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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

ANA PAULA MATIELLO

ALFABETIZAÇÃO DA CRIANÇA SURDA

CARAPICUIBA
2022

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

ANA PAULA MATIELLO

ALFABETIZAÇÃO DA CRIANÇA SURDA

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito
parcial à obtenção do título
especialista em PÓS EM
LIBRAS.

CARAPICUIBA
2022

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ALFABETIZAÇÃO DA CRIANÇA SURDA

Ana Paula Matiello1

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial
ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.

Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação
aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO: Devido às várias falas de professores enfatizando despreparo para ensinar a criança
surda na sala regular, principalmente no ensino fundamental, este artigo tem como objetivo
compreender qual o caminho para a na escola regular, mediante a isso se fez o seguinte
questionamento: Como alfabetizar alunos surdos em sala regular? Para tanto, a pesquisa enfatiza que
é de suma importância identificar quem são os alunos surdos e suas características, esclarecer sobre
a Língua de Sinais e como eles aprendem, comentar alguns fatos como o surgimento da primeira língua
de sinais ocorrida em um mosteiro entre outros, e então expondo os temas relacionados ao bilinguismo
e esta forma de ensino é de grande importância no desenvolvimento de todo o processo educativo para
um melhor aprendizado, sendo primordial que a criança tenha acesso a língua de sinais desde a
infância.

PALAVRAS-CHAVE: Alfabetização. Surdos. Libras.

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anapaula.matiello@hotmail.com

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1. INTRODUÇÃO

Desde a antiguidade as pessoas com deficiência auditivas se comunicavam


com outras pessoas através de gestos visuais. Conforme essa sociedade foi
crescendo, houve a necessidade de padronização dos sinais, através de um vocábulo
e gramática ricos em linguagem. Através da linguagem de sinais pode se saber se
uma pessoa está com fome, sede, nervoso, entre outros.
Observa-se hoje em dia nas escolas que os professores não se sentem
preparados para alfabetizar os alunos com necessidades especiais, principalmente os
surdos, portanto é importante falarmos sobre esse tema no intuito de trazer alguns
subsídios para que possam se apropriar deste conhecimento e assim proporcionar
aos alunos surdos um ensino de qualidade na sala regular.
Para iniciar nossos estudos se faz necessário fazer o seguinte questionamento:
Como alfabetizar alunos surdos em sala regular? Essa é uma das perguntas que os
professores fazem ao deparar-se com alunos surdos em suas salas.
Assim sendo a pesquisa tem como objetivo buscar na literatura e na prática
esclarecer os possíveis caminhos para a alfabetização dos alunos surdos. Para tanto
é de suma importância identificar quem são os alunos surdos e suas características,
esclarecer sobre a Língua de Sinais e como eles aprendem e realizar uma entrevista
com professores que atuam com crianças surdas.
Para a obtenção dos dados necessários para a realização dessa pesquisa será
utilizada como metodologia a pesquisa por meio de livros e periódicos que abordem a
temática no ensino regular. Sendo esta pesquisa de teor relevante à nossa realidade,
ela trará em seu bojo a pesquisa qualitativa.
Sabe-se que não é uma tarefa fácil, no entanto, não é impossível, partindo do
ponto em que um surdo pode aprender LIBRAS para comunicar-se sendo este um
dos direitos do ser humano para assim viver em sociedade.

2. A SURDEZ E SUAS CARACTERISTICAS

De acordo com os especialistas, feito por meio de pesquisas laboratoriais,


quando à perda da audição acaba ocorrendo no período pré-linguístico, ou seja, antes
de adquirir ou pós-linguístico. A surdez apresenta no indivíduo uma limitação para o
seu desenvolvimento, a audição é considerada fundamental para a aquisição da

