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ENTREVISTA COM PROFESSOR/A DE HISTÓRIA

1ª AVALIAÇÃO DA PRIMEIRA UNIDADE: Entrevista com um/a


professor/a de história que esteja ministrando aula remota na
pandemia (5,0 pontos)
Apresentação da entrevista em sala (no teams) pelas duplas.

TEMA DA ENTREVISTA:
As contradições, as lutas e as possibilidades do ensino de história e
ensino remoto no momento de adequação às demandas
contemporâneas com a crise ocasionada pela pandemia do covid-19 e
as Leis 10.639/03 e 11645/08.

ESCOLA MUNICIPAL HERCÍLIA DE FREITAS TINÔCO ANDRADE


PROFESSORA – Edna Nascimento dos Santos Souza
MODALIDADE – Ensino Fundamental II
DISCIPLINA - História

Questões básicas da entrevista:

1- Porque você se tornou professor/a de História?


Sempre gostei de história.
Quando criança era apaixonada pelas histórias em quadrinhos e
na adolescência gostava de ler os livros de romance. Na escola, a
área de humanas despertava em mim um interesse pelo passado,
o contexto social das pessoas, a localização, entre outros.
Ao decidir entrar na faculdade, resolvi fazer o curso de história,
pois estaria numa área que estimula em mim a curiosidade e a
vontade de aprender.

2- Como tem sido sua vida profissional pós-pandemia, quais os


principais desafios e quais os maiores aprendizados?
Iniciamos uma nova jornada nesse pós-pandemia.
Aulas remotas, utilização mais de frequente das tecnologias,
mais instrumentos a serem preenchidos no intuito de comprovar
a docência, carga horária ampliada. Tivemos que nos reinventar.
Os principais desafios foram: aprender a usar programas, sites e
aplicativos que não estávamos acostumados a lidar, preencher
tantos documentos que as vezes percebíamos sem necessidade,
participar de vários grupos de WhatsApp de alunos (alguns
professores não tem celular de última geração), elaborar e
corrigir atividades para as aulas on-line e também atividades
impressas para alunos que não tinham acesso à internet, ter que
utilizar os nossos aparelhos eletrônicos, aumentar a velocidade
da internet sem uma ajuda de custo. Uma pressão para voltar as
aulas presenciais sem a vacina contra covid19, dentro de um
contexto pandêmico em que estávamos com o nosso psicológico
abalado sofrendo com o luto pela perca de parentes e
conhecidos.
Tudo isso nos trouxe vários aprendizados. A sociedade enfim
entendeu que o professor é insubstituível (tenho certeza que os
pais estão valorizando mais o docente agora). Percebemos que o
contato físico e pessoal é muito importante (dar aula através de
uma máquina é muito frio). Talvez agora os alunos tenham
finalmente entendido a importância da história e o conceito de
agentes históricos, pois nós todos faremos parte desse momento
factual.

3- Que práticas de ensino estão sendo utilizadas por você (e


pela instituição de ensino que você trabalha) para dar conta
da complexidade do ensino de história no ensino remoto? O
que mudou na metodologia que você usava no ensino
presencial?
No ensino presencial trabalhávamos com aulas expositivas,
atividades impressas, livro didático, seminários, filmes, aula de
campo.
Nesse momento o que mudou é que estamos utilizando mais a
tecnologia, com slides, vídeos, filmes, desafios eletrônicos.
Percebi que tem despertado um maior interesse nos alunos pelas
aulas de história. Na escola pública, as salas não são equipadas
com data show, notebook caixa de som. Temos um aparelho
para todo colégio, por isso a dificuldade em usar.

4- Quais os recursos tecnológicos e quais as plataformas


virtuais de aprendizagem você tem utilizado para o ensino
remoto? Participou de alguma capacitação? Que suporte tem
recebido da instituição que trabalha?
Utilizo como recurso tecnológico o notebook e celular. Ministro
aulas pelo aplicativo Google Meet, whatsApp, e-mail
institucional.
A Secretaria de Educação Municipal promoveu um curso sobre
tecnologias digitais para todos professores da rede durante esse
período da pandemia.
A gestão da escola em que leciono tem dado aos professores
todo suporte dentro das suas possibilidades.

