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NO PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO E
LETRAMENTO
2ª Edição
Indaial - 2022
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
S599d
Simoni, Danilo
CDD 370
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO.............................................................................5
CAPÍTULO 1
A Didática......................................................................................... 7
CAPÍTULO 2
Conceitos e Definições da Alfabetização e Letramento:
Prática Pedagógica Estruturada e Organizada...................... 45
CAPÍTULO 3
Atividades e Avaliações Práticas no Ensino Fundamental
dos Anos Iniciais: articulando teoria e prática....................... 85
APRESENTAÇÃO
Olá! Você vai ver nesta disciplina o que é a Didática e Avaliação e como elas
interagem no processo de alfabetização e letramento. Inicia-se por meio da Histó-
ria da Didática, desde sua criação, por João Amós Comenius no século XVII, até
os dias atuais, aos olhos de Lev Semionovitch Vygotsky, na pedagogia histórico-
-cultural, e Dermeval Saviani, na pedagogia histórico-crítica. Vygotsky evidencia
a importância da linguagem (fala e escrita) no processo de alfabetização e letra-
mento, na medida em que a criança constrói sua identidade, passa da dimensão
biológica à cultural, internalizado significados sociais.
Este livro está dividido em três capítulos (Breve História; Didática como Ins-
trumento social: perspectiva vigotskiana, e, por fim, Didática na Alfabetização e
Letramento do Século XXI), a partir dos quais você passará a conhecer a história
da didática, a didática no viés histórico-cultural, didática criativa, o papel de alu-
nos e professores nesse contexto, o que é a alfabetização e o letramento, suges-
tões de atividades apropriadas para a alfabetização e o letramento, incluindo as
digitais, o conceito de avaliação e alguns aspectos que podem ser considerados
no ato avaliativo.
A ideia é fazer com que você consiga levar para a sala de aula um novo con-
ceito sobre alfabetização e letramento, considerando e agregando os digitais, tão
em alta na atualidade com a propagação em massa de celulares, tablets e com-
putadores, bem como levar novos conceitos e ideias de atividades, de processos
avaliativos e, além disso, consiga (re)adequar as ideias aqui apresentadas à sua
realidade e, principalmente, à realidade cotidiana de seus estudantes.
C APÍTULO 1
A Didática
� Conhecer alguns autores que defendem a didática, e como essa disciplina tor-
nou-se um guia escolar no século XXI.
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Capítulo 1 A Didática
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Olá! Você vai ver neste capítulo a história da didática e o que é a didática.
Irá compreender a didática numa perspectiva social, como um instrumento social,
podendo perceber o porquê de ela ser tão importante e estar tão presente no am-
biente escolar hoje em dia. Você também irá compreender que o viés da didática
são as técnicas e métodos de ensino focados em pôr em prática as teorias peda-
gógicas. Vai conhecer alguns autores que já defendiam a didática no processo de
ensino-aprendizagem ao longo da história até os dias atuais, e como o professor
pode usufruí-la quando decide adotá-la.
A escola como instrumento social surgiu apenas no final do século XX, com a
proposta dialética da didática. Constitui-se, por parte do indivíduo, na apropriação
dos conhecimentos construídos historicamente, relacionados à cultura, tendo o
professor como mediador do conhecimento. A didática dialética prevê os cinco
passos criados por Dermeval Saviani na teoria histórico-crítica, são eles: Prática
Social, Problematização, Instrumentalização, Catarse e o Retorno à Prática So-
cial. Tem como objetivo estabelecer uma conexão entre a escola e a comunidade
local, a fim de tornar o ambiente escolar uma extensão da sociedade.
No século XXI, a didática como disciplina foca na formação humana, que tem
origens culturais e sociais. A teoria histórico-cultural, criada por Lev Semionovitch
Vygotsky, ganha força no ambiente acadêmico e escolar, abrindo novos caminhos
através dos elementos mediadores: instrumentos e signos, elaborados por Vygot-
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Didática e Avaliação no Processo de Alfabetização e Letramento
A ideia é que você consiga levar para o seu planejamento e para a sala de
aula uma comunicação mais humanizada, centrada na cultura e no estudante.
Trata-se do papel do professor como mediador do conhecimento, incentivador da
autonomia das crianças durante seu percurso formativo, além de aplicar novos
métodos de motivação de aprendizagem. A essência está em compreender o es-
tudante como parte do processo histórico-cultural, da sociedade, sem fins apenas
em si mesmo. O mais importante é que, apesar da quantidade de conteúdo que
circula a respeito, você possa construir suas compreensões, de maneira que es-
tas lhe auxiliem na elaboração de novas práticas pedagógicas.
2 BREVE HISTÓRIA
O surgimento da didática ocorreu no século XVII, engendrou a primeira ten-
tativa em agrupar os conhecimentos didáticos e pedagógicos, no intuito de criar
objetivos e finalidades para além das atividades costumeiras implementadas pela
Igreja Católica, que na época dominava a educação e a maneira de ensinar. A
principal obra escrita por João Amós Comenius (1592-1670), pedagogo respon-
sável por criar a didática e pedagogia moderna, intitula-se “Didática Magna, ins-
tituindo-a como arte de ensinar tudo e a todos”. Comenius propõe o ensino em
massa e métodos de ensino: professor ensina e estudante aprende. Ainda, segun-
do Castro (1991), Ratíquio e Comenius foram os principais educadores a sinteti-
zarem o conceito da didática em uma perspectiva mais democrática, ensinando
as pessoas por meio da língua materna, e não com o latim. Os livros passaram a
contar com ilustrações, facilitando o entendimento dos assuntos abordados. Esse
método teve continuidade na Reforma Protestante, na luta contra os ensinamen-
tos unidimensionais e medievais da Igreja Católica. Na mesma perspectiva, Mon-
taigne (1533-1592) e Ramus (1515-1572) seguiram o caráter revolucionário de
Comenius contra o ensino católico (CASTRO, 1991).
