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GUIA DE ESTUDOS

LIBRAS

LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

PRADO,Sílvia de Cássia Serenini.


Guia de Estudo – Libras: Língua Brasileira de Sinais - Sílvia de Cássia Serenini
Prado. Varginha: IF MACHADO 2022
47p.

1. Surdez 1. 2. Cultura Surda 1. 3. Libras 1. I. Título.


Autora

SÍLVIA DE CÁSSIA SERENINI PRADO –


silvia.prado@ifsuldeminas.edu.br

Licenciada em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras


de Varginha, no ano de 1983 e habilitada em Supervisão Escolar em 1993,
pela mesma instituição. Pós Graduada em Pré-escolar, pela Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras Nossa Senhora do Sion de Campanha no ano
de 1990. Pós Graduada em Educação Especial Inclusiva – Especialização
em Libras pela FAEL. Professora concursada na rede Estadual de Ensino
de Minas Gerais desde 1983. Professora de Libras do UNIS/Varginha,
após concurso em 2007, dando aula no curso de Pedagogia e Educação
Física em Varginha e em outras unidades. Professora substituta do IF
MACHADO desde2022.
TABELA DE ÍCONES

REALIZE. Determina a existência de atividade a ser realizada.


Este ícone indica que há um exercício, uma tarefa ou uma prática
para ser realizada. Fique atento a ele.

PESQUISE. Indica a exigência de pesquisa a ser realizada na


busca por mais informação.

PENSE. Indica que você deve refletir sobre o assunto abordado


para responder a um questionamento.

CONCLUSÃO. Todas as conclusões, sejam de idéias, partes ou


unidades do curso virão precedidas desse ícone.

IMPORTANTE. Aponta uma observação significativa. Pode ser


encarado como um sinal de alerta que o orienta para prestar
atenção à informação indicada.

HIPERLINK. Indica um link (ligação), seja ele para outra página


do módulo impresso ou endereço de Internet.

EXEMPLO. Esse ícone será usado sempre que houver


necessidade de exemplificar um caso, uma situação ou conceito
que está sendo descrito ou estudado.

SUGESTÃO DE LEITURA. Indica textos de referência utilizados


no curso e também faz sugestões para leitura complementar.

APLICAÇÃO PROFISSIONAL. Indica uma aplicação prática de


uso profissional ligada ao que está sendo estudado.

CHECKLIST ou PROCEDIMENTO. Indica um conjunto de ações


para fins de verificação de uma rotina ou um procedimento
(passo a passo) para a realização de uma tarefa.
SAIBA MAIS. Apresenta informações adicionais sobre o tema
abordado de forma a possibilitar a obtenção de novas
informações ao que já foi referenciado.

REVENDO. Indica a necessidade de rever conceitos estudados


anteriormente.
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO INTRODUÇÃO

Ementa Desenvolvimento das Unidades


Objetivos Específicos

UNIDADE I

O que é Surdez?

Causas da Surdez
-Pré-natais
-Pós-natais
- Perinatais

- Classificação das Perdas Auditivas para crianças em Decibéis

-Nomenclatura: DA, Surdo-Mudo, Surdo

LIBRAS -O que é?

LIBRAS – 1ª língua para o Surdo

O papel do Intérprete

Os 5 Parâmetros na Libras

1° Parâmetro - Configuração de mão


2º Parâmetro – Ponto de articulação

3° Parâmetro - Movimento

4° Parâmetro – Orientação/direcionalidade

5° Parâmetro - Expressão facial e/ou corporal

Sistema de transcrição na Libras

UNIDADADE II - Alfabeto e Números na Libras


Alfabeto Manual

Cultura e comunidades Surdas

Vocabulário de Apoio – Boas Maneiras

Atividades com sinais relativos à Material Escolar

Atividades relativas ao ambiente escolar

Verbos mais usados na sala de aula

Negativa verbal

Pronto (terminar), acabar


UNIDADE III

Tipos de frases na Libras

Categoria de Sinais – Animais

Categoria de sinais – Família

Os Surdos enquanto minoria linguística

Uma Breve retrospectiva da Educação de Surdos no Brasil

Diálogos
APRESENTAÇÃO

Aluno(a):

Gostaria inicialmente de parabeniza-lo (a) por ter optado pela


Educação a Distância e fazer dela um ideal de vida! Esta não é uma opção
fácil! Demanda dedicação, disciplina e responsabilidade!
Sei que a Educação é também para você um motivo para crer que
a vida vale a pena! Mas, trabalhar nela não é uma missão fácil, saiba disto!
Ser educador é poder contribuir com a transformação das pessoas!
É fazer com que sonhos se tornem realidades concretas! É luta, conquista,
às vezes derrota, mas na maioria das vezes vitória!
E é com este ideal de luta pela educação que apresento a você este
guia de estudos de Libras!
Posso lhe adiantar que este não é um desafio fácil! É uma nova
língua com a qual você estará tendo um contato! Minha proposta é que,
você conheça um pouquinho do que é ser surdo, sua cultura e
especialmente tenha uma noção básica da Língua usada pela comunidade
Surda no Brasil!
Convido, carinhosamente a cada um a entrar neste sonho comigo!
De conhecer esta maravilhosa história de um povo que tem suas
características, cultura, vida e língua! Prometo a você uma viagem
prazerosa. Teremos de nos esforçar, pois nada na vida vem de graça,
precisaremos pesquisar, elabora ideias, fazer a diferença!
Espero que este trabalho possa transformar-nos em pessoas
melhores, com práticas pedagógicas significativas e realizadoras de
sonhos!

Bom trabalho, a nós todos!

Um abraço!

