Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CARAPICUIBA
2022
1
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI
CARAPICUIBA
2022
2
ALFABETIZAÇÃO DA CRIANÇA SURDA
Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial
ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação
aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).
RESUMO: Devido às várias falas de professores enfatizando despreparo para ensinar a criança
surda na sala regular, principalmente no ensino fundamental, este artigo tem como objetivo
compreender qual o caminho para a na escola regular, mediante a isso se fez o seguinte
questionamento: Como alfabetizar alunos surdos em sala regular? Para tanto, a pesquisa enfatiza que
é de suma importância identificar quem são os alunos surdos e suas características, esclarecer sobre
a Língua de Sinais e como eles aprendem, comentar alguns fatos como o surgimento da primeira língua
de sinais ocorrida em um mosteiro entre outros, e então expondo os temas relacionados ao bilinguismo
e esta forma de ensino é de grande importância no desenvolvimento de todo o processo educativo para
um melhor aprendizado, sendo primordial que a criança tenha acesso a língua de sinais desde a
infância.
1
anapaula.matiello@hotmail.com
3
1. INTRODUÇÃO
4
linguagem oral, caso ele não o tenha pode causar dificuldades nas relações sociais,
psicológicas e na interação destes sujeitos. Após ter adquirido a perda da audição
essa pessoa pode se comunicar com a sociedade através da língua de sinais,
podendo se comunicar também através da leitura labial desde que as pessoas falem
na frente do surdo, e com boa articulação bucal, agindo assim fica mais claro o
entendimento do que as pessoas estão falando.
Pode se considerar um deficiente auditivo aquele que, por algum problema de
saúde teve perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de
experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua
Brasileira de Sinais - LIBRAS.
As crianças que não tem problemas com a audição adquirem o modelo de
língua naturalmente e o processo ocorre por três estágios, ou seja, língua receptiva
por meio da audição, em seu ambiente linguístico e ouvindo a palavras por várias
vezes acaba por armazená-la; a língua compreensiva a criança consegue relacionar
a palavra ao objeto, relaciona o significante com o significado, a linguagem expressiva
a criança emite a palavra, pois já possui a segurança de seu significado.
A surdez é pode ser considerada perda bilateral, parcial ou total da audição. A
surdez bilateral é uma perda auditiva em ambos os ouvidos. A perda auditiva bilateral
pode ser causada por vários fatores como exposição a ruídos, hereditariedade,
medicamentos e relacionados à idade, tanto no ouvido externo, médio e interno, ou
uma combinação das três. Uma perda auditiva bilateral pode ser tanto simétrica como
assimétrica. A perda parcial ou total de audição, também conhecida por surdez ou
hipoacústica pode ser adquirida quando por doenças, e a congênita que a criança já
nasce surda bilateral.
No século XIX foi fundado pelo imperador D. Pedro II o INES (Instituto Nacional
de Educação de Surdos) no dia 26 de setembro de 1857. Na época, o Instituto era um
asilo, onde só eram aceitos surdos do sexo masculino. Eles vinham de todo o país e
muitos eram abandonados pelas famílias. Em 1931 foi criado o externato feminino
com oficinas de costura e bordado. Com isso, o INES fixa o seu caráter de
estabelecimento profissionalizante. O INES é o centro nacional de referência na área
da surdez, no Brasil, sendo um órgão do Ministério da Educação. Localizado na
cidade do Rio de Janeiro no bairro das Laranjeiras, foi à primeira instituição nesta área
no Brasil.
5
Os objetivos institucionais do INES são a produção, o desenvolvimento e a
divulgação de conhecimentos científicos e tecnológicos na área da surdez em todo o
Brasil, além de financiar a Política Nacional de Educação.
Segundo Goldfeld (2002) enfatiza que:
A história começou muito tempo atrás desde a antiguidade, onde eles eram
vistos como pessoas castigadas por Deus, viam a deficiência como se fosse
alguma obra maligna e por esse motivo que eram mortos. (2002, p. 3).
No século XII, as pessoas que eram deficientes, tanta auditiva como outras
deficiências, não eram considerados humanos, não tendo direito a qualquer benefício.
Surgiram vários educadores que começaram a utilizar métodos para que essas
pessoas pudessem ser alfabetizadas e um dos métodos utilizados foi a oralização e
mais a diante a língua de sinais e outros símbolos visuais com o objetivo de educar
essas pessoas e prepara-los para o mercado de trabalho e o convívio com a
sociedade.
MECHOR SÁNCHEZ DE YEBRA (1526-1586) Segundo Veloso e Filho (2009),
o Monge franciscano Yebra, de Madrid, foi o primeiro a escrever um livro chamado
“Refugion Infirmorum”, que descreve e ilustra o alfabeto manual da época, publicado
sete anos após a morte dele. Yebra usava o alfabeto manual para finalidades
religiosas ao promover entre o povo surdo a compreensão de matérias espirituais.
6
Foi a partir da Idade Média que os surdos começaram a obter atenção
diferenciada pela igreja, mas o clero estava preocupado com os diversos casamentos
consanguíneos e nascendo uma quantidade de crianças surdas. Porém com o
convívio com os surdos os padres em suas comunicações já utilizavam uma
linguagem gestual rudimentar.
