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EDUCAÇÃO BILÍNGUE:

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
EM INGLÊS E PORTUGUÊS

Módulo 01
Unidade
Fundamentos

01 teóricos da
educação bilíngue

Unidade 1:
Educação bilíngue e
bilinguismo: O que são?
INICIAR
FICHA LIVRO

Curso de Extensão: (EB) Educação Bilíngue: aprendizagem


significativa em inglês e português.

Módulo 1: Fundamentos teóricos da educação bilíngue.


Aula 1: Educação bilíngue e bilinguismo: O que são?

Professoras Conteudistas:
Alinne da SIlva Rios
Carolina Segala
Karina Alves e Silva

Professora da videoaula: Alinne da Silva Rios

Ementa: O aluno será capaz de conceituar termos e expressões


essenciais para o estudo da educação bilíngue e do fenômeno do
bilinguismo.

FICHA CATALOGRÁFICA

Mantenedora e Idealizadora do FourC Learning:


Sara Margaret Hughes

Consultor Estratégico: George R. Stein

Designer Instrucional: Alinne da Silva Rios

Revisora de Conteúdo: Leilany F. R. Arruda da Silva

Revisora de Língua Portuguesa: Ana Clara Ranzani

Designer Gráfica e Diagramadora: Letícia F. Arruda Neves

01
Resumo
Uma bicicleta tem duas rodas. Um par de binóculos tem duas
lentes. Um bilíngue fala duas línguas. Plurilíngue ou multilíngue,
várias línguas. Simples assim?

Em contextos diferentes, bicicletas e binóculos continuam sendo


objetos compostos de dois elementos similares, no entanto
explicar o “domínio” de línguas não é tão simples quanto contar
rodas ou lentes!

Nesta disciplina, abordaremos os conceitos de bilinguismo,


plurilinguismo, multilinguismo e educação ou ensino bilíngue.
Neste material, também trataremos a respeito da formação de
sujeitos bilíngues e tipos de bilinguismo.

Você será capaz de:

Compreender definições de plurilinguismo,


multilinguismo, bilinguismo;

Diferenciar os fenômenos de bilinguismo e de educação


bilíngue;

Conhecer tipos de bilinguismo e de sujeitos bilíngues.

02
Sumário
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Terminologia: plurilinguismo,
04
multilinguismo, bilinguismo

Terminologia: bilíngue 06
Terminologia: ensino e educação 07

Algumas definições de educação bilíngue 08


Sujeito bilíngue 09
Tipos de bilinguismo 11

03
Terminologia: plurilinguismo,
multilinguismo, bilinguismo
A divisão de políticas linguísticas do Conselho da Europa,
também responsável pelo CEFR (Quadro Comum Europeu de
Referência para Línguas), preparou um guia para
desenvolvimento de políticas de educação em linguagem para a
conferência “Diversidade linguística para a cidadania
democrática da Europa” em 1999. A versão mais atualizada do
guia é de 2007 e conta com mudanças discutidas ao longo de
debates oficiais sobre o assunto.

O intuito do guia é esclarecer princípios, definir objetivos, analisar


situações, identificar recursos, explicações e necessidades,
promovendo um conceito global a respeito de linguagens, de
modo que as políticas sobre educação linguística no continente
europeu sejam desenvolvidas em contexto de debates
democráticos, respeitosos e de aceitação social, sem imposição de
uma língua sobre outras (www.coe.int/lang).

O COE, Conselho da Europa, diferencia plurilinguismo e


O Conselho da Europa
multilinguismo da seguinte maneira: (https://www.coe.int/we
b/portal/home) é uma
Plurilinguismo refere-se à natureza dinâmica e integrada do organização
internacional europeia
repertório linguístico de um indivíduo bilíngue ou plurilíngue, que atua na defesa dos
direitos humanos, da
que inclui o desenvolvimento de competências desniveladas democracia e do Estado
de direito no
em uma variedade de línguas, dialetos ou registros. Ou seja, a continente. Fundada

habilidade de utilizar mais de uma língua. Plurilinguismo vê a em 1949, é a mais antiga


instituição europeia em
língua do ponto de vista de falantes e aprendizes de língua. funcionamento.

Multilinguismo, por outro lado, se refere à presença de diversas


línguas em determinada região geográfica,
independentemente de quem as fala.