Profª Sílvia
INTRODUÇÃO

Muitas pessoas acreditam que as línguas de sinais são somente um


conjunto de gestos que interpretam as línguas orais. Pesquisas sobre as
línguas de sinais vêm mostrando que estas línguas são comparáveis em
complexidade e expressividade a quaisquer línguas orais. Estas línguas
expressam ideias sutis, complexas e abstratas. Os seus usuários podem
discutir filosofia, literatura ou política, além de esportes, trabalho, moda e
utiliza-las com funções estéticas para fazer poesia, contar estórias, criar
peças de teatro e humor.

Entre as pessoas que acreditam que a Libras é realmente uma


língua, há alguns que pensam que ela é limitada e expressa apenas
informações concretas, e que não é capaz de transmitir ideias abstratas.

Esses mitos precisam ser desfeitos porque a Libras, como toda


língua de sinais, é uma língua de modalidade gestual-visual, que utiliza
como canal ou meio de comunicação, movimentos gestuais e expressões
faciais que são percebidos pela visão; portanto, diferencia da Língua
Portuguesa, uma língua de modalidade oral-auditiva, que utiliza como
canal ou meio de comunicação, sons articulados que são percebidos pelos
ouvidos. Mas as diferenças não estão somente na utilização de canais
diferentes, estão também nas estruturas gramaticais de cada língua.

Assim, o estudo da Libras deixará de ser meramente mais um


conhecimento que se acumula e passará a ser uma paixão por ser capaz
de fazer um Surdo entender o que o ouvinte diz e também fazer com que
o ouvinte saiba o que o Surdo almeja expressar.

Nesse sentido, este conhecimento tem um papel importantíssimo na


vida profissional de cada um de vocês e também contribuirá para que
sejam seres humanos melhores, porque trata de conhecer um sujeito
diferente e não deficiente, capaz de viver, estudar e trabalhar como todos
nós, contando apenas com o nosso apoio profissional como ponte na
comunicação.
Ementa

O ensino e o uso da Libras nos anos iniciais do ensino fundamental –


aspectos teóricos e práticos:

• Conhecimento acerca da singularidade linguística manifestada


pelos alunos Surdos;

• O ensino e o uso da Libras nos anos iniciais do ensino fundamental


para a pessoa Surda que, por ter perda auditiva, compreende e
interage com o mundo por meio de experiências visuais.
Desenvolvimento das Unidades

UNIDADE I

1 – Fundamentação teórica do que é a Surdez, o sujeito Surdo, a


Libras e sua estrutura.

UNIDADE II

1 – Categorias de sinais básicos para as primeiras comunicações


com o Surdo;

1.1 - Textos que falam sobre a cultura e comunidades Surdas.

UNIDADE III

1 – Categorias de sinais utilizados na prática do dia a dia em sala de


aula;

1.1 – Frases e pequenos diálogos;

1.2 – A educação do Surdo no Brasil – Sua história.


Objetivos Específicos

• Reconhecer o sujeito Surdo, sua história, cultura e Língua;

• Fomentar as discussões e as situações problema para a


conscientização do papel do professor em ambiente escolar com
Surdos e áreas afins;

• Apresentar a Libras como uma Língua independente e


estruturalmente organizada;

• Demonstrar a particularidade linguística do Surdo e a influência que


a Língua de sinais exerce no processo educacional
UNIDADE I

Vamos começar falando sobre o que é Surdez, suas causas e


consequências. Você em sua vida já deve ter perguntado:

• O que significa ser surdo?

• O que causa a Surdez?

• Como prevenir?

• A Surdez traz consequências para a vida? Quais?

Bem, estas e outras perguntas você irá responder no decorrer


desta nossa caminhada. Espero que muitas outras surjam. Saiba
que descobriremos juntos as respostas. A Surdez, a cultura Surda
e a Libras são aspectos que possuem mistérios que
desvendaremos passo a passo!

Denomina-se Surdez a diminuição da capacidade de percepção


normal dos sons, sendo considerado surdo o indivíduo cuja audição não é
funcional na vida comum. Pelo menos 1 em cada mil crianças nasce
profundamente surda. Muitas pessoas desenvolvem problemas auditivos
ao longo de sua vida, por causa de acidentes ou doenças.

Existem 2 tipos de problemas auditivos: O primeiro afeta o ouvido


externo ou médio e provoca dificuldades auditivas normalmente tratáveis e
curáveis.

O outro tipo envolve o ouvido interno ou o nervo auditivo. Chama-se


Surdez neurossensorial.
CAUSAS DA SURDEZ

Pré-natais

• Desordens genéticas ou hereditárias;

• Relativas à consanguinidade;
• Relativas ao fator RH;

• Relativas a doenças infectocontagiosas, como a rubéola;

• Sífilis, citomegalovírus, toxoplasmose, herpes;

• Remédios ototóxicos, drogas, alcoolismo materno;

• Desnutrição / subnutrição / carências alimentares;

• Pressão alta, diabetes;

• Exposição à radiação;

Perinatais

• Prematuridade;

• Infecções hospitalares; outras.

Cuidado com os remédios que se pinga no ouvido! Tanto na


mãe grávida como no bebê eles podem trazer consequências
desagradáveis!

Pós- natais

• Meningite;

• Remédios ototóxicos, em excesso, ou sem orientação


médica;

• Sífilis adquirida;

• Sarampo, caxumba;

• Exposição contínua a ruídos ou sons muito altos;

• Traumatismo craniano, outros.


Certamente você percebeu que, em algum momento já tinha
ouvido falar destas coisas. Só não sabia da seriedade do fato, não
é verdade? Fique atento, pois Surdez é coisa que pode acontecer
com qualquer pessoa; às vezes por um simples descuido! Vamos
ficar alertas e ser cuidadosos com a saúde.
Veja! Dor de ouvido é coisa séria!

