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L
ídi
a
da Língua Brasileira de
Sil Sinais – Libras
Capítulo
Língua Brasileira de
Sinais – Libras
Lídia da Silva
Curitiba
2010
Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Cleide Cavalcanti Albuquerque CRB9/1424
Silva, Lídia da
S586l Língua Brasileira de Sinais – Libras/ Lídia da Silva. – Curitiba:
Editora Fael, 2010.
164 p.: il.
Nota: conforme Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
1. Educação inclusiva 2. Libras. I. Título.
CDD 371.9
FAEL
Diretor Acadêmico Osíris Manne Bastos
Diretor Administrativo-Financeiro Cássio da Silveira Carneiro
Coordenadora do Núcleo de Vívian de Camargo Bastos
Educação a Distância
Coordenadora do Curso de Ana Cristina Gipiela Pienta
Pedagogia EaD
EDitorA FAEL
Coordenador Editorial William Marlos da Costa
Edição Thaisa Socher
Projeto Gráfico e Capa Denise Pires Pierin
ilustração da Capa Cristian Crescencio
Diagramação Ana Lúcia Ehler Rodrigues
ilustrações Dilmar Kempner Júnior
Ao Ronaldo Quirino, intérprete de Libras, que me indicou este caminho.
apresentação
A produção de textos para a disciplina de Língua Brasileira de Sinais
– Libras, nos cursos de Pedagogia, é crucial e precisa se concretizar.
Prefácio.............................................................................9
Referências...................................................................161
prefácio
Q uando nos deparamos com uma pessoa surda pela primei-
ra vez, algo acontece que faz deste encontro um momento único e
singular em nossas vidas. Para alguns, esse momento vai
significar o confronto com suas dificuldades e limites, que ficará
apenas na memória. Para outros, esse momento vai significar
uma mudança de vida, devido a uma tomada de decisão quanto
às questões relaciona- das à surdez e à língua de sinais. Uma
tomada de decisão que implica
9
na proximidade com a pessoa surda e sua língua.
No meu caso, o efeito do encontro foi o segundo. Diante de
um primeiro contato com uma pessoa surda, fui tomada pelo
desejo de me desafiar e de tentar uma aproximação com ela,
ainda que isso exigisse muito esforço e dedicação, pois o
processo de aprendizagem de uma segunda língua não é uma
atividade das mais fáceis da nossa vida.
A entrada nessa nova esfera linguística me motivou a buscar
cada vez mais conhecimento sobre a Libras e suas implicações
para os sujeitos surdos, e esta busca foi determinante na minha
formação acadêmica e profissional. Hoje sou pesquisadora,
usuária, tradutora e professora de língua de sinais, e me deparo
todos os dias com os de- safios que uma língua espaço-visual
impõe às pessoas que são falantes nativas de uma língua oral-
auditiva. Porém, além dos desafios, me deparo também com a
beleza, com a completude, com a satisfação de poder estabelecer
comunicação por meio das mãos, dos olhos, do cor- po, dos
sinais. Assim se constituiu minha busca, e assim espero que se
constitua a leitura deste livro aos leitores: descobertas recheadas
de desafios e encantamentos.
prefácio
Julgo que os principais desafios que se encontram neste
texto são de ordem mais gramatical, já que é uma tarefa árdua
esboçar grafi- camente os detalhes de uma língua “espacial-
tridimensional”. Minha expectativa é conseguir, minimamente,
esclarecer a constituição dos aspectos fonológicos, morfológicos,
sintáticos e semânticos da Libras, sem esgotá-los, é claro. Até
porque, espero que esse desafio soe como um convite a uma
leitura mais aprofundada sobre o tema, que o leitor possa – após
receber esta introdução – percorrer caminhos mais lon-
10 gos no conhecimento da estrutura gramatical da Libras.
Além disso, acredito que o leitor será tomado de
encantamento ao se deparar com o status linguístico da Libras,
no sentido de poder empregar a característica de “língua” a esta
forma de comunicação, e de não mais creditar como verdade as
falácias sociais ditas sobre ela até então. Esse encantamento pela
Libras, no seu valor e nas suas possibilidades comunicativas, é
que gera condições de entender as implicações sociais da surdez.
Com esse olhar de diferença linguís- tica, torna-se mais fácil
conceber a ideia de uma pessoa viver apenas com experiências
visuais e assim construir toda sua impressão sobre o mundo. É
preciso que tenhamos esse encantamento para podermos, de
alguma forma, contribuir com as discussões sobre os surdos e sua
língua, mas sempre destacamos que eles – os surdos – também
devem ter voz neste processo.