Houve neste percurso histórico o Congresso de Milão, que ocorreu em 1880,
decidiu qual seria o melhor método para a educação de surdos e chegou à conclusão
que o oral era a melhor maneira e proibiu a utilização da língua de sinais, chegando
ao extremo de amarrar as mãos das crianças, tal opressão perdurou por mais de um
século. Essa atitude trouxe sérias consequências sociais e educacionais negativas a
este público.
No Brasil o método de alfabetização para crianças com necessidades especiais
é bem recente. Alfabetizar um aluno surdo não é uma tarefa fácil, pois a maioria dos
professores não teve conhecimento sobre a deficiência e nem como funciona a língua
de sinais. Desta forma o aluno surdo acaba não sendo alfabetizado da mesma forma
que um aluno ouvinte.
Procurar saber como ela aprende o que causou a surdez dessa criança faz com
que os professores se sintam mais próximos deles.
3. RESPAUDANDO-SE NA LEGISLAÇÃO
7
No entanto, embora a Declaração de Salamanca e a Leis de Diretrizes e Bases
(LDB), enfatizem a inclusão dos deficientes no ambiente escolar regular ainda havia
confusões na interpretação da lei principalmente na LDB, quando menciona que
deveriam frequentar preferencialmente no ensino regular, esta colocação gerou vários
conflitos.
Para que fosse desfeita essa situação em 1999 com a Convenção de
Guatemala cujo objetivo foi promover a eliminação de todas as formas de
descriminação às pessoas com deficiência, favorecendo assim a plena integração na
sociedade. Na convenção acima a discriminação é vista com diferencial, exclusão ou
ainda como restrição a deficiência impedindo o reconhecimento dos seus direitos
humanos e suas liberdades fundamentais.
Essa Convenção foi ratificada pelo Brasil, no Decreto n.º 3.956, de 08 de
outubro de 2001. Afirma que as pessoas portadoras de deficiência têm os mesmos
direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas e que estes direitos,
inclusive o direito de não ser submetidas a discriminação com base na deficiência,
emanam da dignidade e da igualdade que são inerentes a todo ser humano.
A terminologia atualizada informa que não pode utilizar os termos seguintes:
Portador ou pessoa portadora;
Necessidades especiais;
Aluno ou pessoa especial;
Deficiente.
É correto dizer: pessoa com deficiência, e suas variações.
Para que os sujeitos que apresentam surdez, pudessem se comunicar de forma
efetiva, estudiosos em suas pesquisas com o intuito de ajuda-los numa melhor
comunicação sugere a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). E por meio da Lei 10.436
de 2002 diz que, deve se reconhecer o estatuto linguístico da Língua de Sinais e alerta
que não pode substituir ao português.
E em 2005 no decreto 5626 afirma que a educação de surdos no Brasil deve
ser bilíngue, desta forma garante aos alunos surdos o acesso à educação por meio
de língua de sinais como sua primeira língua e a língua portuguesa como a segunda
língua.
8
4. ALFABETIZAÇÃO: LINGUA PORTUGUESA X LINGUA DE SINAIS
9
É preciso que todos os alunos se sintam envolvidos no processo de
aprendizagem, façam escolhas. Não há mudança no conteúdo para os alunos surdos,
deve ser os mesmos para todos. O que pode diferir são as adaptações curriculares
necessárias para atingir o aluno surdo, como materiais diversificados, de preferências
visuais, pois ajuda no melhor entendimento não só do aluno surdo, mas felicitará o
entendimento de todos.
Oportunizar a compreensão das informações para todos os alunos sem
exceção é o principal papel do professor, assim com esta postura ele mostra o respeito
às diferenças e ensina a respeita-las e promove atividades solidárias.
10
Para que haja a adequação do ensino da língua portuguesa aos surdos ela
deve ocorrer por meio de práticas metodológicas de ensino, utilização da escrita na
interação simultânea professor/aluno, ou seja, na conversação.
Deve se escolher textos de acordo com a competência linguística do educando,
apresentação de referências relevantes sobre o texto, em LIBRAS ou utilizando outros
recursos, explorar o vocabulário e a estrutura do texto, apresentação de textos
escritos, observar e enfatizar os aspectos semânticos e estrutura do texto, estímulo à
formação de opinião e do pensamento crítico, interpretação de textos por meio de
materiais plásticos ou cênicos, adequação de conteúdos e objetivos, avaliação
diferenciada, planejamento de atividades amplas que tenham diferentes graus de
dificuldades, diversidades de atividades para se trabalhar os mesmos conteúdos,
combinação de diferentes tipos de agrupamentos, para estimular a cooperação e
comunicação entre os alunos, utilizar de recursos visuais de comunicação que sirvam
de apoio à informação transmitida oralmente, avaliar o conhecimento do aluno em
todas as áreas, levando em consideração as características da interferência da língua
de sinais em suas produções gramaticais.
Ferreiro apud FERREIRA (2000, p.31) afirma que “nenhuma pratica
pedagógica é neutra. Todas estão apoiadas em certo modo de conceber o processo
de aprendizagem e objeto dessa aprendizagem”.