PREVENÇÃO DA SURDEZ

• Campanha de vacinação de jovens contra a rubéola;

• Exames pré-nupciais;

• Acompanhamento às gestantes;

• Campanhas de vacinação infantil contra: sarampo,


meningite, caxumba, etc;

• Palestras às mães.

Classificação das Perdas Auditivas para crianças em Decibéis

• Normal • O a 15

• Leve • 16 a 40

• Moderada • 41 a 55

• Moderada Severa • 56 a 70

• Severa • 71 a 90

• Profunda • + de 90

Não se usa estes dados para rotular pessoas, mas para se


conhecer o nível de perda e usar os mecanismos corretos!
•Nomenclatura: DA, Surdo-Mudo, surdo
•Nunca se diz Surdo-Mudo. O Surdo não é mudo. Não fala
porque não ouve. Ou melhor, fala com as mãos. O termo
correto usado pela comunidade Surda e sociedade em geral
é SURDO.

Alunos! Vejam sua responsabilidade! Agora cabe a cada um


disseminar as informações da nomenclatura corretamente!
Se você vir alguém falando Surdo-mudo, mudinho ou outros,
com calma e educação mostre seu conhecimento! Explique!
Pois só pelo conhecimento diminui-se o preconceito!

• LIBRAS - O que é?
• Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS. É uma Língua
comparável em complexidade e expressividade a quaisquer
línguas orais. Expressa ideias sutis, complexas e abstraías.

Veja bem! É uma LÍNGUA, com estrutura semântica,


morfológica e sintática e não uma linguagem que pode ser
mímica, gestos, pantomimas!

• A Língua de Sinais não é universal. Cada uma tem sua


própria estrutura gramatical. Como em cada país as pessoas
ouvintes falam diferentes línguas, também as pessoas
Surdas por toda parte do mundo, que são inseridos em
“culturas Surdas", possuem suas próprias línguas, existindo
assim Língua de Sinais Francesa, Língua de Sinais Alemã,
etc.
• Entretanto, Surdos de países com línguas de sinais
diferentes comunicam-se mais rapidamente uns com os
outros, fato que não ocorre com falantes de línguas orais.
• A LIBRAS é a língua usada pelos Surdos que vivem em
cidades do Brasil onde existem comunidades Surdas, mas há
além dela, registros de uma outra língua de sinais que é
utilizada pelos índios Urubu-Kaapor na floresta amazônica.
LIBRAS – 1ª língua para o surdo

LIBRAS é a língua materna dos Surdos porque, tendo os Surdos


bloqueios para a aquisição de qualquer língua natural oral, só eles vão ter
acesso a uma língua materna que não seja veiculada através de um canal
oral-auditivo.
O papel do Intérprete

Quem é este profissional? O que ele faz? Qual sua importância


no mundo do Surdo?

O Intérprete é uma pessoa que ocupa a função primordial de


estabelecer a intermediação comunicativa entre os usuários de Língua de
Sinais – Libras - e os de Língua Oral – Língua Portuguesa -
traduzindo/interpretando, com o objetivo de assegurar o acesso dos
Surdos á vida.

O exercício da função de Intérprete exige prévia capacitação e


formação específica.

• Reconhecer que em sala de aula, o professor é a autoridade


absoluta, responsável por organizá-la e administrá-la;

• Ser consciente de que não é o professor, limitando-se, assim, às


suas funções específicas, não podendo, sob nenhum pretexto,
substituí-lo, compensa-lo e/ou representa-lo diante dos alunos, pais
professores ou quaisquer outras pessoas;

• Não emitir considerações ou juízos acerca das atitudes do


professor. Caso necessário deve, em momento oportuno, discutir o
assunto diretamente com o professor;

• Redirecionar ao professor os questionamentos, dúvidas, sugestões


e observações dos alunos, a respeito das aulas, pois ele é a
referência no processo de ensino – aprendizagem;

• Esclarecer aos alunos somente as questões pertinentes à língua e


ao processo interpretativo, salvo em casos extraordinários em que
a instituições o incumbir de algum aviso específico aos Surdos.

• Nas avaliações o Intérprete deve esclarecer e apoiar os


professores no que diz respeito à escrita dos Surdos,
acompanhando o professor na correção da avaliação e na leitura de
textos do aluno;

• Traduzir todas as questões da avaliação, sem acréscimo de


esclarecimentos;
O Intérprete é aquele que, em sala de aula ou em qualquer
situação em que o Surdo precisa fazer-se entender ou entender o
ouvinte, traduz uma língua para a outra.
Quanto a ética deste profissional é preciso que não se permita
deixar que este conhecimento “suba à cabeça”, pois é muito sério
conhecer uma língua que poucas pessoas conhecem.
É preciso responsabilidade, pois o intérprete é capaz de manipular
uma conversa ou discussão, conduzindo-a da forma que quiser,
se o intérprete não for fiel ao que o Surdo sinaliza ou ao que o
ouvinte diz para o Surdo!
Finalizando, em dezembro de 2005 foi homologado o Decreto 5626
que prevê, dentre outras coisas, a inclusão da LIBRAS nas grades dos
cursos de formação de professores para o exercício do magistério médio e
superior e nos cursos de Fonoaudióloga de todas as instituições de ensino
públicas e privadas.

Reveja todas as informações apresentadas e se necessário,


entre em contato comigo!