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Capítulo 1 A Didática
FONTE: <https://novaescola.org.br/conteudo/184/pai-didatica-mo-
derna-filosofo-tcheco-comenio>. Acesso em: 7 out. 2021.
Vale lembrar que educação, ao longo da história, era desprovida dos interes-
ses de classes, pois “os homens se educavam no contato direto com a natureza,
mediante a apropriação coletiva dos meios de produção e dos resultados de tra-
balho” (MELO; URBANETZ, 2012, p. 34), não existindo horário e local próprio para
a educação. Em casa, no trabalho, no momento de socialização com os conhe-
cidos, todos os instantes cotidianos eram considerados de aprendizagem. Melo e
Urbanetz (2012, p. 34-35) explicam que “na ascensão das sociedades antigas e,
posteriormente, no feudalismo, a posse dos meios de produção, especialmente a
terra, faz surgir uma classe ociosa, a qual, pela detenção da posse, priva-se do
trabalho”. No feudalismo, a nobreza e o clero não necessitavam trabalhar, pois
eram sustentados pelas classes sociais inferiores (escravos, servos e campone-
ses), conforme ilustrado pela pirâmide:
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Didática e Avaliação no Processo de Alfabetização e Letramento
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Capítulo 1 A Didática
ocorrer cada vez com mais frequência até tornaram-se permanentes, originando
as cidades modernas.
Saviani (2000, p. 2), esclarece que “a vida urbana, cuja base é a indústria, re-
ge-se por normas que ultrapassam o direito natural”. Em outras palavras, Saviani
explica que o aprendizado cotidiano, considerado natural, exercido e praticado na
Antiguidade, não é mais suficiente e aplicável com o surgimento das cidades. O
êxodo rural, sobras de suprimentos e a grande densidade demográfica demanda-
ram o surgimento de moeda, intensificando as atividades comerciais e o desen-
volvimento urbano-comercial, ocasionando mudanças nas relações econômicas,
acarretando a queda do feudalismo.
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Didática e Avaliação no Processo de Alfabetização e Letramento
Nesse sentido, a massificação abriu as portas das escolas para todos, incluin-
do as classes inferiores, no intuito de suprir a demanda de mão de obra nas in-
dústrias e, também, de ocupar os corpos. “Os indivíduos, uma vez disciplinados
seriam, então, mais produtivos, mais valiosos, mais economicamente importantes
à medida [...] em que construíam em si uma subjetividade fortemente ancorada em
princípios como a ordem e a vigilância” (ROCHA; SANTOS; VALLE, 2016, p. 172).
Quem descumprisse alguma ordem do professor durante a aula, ou tentasse cau-
sar indisciplina, era severamente castigado, verbal e fisicamente. O mesmo ocorria
dentro das fábricas. “A disciplina, às vezes, exige muros, a especificação de um
local heterogêneo a todos os outros e fechado em si mesmo [...], nas escolas houve
grande encarceramento dos vagabundos e miseráveis” (FOUCAULT, 2014, p. 139).
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Capítulo 1 A Didática
Do ponto de vista de Dewey, para a escola ser ativa, é necessário estar equi-
pada com todos os recursos prováveis para realização do processo de ensino-
-aprendizagem, contando com todos os materiais necessários à concretização
das atividades por parte dos estudantes, tendo no professor o auxílio para rea-
lizarem as experiências educativas indispensáveis no acúmulo de experiências.
Dessa maneira, a escola consolida sua função de continuidade da vida social. O
elo da educação com a vida comunitária ocorre porque, na escola, os estudantes
podem entrar em contato com os objetivos sociais a serem atingidos. A Escola
Nova procurava ser científica por meio de procedimentos laboratoriais, sejam eles
os problemas, dados, atividades e experimentações, sempre procurando utilizar-
-se da pesquisa como método didático.
Para Dewey (2013), a escola deve ser a continuidade da vida social, no intui-
to de cumprir sua função educativa, caso contrário, fracassa na sua incumbência
social. As experiências transmitidas pela escola precisam se relacionar com as re-
alizações sociais de gerações anteriores. Desse ponto provém a crítica de Dewey
(1971) referente à escola tradicional, conceituada pelo autor como uma instituição
ultrapassada, remota e abstrata que se distancia da necessidade e realidade dos
estudantes, por estar mais focada em “como fazer”, independentemente da vivên-
cia social do estudante.
colar na sociedade capitalista, surge, nos anos 1980, a proposta dialética na didá-
tica” (MELO; URBANETZ, 2012, p. 52). Aliando-se à luta contra o cenário tecnicis-
ta de ensino, Anísio Teixeira defendia uma escola ativa, pública sem vínculo com
religiões, em que os alunos pudessem aprender com o auxílio do professor, tendo
o docente como mediador do conhecimento, não detentor dele.
