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6 Aula

EDUCAÇÃO BILÍNGUE

Olá, acadêmicos e acadêmicas!

O Bilinguismo surge como uma proposta de intervenção educacio-


nal que atende melhor às especificidades linguísticas dos estudantes surdos,
pois além de contemplar o trabalho com a Língua de Sinais e a Língua Por-
tuguesa traz em seu âmbito a preocupação com a construção da identidade e
a questão cultural. Tem como premissa a Língua de Sinais como língua na-
tural para o Surdo e, portanto, sua primeira língua. A língua oficial do país,
na modalidade escrita, deve ser aprendida como segunda língua (MOURA
e VIEIRA, 2011, p. 05).

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Nesta aula, esperamos que vocês sejam capazes de:

• compreender a importância do bilinguismo da educação do surdo;


• caracterizar as variações linguísticas, iconicidade e arbitrariedade da LIBRAS;
• identificar os fatores a serem considerados no processo de ensino da Língua de
Sinais Brasileira dentro de uma proposta Bilíngue;
• analisar as especificidades da LIBRAS num contexto do Português escrito pelo
surdo.

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SEÇÕES DE ESTUDO

Seção 1 - O Bilinguismo e o reconhecimento do surdo na sua diferença

O Bilinguismo e o reconhecimento do surdo na sua di-


SEÇÃO 01
ferença

Pessoal, conforme o Plano de Ensino da disciplina e atendendo aos objetivos de


aprendizagem propostos, será possível perceber na seção 1, a Educação Bilíngue.
O Bilinguismo permite o Surdo reconhecer a sua diferença. A Língua de Sinais pos-
sibilita que ele estabeleça relações de pensamento equivalentes, no que tange a abrangência
e a complexidade. O aprendizado da Língua Portuguesa pode ser, de fato, contemplado nessa
abordagem que não se utiliza do auditivo, mas do visual.

Figura 1

Disponível em: http://autobiografiajoselito.blogspot.com/2016/11/blog-post_52.html. Acesso em: 03//05/2020.

1.1 A preconização legal da nomenclatura Surdo

A Lei da LIBRAS n.º 10.436/02 e o Decreto n.º 5.626/05 são os documentos pionei-
ros a contemplar a nomenclatura surdo, em contraposição a nomenclatura deficiente auditivo,
atendendo à reivindicação da Comunidade Surda. Assim, os Surdos passam a ser reconheci-
dos como “pessoas essencialmente visuais” e o Bilinguismo, como possibilidade de ascensão
educacional.
Segundo o Artigo 22, parágrafos 1 e 2 do Decreto n.º 5.626/05, a educação bilíngue
deve ser ofertada para as crianças surdas da Educação Infantil aos anos iniciais do Ensino
Fundamental, inclusive em classes bilíngues e com a presença de intérpretes de LIBRAS/
Língua Portuguesa, no Ensino Fundamental II e Ensino Médio.

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1.2 Como aprendemos a segunda língua?

O bilinguismo tem como pressuposto básico que o surdo deve ser bilíngue, ou seja,
deve adquirir como língua materna a língua de sinais, que é considerada a língua natural dos
surdos e como segunda língua a língua oficial de seu país (GOLDFELD, 1997). O Bilinguis-
mo é uma proposta educacional que se propõe a tornar acessível à criança surda duas línguas
no contexto escolar. Isto significa que a LÍNGUA DE SINAIS é considerada como língua
natural e, a partir dela, pressupõe o ensino da língua escrita. Desta forma, preocupa-se com
o respeito à autonomia das línguas envolvidas, garantindo-se o direito das pessoas surdas
serem ensinadas na sua língua de forma natural, bem como ao acesso à língua oficial de seu
país.

Nesse contexto, cabe inferir que o professor deve se apropriar cada vez mais de
metodologias que minimizem a distância entre as dificuldades em o aluno surdo entender o
processo de aprendizagem da linguagem dita tradicional do português a linguagem brasileira
de sinais.

Figura 2 – Educação bilingue

Disponível em: http://autobiografiajoselito.blogspot.com/2016/11/blog-post_52.html.Acesso em: 03/05/2020.

Atualmente, o bilinguismo está ocupando um grande espaço no cenário mundial.


Nos Estados Unidos, Canadá, Suécia, Venezuela, Israel, entre outros países, exis-
tem diversas universidades pesquisando a surdez e a língua de sinais sob a ótica da filosofia
bilíngue (GOLDFELD, 1997), dando a oportunidade ao educando de ter um aprendizado sig-

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nificativo, contextualizado, em que possa se estabelecer comunicação com surdos e ouvintes.


Segundo Perlin (2002), não se deve descartar a hipótese de a educação bilíngue
ser uma proposta de grupos decorrente de movimentos articulados às resistências político-
-culturais surdas, no entanto, um dos perigos do bilinguismo é ficar apenas no aspecto socio-
linguístico. É preciso partir da ideia de que a educação de surdos é mais ampla do que uma
abordagem linguística. A comunidade surda não é e não será nunca prisioneira de uma duali-
dade; outras línguas correntes no Brasil, como o espanhol e o inglês, também são necessárias.
Um outro perigo é o bilinguismo com vistas a um final feliz, isto é o monolinguismo,
o que novamente provocaria um gueto no sentido do fechamento da comunidade surda em
relação a uma esmagadora hegemonia ouvinte.