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linguagem oral, caso ele não o tenha pode causar dificuldades nas relações sociais,
psicológicas e na interação destes sujeitos. Após ter adquirido a perda da audição
essa pessoa pode se comunicar com a sociedade através da língua de sinais,
podendo se comunicar também através da leitura labial desde que as pessoas falem
na frente do surdo, e com boa articulação bucal, agindo assim fica mais claro o
entendimento do que as pessoas estão falando.
Pode se considerar um deficiente auditivo aquele que, por algum problema de
saúde teve perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de
experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua
Brasileira de Sinais - LIBRAS.
As crianças que não tem problemas com a audição adquirem o modelo de
língua naturalmente e o processo ocorre por três estágios, ou seja, língua receptiva
por meio da audição, em seu ambiente linguístico e ouvindo a palavras por várias
vezes acaba por armazená-la; a língua compreensiva a criança consegue relacionar
a palavra ao objeto, relaciona o significante com o significado, a linguagem expressiva
a criança emite a palavra, pois já possui a segurança de seu significado.
A surdez é pode ser considerada perda bilateral, parcial ou total da audição. A
surdez bilateral é uma perda auditiva em ambos os ouvidos. A perda auditiva bilateral
pode ser causada por vários fatores como exposição a ruídos, hereditariedade,
medicamentos e relacionados à idade, tanto no ouvido externo, médio e interno, ou
uma combinação das três. Uma perda auditiva bilateral pode ser tanto simétrica como
assimétrica. A perda parcial ou total de audição, também conhecida por surdez ou
hipoacústica pode ser adquirida quando por doenças, e a congênita que a criança já
nasce surda bilateral.
No século XIX foi fundado pelo imperador D. Pedro II o INES (Instituto Nacional
de Educação de Surdos) no dia 26 de setembro de 1857. Na época, o Instituto era um
asilo, onde só eram aceitos surdos do sexo masculino. Eles vinham de todo o país e
muitos eram abandonados pelas famílias. Em 1931 foi criado o externato feminino
com oficinas de costura e bordado. Com isso, o INES fixa o seu caráter de
estabelecimento profissionalizante. O INES é o centro nacional de referência na área
da surdez, no Brasil, sendo um órgão do Ministério da Educação. Localizado na
cidade do Rio de Janeiro no bairro das Laranjeiras, foi à primeira instituição nesta área
no Brasil.

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Os objetivos institucionais do INES são a produção, o desenvolvimento e a
divulgação de conhecimentos científicos e tecnológicos na área da surdez em todo o
Brasil, além de financiar a Política Nacional de Educação.
Segundo Goldfeld (2002) enfatiza que:

A história começou muito tempo atrás desde a antiguidade, onde eles eram
vistos como pessoas castigadas por Deus, viam a deficiência como se fosse
alguma obra maligna e por esse motivo que eram mortos. (2002, p. 3).

No século XII, as pessoas que eram deficientes, tanta auditiva como outras
deficiências, não eram considerados humanos, não tendo direito a qualquer benefício.
Surgiram vários educadores que começaram a utilizar métodos para que essas
pessoas pudessem ser alfabetizadas e um dos métodos utilizados foi a oralização e
mais a diante a língua de sinais e outros símbolos visuais com o objetivo de educar
essas pessoas e prepara-los para o mercado de trabalho e o convívio com a
sociedade.
MECHOR SÁNCHEZ DE YEBRA (1526-1586) Segundo Veloso e Filho (2009),
o Monge franciscano Yebra, de Madrid, foi o primeiro a escrever um livro chamado
“Refugion Infirmorum”, que descreve e ilustra o alfabeto manual da época, publicado
sete anos após a morte dele. Yebra usava o alfabeto manual para finalidades
religiosas ao promover entre o povo surdo a compreensão de matérias espirituais.

Figura 1 – Alfabeto Manual

FONTE: Veloso e Filho (2009, p.29)

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Foi a partir da Idade Média que os surdos começaram a obter atenção
diferenciada pela igreja, mas o clero estava preocupado com os diversos casamentos
consanguíneos e nascendo uma quantidade de crianças surdas. Porém com o
convívio com os surdos os padres em suas comunicações já utilizavam uma
linguagem gestual rudimentar.
Houve neste percurso histórico o Congresso de Milão, que ocorreu em 1880,
decidiu qual seria o melhor método para a educação de surdos e chegou à conclusão
que o oral era a melhor maneira e proibiu a utilização da língua de sinais, chegando
ao extremo de amarrar as mãos das crianças, tal opressão perdurou por mais de um
século. Essa atitude trouxe sérias consequências sociais e educacionais negativas a
este público.
No Brasil o método de alfabetização para crianças com necessidades especiais
é bem recente. Alfabetizar um aluno surdo não é uma tarefa fácil, pois a maioria dos
professores não teve conhecimento sobre a deficiência e nem como funciona a língua
de sinais. Desta forma o aluno surdo acaba não sendo alfabetizado da mesma forma
que um aluno ouvinte.
Procurar saber como ela aprende o que causou a surdez dessa criança faz com
que os professores se sintam mais próximos deles.