FONTE: <https://www.puc-campinas.edu.br/palestra-de-dermeval-
-saviani-abre-o-planejamento-academico-pedagogico-2017-1o-se-
mestre-da-puc-campinas/>. Acesso em: 14 fev. 2022.
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Vale relembrar que Lílian Anna Wachowicz também se destacou por estar em
meio à crítica da didática instrumental e tecnicista nos anos 1980, organizando
um seminário da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), no
qual a autora se posicionou como defensora da pedagogia crítico social amparada
em José Carlos Libâneo e a favor da pedagogia histórico-crítica criada por Savia-
ni. Wachowicz (1990) defendia que a didática poderia fazer a teoria ser “viva”, ao
unir-se à prática em sala de aula, não sendo apenas um obstáculo dessa prática.
A autora também sugeriu uma prática pedagógica direcionada ao progresso hu-
mano e social por meio de um ensino mais humanizado.
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direto com esse animal para lidar mentalmente com ele, para
compreender a história. A ideia de cavalo fará a mediação en-
tre o cavalo real (que pode estar ausente) e a atividade psico-
lógica do sujeito (pensar sobre o cavalo, imaginá-lo nas ações
descritas na história etc.).
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Libâneo (2004, p. 5), apoiado nas ideias vigotskianas, defende escola como
“lugar de mediação cultural, e a pedagogia, ao viabilizar a educação, constitui-
-se como prática cultural intencional de produção e internalização de significados
para, de certa forma, promover o desenvolvimento cognitivo, afetivo e moral dos
indivíduos”. Por fim, considerando os instrumentos e os signos como elementos
mediadores sociais, destaca-se como característica do trabalho do professor “a
mediação docente pela qual ele se põe entre o aluno e o conhecimento, para
possibilitar as condições e os meios de aprendizagem, ou seja, as mediações
cognitivas” (LIBÂNEO, 2004, p. 5).
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4 DIDÁTICA NA ALFABETIZAÇÃO E
LETRAMENTO DO SÉCULO XXI
Para nos encaminharmos ao final desta unidade, vale a pena lembrar mais
algumas contribuições que nos ajudam a perceber a dimensão que a didática tem
em nosso processo de alfabetização e letramento: o ensino-aprendizagem. Então,
com o que se preocupa a didática do século XXI? Do ponto de vista da didática
histórico-cultural, a escola é a instituição responsável por fazer a mediação cultu-
ral, decorrida do trabalho mediador docente, possibilitando aos estudantes o ensi-
no-aprendizado dos conceitos científicos, bem como o desenvolvimento cognitivo
de competências e habilidades a serem utilizados para além dos muros da escola.
Nesse aspecto, tornam-se o desenvolvimento e a aprendizagem indissociáveis
para toda a comunidade escolar.
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Uma questão muito importante a ser considerada pelo docente e por toda a
comunidade escolar é a transformação do conhecimento científico, adequando-se
a faixa etária da criança para que ela consiga compreender os signos. Melo e Ur-
banetz (2012, p. 112) descrevem como trabalho do professor “transformar os co-
nhecimentos científicos adotados no currículo em conhecimentos a serem trans-
mitidos e assimilados; construir exercícios, sequências didáticas razoáveis, etc.”.
O docente pode partir da semelhança entre o conhecimento científico e escolar,
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conhecimento fora dos muros da escola. Neste caso, pode-se considerar o docente
como orientador do conhecimento para além do ambiente escolar.
Vygotsky (1984, p. 97) define ZDP como “a distância entre o nível de desen-
volvimento real (atual), que se costuma determinar através da solução indepen-
dente de problemas, e o nível de desenvolvimento proximal, determinado através
da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com
companheiros mais capazes”. A ZDP da criança é revelada por meio de sua capa-
cidade de aprendizagem, tendo como limite a imitação, ou seja, quando a criança
consegue imitar outra pessoa. Vygotsky (1984) alerta que, se forem trabalhados
conteúdos que a criança não é capaz de aprender, o aprendizado não ocorrerá.
Por outro lado, se a escola trabalhar apenas conteúdos que a criança domina,
o ensino não irá produzir nova capacidade, sendo inútil. Por isso é importante
observar o que a criança já sabe fazer sozinha para, então, trabalhar conteúdos
dentro da ZDP. “Os conteúdos trabalhados na escola devem se encontrar na ZDP”
(MELO; URBANETZ, 2012, p. 121).
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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Vimos, neste capítulo, a história da didática. Percebemos que a didática e a
pedagogia atenderam à demanda da sociedade de cada período histórico. Com o
fim do feudalismo e o surgimento das cidades, nasceu a didática no século XVII,
sendo Comenius seu criador. Posteriormente, instaurou-se na sociedade a didáti-
ca e pedagogia tecnicista, seguida da nova, até chegar na didática dialética, com
a pedagogia histórico-crítica e histórico-cultural. No século XXI, a didática preo-
cupa-se com os métodos de ensino, focados no estudante diante da perspectiva
histórico-cultural, e na formação humana.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC):
educação é a base. Brasília, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.
mec.gov.br/. Acesso em: 11 nov. 2021.
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C APÍTULO 2
Conceitos e Definições da
Alfabetização e Letramento:
Prática Pedagógica Estruturada e
Organizada
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes
objetivos de aprendizagem:
� Construir novas ideias, atividades e possibilidades, por meio das práticas digi-
tais de alfabetização e letramento.
