Disciplina: Língua Portuguesa, conteúdos e seu ensino.
Profª. Drª. Maria Iolanda Monteiro.
Proposta de Ação
O presente trabalho se propõe a analisar dois artigos científicos relacionados ao
ensino de língua portuguesa nos anos iniciais do ensino fundamental juntamente com um trabalho relacionado às variações linguísticas na língua portuguesa, tanto no Brasil quanto em outros países falantes do português. O título do primeiro artigo é “Iniciativas Políticas e variações linguísticas para além do debate colonizador/colonizado” de autoria de João J. Rosa, e também será analisado o texto de Jessé Ovídio de Santana e Maria do Bom Parto Ferreira das Neves cujo título é “As variações linguísticas e suas implicações na prática docente”. Tais títulos foram escolhidos por colaborar com a minha formação docente ao que se refere ao ensino da língua portuguesa, uma vez que me fizeram refletir sobre práticas pedagógicas que podem não fazer sentido em determinados contextos regionais. O primeiro artigo se refere a questões sociais, econômicas, políticas e regionais do país de Cabo Verde, localizado no continente africano, e que também foi colonizado por portugueses. Já o segundo artigo foi escrito por acadêmicos brasileiros, texto que também trata da variação linguística, mas agora, dentro do nosso próprio país, este que é muito vasto tanto territorialmente quanto culturalmente. O objetivo do texto de João Rosa tem como objetivo analisar a questão linguística na República de Cabo Verde, focando nas questões sociohistóricas e sobre o papel das línguas nativas e coloniais do continente africado, frisando as especificidades locais o autor pretende sugerir modos em que o discurso sobre línguas pode ser avançado para além de um modelo tradicional onde se coloca colonizador e colonizado em embate. O conteúdo deste artigo está dividido ao longo de quatro seções. Num primeiro momento, o autor aborda a influência das línguas no contexto colonial, focando em como a opressão colonial afeta a língua nativa e como isso molda as concepções de educação e cultura. O autor destaca a relação simbiótica entre língua, poder e dominação colonial. A perspectiva de defensores e críticos do uso das línguas colonizadoras é discutida, exemplificada por escritores como Chinua Achebe e N'gugi Wa T'iongo. O texto ressalta como a imposição das línguas coloniais interrompe as conexões culturais e destaca o impacto político e psicológico dessa dominação. Também explora a influência da língua na construção da identidade e na formação do pensamento. A pesquisa realizada na República de Cabo Verde é mencionada como um estudo de caso que busca entender o desenvolvimento da língua considerando suas características locais específicas. O autor enfatiza a importância de olhar além das perspectivas continentais e considerar a complexidade das narrativas locais. Na segunda e maior parte do texto o autor irá se voltar para como o desenvolvimento do crioulo cabo-verdiano é resultado do contato entre várias línguas em uma região geográfica específica. Falando sobre a colonização de Cabo Verde pelo império português em 1460, o comércio de escravos e a sociedade segregada contribuíram para a influência inicial do português na língua crioula a se desenvolver. O uso do crioulo se expandiu amplamente em todas as classes sociais na colônia, ameaçando a hegemonia do império português. A institucionalização da escolarização em 1866 promoveu o ressurgimento do português, buscando consolidar o poder da monarquia e criar uma classe "intelectual". A resistência linguística informal ao sistema colonial ocorreu principalmente através do uso contínuo do crioulo, mesmo com sanções. Assim sendo, a imposição da língua portuguesa através do sistema educacional levou a uma distinção social entre quem falava o idioma do colonizador e as massas sem acesso à educação. A contestação formal da língua portuguesa ocorreu durante a revolução e nos anos pré-independência. O crioulo assumiu um papel de luta durante a guerra de libertação. Finalmente, após a independência, houve tentativas de mudança na política linguística, incluindo propostas de criação de um sistema alfabético unificado para o crioulo. Embora houvesse debates políticos e posicionamentos partidários sobre a oficialização do crioulo, ele continuou a ser uma língua marginalizada. A Constituição reconheceu o português como língua oficial, mas também reconheceu o direito e o dever dos cidadãos de aprender as línguas oficiais. Apesar dos debates, a oficialização do crioulo progrediu de maneira lenta. Artistas, autores e a diáspora cabo-verdiana solidarizaram-se com a luta pela oficialização. Iniciativas políticas foram tomadas, incluindo a inclusão do crioulo nas escolas e instituições governamentais. Houve um colóquio internacional sobre o crioulo em 2005, mas os resultados das iniciativas políticas foram limitados. O autor cita que o linguista Baltasar Lopes da Silva expressou uma visão que minimizava a influência afro-linguística no crioulo. No entanto, outros, como Donaldo Macedo, destacaram a natureza autônoma do crioulo. Houve debates sobre se o crioulo deveria ser oficializado, com posicionamentos políticos contrastantes. A oficialização gradual foi proposta para eliminar a diglossia e transformar a relação entre o crioulo e o português de antagônica para complementar. Já o linguista Manuel Veiga propôs uma transformação gradual, em que o crioulo ganharia um estatuto oficial, mas também haveria uma relação complementar entre o crioulo e o português. Isso envolveria a oficialização do crioulo em contextos formais e a valorização de ambas as línguas, mas reconhecendo que a língua portuguesa continuaria a ter um papel importante. A metodologia utilizada