3. RESPAUDANDO-SE NA LEGISLAÇÃO

Entre 07 e 10 de junho de 1994, ocorreu na Espanha a Declaração de


Salamanca, que tem como objetivo o estabelecimento do compromisso do projeto
Educação para Todos, garantindo assim, a oportunidade para crianças e jovens com
deficiências se tornem parte integrante do sistema educacional regular.
Esse documento tem como ponto fundamental mostrar e declarar o direito de
toda criança a ter uma educação de qualidade, dando assim a oportunidade de atingir
o manter o nível adequado de aprendizagem, ou seja, todos que tem necessidades
educacionais especiais devem ter acesso à escola regular.
A pedagogia deve ser centrada na criança, capaz de satisfazer e suprir suas
necessidades, portanto as escolas regulares que são inclusivas e possuem orientação
e meios adequados para combater a descriminação, criam ambientes acolhedores,
construindo assim uma sociedade inclusiva e promovendo educação para todos.

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No entanto, embora a Declaração de Salamanca e a Leis de Diretrizes e Bases
(LDB), enfatizem a inclusão dos deficientes no ambiente escolar regular ainda havia
confusões na interpretação da lei principalmente na LDB, quando menciona que
deveriam frequentar preferencialmente no ensino regular, esta colocação gerou vários
conflitos.
Para que fosse desfeita essa situação em 1999 com a Convenção de
Guatemala cujo objetivo foi promover a eliminação de todas as formas de
descriminação às pessoas com deficiência, favorecendo assim a plena integração na
sociedade. Na convenção acima a discriminação é vista com diferencial, exclusão ou
ainda como restrição a deficiência impedindo o reconhecimento dos seus direitos
humanos e suas liberdades fundamentais.
Essa Convenção foi ratificada pelo Brasil, no Decreto n.º 3.956, de 08 de
outubro de 2001. Afirma que as pessoas portadoras de deficiência têm os mesmos
direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas e que estes direitos,
inclusive o direito de não ser submetidas a discriminação com base na deficiência,
emanam da dignidade e da igualdade que são inerentes a todo ser humano.
A terminologia atualizada informa que não pode utilizar os termos seguintes:
 Portador ou pessoa portadora;
 Necessidades especiais;
 Aluno ou pessoa especial;
 Deficiente.
É correto dizer: pessoa com deficiência, e suas variações.
Para que os sujeitos que apresentam surdez, pudessem se comunicar de forma
efetiva, estudiosos em suas pesquisas com o intuito de ajuda-los numa melhor
comunicação sugere a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). E por meio da Lei 10.436
de 2002 diz que, deve se reconhecer o estatuto linguístico da Língua de Sinais e alerta
que não pode substituir ao português.
E em 2005 no decreto 5626 afirma que a educação de surdos no Brasil deve
ser bilíngue, desta forma garante aos alunos surdos o acesso à educação por meio
de língua de sinais como sua primeira língua e a língua portuguesa como a segunda
língua.

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4. ALFABETIZAÇÃO: LINGUA PORTUGUESA X LINGUA DE SINAIS

A criança surda adquire sua língua ao relacionar a experiência que está


vivenciando com a verbalização ou sinais que ela observa nas pessoas com as quais
se relaciona. Nos estudos de Piaget, ele enfatiza que a linguagem é um sistema para
representar a realidade, sendo ela que torna possível a comunicação entre as pessoas
através da transmissão de conhecimentos e de trocas de experiências.
Conforme as crianças vão crescendo é importante que os responsáveis mesmo
que não saibam a língua de sinais, ofereça o conhecimento através do diálogo
passando informações para a criança surda, devendo utilizar variados recursos como
gestos espontâneos, e desenhos para representar a fala.
Nas diversas leituras é enfatizam a importância de a criança surda aprender a
se comunicar de alguma forma. É importante que os professores realizem atividades
e brincadeiras que estimulem a interação com a criança, ajudando-a a se expressar
através dos sinais.
No momento que a criança surda percebe que cada coisa ou pessoa tem um
nome, seu progresso se torna mais rápido, principalmente se aproveitar situações
lúdicas para favorecer a aquisição linguística.
Algumas atitudes ao lidar com as pessoas surdas são inconvenientes e
inadequadas como se elas não fossem entender a mensagem, no entanto outras são
necessárias e adequadas como acenar ou toca-los no ombro quando quiser falar ou
chamar sua atenção. Devem-se pronunciar as palavras sem exageros e sempre de
frente para manter o contato visual, pois ela pode fazer a leitura labial.
Na visão da autora Magda Soares (2005) a alfabetização ocorre por meio de
práticas sociais da leitura e da escrita, ou seja, através de atividades e letramento.