Os 5 Parâmetros na Libras

Agora, vamos conversar um pouco sobre uma coisa muito


importante na Língua de Sinais!
Ao se atribuir às Línguas de Sinais o status de Língua é porque elas,
embora sendo de modalidade diferente, possuem as mesmas
características em relação às estruturas, das línguas orais auditivas.
O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas orais-
auditivas são denominados sinais nas línguas de sinais.
Os sinais são formados a partir da combinação do movimento das
mãos com um determinado formato em um determinado lugar, podendo
este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo –
campo neutro. Estas articulações das mãos, que podem ser comparadas
aos fonemas e às vezes aos morfemas, são u809i-oi chamados de
parâmetros. Na língua oral, se mudar um acento ou letra, muda-se a
palavra. Na Libras também, se mudarmos um parâmetro, muda-se o sinal.
Por exemplo: Em Português, Pará: estado Brasileiro; para:
preposição.

Na Libras, se você trocar um dos parâmetros, muda também o


sinal.

Portanto, nas línguas de sinais podem ser encontrados os seguintes


parâmetros:

1° Parâmetro - Configuração de mão

É a forma da mão presente no sinal. O sinal é feito pela mão


dominante. Não há mão certa para se fazer um sinal.

Os sinais APRENDER, LARANJA e DESODORANTE-SPRAY têm


a mesma configuração de mãos e são realizados na testa, na boca e na
axila, respectivamente.

Vá até a midiateca e baixe o vídeo com a sinalização das


palavras escritas em letras bastão maiúsculas sempre que as
encontrá-las neste guia!

2º Parâmetro – Ponto de articulação

É o lugar onde se incide a mão configurada, podendo esta tocar


alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical e horizontal.

É o lugar onde se incide a mão configurada, podendo esta tocar


alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical e horizontal.

Os sinais TRABALHAR, BRINCAR, PAQUERAR, são feitos no


espaço neutro e os sinais ESQUECER, e DECORAR são realizados na
testa.

3° Parâmetro - Movimento

Os sinais podem ter um movimento ou não. Os sinais citados acima


têm movimento como também os sinais CHORAR e CONHECER.
Já os sinais AJOELHAR e DE PÉ, não têm movimento.
4° Parâmetro – Orientação/direcionalidade

Os sinais têm uma direcionalidade com relação aos parâmetros.


Assim, os verbos IR e VIR se opõem em relação à direcionalidade, como
os verbos SUBIR e DESCER, APAGAR e ACENDER, e ABRIR PORTA e
FECHAR PORTA.

5° Parâmetro - Expressão facial e/ou corporal

Muitos sinais, além dos 4 Parâmetros mencionados, em sua


configuração têm como laço diferenciador também expressão facial e/ou
corporal, como nos sinais ALEGRE e TRISTE.

Alunos! A Expressão é o parâmetro mais importante da


Libras! É através dela que damos o relativo ao tom de voz da
língua oral! É pela expressão que sabemos o tipo de frase que
se está sinalizando!!

Há sinais feitos somente com a bochecha como LADRÃO, ATO-


SEXUAL; sinais feitos com a expressão facial, como BALA, e há ainda
sinais em que os sons e expressões faciais complementam os traços
manuais como MOTO e HELICÓPTERO.

Na combinação dos 5 parâmetros tem-se o sinal. Falar com as mãos


é, portanto, combinar estes elementos para formarem as palavras e estas
formarem as frases em um contexto.

Para conversar, em qualquer língua, não basta conhecer as


palavras e articula-las adequadamente. É preciso aprender as regras
gramaticais de combinação destas palavras em frases e serão estas regras
gramaticais que iremos ver aos poucos.
Sistema de transcrição na Libras

Agora veremos uma combinação que foi feita por uma autora do
material usado pelo MEC como Curso Básico de Libras em Contexto,
linguista Tanya Amara Felipe.
As línguas de sinais têm características próprias e por isso vem
sendo utilizado mais o vídeo para a sua reprodução à distância. Existem
sistemas de convenções para escrevê-las, mas como geralmente eles
exigem um período de estudo para serem aprendidos, neste guia,
utilizaremos um sistema de notação em palavras, igual ao do Libras em
Contexto.
Este sistema, que vem sendo adotado por pesquisadores de línguas
de sinais em outros países e aqui no Brasil, tem este nome porque as
palavras de uma língua oral-auditiva são utilizadas para representar
aproximadamente os sinais.

Assim, a Libras será representada a partir das seguintes

convenções:

l - Os sinais da Libras serão representados por letra

maiúscula:

Ex: CASA, ESTUDAR, CRIANÇA.

2 - Um sinal que tem duas ou mais palavras, será representado por


palavras correspondentes separadas por hífen:

Ex:CORTAR-COM-FACA

Cortar

QUERER-NÃO.

Não querer

Veja! Na Libras, a negativa vem no final!


3 - O sinal soletrado, ou seja, uma palavra do Português que, por
empréstimo, passou a pertencer a Libras por ser expressa pelo alfabeto
manual, com uma incorporação de movimento, está representado por parte
da soletração:

Ex: N-U-N = nunca

M-Ç-O= março
4- Na Libras não há desinência para gênero e número. O sinal que
possui estas marcas terminará com o símbolo @ para reforçar a idéia de
ausência e não haver confusão.
Ex: AMIG@ = amiga(s) ou amigo(s)
FRI@ = fria(s) ou frio(s)

5 - Os traços não manuais; expressões faciais ou corporais; que são


feitas simultaneamente com um sinal, estão representadas acima do sinal.
Ex: NOME interrogativa

6 - Os verbos que possuem concordância de lugar ou número-


pessoal, através de movimento direcionado, estão representados pela
palavra subscrita que indicará: a) pessoa gramatical: Ex: 1SDAR2S,
2SPERGUNTAR1S

7- A datilologia (alfabeto manual), que é usada para expressar


nomes próprios ou palavras que não têm sinal, está representada pela
palavra separada, letra por letra por hífen: Ex: J-O-S-E, V-A-G-A

8 - Às vezes há uma marca de plural pela repetição ou alongamento


do sinal. Esta marca será representada por uma cruz no lado direito acima
do sinal que será repetido.
+ +
Ex: ÁRVORE GOSTAR

9 - Quando um sinal é feito com as duas mãos, ou dois sinais estão


sendo feitos pelas duas mãos simultaneamente, serão representados um
abaixo do outro com indicação das mãos.
Ex: muitas pessoas ANDAR (md)
muitas pessoas ANDAR (me)

Estas convenções foram feitas para representar, linearmente uma


língua gestual-visual, que é tridimensional.
Tudo o que você viu até aqui em termos de sinais encontrará nos vídeos! Vá até
a midiateca sempre e treine!

