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Curso Instrumental - Idiomas

Libras Básico
UNIDADE CURRICULAR 1:

Selecionar e relacionar características e parâmetros


linguísticos da língua brasileira de sinais na comunicação

AULA 2
Modelos Educacionais
para os Surdos
Créditos
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – Senac/SC

Departamento Regional em Santa Catarina

FECOMÉRCIO

Presidente
Bruno Breithaupt

Diretor Regional
Rudney Raulino

Diretoria de Educação Profissional


Ivan Luiz Ecco

Conteudista
Adriana Ewerling Ferreira da Rocha

Desenvolvimento e Editoração
Setor de Tecnologias Educacionais - SETED

Coordenação Técnica
Setor de Tecnologias Educacionais - SETED

© Senac | Todos os Direitos Reservados


Sumário
AULA 2 - MODELOS EDUCACIONAIS PARA OS SURDOS ������ 4
INTRODUÇÃO ������������������������������������������������������������������������������ 4
2.1 ORALISMO ������������������������������������������������������������������������������ 4
2.2 COMUNICAÇÃO TOTAL ����������������������������������������������������������� 5
2.3 BILINGUISMO �������������������������������������������������������������������������� 5
2.4 PEDAGOGIA SURDA ���������������������������������������������������������������� 6
CONSIDERAÇÕES ������������������������������������������������������������������������� 8

REFERÊNCIAS ������������������������������������������������������� 9
Aula 2
MODELOS EDUCACIONAIS PARA OS SURDOS

INTRODUÇÃO

Você acredita que exista uma metodologia para educação de pessoas surdas?
Se sim, é eficaz? Como acontece?
Pense nisso, antes de continuar...

Como pudemos perceber, na aula 1, no princípio da história da educação de surdos, as pessoas surdas
eram consideradas intelectualmente inferiores, por isso eram desprezadas pelos sistemas de educação.
Mais tarde, percebeu-se que as pessoas surdas tinham a capacidade de aprender, e então surgiram
pesquisas e experimentos das diferentes metodologias e formas adaptadas de ensino.

Ao longo do tempo, muitos métodos foram utilizados na educação das pessoas surdas. Acompanhe,
a seguir, os modelos educacionais utilizados historicamente e atualmente na educação de surdos.

Curioso(a)? Vamos lá!

Bons estudos!

2.1 ORALISMO
Esse modelo de educação é conhecido como Oralismo ou Filosofia Oralista. Sua prática iniciou-se
a partir do Congresso de Milão, em 1880.

Você sabe como funciona esse modelo de educação?


O Oralismo tinha por objetivo integrar o surdo na sociedade dos ouvintes. Sua proposta era desenvolver a
língua oral (Português, no caso do Brasil) nas pessoas surdas.

Isso mesmo!

No Oralismo, a linguagem se refere especificamente à língua oral, devendo ser a única forma de
comunicação das pessoas surdas.

Nesta filosofia, a surdez era vista como uma deficiência e precisava ser minimizada, assim estimulavam
a audição, para o aprendizado da língua oral.

O Oralismo utiliza diferentes metodologias que trabalham a oralidade e se baseiam em diferentes


pressupostos teóricos, porém sua base central é a língua oral.

Importante
A Filosofia Oralista não aceita a gestualização e sinais, somente a fala.

Agora, conheça a “Comunicação Total”, outro modelo educacional. Vamos lá!

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Aula 2 - Modelos Educacionais para os Surdos

2.2 COMUNICAÇÃO TOTAL

Ao ler o nome desse modelo o que lhe vem à cabeça? Como é esse modelo educacional?
Diferente do Oralismo, nessa abordagem educacional era permitida utilizar uma série de recursos,
tais como:

ŸŸ língua de sinais,

ŸŸ leitura orofacial,

ŸŸ utilização de aparelhos de amplificação sonora,

ŸŸ alfabeto manual.

Seu objetivo era que a criança surda pudesse se comunicar com todos: familiares, professores,
surdos, ouvintes, e não sofresse consequências do isolamento causados pelas barreiras em que
a sociedade apresentava.

Diante disso, os estudantes surdos poderiam escolher a melhor ou mais conveniente forma de se expressar.

Tanto os sinais da Língua de Sinais da comunidade surda, como os sinais gramaticais modificados eram
utilizados. E, muitas vezes, eram complementados com elementos visuais, para melhor compreensão.

Além da comunicação, a intenção era facilitar a aquisição da língua oral e da leitura e escrita.

A surdez não era entendida como patologia, mas como um fenômeno com significações sociais.

Você conhecerá, agora, o Bilinguismo. Vamos em frente!

2.3 BILINGUISMO

Bilinguismo? Será que existe relação com a palavra bilíngue?

Você fez essa relação?


Se fez a relação entre as palavras, está correto!

O Bilinguismo tem como pressuposto básico a necessidade de o surdo ser bilíngue. Nessa concepção,
a Língua de Sinais oficial do seu país de origem é ensinada à criança surda, desde a infância, como primeira
língua e, mais tarde, é ensinada a língua oral, como segunda língua, no nosso caso a Língua Portuguesa.

Informação
Os precursores desse modelo, conhecidos como bilinguistas, defendem que a língua de sinais deve
ser adquirida, preferencialmente, pelo convívio com outros surdos mais velhos, que dominem a
Língua de Sinais.

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Aula 2 - Modelos Educacionais para os Surdos

Até o momento, você conheceu três modelos educacionais para surdos, agora, conhecerá o quarto,
chamado de Pedagogia Surda. Acompanhe a seguir!