O letramento é, portanto, condição e ponto de partida na aquisição da língua


oral pelo surdo, o que remete ao processo psicolinguístico da alfabetização e
a explicitação e construção das referências culturais da comunidade letrada.
( BRASIL 2004. p. 77).

Para a alfabetização completa do aluno surdo pode-se dizer que pais e


professores são peças fundamentais na aprendizagem deles, pois os estimulando
desde pequenos com a língua de sinais eles não terão grande dificuldade, pois
acabam se familiarizando com os sinais e terão mais facilidade de aprender.
De acordo com Ferreiro (2000, p.61) assim o processo do aluno surdo varia de
acordo com cada necessidade do aluno.

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É preciso que todos os alunos se sintam envolvidos no processo de
aprendizagem, façam escolhas. Não há mudança no conteúdo para os alunos surdos,
deve ser os mesmos para todos. O que pode diferir são as adaptações curriculares
necessárias para atingir o aluno surdo, como materiais diversificados, de preferências
visuais, pois ajuda no melhor entendimento não só do aluno surdo, mas felicitará o
entendimento de todos.
Oportunizar a compreensão das informações para todos os alunos sem
exceção é o principal papel do professor, assim com esta postura ele mostra o respeito
às diferenças e ensina a respeita-las e promove atividades solidárias.

O fato de passar a ter contato com a língua portuguesa trazendo conceitos


adquiridos na sua própria língua possibilitará um processo muito mais
significativo. A leitura e a escrita podem passar a ter outro significado social
se as crianças surdas se apropriarem da leitura e da escrita de sinais, isso
potencializará a aquisição da leitura e da escrita do português (QUADROS,
2005, p.33).

Alguma providencia o professor em sala de aula precisa considerar, ou seja, o


posicionamento adequado do aluno surdo é imprescindível para que ele possa
alcançar um desempenho satisfatório, portanto centralizá-lo na sala e deixá-lo próximo
para que possa visualizá-los garantindo a leitura labial.
Para o aluno que apresenta surdez o estímulo visual é muito importante e
fundamental como facilitador do seu entendimento.
Portanto como se pode perceber em relação a alfabetização segundo os vários
relatos nas leituras realizadas em artigos e livros em nada difere da dos alunos
ouvintes, sendo que o aluno com surdez se utilizará de pistas auditivas e articulatórias
para a construção da escrita. No entanto para os professores que estão recebendo
este público em suas salas torna-se polêmico ainda. Uma das grandes dificuldades é
que quando a criança ouvinte está em fase de alfabetização, na junção das letras, ela
faz isso apoiado na oralização, já no caso do surdo, o som das letras não faz sentido,
para eles o significado das palavras está nos sinais, não fazendo relação nenhuma
com as letras.
Se aprofundando mais nas leituras, veio à tona a necessidade de entender que
a criança surda só inicia o aprendizado de uma língua escrita após dominar a língua
de sinais ou a fala, a escola deve buscar adaptações para oportunizar o aluno.

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Para que haja a adequação do ensino da língua portuguesa aos surdos ela
deve ocorrer por meio de práticas metodológicas de ensino, utilização da escrita na
interação simultânea professor/aluno, ou seja, na conversação.
Deve se escolher textos de acordo com a competência linguística do educando,
apresentação de referências relevantes sobre o texto, em LIBRAS ou utilizando outros
recursos, explorar o vocabulário e a estrutura do texto, apresentação de textos
escritos, observar e enfatizar os aspectos semânticos e estrutura do texto, estímulo à
formação de opinião e do pensamento crítico, interpretação de textos por meio de
materiais plásticos ou cênicos, adequação de conteúdos e objetivos, avaliação
diferenciada, planejamento de atividades amplas que tenham diferentes graus de
dificuldades, diversidades de atividades para se trabalhar os mesmos conteúdos,
combinação de diferentes tipos de agrupamentos, para estimular a cooperação e
comunicação entre os alunos, utilizar de recursos visuais de comunicação que sirvam
de apoio à informação transmitida oralmente, avaliar o conhecimento do aluno em
todas as áreas, levando em consideração as características da interferência da língua
de sinais em suas produções gramaticais.
Ferreiro apud FERREIRA (2000, p.31) afirma que “nenhuma pratica
pedagógica é neutra. Todas estão apoiadas em certo modo de conceber o processo
de aprendizagem e objeto dessa aprendizagem”.
O professor não deve apegar as suas convicções ou de uma pessoa já
alfabetizada, ou seja, para melhorar o aprendizado dessa criança os professores
deverão adaptar ao seu ponto de vista com o do aluno.
Segundo Quadros enfatiza:

Os deficientes auditivos têm como um dos seus direitos o de ser


alfabetizados em libras, sua primeira língua e o português como
segunda língua, para poder adquirir independência e interação com a
sociedade. ( 2007, p.143)

Os surdos enfrentam muitas dificuldades para sobreviverem na sociedade


cheia de preconceitos. Uma das principais dificuldades enfrentadas por eles é a falta
de comunicação com o mundo dos ouvintes. Por isso devem ser ultrapassados todos
os obstáculos, fazendo com que os surdos se alfabetizem em libras, pois é a principal
porta de acesso do aluno surdo na sociedade.

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O aprendizado dessa língua fará com que o surdo passe a enxergar o mundo
ao seu redor de uma forma diferente, fazendo com que ele tenha uma vida normal
com as pessoas ao seu redor.
Segundo Machado (2005), o aprendizado possibilita o despertar de processos
internos do indivíduo, ligando o desenvolvimento da criança com o ambiente
sociocultural em que vive.
A desigualdade só poderá ser vencida quando os profissionais da educação
proporcionarem uma ligação entre a cultura surda e a ouvinte no processo de
aprendizagem.

As pessoas surdas enfrentam inúmeros entraves para participar da educação


escolar e isso decorre da forma como se estruturam as propostas
educacionais das escolas. Muitos alunos com surdez acabam sendo
prejudicados pela falta de estímulos adequados ao seu desenvolvimento
cognitivo, sócio afetivo, linguístico e político-cultural e tem perdas
consideráveis no processo de aprendizagem, ficando aquém dos demais
colegas da escola. (Tacca e Tunem, 2007, p. 11).

Segundo Soares (1998), o letramento muda a maneira de o surdo ver o mundo,


modifica a sua realidade, possibilitando que sua vida melhore cada vez mais. Dessa
forma, a alfabetização do surdo tanto na língua materna, que é a Libras, como no
Português, a língua na qual se comunicam com a sociedade, deve ser respeitada
como um ser humano diferente e não inferior aos demais.
Ainda segundo a autora,

O letramento não pode ser considerado um “instrumento” neutro a ser usado


nas práticas sociais quando exigido, mas é essencialmente um conjunto de
práticas socialmente construídas que envolvem a leitura e a escrita, geradas
por processos sociais mais amplos, e responsáveis por reforçar ou questionar
valores, tradições e formas de distribuição de poder presentes nos contextos
sociais (SOARES, 1998, p.75).

Falar um modelo de educação bilíngue para surdos implica, por um lado, o


direito à educação minoritária e, por outro, a formação do profissional especializado
que irá garantir esse direito. (...), a formação profissional não se limita a formação de
educadores ouvintes ou surdos, mas uma política educacional voltada para a
formação dos educadores e demais profissionais, bem como as famílias envolvidas
com esta educação sejam surdas ou ouvintes (V. G. SLOMSKI, 2010 p. 78-79).
A parceria entre os profissionais que atuam com os surdos e suas famílias são
de extrema importância para que a inclusão deles seja realizada de forma prazerosa,

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significativa e de qualidade. Assim eles de verdade estarão fazendo parte de uma
sociedade de direito.
Para que isso aconteça às escolas, devem ter profissionais qualificados
responsáveis pela aprendizagem do aluno surdo, contando com a ajuda de um
intérprete formado em LIBRAS que é outro educador com formação na Língua
Portuguesa, esse atendimento torna-se necessário, só que infelizmente nem todas as
escolas regulares disponibilizam desse atendimento especial.

As garantias individuais do surdo e o pleno exercício da cidadania alcançaram


respaldos institucionais decisivo com a lei federal n° 10.436, 24 de Abril de
2002. [...]. Em que é reconhecido o estatuto da língua brasileira de sinais
como língua oficial da comunidade surda com implicações para sua
divulgação e ensino para o acesso bilíngue a informação em ambientes
institucionais e para a capacitação dos profissionais que trabalham com os
surdos. (Heloisa Salles, 2004, p.62).