UNIDADADE II - Alfabeto e Números na Libras

Você já deve ter visto e ouvido pessoas dizerem:


-Ah! É fácil esta Língua de Sinais! É só saber o alfabeto!
Doce ilusão!
A Libras possui um alfabeto manual que é usado para se escrever nomes
próprios e palavras que não tem sinal.
Como o Surdo não possui o sentido da audição, sua visão é aguçada. Por
isto, usa uma língua de caráter visual-espacial!
Tudo o que se vê chama a atenção do Surdo. Ele adora fotografia,
porque registra o que ele não pode contar falando para os outros; usa as
mãos com objetivo, pois esta é sua arma de comunicação, etc.
Para nós, ouvintes, o nome é uma coisa importantíssima, que nos
caracteriza e identifica a cada um: Sílvia, João, Paula, Olavo! O som do
nome bate em nosso ouvido, que encaminha para o cérebro e pronto: o
nome significa aquela pessoa!
E para o Surdo?
Como ele não ouve, Sílvia, João, Paula, Olavo, não significa nada!
O Surdo olha para a pessoa e observando visualmente, dá para ela
um sinal, que pode ser uma marca física como uma pinta na boca, olhos
amendoados, azuis, ou também o sinal da profissão, o número na
chamada, etc.
Quando um Surdo se apresenta, faz a datilologia – escrita com o
alfabeto manual – do nome e imediatamente faz seu sinal!
Eu, como tenho a perna esquerda toda vermelha por um
hemangioma, característica de uma síndrome que possuo, tenho por sinal
VERMELHO e mão na cocha da PERNA ESQUERDA. Quando um Surdo
me procura, não procura pela Sílvia, e sim pelo sinal VERMELHO-PERNA
ESQUERDA.
É somente o Surdo que dá o sinal para o ouvinte. Depois divulga
para seus amigos Surdos!
Deve-se também usar o alfabeto manual para algumas palavras que
não têm sinal como, por exemplo; V-A-G-A, V-A-I, etc
Pode-se também fazer uso do alfabeto manual, quando, por
exemplo, você não sabe o sinal para uma palavra. Você a escreve
para o Surdo e ele faz o sinal. Como por exemplo:
Você escreve para o Surdo: U-R-S-O, e ele sinaliza:

Vou apresentar para vocês o alfabeto manual e os números!

Treinem, baseando-se no vídeo! Está na Midiateca!

Vá até a página www.ok.pro.br e conheça coisas relativas á Libras!


Leia este texto com atenção, porque iremos discuti-lo no ambiente.

Cultura e comunidades Surdas

A palavra "cultura" possui vários significados. Relacionando esta


palavra ao contexto de pessoas surdas, ela representa identidade porque
se pode afirmar que estas possuem uma cultura uma vez que têm uma
forma peculiar de apreender o mundo que os identificam como tal.
STOKOE, um linguista americano, e seu grupo de pesquisa, em
1965, na célebre obra A Dictionary of American Sign Language on
linguístic principies, foram os primeiros estudiosos a falar sobre as
características sociais e culturais dos Surdos.
A linguista surda Carol Padden estabeleceu uma diferença entre
cultura e comunidade. Para ela, "uma cultura é um conjunto de
comportamentos aprendidos de um grupo de pessoas que possui sua
própria língua, valores, regras de comportamento e tradições". Ao passo
que "uma comunidade é um sistema social geral, no qual pessoas vivem
juntas, compartilham metas comuns e partilham certas responsabilidades
umas com as outras". PADDEN (1989:5).
Para esta pesquisadora, "uma Comunidade Surda é um grupo de
pessoas que mora em uma localização particular, compartilha as metas
comuns de seus membros e, de vários modos, trabalha para alcançar
estas metas." Portanto, nessa Comunidade pode ter também ouvintes e
surdos que não são culturalmente surdos.
Já "a Cultura Surda é mais fechada do que a Comunidade Surda. Membros
de uma Cultura Surda se comportam como as pessoas Surdas, usam a
língua das pessoas de sua comunidade e compartilham das crenças das
pessoas Surdas entre si e com outras pessoas que não são Surdas.”.
Mas ser uma pessoa surda não equivale a dizer que esta faça parte
de uma Cultura e de uma Comunidade Surda, porque sendo a maioria dos
surdos, 95%, filhos de pais ouvintes, muitos destes não aprendem a
LIBRAS e não conhecem as Associações de Surdos, que são as
Comunidades Surdas, podendo tornarem-se somente pessoas portadoras
de deficiência auditiva.
As pessoas Surdas, que estão politicamente atuando para terem
seus direitos de cidadania e linguísticos respeitados, fazem uma distinção
entre “ser surdo" e ser "deficiente auditivo". A palavra "deficiente", que não
foi escolhida por elas para se denominarem, estigmatiza a pessoa porque
a mostra sempre pelo que ela não tem, em relação às outras e, não, o que
ela pode ter de diferente e, por isso, acrescentar às outras pessoas.
Ser Surdo é saber que pode falar com mãos e aprender uma língua
oral auditiva através dessa, é conviver com pessoas que, em um universo
de barulhos, deparam-se com pessoas que estão percebendo o mundo,
principalmente, pela visão, e isso faz com que eles sejam diferentes e não
necessariamente deficientes.
A diferença está no modo de apreender o mundo, que gera valores,
comportamento comum compartilhado e tradições sócio interativas, a este
modus vivendi está sendo denominado de "Cultura Surda".
Agora, veremos como fazer ao encontrarmos com um Surdo, numa
situação informal, como por exemplo, na rua, numa festa, etc.
Procure lembrar-se sempre destes sinais das boas maneiras!