04
Esta distinção, porém, não é comum em outros contextos.
Estudos da América do Norte frequentemente usam
plurilinguismo e multilinguismo como sinônimos em referência
tanto à diversidade linguística individual como social.

Para efeitos de estudos linguísticos, no geral, a comunidade


acadêmica brasileira tem, em sua maior parte, concordado com
as seguinte definições:

Multilinguismo: Concomitância de diversas línguas e culturas em um


ambiente, bem como a oferta de diferentes línguas para aprendizagem
ou comunicação.

Plurilinguismo: Relação entre línguas e culturas e a habilidade do


indivíduo de relacioná-las. Representa, também, o estudo do uso de
duas ou mais línguas.

Bilinguismo: Relação entre línguas e culturas e a habilidade do


indivíduo de relacioná-las.

Em resumo:
No geral, os termos MULTILINGUISMO, PLURILINGUISMO e
BILINGUISMO têm sido utilizados quase como sinônimos. Ao
discorrermos neste curso sobre educação bilíngue e os conceitos de
um sujeito bilíngue, podemos pensar nas mesmas definições para
educação plurilingue ou um sujeito plurilingue.

05
Terminologia: bilíngue
Você já digitou “bilíngue” no Google e deu uma olhada na
diversidade de entradas que aparecem? Quer tentar?

François Grosjean fez isso e contou algumas de suas


François Grosjean é
observações em sua obra “The Mysteries of Bilingualism” professor emérito e ex-
(Os mistérios do bilinguismo). diretor do Laboratório
de Processamento de
Linguagem e Fala da
Ele notou que a palavra bilíngue é utilizada em muitas Universidade de

formas diferentes, como: Neuchâtel ( Suíça ).


Sua especialidade é a
“Quem usa duas línguas” (em referência a pessoas psicolinguística e seus
domínios de interesse
bilíngues); são a percepção,
compreensão e
“Que são apresentados em duas línguas” (livros, obras produção da

bilíngues); linguagem, seja fala ou


língua de sinais , em
“Que precisam de duas línguas” (profissões bilíngues); monolíngues e
bilíngues.
“Que reconhecem duas línguas” (nações bilíngues);
“Que vai de uma língua a outra” (dicionários bilíngues).

Emergiram também algumas expressões que não são claras.


Uma escola bilíngue, por exemplo, é uma escola que recebe e atende
duas populações monolíngues? Uma escola que usa duas línguas no
ensino? Ou uma escola que promove bilinguismo em seus alunos?

Tais questionamentos permearão nosso curso. Tentaremos, juntos,


respondê-los por meio de nossos estudos!

Em resumo:
Bilíngue, como substantivo, pode referir-se a um falante de mais de
uma língua, o que discutiremos mais à frente em "Sujeito Bilíngue".
Como adjetivo, o termo é relativo e pode abarbar significados variados,
sempre em referência a mais de uma língua.

06
BILINGUISMO E EDUCAÇÃO BILÍNGUE

É muito importante salientar as diferenças entre os termos bilinguismo


e educação bilíngue.

faz referência ao Exemplo em frase:


fenômeno individual "O fenômeno do bilinguismo não
Bilinguismo
ou social de ser é novo, já foi observados em povos
bilíngue. muito antigos."

Exemplo em frase:
faz referência às
Educação "Na escola onde eu trabalho, a
esferas de
bilíngue educação bilíngue é trabalhada
aprendizagem.
de forma multidisciplinar."

Terminologia:
ensino e educação

De acordo com Morin em “A cabeça bem feita”:

Ensino é a arte ou ação de transmitir os conhecimentos a Edgar Morin,


pseudônimo de Edgar
um aluno, de modo que ele os compreenda e assimile. Nahoum, é um
antropólogo, sociólogo

Educação é a utilização de meios que procuram assegurar e filósofo francês judeu


de origem sefardita.
a formação e o desenvolvimento de um ser humano. Pesquisador emérito do
CNRS. Formado em

Pensando no contexto atual, o conceito de “ensino” como Direito, História e


Geografia, realizou
transmissão de conhecimento já não cabe mais. estudos em Filosofia,
Sociologia e
Epistemologia.

