitura restrita de cânones e nos aspectos
formais da língua, agora o ensino embasava-se na compreensão de que o “aprender” é contínuo e dependente
da interação do indivíduo.

Por fim, no final da década de 1990, elaborou-se os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), com
a finalidade de nortear o trabalho e a prática pedagógica dos docentes. O material foi desenvolvido pelo
Governo Federal para a reelaboração dos currículos nacionais, envolvendo-se num projeto pedagógico
fundamentado na formação completa e cidadã do aluno. O documento é, porém, aberto e flexível, pois deve
se adaptar às diversas tendências educacionais da sociedade, além de oferecer subsídios para a reflexão
constante do professor em sua práxis educativas e abarcar, no ensino-aprendizagem de língua portuguesa, a
formação do aluno completo, em seu nível gramatical, mas também contemplando o texto, os gêneros e as
habilidades orais. Assim define Santos (2003, p. 246):

Quanto à linguagem, especificamente, os PCNs (Brasil, 1999: 35-38), em visão teórica


da língua, utópica quanto a sua aplicação, propõem a comunicação como processo de
construção de significados em que o sujeito interage socialmente, construindo e desconstruindo
significados. Apoiados na concepção sócio-interacionista de linguagem, entendem que a opção
metodológica no ensino deve priorizar o saber linguístico do aluno e o uso da linguagem em
diferentes esferas sociais. Observa-se a superação do nível frástico no ensino da língua, tendo
como unidade básica o texto; o aluno considerado como produtor de textos, aquele que pode
ser entendido pelos textos que produz; o texto marca o diálogo entre interlocutores que o
produzem e entre outros que o compõem.

Desta maneira, conclui-se que que a abordagem de ensino-aprendizagem de língua portuguesa está
funcionalmente embasada nas condições temporais, históricas e sociais da sociedade em questão, pois as
diversas demandas de ensino pressupõem aquela visão do recorte específico que se tem de civilização, sendo
essa inseparável do contexto educativo e das múltiplas modalidades de ensino.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

GARCIA, Joe. A interdisciplinaridade segundo os PCNs. Revista de Educação Pública, v. 17, n. 35, p. 363-378,
2008. Disponível em: file:///Users/cliente/Downloads/111629-Texto%20do%20artigo-201450-1-10-20160301.pdf Acesso
em: 03. Nov. 22

MARIA DO CARMO, O. et al. Depois dos PCNs: como anda nossa língua portuguesa no ensino médio. Acta
Scientiarum. Human and Social Sciences, v. 25, n. 2, p. 241-249, 2003. Disponível em:
https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHumanSocSci/article/view/2176 Acesso em: 03. Nov. 22

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