Dia Inteiro

Tarde

Noite Desculpar

Com licença Obrigada


Porque Por que?

Os pronomes você aprenderão no vídeo! Vá até a midiateca!

Vamos conhecer uma outra categoria de sinais importante para o seu dia
a dia na sala de aula? São os materiais escolares! Lembre-se! Tudo está
sinalizado no vídeo por sua professora!
Apontador Borracha Caneta Caderno

Giz Lápis Régua

Agora, assista ao vídeo treine! Procure os Lugares da Escola!

Agora faça a atividade relativa ambiente escolar!


Atividades relativas ao ambiente escolar

Marque o certo:

1 – Lugar onde se assiste e participa das aulas:

( ) ( )

2 – Devo ir sempre durante o recreio:

( )

( )

3 – Agora, faça 5 frases na estrutura da Libras usando o vocabulário de apoio.


Depois sinalize.

Na Libras, os verbos são sempre no infinitivo! O tempo verbal é marcado


pelos sinais PASSADO, HOJE, FUTURO. Assista ao vídeo com estes
sinais.

A estrutura das frases na Libras é tópica. Sabe por quê? Como esta é uma
língua de caráter visual, põe-se no início da frase o mais importante, o
tópico principal com isto, você localiza para o Surdo do que se está falando.
Depois, verbo no infinitivo e objeto.
LP: Eu gosto muito de comer arroz e feijão!
LS: ARROZ TAMBÉM FEIJÃO EU GOSTAR+ COMER!

OBS: LP = Língua Portuguesa

LS = Língua de Sinais

Volte a parte do sistema de transcrição da Libras e veja o que significa este +


acima da palavra!

Verbos mais usados na sala de aula

Ensinar Me ensinar Fazer Estudar Escrever

Ler Copiar Trabalhar Perguntar Ter


Precisar Escolher Sentar Esperar Entender

Saber Esquecer
Negativa verbal

Na Libras a negativa vem depois do verbo, como por exemplo:

COMPRAR NÃO
COMER NÃO
FAZER NÃO

Mas alguns verbos, chamamos de ancorados, pôr o sinal, por si só, já ser
negativo, como por exemplo:

QUERER NÃO
SABER NÃO
GOSTAR NÃO
TER NÃO
AINDA NÃO
PODER NÃO
Eu não faço o sinal afirmativo negando com a cabeça! O sinal já é negativo!
Assista ao vídeo com estas sinalizações da negativa verbal da Libras!
Pronto (terminar), acabar

Na Libras, é diferente o sinal de terminar e o de acabar. Usa-se TERMINAR


para quando houver continuidade logo após.
pronto (terminar), acabar

Na Libras, é diferente o sinal de terminar e o de acabar. Usa-se TERMINAR


para quando houver continuidade logo após.

UNIDADE III

Treine, baseando-se no vídeo, as ordens mais comuns dadas na sala de aula


onde haja um aluno Surdo. Remeta-se ao vocabulário de verbos usados na
sala de aula! Vai ajudá-lo
(a)!

Tipos de frases na Libras

Como eu já lhes informei, lá no 5º parâmetro, a expressão facial e corporal


é que vai diferenciar se a frase é afirmativa, interrogativa, exclamativa ou
imperativa! No vídeo, vou sinalizar para você os tipos de frase da Libras!
Observe e treine!

Pronomes e Expressões interrogativas – Quando? Passado, futuro

Que horas?

Quantas horas?

Na Libras, o sinal QUANDO vem acrescido do sinal de FUTURO, se quero


saber se algo vai acontecer ainda.

Ex: LS: CASAR VOCÊ QUANDO (FUTURO)


LP: Quando você vai se casar?

Se a coisa já aconteceu, o sinal QUANDO vem acrescido do sinal


PASSADO.
Ex:: LS: ALMOÇAR VOCÊ QUANDO (PASSADO)?
LP: Você almoçou quando?

ASSISTA AO VÍDEO! FAÇA VOCÊ PARA TREINAR! QUALQUER DÚVIDA


ENTRE EM CONTATO!

Para fazer a diferença entre os sinais QUE HORAS e QUANTAS HORAS


você deve acompanhar o vídeo.
QUANTAS HORAS significa tempo percorrido!
Categoria de Sinais – Animais

Coelho Macaco Elefante Urso Girafa

Leão Cobra Crocodilo Cachorro Gato

Galinha Rato Porco Boi Zebra


Cavalo
Atividades – Família

1 – Numere de Acordo:

( ) ( )

( )
( )

( )

( )
( )
( )

( )

( )

1– Irm@
2-Filh@ adotiv@
3– Madrinha/padrinho
4-Amante
5-Bebê
6-Noiv@
7-Av@
8 - Pai
9 – Menin@
10- Marido/Esposa
Vocabulário - Família
Farei para vocês, em vídeos, mais alguns grupos de sinais que
considero importante que vocês conheçam! Busquem na
midiateca!