A partir de então, usaremos o termo “educação” por estar mais ligado à


construção de conhecimento, formação e desenvolvimento do ser
humano.

07
Algumas definições de
educação bilíngue:
Está ligada à instrução que ocorre na escola em, pelo menos, duas
línguas (GENESEE, 1987).

É a instrução que ocorre na escola com duas línguas utilizadas como


meio de instrução (HORNBERGER, 1991).

É um campo dinâmico de estudos no domínio multidisciplinar da


linguística aplicada, que abrange o uso de duas ou mais línguas, com
propósito de ensino e aprendizagem em escolas que objetivam o
bilinguismo e o biletramento (ABELLO-CONTESSE, 2013).

Diferentes formas de ensino, nas quais os alunos recebem instrução, ou


parte dela, em uma língua diferente da que utilizam em casa (MELLO,
2010).

Tipos de educação variados quanto aos objetivos, às características dos


alunos participantes, à distribuição do tempo de instrução nas línguas
envolvidas, às abordagens e práticas pedagógicas, entre outros aspectos
do uso das línguas e do contexto em que estão inseridos (MELLO, 2010).

O que é educação bilíngue? Pensamos imediatamente no uso de duas


línguas na educação como educação bilíngue. A educação bilíngue, no
entanto, é "um rótulo simples para um fenômeno complexo". (GARCÍA,
2009)

Colin Baker, um dos estudiosos mais perceptivos no campo da educação


bilíngue sugere que o termo educação bilíngue é usado para se referir
tanto à educação de estudantes que já são falantes de duas línguas,
quanto à educação daqueles que estão aprendendo outras línguas.

A educação bilíngue refere-se à educação em mais de uma língua,


muitas vezes abrangendo mais de duas línguas (Baker, 2001).

08
Sujeito bilíngue:
A definição mais comum de sujeito bilíngue é a do indivíduo que fala
duas línguas.

E se alguém entende muito bem uma língua, mas não se

?
expressa oralmente com ela?

E alguém que fala uma língua adicional, mas não


desenvolveu a escrita?

Consideramos estes indivíduos bilíngues?

Existem graus diferentes de bilinguismo que podem variar de acordo


com o tempo e a circunstância?

O bilinguismo pode ser considerado, então, um termo relativo.

Bloomfield define bilinguismo como


“o controle nativo de duas línguas”.

Nesta definição podemos questionar:


1. O que é o controle de uma ou duas línguas?
2. O "padrão nativo" é o único a ser alcançado para ser considerado
bilíngue?

Opondo-se a esta visão que incluiria apenas "bilíngues perfeitos", o


autor Macnamara propõe que:

“Um indivíduo bilíngue é alguém que possui


competência mínima em uma das quatro habilidades
linguísticas (falar, ouvir, ler e escrever) em uma língua
diferente de sua língua nativa”.

Nesta definição podemos questionar:


1. A competência mínima em UMA das habilidades já permite
comunicação?
2. Ser bilíngue significaria, então, apenas compreender palavras
soltas de outras línguas, por exemplo?

09
Entre estes dois extremos encontram-se outras definições, como por
exemplo, a definição proposta por Titone:

Bilíngue é quem tem a capacidade individual de falar uma segunda


língua obedecendo às suas estruturas sem parafrasear a primeira
língua”.

O autor Li Wei argumenta que o termo bilíngue, basicamente, define


indivíduos que possuem duas línguas, incluindo entre estes, indivíduos
com diferentes graus de proficiência e que, muitas vezes, fazem uso de
três, quatro ou mais línguas.

O autor Mackey considera quatro parâmetro para definir bilinguismo:

Grau de proficiência: o conhecimento do indivíduo sobre as línguas em


questão deve ser avaliado. O conhecimento de tais línguas, porém, não
precisa ser equivalente em todos os níveis linguísticos.
Função e uso: as situações e propósitos em que o indivíduo faz uso das
línguas deve ser considerado para conceituar o bilinguismo.
Alternância de código: é importante analisar de que forma e com qual
frequência e condições o sujeito bilíngue alterna de uma língua para
outra.
Interferência: a forma como uma língua influencia ou interfere na outra
também deve ser considerada.