pelo autor foi a análise bibliográfica e documental. Concluo que a leitura deste texto foi muito importante para mim, mesmo sendo brasileira, pois me trouxe o conhecimento do processo linguístico e colonizatório de uma nação que jamais chegaria até mim durante as aulas da graduação, além do impacto que essa história têm no falar, no escrever e no ensinar desse povo. Como futura professora também pretendo seguir carreira acadêmica e acho importante conhecer diversos povos pois posso acabar pesquisando sobre a língua portuguesa de outros países. Ademais, na minha prática em sala de aula, mesmo que dentro do Brasil, sempre será possível que eu acabe por me deparar com crianças imigrantes que falam um português diferente do brasileiro, e acredito ser importante conhecer suas particularidades para que o ensino do português brasileiro tenha uma maior contextualização, uma vez que como professora poderei traçar paralelos entre as variações dos dois países com fim de enriquecer minha prática. Agora, no tocante ao texto de Santana e Neves, o objetivo do artigo é a busca por discutir as implicações das variações linguísticas no ensino da Língua Portuguesa, nos anos iniciais de escolaridade, destacando a importância do combate ao preconceito linguístico e fundamentando epistemologicamente a influência da escola na sua propagação, autores ainda pretenderam definir os conceitos de variação linguística e de Português padrão e apresentar os fatores que influenciam o ensino da variação linguística. A metodologia utilizada pelos autores foi a revisão bibliográfica de literatura. O artigo é subdividido em cinco seções, já incluindo-se introdução e conclusão. Em suma, os autores irão tratar da importância da comunicação e da língua, enfocando como a língua é influenciada por variações linguísticas ao longo do tempo e em diferentes contextos. Começa abordando a evolução da língua e como a escrita mudou a trajetória da história humana. O Brasil, como receptor da língua portuguesa através da colonização, apresenta mais de 200 milhões de falantes, enriquecendo-a com várias variações regionais e culturais ao longo de 512 anos. O texto destaca que a diversidade cultural e social do Brasil resulta em uma grande variedade de variações linguísticas. Isso é evidente nas escolas, onde os estudantes têm contato com a língua padrão após trazerem consigo uma bagagem linguística variada. Muitas vezes, os professores entram em conflito entre a norma padrão e as variações linguísticas presentes nos alunos. O autor enfatiza a necessidade de os educadores compreenderem que falar de forma diferente da norma padrão não é incorreto. O texto também discute como as escolas brasileiras priorizam o ensino da norma padrão, negligenciando o ensino das variações linguísticas e a reflexão sobre seu uso apropriado em diferentes contextos.O texto menciona a ideia utópica do monolinguismo, explicando que o Brasil é linguística e culturalmente diversificado, com línguas indígenas, dialetos regionais, influências de imigrantes e outras fontes, tornando o monolinguismo uma ilusão. São abordadas as diferenças fonéticas e semânticas entre o português do Brasil e o de Portugal, destacando a heterogeneidade inerente à língua. O autor argumenta que a heterogeneidade linguística é uma característica natural das línguas e que a homogeneidade é difícil de alcançar. Variações linguísticas são vistas como riqueza cultural e parte da identidade do povo brasileiro. As variações são analisadas sob as lentes da variação geográfica e social, enfatizando como fatores como região, classe social, idade e contexto social influenciam a maneira como as pessoas falam. Em suma, o texto explora as complexidades das variações linguísticas presentes na língua portuguesa falada no Brasil, destacando sua riqueza cultural e como as escolas e educadores devem abordar essas variações de maneira reflexiva e não preconceituosa. Além disso, o ensino das variações linguísticas deve considerar a realidade dos estudantes, respeitando as variedades linguísticas presentes em suas comunidades e incentivando-os a utilizar a linguagem de forma adequada às diferentes situações. Isso contribui para a promoção da autoestima dos estudantes e para a construção de uma consciência linguística mais ampla. Em resumo, as variações linguísticas são uma característica natural de qualquer língua e devem ser reconhecidas, valorizadas e abordadas de maneira positiva no ensino da Língua Portuguesa. Isso não apenas enriquece a compreensão dos estudantes sobre a língua, mas também promove uma educação mais inclusiva e sensível às realidades linguísticas e culturais do Brasil. Acredito que a principal contribuição para minha formação ao estudar este artigo é a ideia de que o papel dos docentes é fundamental na promoção da consciência linguística e na luta contra o preconceito é muito válida. Nós, os professores, temos a responsabilidade de educar os estudantes sobre a diversidade linguística, capacitando-os a usar diferentes registros linguísticos de acordo com as situações e contextos, além de desenvolver uma atitude crítica em relação aos preconceitos linguísticos. Já que fica clara a importância de uma abordagem inclusiva e sensível às variações linguísticas no ensino da língua portuguesa, contribuindo para uma educação mais justa e respeitosa com a diversidade cultural e social do Brasil. REFERÊNCIAS
ROSA, João J. et al (org.). INICIATIVAS POLÍTICAS E VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS PARA
ALÉM DO DEBATE COLONIZADOR/COLONIZADO. Currículo Sem Fronteiras, [S L], v. 9, n. 2, p. 286-302, dez. 2009.
SANTANA, JESSÉ & NEVES, Maria. As Variações Linguísticas e suas Implicações na
Prática Docente. Millenium, 48 (jan/jun). Pp. 75-93.