• Família
• Animais
• Meses do ano • Dias da semana
• Etc.
Vocabulário de apoio – Meses do ano

OBS: Antes do sinal de cada mês, faz-se necessário fazer o sinal de


mês.
Vocabulário de Apoio
Dias da Semana

Domingo Segunda - feira Terça - feira Quarta-feira

Quinta-feira Sexta-feira sábado

Dia do mês

O sinal para “Dias da Semana”, deve ser feito com Mão em


“D” na lateral da testa, girando para a frente. Para-se com a
palma da mão para fora.
Períodos do dia

****
Abaixo, você encontrará 2 textos que constam no índice!

Leia-os com atenção para nossa atividade.

Os Surdos enquanto minoria linguística

Não se tem registro de quando os homens começaram a desenvolver


comunicações que pudessem ser consideradas línguas. Hoje a raça humana está
dividida nos espaços geográficos delimitados politicamente e cada nação tem sua língua
ou línguas oficiais como, por exemplo, o Canadá que possui a língua inglesa e a
francesa. Os países que possuem somente uma língua oficial são, politicamente,
monolíngues, os que possuem duas são bilíngues e os que possuem mais de duas, poli
lingues.

Mas, em todos os países, existem minorias linguísticas que por motivo de etnia
e/ou imigração, mantém suas línguas de origem, embora as línguas oficiais dos países,
onde estas minorias coabitam, ou politicamente fazem parte, sejam outras. Este é o
caso das tribos indígenas no Brasil e nos Estados Unidos e dos imigrantes que se
organizam e continuam utilizando suas línguas de origem, como nos Estados Unidos e
na França. Os indivíduos destas minorias geralmente são discriminados e precisam se
tornar bilíngues para poderem participar das duas comunidades.

Por isso, pode se falar de bilinguismo social e individual, o primeiro é quando urna
comunidade, por algum motivo precisa utilizar duas línguas, o segundo é a opção de um
indivíduo para aprender outra língua além da sua materna. Geralmente os membros das
minorias linguísticas se tornam indivíduos bilíngues por estarem inseridos em
comunidades linguísticas que utilizam línguas distintas.

Em todos os países, os Surdos são minorias linguísticas corno outras, mas não
devido à imigração ou à etnia, já que a maioria nasce de famílias que falam a língua
oficial da comunidade maior, a qual também pertencem por etnia; eles são minoria
linguística por se organizarem em associações onde o fator principal de integração é a
utilização de urna língua gestual-visual por todos os associados. Sua integração está no
fato de terem um espaço onde não há repressão de sua condição de Surdo, podendo
expressarem-se da maneira que mais lhes satisfazem para manterem entre si uma
situação prazerosa no ato de comunicação.

Quando imigrantes vão para outros países, formando guetos, a língua que levam,
geralmente, é a língua oficial de sua cultura, sendo respeitada, enquanto língua, no país
onde imigram, mas as línguas dos Surdos, por serem de outra modalidade - gestual-
visual - e por serem utilizadas por pessoas consideradas "deficientes" - por não
poderem, na maioria das vezes, expressarem-se como ouvintes - eram desprestigiadas
e, até bem pouco tempo, proibidas de serem usadas nas escolas e em casa de criança
surda com pais ouvintes.

Este desrespeito, fruto de um desconhecimento, gerou um preconceito e


pensava-se que este tipo de comunicação dos surdos não poderia ser língua e se os
surdos ficassem se comunicando por "mímica", eles não aprenderiam a língua oficial de
seu país. Mas as pesquisas que foram desenvolvidas nos Estados Unidos e na Europa
mostraram o contrário. Se uma criança surda puder aprender a língua de sinais da sua
comunidade surda a qual será inserida, ela terá mais facilidade em aprender a língua
oral-auditiva da comunidade ouvinte a qual também pertencerá porque nesse
aprendizado que não pode ouvir os sons que emite, ela já trará internalizado o
funcionamento e as estruturas linguísticas de uma língua de sinais, a qual pôde receber
em seu processo de aprendizagem um feedback que serviu de reforço para adquirir uma
língua por um processo natural e espontâneo.

Isso ocorre porque todas as línguas se edificam a partir de universais linguísticos,


variando apenas em termos de sua modalidade (oral-auditiva ou gestual-visual) e suas
gramáticas particulares, transformando-se a cada geração a partir da cultura da
comunidade linguística que a utiliza. Daí é preconceito e ingenuidade dizer, hoje, que
urna língua é superior a qualquer outra, já que elas enquanto sistemas linguísticos,
independem dos fatores econômicos ou tecnológicos, não podendo ser classificadas em
desenvolvidas, subdesenvolvidas ou, ainda, primitivas.

As línguas se transformam a partir das comunidades linguísticas que a utilizam.


Uma criança surda precisará se integrar à Comunidade Surda de sua cidade para poder
ficar com um bom desempenho na língua de sinais desta comunidade.

Como os surdos estão em duas comunidades precisam manter esse bilinguismo


social, e uma língua ajuda na compreensão da outra.
Uma Breve retrospectiva da Educação de Surdos no Brasil

O mais antigo registro que menciona sobre "Língua de Sinais" é de 368 a.C.,
escrito pelo filósofo grego Sócrates, quando perguntou ao seu discípulo:

“Suponha que nós, os seres humanos, quando não falávamos e queríamos


indicar objetos, uns para os outros, nós o fadamos, corno fazem os surdos mudos, sinais
corri as mãos, cabeça, e demais membros do corpo?"2

Nessa comunicação de ideias por outros sentidos, a comunicação se dá através


dos olhos nos sinais feitos pelas mãos, expressão facial, corporal e, às vezes também,
sons, tudo simultaneamente ou também sequenciado e a pessoa precisa ficar atenta a
todas essas expressões para entender o que está se dizendo. Este é o universo de uma
pessoa que utiliza uma língua de modalidade gestual visual.

