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Curso: Especialização Lato Sensu em língua e ensino: interculturalidade

Disciplina: Internacionalização, culturas e ensino superior


Unidade 3

AULA 1

LIBRAS COMO LÍNGUA DE HERANÇA


O objetivo desta aula é refletir sobre o conceito de língua de herança a partir
da perspectiva da LIBRAS, reconhecida como meio legal de comunicação e
expressão pela Lei n. 10.436/2002 no território brasileiro.
Para tanto, serão mobilizados os conceitos de privação linguística,
comunidades de língua de herança e bilinguismo.

Leituras obrigatórias:

 Resenha do livro “Língua de herança: língua brasileira de sinais – livro de Ronice


Müller de Quadros”, escrita por Gigliola Duci Córdova.
 Capítulo 1 “Línguas de herança”, do livro Língua de herança: língua brasileira de
sinais, de Ronice Müller de Quadros.
 Artigo “Língua de herança e privação da língua de sinais”, de Ronice Müller de
Quadros e Diane Lillo-Martin.

Seguem alguns conceitos discutidos por Quadros (2017)

Línguas de herança: línguas usadas no contexto familiar herdada do pai ou da mãe


ou línguas usadas em contextos restritos dentro de uma comunidade que utiliza
outra língua.
No Brasil, quaisquer línguas, além da língua portuguesa brasileira
usada em diferentes comunidades, podem ser consideradas línguas
de herança. Isso significa que línguas de imigrantes, grupos étnicos e
línguas de sinais podem ser consideradas línguas de herança, pois
sua relação com o português configura uma situação bilíngue.
(QUADROS, 2017, p. 9).

Privação linguística: a criança surda é excluída da aquisição de linguagem quando


nasce em uma família de ouvintes que não acessaram a LIBRAS como caminho
para aquisição de linguagem. Neste caso, a LIBRAS é a língua de herança da
criança surda, ainda que nascida em uma família ouvinte, a criança precisa ser
inserida na comunidade surda e aprender a língua sinalizada.

Muitas vezes o primeiro contato da criança surda com a linguagem se dá na


escola, em que há uma lacuna na comunicação em língua portuguesa quando não
há comunicação em LIBRAS com os familiares, o que implica em não aprendizagem
da língua de herança. Percebemos que a língua de herança não é a mesma da
comunidade dominante no sentido de possuir um número maior de pessoas que
utilizam a língua portuguesa, por exemplo, em comparação à LIBRAS. Neste
sentido, a língua de herança passa a ser a segunda língua visto que não é a língua
usada na comunidade mais abrangente.
O que significa ser bilíngue em LIBRAS e em língua portuguesa? Quais os
níveis de proficiência para alcançar o bilinguismo? De acordo com Silva-Corvalán
(1991), em geral parece existir um continuum para bilíngues o que permite um
estado de fluência em duas línguas. Para tanto, precisamos refletir acerca das
particularidades dos sinalizantes de línguas de herança em comparação aos falantes
de línguas de herança.
Para pensarmos na transmissão da língua de herança, tomemos o caso da
LIBRAS. Quais fatores estão envolvidos para que a sua transmissão alcance o
patamar de primeira materna, seguida do português como segunda língua?
Precisamos refletir nas atitudes e ideologias linguísticas em relação à LIBRAS, as
políticas linguísticas e políticas públicas para o ensino bilíngue no Brasil, bem como
os ambientes linguísticos que favorecem o desenvolvimento bilíngue.
Ainda que exista uma Política Linguística de Educação Bilíngue – Libras e
Língua Portuguesa (2014), há um longo caminho para implementar de fato o ensino
bilíngue nas escolas, tanto no que se refere a infraestrutura quanto no que diz
respeito à formação de professores e de intérpretes.
Por outro lado, o papel da família no ensino e manutenção da língua de
herança é primordial para o trabalho paralelo de aquisição de outra língua na
comunidade mais ampla.
Não deixe de assistir a palestra “Língua de Herança, privação da linguagem”,
da Profª Ronice Müller (USFC), no Fórum Bilíngue 2019 - 2ª Edição, X SEMAP-
Semana Pedagógica do INES, 25 e 26 de junho de 2019.
https://www.youtube.com/watch?v=7ofP7sPKYzY

Realize as leituras obrigatórias. Prepare-se para postar a atividade da


unidade III.

Referências:

CÓRDOVA, G. D. Língua de herança: língua brasileira de sinais – livro de Ronice Müller de


Quadros. Pensares em Revista, São Gonçalo-RJ, n. 13, 2018. p. 186-190.

QUADROS, R. M. Línguas de herança. In: _____ Língua de herança: língua brasileira de


sinais. Porto Alegre: Penso, 2017. Cap. 1, p. 7-15.

QUADROS, R. M.; LILLO-MARTIN, D. Língua de herança e privação da língua de sinais.


Revista Espaço, jan-jul, 2021, p. 213-222.

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