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Conceitos E Definições Da Alfabetização E Letramento:
Capítulo 2 Prática Pedagógica Estruturada E Organizada
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Já vimos que a fala e escrita sãos defendidas por Vygotsky como os instru-
mentos psicológicos da linguagem. Internalizamos como a didática é importante
do ponto de vista pedagógico e social, por abordar a humanização dos indivíduos
diante das abordagens sociais. Por meio dos estudos de Vygotsky percebemos
que o uso da didática transforma os docentes em mediadores de conhecimentos,
principalmente quando utilizam com seus alunos a Zona de Desenvolvimento Pro-
ximal (ZDP).
Outro ponto muito importante abordado por Vygotsky foi a relação que os
indivíduos têm com o ambiente em que se encontram, considerando aspectos
econômicos, sociais e culturais. A partir desses pontos, a instituição escola par-
te do desenvolvimento da aprendizagem, considerando-a uma eterna evolução,
para poder criar um ambiente de aprendizagem ativo que considere a realidade
cotidiana dos estudantes.
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Didática e Avaliação no Processo de Alfabetização e Letramento
2 ALFABETIZAÇÃO COMO
INSTRUMENTO DA LEITURA E
ESCRITA
É necessário ter em mente que o Brasil é um país jovem, com pouco mais
de quinhentos anos. Por mais de duzentos anos, foi colônia, e Portugal explora-
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Conceitos E Definições Da Alfabetização E Letramento:
Capítulo 2 Prática Pedagógica Estruturada E Organizada
va nossas terras por recursos naturais. Por mais de trezentos anos (século XV
até século XVIII), a Igreja Católica dominou e aprisionou o ensino, limitando o
seu acesso a poucos indivíduos na sociedade. O ensino jesuítico destinava-se
apenas a pessoas de alto escalão da sociedade colonial. Marquês de Pombal
(1699-1782), no século XVIII, trouxe inúmeras mudanças que transitavam diante
do desenvolvimento cultural, pelo surgimento das indústrias, comércio e progres-
so científico. Pombal decretou o fechamento das escolas jesuíticas e a expulsão
dos seus religiosos portugueses.
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Conceitos E Definições Da Alfabetização E Letramento:
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Conceitos E Definições Da Alfabetização E Letramento:
Capítulo 2 Prática Pedagógica Estruturada E Organizada
Soares (2020, p. 22) aborda os três principais problemas das diferenças dia-
letais em nosso país. O primeiro é trazido como exemplo diante da grandiosidade
do Brasil, onde “o processo de alfabetização não ocorre da mesma maneira em
diferentes regiões do país, porque a distância entre cada dialeto geográfico e a
língua escrita não é a mesma (sobretudo no que se refere à correspondência en-
tre o sistema fonológico e o sistema ortográfico)”. Por isso, há necessidade de
cartilhas, livros didáticos e currículos regionais. O segundo exemplo aborda as
classes mais favorecidas da sociedade, com um processo de alfabetização dife-
renciado, pois, desde cedo, as crianças possuem acesso a livros e leituras, além
da convivência com adultos falantes mais próximos da língua padrão culta escrita.
Nessas condições, a alfabetização das classes populares, que dominam um dia-
leto distante da língua escrita, é totalmente diferente das classes mais favoreci-
das, que têm acesso desde cedo à norma padrão da língua.
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Didática e Avaliação no Processo de Alfabetização e Letramento
A quarta principal disciplina descrita por Soares (2020) que estuda a alfabeti-
zação é a linguística. “Do ponto de vista propriamente linguístico, o processo de
alfabetização é, fundamentalmente, um processo de transferência da sequência
temporal da fala para a sequência espaço direcional da escrita, e de transferência
da forma sonora da fala para a forma gráfica da escrita” (SOARES, 2020, p. 23).
Além disso, a aprendizagem da escrita e da leitura é, também, um processo de
estabelecimento de relações entre fonemas e grafemas. Todavia, a língua não se
configura como uma mera representação da língua oral. Nesse sentido, Soares
(2020, p. 21) nos alerta:
Por exemplo:
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Conceitos E Definições Da Alfabetização E Letramento:
Capítulo 2 Prática Pedagógica Estruturada E Organizada
postura passiva no processo do ensino para ser totalmente ativo. Esse estudo é
conhecido como a psicogênese da língua escrita.
Por meio desses questionamentos, o objetivo das autoras foi investigar como
a criança se apropriava do sistema de leitura e escrita.
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Didática e Avaliação no Processo de Alfabetização e Letramento
avanço ocorre quando a criança percebe que a palavra retrata o nome do objeto,
e não ele em si. Outro aspecto é o aprendizado do próprio nome, em que o estu-
dante percebe que a escrita se dá por meio das letras, e que estas são diferentes
dos desenhos.
O desenho nos mostra que, “ainda neste nível, mesmo após tomar consci-
ência de que se escreve com letras, o aprendiz tenderá a grafar um número de
letras indiscriminado, sem antecipar quantos e quais caracteres precisará usar
para registrar palavras” (MENDONÇA, 2009, p. 45). O nível pré-silábico tem como
objetivo levar a criança a perceber a existência de códigos que se diferenciam
dos desenhos e promover a autoconfiança de sua capacidade de escrita em meio
a novas descobertas. Como característica dessa fase, a criança irá desenhar e
nomear o que procurou escrever. Inicialmente, ela confundirá o desenho com a
escrita, mas depois de treinar muito, conseguirá distingui-los, mesmo não tendo
total habilidade de escrita da palavra.