10
Tipos de Bilinguismo:
Colin Baker diz que:

A língua não pode ser divorciada do


contexto em que é usada. Ela não é
produzida no vácuo, é encenada
como em peças de teatro, em
constante mudança. Conforme
acessórios, cenários, público, atores,
peças e papéis mudam, a língua
também muda.

O autor propõe que indivíduos bilíngues podem ser analisados de


acordo com as dimensões a seguir, tendo em mente que elas
interagem e se interconectam:

1. Habilidade: alguns bilíngues falam e escrevem ativamente nas


duas línguas, outros apenas leem, ouvem e compreendem as
diferentes línguas.

2. Uso: os domínios de como cada língua é adquirida e utilizada


mudam (casa, escola, ambientes virtuais, rua, etc.). Portanto, o
indivíduo utiliza cada língua com formas e propósitos diferentes.

3. Equilíbrio entre as línguas: raramente bilíngues terão exatamente


as mesmas habilidades e usarão as duas línguas da mesma forma.
Geralmente, uma delas é dominante.

11
4. Idade:
Bilinguismo simultâneo: ocorre quando crianças aprendem duas
línguas desde o nascimento.
Bilinguismo consecutivo ou sequencial: ocorre quando crianças
aprendem a língua adicional por volta dos três anos de idade.

5.Desenvolvimento:
Bilíngue incipiente: indivíduo que possui uma língua bem desenvolvida
e outra em em estágios iniciais de aprendizagem.
Bilíngue ascendente: quando a segunda língua ou língua adicional está
em estágio desenvolvimento
Bilíngue recessivo: quando a segunda língua está em desenvolvimento,
mas há perdas da língua de origem

6.Cultura: bilíngues podem continuar monoculturais, mesmo com alta


proficiência em duas línguas. Podem, também tornar-se bi ou
multiculturais quanto à aquisição de consciência sobre culturas,
sentimentos e atitudes dos falantes de outras línguas. Processos de
aculturação, no entanto, podem acompanhar o aprendizado de línguas
em contextos de imigração, por exemplo.

7.Contexto:
Endógeno: quando a língua adicional está presente na comunidade do
bilíngue, ou seja, o indivíduo usa mais de uma língua todos os dias.
Exógeno: quando a língua adicional não está presente na região
geográfica do falante, e ele a utiliza em contexto de trabalho ou férias
com falantes de outras localidades, ou mesmo quando se muda para
outro país.

8.Escolha:
Bilinguismo eletivo: quando indivíduos escolhem as línguas adicionais
que querem aprender.
Bilinguismo circunstancial: indivíduos aprendem outra língua por
perceberem que sua língua de origem não é suficiente para viver onde
estão. Geralmente ocorre em contextos de imigração.

12
A divisão de Baker não é a única.

Harmers e Blanc também ressaltam que não se deve ignorar o fato de


que bilinguismo é um fenômeno multidimensional e deve ser
investigado como tal.

Consideram, assim, importante analisar


seis dimensões ao definir bilingüismo:

Organização cognitiva
Bilíngue composto;
Bilíngue coordenado.
Competência relativa Idade de aquisição
Bilíngue balanceado; Infantil simultâneo

Bilíngue dominante. ou consecutivo;


adolescente;
Seis dimensões adulto.
do Bilinguismo
HAMERS & BLANC (2000)
Presença de apud MEGALE (2019:17)

falantes Identidade cultural


endógeno; Monocultural;
exágeno. Status bicultural;
Adição; acultural;
subtração. descultural.

13
Tipos de bilinguismo

1.Dimensão da competência relativa

Prioriza a relação entre as duas competências linguísticas, obtendo-se


as definições de bilinguismo balanceado e bilinguismo dominante.

Bilíngue balanceado: indivíduo que possui grau de competência


equivalente nas duas línguas.
Bilíngue dominante: indivíduo que possui competência maior em
uma das línguas, geralmente sua língua de origem.

2.Dimensão da organização cognitiva


Não se refere a competências linguísticas nem a idade e contexto de
aquisição de língua, embora apresente alguma ligação com estas
últimas.

Bilíngue composto: indivíduo que apresenta uma única representação


cognitiva para duas traduções equivalentes.
Bilíngue coordenado: indivíduo que apresenta representações distintas
para duas traduções equivalentes.

