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SCHULTZ, Jucimara
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
mudando a realidade dos surdos, que passaram a ter acesso a ela como
sua língua oficial sendo um sistema linguístico próprio e não uma
representação do português falado, mas a importância da aquisição da
língua portuguesa para os surdos se dá por inúmeros motivos.
A educação é uma conexão com capacidade de promover mudanças e a
língua portuguesa junto à escola promove a formação de alunos críticos e
desenvolvidos linguística e socialmente, nessa concepção percebemos a
importância de aprender a língua portuguesa, que para alunos surdos é o
ensino de uma segunda língua a ser adquirida na forma escrita.
Concordando com Freire, afirmamos que:
[...] a aprendizagem de Língua Portuguesa, como primeira ou como segunda
língua, é direito de todo cidadão brasileiro e que o ensino desta língua é de
responsabilidade da escola. Se o fracasso existe, ele tem que ser enfrentado a
partir de uma proposta nova calcada nas reais necessidades do aprendiz surdo,
para quem a primeira língua é a Língua de Sinais e para quem a Língua
Portuguesa é uma segunda língua com uma função social determinada.
(FREIRE, 1999. p. 26).
visual, o que compõem as unidades básicas dessa língua são os sinais, que
são as combinações de configuração de mãos, movimentos, pontos de
articulação, (locais no espaço ou no corpo onde os sinais são feitos), e
expressões faciais e corporais que transmitem o sentimento, que para os
ouvintes na língua falada é transmitido pela entonação da voz. São esses
sinais únicos e próprios da língua que não permitem que a Língua de Sinais
se torne uma representação da Língua Portuguesa, ou seja, nem todas as
palavras da Língua Portuguesa possuem um sinal próprio para elas, e em
muitas vezes apenas um sinal da Língua de Sinais pode representar uma
frase ou uma oração da Língua Portuguesa.
Compreendendo que, a língua brasileira de sinais é visual e espacial e a
Língua Portuguesa é auditiva e oral, conseguimos perceber que tornar o
ensino da Língua Portuguesa para os surdos como segunda língua pode
não ser uma tarefa muito fácil, principalmente quando se diz respeito ao
ensino da mesma nos anos finais do ensino fundamental, pois é o nível que
começa a exigir dos alunos muito mais do que o saber ler e escrever,
trazendo a tona, regras do Português a serem compreendidas e usadas
corretamente.
Alunos ouvintes por sua vez já possuem contato com a língua
portuguesa através da língua materna, isso o facilita compreender os
principais aspectos da linguagem, para os mesmos, basta padronizar a
língua mostrando-lhes suas variáveis e sua forma correta de usá-la quanto à
escrita. Já para os alunos deficientes auditivos isso se torna mais
complicado, pois ele, além do domínio de sua primeira língua, que é a
Língua Brasileira de Sinais, precisa da visualização para que possa melhor
compreender a língua portuguesa e suas regras. Como afirma Vigotski,
2001:
A linguagem é responsável pela regulação da atividade psíquica humana,
pois é ela que permeia a estruturação dos processos cognitivos. Assim, é
assumida como constitutiva do sujeito, pois possibilita interações
fundamentais para a construção do conhecimento.
Para isso não basta apenas a alfabetização, não basta apenas o saber
ler e escrever palavras soltas, ou textos mecanizados, o objetivo é que os
surdos saibam redigir textos coesos e coerentes, usando de sua autonomia
textual, impondo de forma clara suas ideias e reflexões, e para que isso seja
possível é importante trabalhar a habilidade de produzir textos, sendo no
mundo textual, que os conhecimentos concretizados na língua de sinais são
traduzidos para o português. Assim devemos ter em mente que:
O domínio do português escrito só acontecerá por meio de seu uso
constante, assim, os surdos, como os ouvistes, precisam ter acesso aos
diferentes tipos de texto escrito. Além disso, o trabalho com a escrita
deve partir do que esses indivíduos já possuem, ou seja, a língua de
sinais, pois é essa a língua que dará toda a base linguística para
aprendizagem de qualquer língua. (GUARINELLO, 2007, p. 142)
tornando a escrita um pouco mais clara, mas ainda em muitas vezes não se
pode compreender o sentido do texto, mas começa a apresentar o uso de
algumas preposições e conjunções, mas nem sempre adequadas, até que
começam a demonstrar na sua escrita o emprego da gramática, como
estruturas frasais na ordem direta do português, o aparecimento de palavras
funcionais, como artigos, preposições e conjunção com mais acertos e até
mesmo com uso plenamente correto, flexões verbais com maior adequação
e maiores aparecimentos de estruturas complexas.
Deve-se então trabalhar com metodologias diversas para melhor
atender as necessidades desses alunos, para que os mesmo possam atingir
com êxito a sua língua alvo. Nesse contexto, nosso papel como educador é
refletir sobre a natureza visual das atividades a serem desenvolvidas para
melhor ensino-aprendizagem dos alunos deficientes auditivos.
Frente a essa realidade, impõe-se à educação de surdos organizar uma
pedagogia que contemple a visualidade, assim, vídeos, imagens, figuras,
gráficos, textos, expressões faciais e corporais devem ser explorados e
incorporados no ambiente escolar.
Espera-se que o aluno com deficiência aditiva a partir do sexto ano, seja
capaz de escrever textos mesmo que ainda simples, mas coerentes, já que a
coesão diz respeito aos aspectos semânticos de um texto, e que, devido às
diferenças estruturais entre a língua portuguesa oral e a língua de sinais, é
mais comum que alunos deficientes auditivos apresentem mais dificuldades
em escrever textos coesos, já a coerência a partir da alfabetização e trabalhos
com a realidade de leitura e escrita no cotidiano desses alunos, é um aspecto
de aprendizagem mais acessível. Por isso o mais importante é atentar para a
coerência nas produções textuais de alunos surdos, mas é claro que no
decorrer dos anos, ainda no ensino fundamental, o professor deve trabalhar
atividades regulares de leitura e reestruturação de texto, enfatizando a
importância do aprendizado de morfemas, parágrafos, orações e ligações de
palavras e entre outros fatores importantes para a construção de um texto
coeso e coerente, aprimorando assim, a língua portuguesa como segunda
língua.
Ainda nessa etapa, é desejável que o aluno consiga interpretar e
reconhecer diferentes gêneros textuais, como: crônicas, contos, científicos,
poesia, jornalístico, relatos históricos, biográficos, etc. Para isso o educador
pode organizar esquemas que estimulem a produção textual e a leitura,
realizando atividades compartilhadas em grupos, incluindo todos os alunos,
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2.1 METODOLOGIA
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
QUADROS, Ronice Muller. Idéias para ensinar português para alunos surdos /
Ronice Muller Quadros, Magali L. P. Schmiedt. – Brasília : MEC, SEESP, 2006.
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