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Conceitos E Definições Da Alfabetização E Letramento:
Capítulo 2 Prática Pedagógica Estruturada E Organizada
Observa-se, por meio da atividade que a criança utilizou como critério, o som
da fala na escrita dos nomes das figuras utilizando a coerência sonora para re-
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Conceitos E Definições Da Alfabetização E Letramento:
Capítulo 2 Prática Pedagógica Estruturada E Organizada
Para incluir o letramento digital nas escolas, é preciso somar as práticas roti-
neiras de leitura aos novos comportamentos dos leitores, bem como utilizar textos
reais de diferentes mídias. O caminho é construído quando a comunidade escolar
repensa o ambiente de aprendizagem e leva em conta as novas maneiras e re-
cursos de aprendizagem, conhecendo e ensinando os estudantes a lidarem com
a organização dos saberes. Zacharias (2016, p. 25) explica que os “textos impres-
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Didática e Avaliação no Processo de Alfabetização e Letramento
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Conceitos E Definições Da Alfabetização E Letramento:
Capítulo 2 Prática Pedagógica Estruturada E Organizada
4 PROCESSO DE APRENDIZAGEM
DA LEITURA E DA ESCRITA
Zacharias (2016) alerta para a dificuldade de incorporar inovações nas ins-
tituições de ensino, considerando que muitas escolas ainda têm como base e
organização modelos do século passado. Como exemplo, cita-se as crenças de
alguns docentes baseadas em métodos prescritivos que priorizam a aquisição de
conhecimentos pouco relacionados à realidade da vida cotidiana, e sem a utiliza-
ção de mídias digitais.
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Conceitos E Definições Da Alfabetização E Letramento:
Capítulo 2 Prática Pedagógica Estruturada E Organizada
Outra grande alegação descrita por Ribeiro (2016) referente aos jogos é que
tantos os digitais quantos os convencionais servem como mediação na aprendiza-
gem de línguas, pois, para jogá-los, exigem conhecimentos em linguagem. Os jo-
gos são práticas sociais que envolvem a interação entre seus participantes sincro-
nicamente com o uso da língua. No Brasil, os alfabetizadores costumam utilizar os
jogos para deixar o sistema de aprendizado mais lúdico, dinâmico e motivador. E
por que não utilizar os jogos digitais on-line?
Muitos são os jogos on-line que podem ser utilizados no processo de alfabeti-
zação e de letramento. Ribeiro (2016, p. 167) afirma que “os jogos digitais on-line,
elaborados para fins pedagógicos ou não, podem ser considerados ferramentas
educacionais para o ensino da leitura e/ou da escrita [...], pois levam a construção
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Didática e Avaliação no Processo de Alfabetização e Letramento
O site Escola Games contém inúmeros jogos educativos para crianças a par-
tir de 5 anos e dispõe de jogos para todas as disciplinas do ensino fundamental.
Tratando-se de jogos para letramentos, podem ser encontrados na disciplina de
língua portuguesa. Os jogos digitais de português são direcionados para o sis-
tema de alfabetização e escrita alfabética. Por este motivo, a autora escolheu o
jogo “Brincando com as Vogais”, direcionado para a criança distinguir consoante
e vogal, relacionar letra e som, aplicar as práticas do sistema de escrita e leitura.
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Conceitos E Definições Da Alfabetização E Letramento:
Capítulo 2 Prática Pedagógica Estruturada E Organizada
Na segunda fase, o jogador deve bater com o martelo apenas nos palhaços
que seguram as vogais. Os acertos e erros são sinalizados por som. Os acertos
contabilizados criam um ranking mostrado em tela. Esse jogo utiliza o mouse e
necessita do jogador agilidade e destreza motora. Por isso, adequa-se a crian-
ças pertencentes aos níveis pré-silábicos e silábicos. Salienta-se a importância e
intervenção do professor diante dos erros e acertos dos estudantes, no intuito de
instigar novos conhecimentos em cada estudante por meio do jogo.
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Didática e Avaliação no Processo de Alfabetização e Letramento
Outro jogo muito interessante citado pelas autoras Stuepp e Jung (2012) é
a “Trilha de Palavras”. Tem como objetivo trabalhar o conhecimento das letras e
palavras e a segmentação oral de cada palavra. Compõem o jogo os nomes das
crianças da turma. Jogam duas crianças por vez. Cada marcação no tabuleiro
corresponde ao número de sílabas que compõe o nome sorteado. Por exemplo,
sorteado o nome Pedro, o jogador um anda duas casas. Em um segundo momen-
to, se o segundo jogador sortear Daniel, deve andar três casas. Quem chegar ao
final por primeiro ganha o jogo.
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Conceitos E Definições Da Alfabetização E Letramento:
Capítulo 2 Prática Pedagógica Estruturada E Organizada
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, você conheceu o conceito de alfabetização, letramento, letra-
mento digital, dentre muitos outros. Percebeu que é necessário olhar para a história
da educação brasileira a fim de compreender a situação educacional atual, para
somente então poder olhar adiante e ver quais os melhores caminhos a serem to-
mados no contexto escolar, por meio dos planejamentos e aulas com as crianças.
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Didática e Avaliação no Processo de Alfabetização e Letramento
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. M. Os gêneros do discurso. São Paulo: Martins Fontes, 1992, p.
277-326.