3.Dimensão da idade de aquisição das línguas


A idade de aquisição das línguas é considerada de extrema
importância, pois afeta diversos aspectos do desenvolvimento do
indivíduo bilíngue, como por exemplo: o desenvolvimento linguístico,
neuropsicológico, cognitivo e sócio-cultural.

Bilinguismo infantil:
Simultâneo: a criança adquire as duas línguas ao mesmo tempo, sendo
exposta às mesmas desde o nascimento.
Consecutivo: a criança adquire a língua adicional ainda na infância, mas
após ter adquirido as bases linguísticas da língua de origem.

Bilinguismo adolescente: aquisição de língua adicional na


adolescência.

Bilinguismo adulto: aquisição de língua adicional na idade adulta.

14
4.Dimensão da presença de falantes

Bilinguismo endógeno: há a presença das duas línguas na comunidade


do bilíngue emergente ou em formação e ambas podem ou não ser
utilizadas para propósitos institucionais.

Bilinguismo exógeno: não há a presença da língua adicional na


comunidade do bilíngue emergente ou em formação.

5.Dimensão do status

Bilinguismo aditivo: as duas línguas são valorizadas e a adicional é


adquirida sem prejuízo da língua de origem.

Bilinguismo subtrativo: a língua de origem é desvalorizada e há


prejuízos a ela durante a aprendizagem da outra língua, pois se almeja
que a segunda língua sobressaia.

6.Dimensão da identidade cultural

Bilinguismo bicultural: o indivíduo bilíngue se identifica positivamente


com os dois grupos culturais e é reconhecido por cada um deles.

Bilinguismo monocultural: o indivíduo bilíngue se identifica e é


reconhecido culturalmente apenas por um dos grupos em questão.

Bilinguismo acultural: o indivíduo renuncia sua identidade cultural


relacionada com sua língua de origem e adota valores culturais
associados ao grupo de falantes da língua adicional.

Bilinguismo descultural: o indivíduo


bilíngue desiste de sua própria
identidade cultural, mas falha ao tentar
adotar aspectos culturais do grupo
falante da língua adicional.

15
Megale resume neste quadro os tipos de bilíngue ou de bilinguismo.

Dimensões Denominação Definição

Competência Bilingüismo Balanceado L1=L2


Relativa
Bilingüismo Dominante L1>L2 ou L1<L2

Organização Bilingüismo Composto 1 representação para 2 traduções


Cognitiva Bilingüismo Coordenado 2 representações para 2 traduções

Bilingüismo Infantil: L2 adquirida antes dos 10/11 anos


Idade de
Simultâneo L1e L2 adquiridas ao mesmo tempo
Aquisição
Consecutivo L2 adquirida posteriormente a L1

Bilingüismo Adolescente L2 adquirida entre 11 e 17 anos

Bilingüismo Adulto L2 adquirida após 17 anos

Bilingüismo Endógeno Presença da L2 na comunidade


Presença da L2
Bilingüismo Exógeno Ausência da L2 na comunidade

Bilingüismo Aditivo Não há perda ou prejuízo da L1


Status das línguas
Bilingüismo Subtrativo Perda ou prejuízo da L1

Bilingüismo Bicultural Identificação positiva com os dois grupos


Identidade
Cultural Bilingüismo Monocultural Identidade cultural referente a L1 ou a L2

Bilingüismo Acultural Identidade cultural referente apenas a L2

Bilingüismo Descultural Sem identidade cultural

Tabela 1.1: Dimensões de bilingüismo de Harmers

Definir exatamente quem é bilíngue, ou não, é


essencialmente ilusório e, por fim, impossível.
Alguma caracterização, porém, geralmente é
necessária e útil para dar sentido ao mundo.

16
Uma abordagem interessante pode ser localizar distinções e dimensões
importantes ao redor do termo “bilíngue” e refinar o pensamento sobre
bilinguismo e ser bilíngue.

A distinção fundamental é entre habilidades linguísticas nas duas


línguas e o uso delas.

O uso das duas línguas por um indivíduo nos faz questionamentos


sobre: quando? onde? e com quem?
Isso destaca a importância do contexto.

Conforme o indivíduo bilíngue se move de


uma situação a outra, a língua também deve
se mover em termos de tipo, conteúdo e estilo.