5- Qual a sua opinião sobre a desigualdade de acesso à internet


e a educação no contexto da pandemia? Fale da sua
experiência.
O que percebemos nesse contexto pandêmico em relação a isso é
que, os nossos governantes pensam uma coisa e a realidade é
totalmente outra. Tornou-se notório que a maioria dos alunos
não tem acesso a internet, não tem nem um aparelho celular
dentro de casa para assistir as aulas, as famílias são de baixa
renda e que algumas mandavam seus filhos para escola só para
se alimentar.
Essa desigualdade fez-se muito claro no momento em que, ao
ministrar as aulas on-line pelo aplicativo, de uma turma com 30
alunos, apenas 6 ou 10 participavam.
As atividades impressas para aqueles que não tinham acesso à
internet tentaram minimizar os impactos dessa situação, mas
com certeza o aprendizado foi prejudicado.

6- Qual a possibilidade e a importância do uso da música,


cinema, teatro, literatura e das HQ’s no ensino de história?
Conte-nos alguma experiência, se possível.
O uso de metodologias variadas no ensino de história é de
fundamental importância. No ensino fundamental II temos muita
dificuldade em prender a atenção do aluno nas aulas de história,
pois, devido a idade, eles acham que não há necessidade de se
conhecer o passado e por esse motivo estamos sempre variando
as estratégias na prática escolar.
Já utilizamos a música, dança, paródia, HQ’s nas aulas e o que
percebemos é uma maior interação e participação dos estudantes
no aprendizado dos conteúdos.

7- Qual sua opinião sobre o currículo de História após a


implementação da Lei 11.645/08 (10.639/03)? O que você
conseguiu agregar à sua prática a partir dos conteúdos
propostos pela Lei?

A lei 11.645/2008 que estabelece a inclusão no currículo da rede


de ensino a obrigatoriedade do tema: “História e cultura afro-
brasileira e indígena” está sendo cumprida na escola, mas de
maneira eventual a partir de alguns projetos propostos pelos
professores da disciplina de história, que engloba todo a escola.
Dentro da matéria nós trabalhamos durante todo o período
letivo.
Só o fato de conseguir quebrar em alguns alunos os estereótipos
de que a África é o continente da fome, de que ser negro é ser
feio, do cabelo ruim, de que o índio é selvagem e não humano, já
nos dá uma sensação de vitória diante de tantas dificuldades em
implantar essa lei na escola.

Crie, no máximo, 3 questões específicas e originais para fazer


a/o sua/eu entrevistada/o.

8- Referente a relação professor e aluno, quais as maiores


complexidades que são encontrados para o convívio?
É uma relação muito complexa mesmo. Os alunos nos
confundem com suas mães, suas tias e acham que devemos fazer
todas as suas vontades como as mesmas fazem. Eles têm
dificuldade em seguir regras e acham que só devem aprender o
básico.
Para ter uma melhor relação com os estudantes nos tornamos
amigos, ouvintes deles, mas ao mesmo tempo não podemos
deixar de usar a autoridade no momento necessário.

9- A senhora concorda que o papel do professor vai mais


além do que matérias didáticos na vida desses indivíduos?
Considerando que os alunos possuem histórias vivas por traz
dos seus corpos?
Sim.
O aluno não é simplesmente um cérebro vazio em que nós
docentes detentores dos sabres vamos depositar conhecimento.
Eles são seres humanos, cada um com sua história de vida, as
vezes marcadas por violência, abusos, sofrimentos, fome, maus
tratos e que acabam refletindo tudo na escola e no aprendizado.
Precisamos compreender, que nós professores estamos numa
sala de aula para partilhar o que aprendemos, sempre levando em
consideração o conhecimento prévio do aluno.

9- A senhora acredita que a desigualdade social traz um


impacto muito grande para estudantes em vulnerabilidade?
Refletindo sobre isso, o professor pode ser um
transformador no ambiente educacional?
A desigualdade social traz prejuízos para toda sociedade em
geral. Com os estudantes isso se reflete na dificuldade de
aprendizagem, de relacionamento, de realização de sonhos, de
conclusão da carreira escolar e acadêmica.
As experiências que temos são de alunos passando fome e só vão
a escola para se alimentar. É comprovado que a fome impede a
aquisição de conhecimentos. A discriminação com aqueles mais
desprovidos de renda e o racismo torna-se muito claro no
ambiente escolar. Dados comprovam que a maioria da população
proletária é negra. Tudo isso vai minando as metas que desejam
alcançar e os forçam a abandonar os estudos e conseguir um
trabalho para ajudar seus familiares ou mesmo partir para o
mundo do crime em busca de dinheiro mais fácil e rápido.

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