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Conceitos E Definições Da Alfabetização E Letramento:
Capítulo 2 Prática Pedagógica Estruturada E Organizada
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Didática e Avaliação no Processo de Alfabetização e Letramento
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C APÍTULO 3
Atividades e Avaliações
Práticas no Ensino
Fundamental dos Anos Iniciais:
articulando teoria e prática
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:
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Atividades e Avaliações Práticas no Ensino Fundamental dos
Capítulo 3 Anos Iniciais: articulando teoria e prática
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Já vimos o conceito de alfabetização, letramento, letramento digital, dentre
muitos outros. Neste capítulo, avançamos para atividades escolares. O professor
Dr. Simão de Miranda conceitua as aprendizagens memorísticas, compreensivas
e significativas/criativas. O autor tem como foco as atividades significativas, tam-
bém conhecidas como criativas, inicialmente propostas por David Ausubel na dé-
cada de 1960.
2 ATIVIDADES ESCOLARES
CONSONANTES À ALFABETIZAÇÃO
E AO LETRAMENTO
A primeira parte deste capítulo abordará estratégias didáticas e atividades
escolares para aulas criativas. Tais atividades são voltadas para a alfabetização
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Atividades e Avaliações Práticas no Ensino Fundamental dos
Capítulo 3 Anos Iniciais: articulando teoria e prática
A teoria proposta por David Ausubel tem o intuito de explanar e ampliar o co-
nhecimento já adquirido pelos professores e principalmente pelos estudantes. Ela
ocorre efetivamente quando um conceito é assimilado de maneira mais inclusiva
por um conceito já existente na estrutura cognitiva do indivíduo. Nesse sentido,
os dois conceitos são modificados pela interação, oportunizando a extensão, (re)
elaboração e qualificação do novo conceito, conforme segue o exemplo a seguir
descrito por Moreira (1982, p. 158):
Com o passar do tempo, o cérebro humano faz a ligação entre os dois con-
ceitos, tornando-os únicos, de forma à assimilação natural. Acarretará uma dificul-
dade maior de esquecimento para ambos. Esse é o segundo estágio, chamado de
assimilação obliteradora.
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Didática e Avaliação no Processo de Alfabetização e Letramento
Quanto mais situadas na base as estratégias estão, mais elas ampliam suas
possibilidades de ação. A pirâmide se transforma em um incentivo, fazendo os
docentes insistirem em didáticas criativas que provoquem aprendizagens criati-
vas, efetivas e produtivas no ambiente escolar. Miranda (2016, p. 22) comenta
por meio de uma tabela as estratégias passivas e ativas, ilustradas pela pirâmide.
Observe:
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Capítulo 3 Anos Iniciais: articulando teoria e prática
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Didática e Avaliação no Processo de Alfabetização e Letramento
Não basta apenas inserir novidades para que elas tenham va-
lor no processo de aprendizagem; torna-se essencial que te-
nham relação com os objetivos de aprendizagens propostos
para os estudantes em questão. Sendo assim, não se trata,
apenas, de caracterizar a prática educativa como nova no con-
texto em que ela se realiza, para que tenha valor, é preciso que
haja relação com o que se deseja que os alunos aprendam.
Isso envolve tanto os objetivos de aprendizagem específicos
como os objetivos mais amplos do processo de ensino.
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Capítulo 3 Anos Iniciais: articulando teoria e prática
CARTA-COMPROMISSO
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Didática e Avaliação no Processo de Alfabetização e Letramento
Essas três atividades criativas citadas por Miranda (2016) ficam abertas para
serem (re)adaptadas conforme a necessidade de cada professor e de cada turma.
Elas carregam consigo um tom avaliativo, tema desse capítulo, que podem contri-
buir ao seu cotidiano escolar positivamente.
Promoção:
I. Sistema Didático Integral: caráter produtivo do conhecimento; relação
criativa professor/alunos; valorização do esforço; clima criativo; centra-
lidade do processo docente no aluno; respeito à individualidade; escutar
os alunos, considerando suas perguntas, ideias e sugestões; individuali-
zação do processo de ensino-aprendizagem; clima de acolhimento afeti-
vo e leveza nas interações professor/alunos.
II. Trabalho Pedagógico Criativo; ação pedagógica original; questionamen-
to e problematização da informação condução dos alunos à percepção
de contradições e lacunas no conhecimento; proposições personalizadas
aos alunos; incentivo à independência, à audácia e à autoavaliação.
III. Aprendizagem Criativa; transformação personalizada dos conteúdos;
compreensão do aluno como sujeito ativo da aprendizagem; incentivo ao
posicionamento e confronto em seus pontos de vista e em suas reflexões
pessoais como sujeito capaz de posicionar-se; compromisso reflexivo do
aluno como sujeito que aprende.
Como fazer: prepare previamente a sala de aula com cartazes contendo con-
ceitos importantes do conteúdo estudado, afixados nas paredes, piso, móveis e
teto. Esta experiência só é realmente interessante para conceitos mais breves,
mais concisos. Elabore-os em papéis de variados tamanhos, formas e cores.