Ao longo do tempo e local, as duas línguas de um indivíduo nunca


estarão estáticas, mas sempre em mutação e evolução.

Em termos de habilidade nas duas línguas, as quatro dimensões


básicas são ouvir, falar, ler e escrever. É possível fragmentar cada uma
dessas dimensões em outras muito menores: vocabulário, gramática,
pronúncia, etc. Estas podem também ser dissecadas ainda mais.

O essencial, entretanto, é considerar as línguas como meio de


desenvolvimento de relações e construção de comunicação.

Para classificar indivíduos como bilíngües ou monolíngües, a dimensão


ou as dimensões analisadas para tal classificação devem ser expostas,
facilitando, assim, o entendimento não só de quem está sendo
classificado, como também de todos que se encontram de alguma
forma envolvidos na questão.

17
Considerações finais:
Segundo Ofelia García, não podemos considerar o
bilinguismo como uma fórmula de 1+1=2.
O sujeito bilíngue não é duas pessoas diferentes, cada um fluente em
uma língua, “uma pessoa bilíngue é aquela que língua de maneiras
diferentes e tem experiências diversas e distintas em cada uma das
línguas”.

A autora traz o neologismo “linguar” (languaging) como verbo, como


ação.

Língua como verbo traz o foco para as pessoas, indivíduo ou grupo. Ao


linguar pode-se dar significado conforme o indivíduo ou grupo deseja.

A língua não é uma habilidade autônoma e estática, ela é a própria


prática discursiva de pessoas, é construção social, ferramenta semiótica
e simbólica e depois disso tudo, instrumento de comunicação.

A autora parafraseia Bakhtin: A língua emerge da necessidade do


indivíduo de se expressar e de se tornar objeto de conhecimento.

Concluímos nossa unidade com a mesma analogia que começamos:

Não dá para pensar no bilinguismo como as


duas rodas de uma bicicleta que funcionam
juntas em perfeita concordância, mas sim rodas
que se expandem e se contraem, sustentam-se
uma à outra e conseguem ao mesmo tempo
girar em diversas direções.

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REFERÊNCIAS

BAKER, C.; WRIGHT, W. Foundations of bilingual education and bilingualism. 6.


ed. Clevedon: Multilingual Matters, 2017.

BRASIL, Parecer CNE/CEB nº 2/2020, aprovado em 9 de julho de 2020 – Diretrizes


Curriculares Nacionais para a oferta de Educação Plurilíngue. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?
option=com_docman&view=download&alias=156861-pceb002-
20&category_slug=setembro-2020-pdf&Itemid=30192.
Acesso em: 27 maio 2022.

CONSELHO DA EUROPA. Quadro Europeu Comum de Referência para as


Línguas: Aprendizagem, Ensino, Avaliação. Porto: Edições ASA, 2001.

CUMMINS, J. Cognitive/Academic Language Proficiency, Linguistic


Interdependence, the Optimum Age Question and Some Other Matters. Working
Papers on Bilingualism, Toronto, n. 19, 1979.

CUMMINS, J. Mainstreaming plurilingualism: restructuring heritage language


provision in schools. In P. Trifonas & T. Aravossitas (Eds.), Rethinking heritage
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GARCÍA, Ofelia. Bilingual Education in the 21st Century: A Global Perspective.


Malden, MA: Wiley-Blackwell Pub, 2009.

GROSJEAN, François. The Mysteries of Bilingualism: Unresolved Issues. John


Wiley & Sons, 2022.

MEGALE, Antonieta Heyden. Bilinguismo e educação bilíngue – discutindo


conceitos. Revista Virtual de Estudos da Linguagem – ReVEL. V. 3, n. 5, agosto de
2005. ISSN 1678-8931 [www.revel.inf.br].

MENEZES, L. J. Plurilinguismo, multilinguismo e bilinguismo: reflexões sobre a


realidade linguística moçambicana. Percursos Linguísticos, [S. l.], v. 3, n. 7, p. 81–91,
2013. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/percursos/article/view/4589. Acesso
em: 27 maio. 2022.

MORIN, Edgar. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento.


Tradução Eloá Jacobina. 5ª ed.. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

PETER, D. O. Y. É. Guide for the development of language education policies in


Europe: from linguistic diversity to plurilingual education. 2005.

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