Goldfeld (1997, p.59) em seu estudo sobre a criança surda e a linguagem numa
perspectiva sociointeracionista, aponta a inadequação da filosofia oralista no que concerne
o desenvolvimento das competências linguísticas e cognitivas da criança surda. Essa autora
argumenta:

O oralismo ao considerar a oralização sua meta principal e ao não valorizar realmen-


te o diálogo espontâneo e contextualizado, na única língua em que este é possível
para a criança surda, a língua de sinais, provoca diversos danos ao desenvolvimento
linguístico e cognitivo desta criança, já que o desenvolvimento cognitivo é determi-
nado pela aquisição da linguagem, que deve ocorrer através do diálogo contextuali-
zado (GOLDFELD, 1997, p.59).

É possível que o aluno surdo estabeleça comunicação dentro de suas limitações e


especificidades, de maneira confortável, considerando que métodos que apenas concebem a
linguagem oral como forma de comunicação muitas vezes causava ao indivíduo o constrangi-
mento ao tentar falar e não ser compreendido. O sistema educacional em diversos momentos
tentou estreitar tais diferenças, muitas tentativas aconteceram, até se chegar ao consenso de
que a LIBRAS era a possibilidade viável para a educação do aluno surdo.
Surgiram diversas pesquisas sobre a língua de sinais. E sua aplicação na educação
e na vida do surdo, que, aliadas a uma grande insatisfação dos educadores e dos surdos com
o método oral, deram origem à utilização da língua de sinais e de outros códigos manuais na
educação da criança surda (GOLDFELD, 2002, p. 31).

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1.3 O Bilinguismo e a família ouvinte

Figura 3

Fonte: Disponível em: http://autobiografiajoselito.blogspot.com/2016/11/blog-post_52.html. Acesso em: 03/05/2020.

De acordo com Moura e Vieira (2011), 90% das crianças surdas são filhas de pais
ouvintes, que não possuem nenhuma experiência com surdez e, às vezes, até mesmo um total
desconhecimento. Esta estatística e situação remetem essas famílias a medidas de adequação,
que normalmente inicia com o luto, o desespero e a busca por atendimentos curativos e só
então a busca por atendimento educacional.
Ainda de acordo as autoras citadas no parágrafo anterior, isso ocorre, pois infeliz-
mente o nascimento de uma criança surda ainda pode trazer grande desespero aos pais, que
presos ao paradigma de deficiência e de imperfeição não sabem o que fazer. Muitos ainda são
somente orientados a comprar o aparelho auditivo para seus filhos, como se este funcionasse
como óculos e fosse capaz de restaurar a audição perdida e, assim, normalizá-los.
A muitos pais não é explicado que o aparelho somente amplifica os sons que a crian-
ça ouve mal e não recupera os sons que ela não escuta. Algumas crianças não se adaptam ao
aparelho simplesmente por não saberem ouvir.

RETOMANDO A AULA

Chegamos, assim, ao final de nossa aula. Esperamos que


agora tenha ficado mais claro o entendimento de vocês sobre
a importância do Bilinguismo para o surdo.

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SEÇÃO 1 - O BILINGUISMO E O RECONHECIMENTO DO SURDO NA


SUA DIFERENÇA

O bilinguismo tem como pressuposto básico a necessidade do surdo ser bilíngue,


ou seja, este deve adquirir a Língua de Sinais, que é considerada a língua natural dos surdos,
como língua materna e como segunda língua, a língua oral utilizada em seu país. Estas duas
não devem ser utilizadas simultaneamente para que suas estruturas sejam preservadas.
No Brasil, o Bilinguismo começa recentemente a se configurar como proposta para
a Educação de Surdos. No entanto, estamos ainda no processo inicial, balizados na Lei e no
Decreto, bem como, em estudos de alguns profissionais da área. Encontramos poucas escolas
desenvolvendo essa prática, alguns docentes interessados em discutir e entender melhor o
funcionamento desta abordagem educacional.
O bilinguismo como abordagem educacional requer uma metodologia de ensino ne-
cessária para a intervenção entre duas línguas de modalidades diferentes, no caso, Língua de
Sinais viso espacial e Língua Portuguesa oral-auditiva.

SUGESTÕES DE LEITURAS, SITES E FILMES:

LEITURA

HOFFMEISTER, R. J. Famílias, crianças surdas, o mundo dos surdos e os profis-


sionais da audiologia. In: SKILIAR, Carlos (org.). Atualidade da educação bilíngue para
surdos: interfaces entre pedagogia e linguística. Porto Alegre: Mediação, 1999.
FILHO, G. O. S.; OLIVEIRA, R. R. S. Os desafios na comunicação entre os surdos
e a família. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/os-desafios-na-comunica-
cao-entre-os-surdos-e-a-familia/31113/#ixzz4EcbH6ih0. Acesso em: 16/07/2016.

SITE

Curso de extensão (PUC/SP) – Bilinguismo: Revisão de Teorias e Análise de Dados.


A ideia é promover uma visão ampla do que é bilinguismo e explorar as diversas característi-
cas do comportamento linguístico do indivíduo bilíngue. Disponível em: https://www.pucsp.
br/pos-graduacao/especializacao-e-mba/bilinguismo-revisao-de-teorias-e-analise-de-dados.

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FILME

Bilinguismo no contexto da educação para surdos (YouTube). Disponível em: ht-


tps://www.youtube.com/watch?v=9t_LJl_jPRg. Acesso em: 17/08/2017.

MINHAS ANOTAÇÕES:

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