A comunicação por sinais foi a solução encontrada também pêlos monges


beneditinos da Itália, cerca de 530 d.C, para manter o voto do silêncio. Mas pouco foi
registrado sobre esse sistema ou sobre os sistemas usados por surdos até a
Renascença, mil anos depois.

Até o fim do século XV, não havia escolas especializadas para surdos na Europa
porque, na época, os surdos eram considerados incapazes de serem ensinados. Por
isso as pessoas surdas foram excluídas da sociedade e muitas tiveram sua
sobrevivência prejudicada. Existiram leis que proibiam o surdo de possuir ou herdar
propriedades, casar-se, votar como os demais cidadãos.

Muitos surdos foram excluídos somente porque não falavam, o que mostra que,
para os ouvintes, o problema maior não era a surdez, propriamente dita, mas sim a falta
de fala. Daquela época até hoje, ainda muitos ouvintes confundem a habilidade de falar
com voz com a inteligência desta pessoa, talvez seja porque a palavra "fala" esteja
etimologicamente ligada ao verbo/pensamento/ação e não ao simples ato de emitir sons
articulados.

Apesar desse preconceito generalizado, houve pessoas ouvintes que


desenvolveram métodos para ensinar surdos a língua oral de seu pais, como, por
exemplo, um italiano chamado Girotamo Cardano, que utilizava sinais e linguagem
escrita, e um espanhol, monge beneditino, chamado Pedro Ponce de Leon, que
utilizava, além de sinais, treinamento da voz e leitura de lábios.

Entre estas pessoas que começaram a educar 05 surdos, algumas acreditaram


que a primeira etapa da educação deles devia ser um ensino da língua falada, adotando
uma metodologia que ficou conhecida como "método oralista puro". Outras utilizaram a
língua de sinais, já conhecida pelos alunos, como meio para o ensino da fala, foi o
chamado "método combinado”.

1. texto produzido em co-autoria com Emeli Marques.

2. Cratyus de Platô, discípulo e cronista, 368 a.C.

Atente-se à forma como são estruturadas as frases na Libras! Já falamos


sobre isto! Por ser uma língua visual, coloca-se no início da frase o mais
importante e depois os complementos.
Os verbos vêm no infinitivo, não há artigos, preposições, verbos de ligação!
Atente-se ao registro e depois aos vídeos!

Diálogos

A – LAPIS, VOCE TER?


B – EU GOSTAR-NÃO LAPIS, ESCOLHER CANETA.

A – LER, ESCREVER, VOCE SABER?


B – SABER, GOSTAR+ !

A – VOCE IR ESTUDAR CASA MINHA?


B – PODER-NÃO, PRECISAR TRABALHAR!

A – BANHEIRO, PODER IR?


B – PODER, MAS, POR FAVOR, DEMORAR NÃO!

A – AMANHÃ NOS-2 FAZER ATIVIDADE?


B – NÃO, EU QUERER BRINCAR!
Atividade usando QUE-HOR@ e QUANT@ HOR@

Assista ao vídeo e numere os parênteses seguindo a seqüência sinalizada pela


professora:

( ) IR CASA SU@ ATÉ ESCOLA, QUANT@ HOR@?

( ) EL@ ALMOÇAR QUE HOR@?

( ) VIAJAR VARGINHA ATÉ Rj ÔNIBUS, QUANT@ HOR@?

( ) VOCÊ IR TRABLHAR QUE HOR@?

( ) BRASIL ATÉ EUA AVIÃO QUANT@ HOR@?

( ) MAMÃE VOLTAR VIAJAR QUE HOR@?

( ) MAMÃE VOLTAR HORA 7 NOITE.

O professor vai escrever, em datilologia as 5 duplas de nomes. Vocês deverão numerar de


acordo com a sequência.

Siga o Vídeo

a) ( ) E-L-I-A-N-A / S-O-N-I-A

b) ( ) S-O-N-I-A / S-U-Z-A-N-A

c) ( ) E-L-I-A-N-A / P-A-T-R-I-C-I-A

d) ( ) L-I-L-I-A-N / D-E-B-O-R-A

e) ( ) D-E-B-O-R-A / D-O-N-I-Z-E-T-E
Responda com sim ou não:

a) As pessoas que ouvem podem fazer parte das Comunidades Surdas


_____________

b) A criança pode adquirir a Surdez na gravidez da mãe, durante o


nascimento e após o nascimento? __________

c) A datilologia substitui os sinais? __________

d) A maioria dos Surdos é filho de pais Surdos? ________

e) A Libras possui 5 importantes parâmetros? ________

REFERÊNCIAS

Felipe,Tanya A . - Libras em Contexto: Curso Básico, livro do Estudante/Cursista –


MEC 2006

Capovilla, Fernando César; Raphael, Valkiria Duarte – Dicionário Enciclopédico


Trilíngüe – Edusp 2001

Bernardino,Elidéa - ABSURDO OU LÓGICA? UMA REFLEXÃO SOBRE A


ESCRITA DO SURDO – Vozes 2004

Santana, Ana Paula – Surdez e Linguagem – Ed. Plexus 2007

Quadros, Ronice Muller de – Língua de Sinais Brasileira – Ed. Artmed 2006

Quadros, Ronice Muller de; Shimiedt, Magali L. P – MEC _ Governo Federal 2006
Quadros, Ronice Muller de, - O tradutor e Intérprete de língua Brasileira de Sinais e
Língua Portuguesa - MEC 2004

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