2.4 PEDAGOGIA SURDA


Para iniciar, acompanhe o depoimento de uma professora surda, que descreve a realidade das escolas
de surdo:

Eu sinto que escola própria de surdo era o oralismo, mas agora é a Libras. Eu comparo exemplo,
antes disciplina própria da Libras não tinha, mas agora o que acontece é que profissionais não
têm experiência de planejar, têm preconceito em relação ao surdo, porque acham que [ele] não
aprende [...] o problema é que persiste a comunicação total. Não tem profissionalismo, prática,
falta formação dos professores. (ANDREIS-WITKOSKI, 2012, p. 21).

E surge a Pedagogia Surda, preconizando a presença de um professor surdo. Sendo assim, a criança
surda terá um modelo a seguir, e não se frustrará tentando seguir o modelo do professor ouvinte.

Informação
Essa metodologia defende que crianças surdas, filhas de pais ouvintes, sejam inseridas na escola
bilíngue assim que diagnosticadas com surdez.

O contato com outros surdos, desde a mais nova idade, fará com que a criança assuma a Língua de Sinais.
Desta forma, quando a criança atingir a idade de ingresso à educação básica (no nível de alfabetização),
estará se comunicando naturalmente por meio da sua língua, a Língua de Sinais. E precisará somente
aprender os conteúdos que serão explicados, também por meio da Língua de Sinais.

Perceba que deste modo, a inserção da Língua de Sinais acontecerá naturalmente na vida das crianças
surdas.

A pessoa surda é colocada em contato com sua diferença para que aconteça sua subjetividade e as
trocas culturais. A “diferença” se fundamenta na subjetivação cultural, que surge no momento que a
pessoa surda atinge sua identidade, através da diferença cultural. Nesse espaço, não há mais sujeição
da pessoa surda quanto à cultura do ouvinte, mas sim a aprendizagem nativa própria da pessoa
surda. A Pedagogia Surda utiliza-se da Educação Bilíngue em sua prática.

Você conhece a Educação Bilíngue?

É a mesma modalidade de educação, Bilinguismo, que vimos anteriormente?


A Educação Bilíngue consiste na estratégia utilizada atualmente na educação de surdos, sendo a Libras
a primeira língua. A proposta é que o contato com a Libras aconteça precocemente na comunidade
escolar, assegurando que a criança surda se desenvolva significativamente em relação à Libras, escrita
e de forma geral cognitivamente. Para que isso seja alcançado, é preciso que a equipe de educação
seja multidisciplinar e preferencialmente bilíngue.

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Aula 2 - Modelos Educacionais para os Surdos

Atenção
Respondendo à pergunta, perceba que:

Bilinguismo e Educação Bilíngue são diferentes.

ŸŸ Bilinguismo: estratégia formal de ensino da Língua de Sinais.

ŸŸ Educação Bilíngue: a primeira aquisição é a Libras, a segunda é a Língua Portuguesa para desenvolver
a escrita.

Videoaula
Vamos praticar?

Na aula 1, você teve oportunidade de conhecer alguns sinais em Libras. Está lembrado (a)? Que tal,
recapitular? Para revisar estes sinais, clique nos tópicos a seguir.

ŸŸ Termos.

ŸŸ Regionalismo.

ŸŸ Sinais.

ŸŸ Novos sinais.

Nesta aula 2, você conheceu os modelos educacionais para pessoas surdas, certo? Agora, clique aqui
e assista à videoaula “Modelos educacionais” e conheça em Libras os sinais de cada modelo.

Agora é com você!


Agora, que tal exercitar seus conhecimentos? Para isso, acesse o Material de Estudo na sala virtual
deste curso, no AVA, e realize as atividades propostas sobre os modelos educacionais na educação
das pessoas surdas.

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Aula 2 - Modelos Educacionais para os Surdos

CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da segunda aula do curso de Libras Básico. Durante os estudos realizados até o
momento, você pôde compreender a diferença entre a comunicação da língua oral e a Língua de Sinais,
além de perceber a importância que a Libras tem na vida da pessoa surda.

Nesta segunda aula, você conheceu os tipos de modelos educacionais utilizados para educação surda.
Durante os estudos, observou que alguns desses modelos oprimiam a cultura surda, visto que o processo
educacional do surdo estava intimamente ligado ao fato de que, durante séculos, o método de ensino
utilizado era determinado por ouvintes. Foi com o passar dos anos que a ênfase ao ensino aos surdos
modificou-se. Hoje, a Língua de Sinais (ou Libras) já tem identidade e cultura próprias.

Agora, convido você para os estudos da aula 3, na qual terá oportunidade de conhecer como a Língua
de Sinais foi conquistada pela comunidade surda brasileira.

Seguimos confiantes!

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REFERÊNCIAS

ALMEIDA, W. G. Introdução à língua brasileira de sinais. Ilhéus:


UAB/UESC, 2013.

ANDREIS-WITKOSKI, S. Educação de surdos pelos próprios surdos:


uma questão de direitos. Curitiba: CRV, 2012.

BANCO de Escola: Educação para todos. Surdocego ou surdo-cego


– hífen na terminologia. Tradução: Laura Lebre Monteiro Ancciloto,
2002. Disponível em: http://www.bancodeescola.com/surdocego.
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BOTELHO, P. Linguagem e Letramento na Educação dos Surdos:


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Promulgada em 05 de outubro de 1988. Revisão 1998. Disponível
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a Convenção sobre os Direitos da Criança. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D99710.htm.
Acesso em: 10 jul. 2018.

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BRASIL. Decreto Nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a
Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira
de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de
2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2005/decreto/d5626.htm. Acesso em: 10 jul. 2018.

BRASIL. Lei Nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira


de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com
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Libras Básico 11

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