É muito importante que nas escolas de ensino regulares, tenham a língua de


fácil compreensão, tanto para crianças ouvintes ou surdas, possibilitando a
aprendizagem da leitura, escrita, para que mais tarde possa ser letrada. Por não ter
essa língua em campo educacional, existem surdos que afirmam tentar aprender pela
língua ora, que está presente a todo instante no ambiente escolar, que acaba
fracassando em relação ao aprendizado do aluno surdo em sua língua mãe, ou seja,
a LIBRAS.
De acordo com Botelho,

Em algumas instituições educacionais há ainda a “Abordagem Oralista”, para


ensinar os educandos surdos a falar e portarem-se como ouvintes,
desprivilegiando a linguagem de sinais (LIBRAS). O surdo que aprende a
língua de sinais, não “compartilha” com os professores essa língua, pois a
maioria dos educadores não sabem (LIBRAS), e acabam não a utilizando na
educação dos indivíduos com deficiência auditiva, e sim optam para a
utilização da fala junto com sinais visuais (Comunicação Total 2005, p.112).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebe-se após esta pesquisa que é necessário para a alfabetização do aluno


surdo, fazê-lo dominar primeiramente a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS),
facilitando assim o aprendizado da Língua Portuguesa como sua segunda língua.
Para que o aluno com surdo se adapte no ensino regular é de suma importância
que o mesmo tenha o apoio dos professores, estagiários e também de seus colegas
ouvintes. Seria esplêndido que a LIBRAS fosse utilizada por todos, tantos os que

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fazem parte da escola como os que estão fora dela, para que ocorra uma comunicação
igualitária. Em algumas escolas Municipais existe o AEE – Atendimento Educacional
Especializado, que oferece para os alunos o ensino de LIBRAS.
Na maioria das vezes ocorre que o aluno surdo, vai diretamente para a sala de
aula, e às vezes não é oferecido o atendimento especializado, fazendo com que surja
uma grande dificuldade na comunicação do aluno com os demais colegas e
professores. É importante que a criança conheça a língua de sinais e também
frequente a sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE), e aprenda a se
comunicar por meio da Língua Brasileira de Sinais, podendo assim ter grandes
possibilidades de aprendizagem.
Promover habilidades em diferentes áreas no campo de educação é uma
necessidade de todos os educadores que processam estar caminhando ao lado das
transformações previstas para a melhoria das condições de desenvolvimento do
ensino aprendizagem.
Está tramitando como projeto de Lei na Prefeitura do Município de Itapevi - SP,
a proposta do vereador Thiago Silva, o requerimento 31/2021, que seja incluída na
grade curricular o Ensino de Libras, que é o modo de comunicação do aluno surdos.
É preciso que se tenha mais consciência por parte da sociedade para podermos
incluir e compreender a surdez no cotidiano social, fazendo com que essas pessoas
com deficiência sejam tratadas com dignidade como merecem.

6. REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Programa


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Caminhos para a prática pedagógica. Brasília: MEC, 2004, 2. V
BOTELHO, Paula. Linguagem e letramento na educação de surdos: ideologias
e práticas pedagógicas. Belo Horizonte MG: Autêntica, 2005.
FERREIRA-BRITO, L. Necessidades psico-social e cognitiva de um bilinguismo
para o surdo. In: Congresso Brasileiro de Linguística Aplicada, 1989.
_______________, L. Por uma gramática de língua de sinais. Rio de Janeiro:
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http://www.ines.org.br/ines_livros/ 01/12/2007. Acesso em: 20 de mai. de 2022.

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portuguesa/Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. 3ª ed. Curitiba: Positivo,2004.
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em: <http://www.educacionenvalores.org/Educacao-Inclusiva-Algumas.html> Acesso
em: 23 jun. 2022.
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GOLDFELD, Márcia. A criança surda: linguagem e cognição numa
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QUADROS, R. M. de.; KARNOPP, L. B. Língua de sinais brasileira: estudos
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http://www.educarede.org.br/educa/index.cfm?pg=revista_educarede.especiais&id_e
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Disponível em:
http://www.webartigos.com/_resources/files/_modules/article/article_107706_201305
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SALLES, H.M.L, et al. Ensino de língua Portuguesa para Surdos: caminhos
para à prática pedagógica. Brasília: MEC, SEESP 2004. V.2.
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Ensino Regular. Disponível em:
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UNESCO. Declaração de Salamanca. Sobre Princípios, Políticas e Práticas
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<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf> Acesso em: 29 mar.
2022.
VELOSO, Éden; FILHO, Valdeci Maia. Aprenda a Libras com eficiência e
rapidez. Editora - Mãos Sinais. Curitiba - PR. 2009.

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