O professor não deve apegar as suas convicções ou de uma pessoa já
alfabetizada, ou seja, para melhorar o aprendizado dessa criança os professores
deverão adaptar ao seu ponto de vista com o do aluno.
Segundo Quadros enfatiza:
11
O aprendizado dessa língua fará com que o surdo passe a enxergar o mundo
ao seu redor de uma forma diferente, fazendo com que ele tenha uma vida normal
com as pessoas ao seu redor.
Segundo Machado (2005), o aprendizado possibilita o despertar de processos
internos do indivíduo, ligando o desenvolvimento da criança com o ambiente
sociocultural em que vive.
A desigualdade só poderá ser vencida quando os profissionais da educação
proporcionarem uma ligação entre a cultura surda e a ouvinte no processo de
aprendizagem.
12
significativa e de qualidade. Assim eles de verdade estarão fazendo parte de uma
sociedade de direito.
Para que isso aconteça às escolas, devem ter profissionais qualificados
responsáveis pela aprendizagem do aluno surdo, contando com a ajuda de um
intérprete formado em LIBRAS que é outro educador com formação na Língua
Portuguesa, esse atendimento torna-se necessário, só que infelizmente nem todas as
escolas regulares disponibilizam desse atendimento especial.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
13
fazem parte da escola como os que estão fora dela, para que ocorra uma comunicação
igualitária. Em algumas escolas Municipais existe o AEE – Atendimento Educacional
Especializado, que oferece para os alunos o ensino de LIBRAS.
Na maioria das vezes ocorre que o aluno surdo, vai diretamente para a sala de
aula, e às vezes não é oferecido o atendimento especializado, fazendo com que surja
uma grande dificuldade na comunicação do aluno com os demais colegas e
professores. É importante que a criança conheça a língua de sinais e também
frequente a sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE), e aprenda a se
comunicar por meio da Língua Brasileira de Sinais, podendo assim ter grandes
possibilidades de aprendizagem.
Promover habilidades em diferentes áreas no campo de educação é uma
necessidade de todos os educadores que processam estar caminhando ao lado das
transformações previstas para a melhoria das condições de desenvolvimento do
ensino aprendizagem.
Está tramitando como projeto de Lei na Prefeitura do Município de Itapevi - SP,
a proposta do vereador Thiago Silva, o requerimento 31/2021, que seja incluída na
grade curricular o Ensino de Libras, que é o modo de comunicação do aluno surdos.
É preciso que se tenha mais consciência por parte da sociedade para podermos
incluir e compreender a surdez no cotidiano social, fazendo com que essas pessoas
com deficiência sejam tratadas com dignidade como merecem.
6. REFERÊNCIAS
14
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua
portuguesa/Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. 3ª ed. Curitiba: Positivo,2004.
FONTES, Carlos. Educação Inclusiva: Algumas Questões Prévias. Disponível
em: <http://www.educacionenvalores.org/Educacao-Inclusiva-Algumas.html> Acesso
em: 23 jun. 2022.
IBGE. Normas de apresentação tabular. 3. ed. Rio de Janeiro, 1993.
GOLDFELD, Márcia. A criança surda: linguagem e cognição numa
perspectiva sócia - interacionista. 2 ed. São Paulo: Plexus, 2002.
QUADROS, R. M. de.; KARNOPP, L. B. Língua de sinais brasileira: estudos
lingüísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
_________, R. M. de. O ‘BI' em bilingüismo na educação de surdos. In:
Fernandes, E. Surdez e bilingüismo. Porto Alegre: Mediação, 2005.
_________, R. M. A educação de surdos: a aquisição da linguagem. Porto
Alegre. Artes médicas, 1997.
http://www.educarede.org.br/educa/index.cfm?pg=revista_educarede.especiais&id_e
special=98 – Acesso em: Acesso em: 20 de mai. de 2022.
RIBEIRO, Regiane Sales. Processo de Alfabetização dos Alunos Surdos.
Disponível em:
http://www.webartigos.com/_resources/files/_modules/article/article_107706_201305
06004453af5c.pdf. Acesso em: 20 de mai. de 2022.
SALLES, H.M.L, et al. Ensino de língua Portuguesa para Surdos: caminhos
para à prática pedagógica. Brasília: MEC, SEESP 2004. V.2.
SEMKE, IRENE ANGELICA. Processo de Alfabetização de alunos Surdo no
Ensino Regular. Disponível em:
file:///C:/Users/Rosali/Downloads/Irene%20Semke%20-%20TCC.pdf, acesso em 28
mar. de 2022.
SLOMSKI. V. G. Educação Bilíngüe para Surdos: Concepções e implicações
práticas. Curitiba: Juruá, 2011
UNESCO. Declaração de Salamanca. Sobre Princípios, Políticas e Práticas
na Área das Necessidades Educativas Especiais. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf> Acesso em: 29 mar.
2022.
VELOSO, Éden; FILHO, Valdeci Maia. Aprenda a Libras com eficiência e
rapidez. Editora - Mãos Sinais. Curitiba - PR. 2009.
15