Faça a mesma coisa com as letras: tamanhos, formas e cores diferentes. Insira
imagens que dialoguem com os textos. Se os conceitos forem apenas de uma raiz
temática, pesquise e inclua uma trilha sonora, com letra musical ou não, que faça
referência ao conteúdo. Convide-os a passear pela sala, como em visita a uma
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Atividades e Avaliações Práticas no Ensino Fundamental dos
Capítulo 3 Anos Iniciais: articulando teoria e prática
Após isso, já nos seus lugares, solicite que cada um verbalize livremente
acerca da vivência e sobre os conceitos visitados e revisitados (MIRANDA, 2016,
p. 57-58).
Promoção:
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Promoção:
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Capítulo 3 Anos Iniciais: articulando teoria e prática
recurso? Com um QR code, ao final do texto você possibilita que seus alunos
acessem, por exemplo, o website do autor para conhecer mais sobre ele e sua
produção completa; caso seja um texto condensado, podem acessar a sua ínte-
gra; pode também remeter os alunos a um vídeo que ilustre o que está sendo dis-
cutido no texto etc. Outras ricas possibilidades ficam por conta da sua imaginação
e criatividade (MIRANDA, 2016, p. 71-72).
Promoção:
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Didática e Avaliação no Processo de Alfabetização e Letramento
Como fazer: apanhe os envelopes com os três desejos indicados pelos alu-
nos e leve para a penúltima aula, pois você havia prometido que estes seriam
devolvidos na reta final. Sugiro que não seja na última aula para que você ainda
tenha tempo para dar algum retorno na aula seguinte aos alunos. Com os enve-
lopes em mãos, lembre os alunos de como foi o momento de pensar nos dese-
jos para o percurso que está por se encerrar. Talvez alguns se surpreendam por
terem se esquecido daquele momento e isso será um tempero a mais. Devolva
cada envelope ao seu dono e peça para que os releiam em silêncio e reflitam
sobre eles: quais os alcançaram, quais não; fatores que intervieram para isso; o
que poderiam ter feito para ter resultados favoráveis, nos casos de desejos não
alcançados etc. Dê um tempo razoável para essas reflexões pessoais e depois
peça para que cada um as partilhe com o grupo que, ao final da sua fala, pode co-
mentar. Quando todos tiverem falado, finalize com suas considerações. Só mais
um lembrete: respeite a decisão de alunos que não querem compartilhar suas
reflexões com o grupo. Mas, se achar que convém, você pode convidá-los discre-
tamente para uma conversa particular em outro espaço e momento. Faça você,
também, suas reflexões acerca dessa experiência e, se quiser, dê retorno à turma
na última aula (MIRANDA, 2016, p. 87).
Promoção:
Como fazer: esta estratégia pode ser realizada como avaliação inicial (diag-
nóstica), processual (no meio do percurso) ou ao seu final, com intencionalidade
formativa. Peça para cada aluno responder no máximo em um minuto, a uma per-
gunta sua que pode estar relacionada com a sua motivação, às aprendizagens, às
atividades realizadas, à sua participação, às dúvidas e dificuldades enfrentadas, à
atuação do professor etc. Esta estratégia, desenvolvida por Herrán (2011) e adap-
tada por mim, propõe seu desenvolvimento em três fases:
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Atividades e Avaliações Práticas no Ensino Fundamental dos
Capítulo 3 Anos Iniciais: articulando teoria e prática
b) Fase de respostas dos alunos: Peça aos alunos que, no prazo de um mi-
nuto, respondam em uma folha, anonimamente, para que você, após receber to-
das as respostas, faça uma síntese avaliativa delas, inclusive fazendo comentá-
rios registrados nas folhas se necessário. Transponha-os para outra folha, com
suas anotações, assim como as inferências gerais que você construiu na leitura
das respostas dos alunos, pois você vai devolver as fichas a eles.
Promoção:
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Didática e Avaliação no Processo de Alfabetização e Letramento
3 AVALIAÇÕES COMO
FERRAMENTAS DE APRENDIZADO
Certamente o tema avaliação é multifacetado e complexo, e está presente
em todas as áreas. Nesta seção, foram escolhidos os principais temas referentes
à avaliação, com tratamento especial e congruente à alfabetização e letramento
estudados até o momento. O foco dos estudos referente à avaliação desta seção
é o de avaliar a alfabetização e letramento. Para isso, utiliza-se conteúdos e pos-
turas referentes à escrita e leitura. Nesse aspecto, o que é a avaliação?
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Capítulo 3 Anos Iniciais: articulando teoria e prática
Como exemplo, cita-se a produção de um texto para uma turma do quarto ano
do ensino fundamental. O docente consegue avaliar se os estudantes sabem es-
crever parágrafos, receitas, cartas, também consegue avaliar se as crianças sabem
organizar sequências de ideias, palavras, pontuação. O professor pode listar as
maiores dificuldades apresentadas pela turma durante a atividade e planejar novas
estratégias didáticas mediadoras para conseguir aprimorar o aprendizado de escrita
dos alunos. Salienta-se a importância de observar cada indivíduo em suas especi-
ficidades para melhor rendimento educacional. Posteriormente, o docente continua
com sua análise criteriosa e observa se houve aprendizado conforme o planejado.
É necessário coerência entre o que é ensinado e o que é avaliado.
