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Com todas as letras

Emília Ferreiro

Aspectos Qualitativos da alfabetização:

 Banco Mundial, Neba: o sucesso dos objetivos da alfabetização depende da


superação de umas visão técnica.
 Crianças se alfabetizam com mais facilidade do que os adultos.

Objetivos da alfabetização inicial:


 Compreender as funções da língua escrita na sociedade;
Para as crianças que não participam de atos de leitura e escrita em suas casas, a escola tem
por obrigação proporcionar tais oportunidades. Se não o fizer, estará discriminando. Saber
para que serve a escrita na sociedade é a informação mais importante para uma criança em
fase de alfabetização inicial.

A língua escrita como objeto da aprendizagem

A escrita é importante na escola porque é importante fora da escola, e não o inverso.


O respeito pela forma se põe diante de qualquer intenção de interpretar o conteúdo.

Para uma alfabetização de melhor qualidade:

 Compreensão do sistema alfabético de escrita;


 Compreensão das funções sociais da escrita;
 Leitura compreensiva de textos
 Produção de textos respeitando os modos de organização desses diferentes
registros (referência nos gêneros diferentes do discurso)
 Atitude de curiosidade e falta de medo diante da língua escrita.

As dificuldades desnecessárias e seu papel discriminador

 O preconceito lingüístico é um dos mecanismos de discriminação, no interior da


escola, com maiores conseqüências para as crianças. O que se está desprezando não
é apenas a criança, mas o grupo social a que pertence. Além do mais, não adianta
corrigir a fala de uma pessoa, porque ninguém pode mudar sua forma de falar por
um ato de vontade individual (levamos a marca lingüística de nosso grupo social).
 As professoras constroem uma idealização de sua própria percepção de fala que cria
distorções caricaturais.
 Não há prova empírica que permita concluir que é necessário ter um certo tipo de
pronúncia para ter acesso à língua escrita.
 Métodos tradicionalmente obedecendo ao princípio de graduação –simples para o
complexo, do fácil ao difícil.
 Concepção da aprendizagem como um processo cumulativo de informações.
 Escrita e leitura apresentadas fora de contexto; textos escolares, artificiais
 Desqualificação da produção escrita inicial. Diferente do que acontece no balbucio.

Produção de materiais:

É preciso distinguir três tipos de materiais:

1. materiais dirigidos aos professores. É preciso evitar a “receita culinária”;


2. materiais para ler ( e não para aprender a ler) – essenciais para a alfabetização.
3. materiais para alfabetizar –não só são desnecessários como contraproducentes.
Para alfabetizar é necessário ter acesso à língua escrita. O material necessário é
o que circula socialmente.

A atenção à população de 4 a 6 anos em relação à alfabetização

Políticas públicas: antecipação da iniciação da leitura e da escrita ou – posição


oposta –evitou-se que as crianças entrassem em contato com a linguagem escrita.
Situação mais freqüente na América Latina:
Crianças que freqüentam a Educação Infantil em escolas públicas se limitam a
realizar atividades de socialização e exercícios de caráter perceptivo-motor, enquanto as
que freqüentam as escolas privadas e com altas taxas de matrícula, devem alfabetizar-se
antes de terminar a Educação Infantil.
Deve-se ensinar a ler e escrever na pré-escola,ou não?

“Não se deve ensinar, porém deve se permitir que a criança aprenda.”


Não é obrigatório dar aula de Física, mas pode-se permitir que descubram algumas
propriedades físicas elementares.

É possível dar múltiplas oportunidades para ver a professora ler e escrever, para explorar
semelhanças e diferenças entre textos escritos, para explorar o espaço gráfico e distinguir
entre desenho e escrita. Para perguntar e ser respondido. Para tentar copiar ou construir uma
escrita. Para manifestar a sua curiosidade em compreender as marcas estranhas que os
adultos põem nos objetos.

O objeto deve estar presente para que alguém possa elaborar conhecimento sobre o
objeto.

Experiências alternativas de alfabetização de crianças

Objetivos da alfabetização:

a) Restituir à língua escrita o seu caráter de objeto social


b) Desde o início ( inclusive na pré-escola), aceita-se que todos na escola podem
produzir e interpretar escritas, cada qual em seu nível.
c) Permite-se e estimula-se que as crianças tenham interação com a língua escrita, nos
mais variados contextos.
d) Permite-se o acesso quanto antes à escrita do nome próprio.
e) Não se supervaloriza nem se subvaloriza a criança, supondo que desenvolverá de
imediato a consciência fonológica, ou que nada saiba até que o professor lhe ensine.
f) Não se pede de imediato a correção gráfica nem ortográfica.

Formação dos professores:


 Realfabetização dos professores alfabetizadores;
 Professores usuários da língua escrita;
 Capacitação a partir da observação e do acompanhamento em serviço;
 Experiências críticas – pôr em crise as concepções anteriores.

Em países pobres, os objetivos de alfabetização devem ser mais ambiciosos.


Alguém que não tem medo de pôr no papel suas próprias palavras é alguém que não tem
medo de falar em voz alta.

2- Alfabetização de crianças e fracasso escolar – problemas teóricos e exigências


sociais

 O analfabetismo dos pais está relacionado com o fracasso de seus filhos.


 Tendência geral à privatização – o Estado delega à sociedade as suas
responsabilidades e retém somente aquelas de tipo assistencial,para os
setores mais pobres..
 A mudança da concepção de alfabetização está condicionando os objetivos
educativos colocados para a sociedade doconhecimento.

Alguns problemas teóricos vinculados à alfabetização

a) Os pré-requisitos como problema escolar – sempre vinculados à maturação;


b) Os pré-requisitos como problema teórico – o conhecimento das funções sociais da
escrita é natural em crianças cujos pais são alfabetizados, mas não têm nada de
natural nas outras. Estas precisam de oportunidades de interagir com eventos de
escrita sociais. A escola tem esse papel.

Síntese

 Colocada como problema teórico, a questão dos pré-requisitos é de suma


importância. Mas não na sua visão clássica, mas como conhecimentos prévios.
 Do ponto de vista construtivista, a identificação desses antecessores não leva a
sugerir sua incorporação no currículo escolar.
 Necessidade de encontrar antecessores não pode justificar o uso de testes de
maturidade, que funcionarão como instrumento de discriminação social.

A construção da escrita na criança

Pesquisa de Sofia Vernon:


 Relação parte-todo;
 A fonetização da escrita se inicia quando as crianças relacionam o escrito ao falado.
 As escritas alfabéticas iniciais deixam em suspenso tudo o que não é alfabético na
representação alfabética de linguagem. Por isso, não se deve chamar sua atenção
para os aspectos ortográficos da palavra.

Seqüência evolutiva:

Triciclo

O NADA
OR TRICICLO
ORF TRICICLO

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