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Didática e Avaliação no Processo de Alfabetização e Letramento
Segundo Batista et al. (2008), alguns pontos podem servir de guias para pro-
fessores alfabetizadores diagnosticarem o que ocorre com seus alunos. Em um
primeiro momento, o autor alerta que as atividades extraescolares dos alunos são
ganchos que os docentes podem utilizar para promover uma aula com mais pro-
ximidade da realidade do aluno, compreendendo-o e utilizando a realidade local
como apoio para as atividades desenvolvidas em sala. Inicia-se com situações
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Atividades e Avaliações Práticas no Ensino Fundamental dos
Capítulo 3 Anos Iniciais: articulando teoria e prática
reais vivenciadas pelos estudantes, explanando-as até chegar nos conceitos cien-
tíficos. Outro ponto importante abordado pelo autor diz respeito aos procedimen-
tos de avaliação selecionados pelo docente. Quanto mais esses procedimentos
forem claros, mais permitem captar, com indicadores descritivos, os progressos
acadêmicos dos estudantes.
Para Farias et al. (2011, p. 111) “o planejamento é ato; é uma atividade que
projeta, organiza e sistematiza o fazer docente no que diz respeito aos seus fins,
meios, formas e conteúdo”. Planejamento é a organização da prática educativa,
sistemática e organizacional que representa o ápice do planejamento nas ações
pedagógicas e didáticas. Planejamento é uma ação viva, contínua e reflexiva. Por
meio do planejamento, o professor realiza a articulação entre o saber cotidiano e o
conhecimento científico. É essencial que o planejamento seja “uma atividade cons-
tante, permeada por um processo de avaliação e revisão sobre o que somos, fa-
zemos e precisamos realizar para atingir nossos objetivos. É um ato decisório que
exige escolhas de opções metodológicas e teóricas. (FARIAS et al., 2011, p. 111).
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Conhecer bem seus estudantes, bem como saber o tempo que pode ter com
eles e os recursos disponíveis, faz toda a diferença na organização da metodo-
logia. Para isso, o docente pode listar e providenciar antecipadamente o que ne-
cessita a fim de ter uma aula estruturada e organizada (FARIAS et al., 2011). Os
exemplos mais cotidianos que podem ocorrer atualmente se baseiam na obtenção
dos materiais necessários para confeccionar cartazes ou enviar antecipadamente
materiais à coordenação pedagógica a fim de serem fotocopiados, montagem de
multimídia com computador e projetor para exibição de slides e/ou documentá-
rios, preparação da sala informatizada etc.
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Atividades e Avaliações Práticas no Ensino Fundamental dos
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testes finais e aos aprendentes implica não avaliar certos aspectos dos estudantes,
como o desempenho oral, a capacidade investigativa e a participação em grupos”
(SILVA; HOFFMANN; ESTEBAN, 2006, p. 15). Diversificar os instrumentos avaliati-
vos, seja por meio da oralidade, desenho, escrita, cálculos, trabalho em grupo, pos-
sibilita ao docente adquirir mais informações sobre o processo de aprendizado dos
estudantes. “Somente depois de avaliar é que conseguiremos saber se atingimos
ou não os objetivos estabelecidos” (MELO; URBANETZ, 2012, p. 82).
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Saviani (2000, p. 41) afirma que “a avaliação que pretende desenvolver o ca-
minho do conhecimento dentro da perspectiva emancipadora vai permear dentro
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Outra situação, agora com a turma do 5º ano, ocorreu quando o aluno não
conhecia muito bem o assunto para responder à questão.
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tras palavras, “é pegar uma garrafa e fazer o melhor brinquedo para o seu aluno”
(MIRANDA, 2016, p. 33). Ou, ainda, transformar uma caixa de ovos em um jacaré.
Martínez (1997, p. 71) define trabalho pedagógico criativo como “as formas de
realização deste que representam algum tipo de novidade e que resultam valiosas
de alguma forma para a aprendizagem e desenvolvimento dos alunos”.
Soares (2020) alerta para que no momento do ato avaliativo o docente cobre
exatamente o que foi trabalhado em sala de aula. Nesse sentido, se o professor
trabalhou versos sem elementos de coesão capazes de estabelecer a continui-
dade do discurso, no momento da avaliação o docente não pode cobrar um texto
discursivo escrito com total coesão. Soares (2020, p. 82) exemplifica um verso
sem coesão:
O PAPAI E A MAMÃE
Este é o papai.
Esta é a mamãe.
O nome dele é Senhor Pedro.
O dela é Dona Cecília.
O VOVÔ E A VOVÓ
Veja o vovô.
Veja a vovó.
O nome dele é Senhor Hugo.
O dela é Dona Helena.
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5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Conseguimos ver neste capítulo exemplos de atividades criativas desenvolvi-
das por meio de aprendizagens significativas. De diferentes formas, os exemplos
que apresentamos mostram como os docentes podem (re)criar, (re)utilizar, (re)
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Lembre-se de que o docente pode cobrar nas avaliações apenas aquilo que
ensinou, da maneira que ensinou. Conforme afirma Magda Soares, caso o do-
cente ensine apenas textos sem coesão, não pode, no momento da prova, cobrar
que os estudantes escrevam textos totalmente ricos e com coesão. Sua avaliação
deve estar em consonância com os textos e assuntos ensinados.
REFERÊNCIAS
ARRUDA, T. S. A Criatividade do trabalho pedagógico do professor e o
movimento em sua subjetividade. 2014. 270f. Tese de Doutorado (Doutorado
em Educação). Faculdade de Educação da Universidade de Brasília.
Universidade de Brasília. Brasília, 2014. Disponível em: https://repositorio.unb.
br/bitstream/10482/17574/1/2014_TatianaSantosArruda.pdf. Acesso em: 11 jan.
2022.
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