A autora.*
FAEL
Capítulo 1
Surdo Ouvinte
14
Oi
FAEL
Capítulo 1
15
1 Os surdos dão um sinal para cada pessoa e não as chamam pelo nome.
FAEL
Capítulo 1
2 O argumento da “pobreza dos estímulos” é tratado por Chomsky (1957) como uma
atitude platonista, por isso o nome problema de Platão é extraído da questão filosófica,
de como é que o ser humano pode saber tanto diante de evidências tão passageiras,
enganosas e fragmentárias?
3 Epifenômenos são fenômenos adicionais que se sobrepõem a outros, mas sem modificá-
los, nem exercer sobre eles qualquer influência, são fatores sociais, econômicos, políticos,
cultu- rais, etc. (QUADROS; FINGER, 2008, p. 47).
4 Função mental superior é sinônima de função psicológica, e elas são: pensamento,
memó- ria, atenção, raciocínio, percepção, inteligência, linguagem e outras.
FAEL
Capítulo 1
Língua de sinais
Iniciamos pelo signifi-
cado do termo, visto que no Saiba mais
Brasil há duas terminologias Há pesquisas que discutem a melhor grafia
correntes para designar a lín- para a língua brasileira de sinais, se deve ser
gua de sinais utilizada pela LIBRAS (todas as letras maiúsculas), libras
comunidade surda brasileira: (todas as letras minúsculas) ou Libras (apenas
Libras (Língua Brasileira de a primeira letra maiúscula), já que há diferen-
Sinais) e LSB (Língua de Si- ça conceitual nestes diferentes registros. Leia
mais sobre o assunto em: <http://www.fiemg.
nais Brasileira). A primeira
com.br/ead/pne/Terminologias.pdf>.
foi oficializada pela
Federação
Nacional de Educação e Integração de Surdos, e é o termo presente
em documentos legais. A LSB é a sigla utilizada por pesquisadores
que publicam textos internacionais, já que todas as demais línguas
de sinais
do mundo possuem uma sigla com três letras, desta forma, é possível 19
ter uma rápida identificação para LSB. Como Libras é nossa opção
ter- minológica, reproduzimos a seguir o sinal empregado pelos
surdos para nomear sua própria língua:
Libras
FAEL
Capítulo 1
21
22
Dormir Idade
FAEL
Capítulo 1
23
Varrer Opinar
É bom ressaltar que os sinais icônicos não são iguais no mundo todo, pois a
representação que cada falante faz da realidade é diferente, por exemplo, o sinal de
árvore no Brasil é icônico assim como o é na China. A diferença é que aqui
representamos o tronco da árvore e o balanço dos galhos, enquanto lá se faz apenas o
tronco, conforme figuras a seguir:
Árvore Árvore
FAEL
Capítulo 1
FAEL
Casa Casa
30
a b c ç d e
f g h i j k
l m n o p q
r s t u v w
x y z
0 1 2 3 4
5 6 7 8 9
linguístico da Libras:
32 FAEL
E s, podemos destacar que são criados de acordo com a necessidade. É
m o caso de quando entra- mos na faculdade, há uma “enxurrada” de
palavras novas as quais não uti- lizávamos antes, como os termos
s “paradigma”, “piagetiano”, “demanda de mercado”, “psicanálise”,
e “biomorfologia”, “léxico”, “sintático”, “prag- mática”, etc. Na língua de
sinais, isso ocorre da mesma maneira. Os sur- dos têm a capacidade
t de inserir em sua língua palavras novas conforme a necessidade. Daí
r surgem os novos sinais, como os expostos a seguir:
a
t
a
n
d
o
d
e
t
e
r
m
o
s
t
é
c
n
i
c
o
s
c
i
e
n
t
í
f
i
c
o
Neurose Mídia
Capítulo 1
FAEL
Capítulo 1
36
Síntese
Neste capítulo, tratamos das definições preliminares e
apresenta- mos ao leitor a fase histórica pela qual a sociedade está
passando, a cha- mada inclusão. Explicamos que, nessa fase, os
paradigmas sobre a pes- soa surda e sua língua passaram por
reformas não só no que se refere à terminologia – surdo e Libras –,
mas na forma de relacionamento com esta nova realidade. Muito
mais do que saber a forma de tratamento dessas questões, é preciso
que haja um desprendimento para aprender a se comunicar e se
relacionar com os surdos. Isso pode se dar por meio
Língua Brasileira de Sinais – Libras
Língua Brasileira de Sinais – Libras
Glossário
40
Input
É o sinônimo para estímulo linguístico, ou seja, todas as
influências verbais que são dadas às crianças quando estão
aprendendo a falar.
Output
É a forma como a criança expressa o input que recebeu, é o que
ela consegue falar.
Pidgin
É um sistema de comunicação precário. É uma língua
emergencial, porque aparece em situações extremas de barreiras
à comunicação (MCCLEARY, 2008, p. 21).
FAEL
Estrutura
gramatical
da Libras 2
T odo sistema linguístico é organizado em níveis de análise,
sen- do os principais: o fonológico, que se ocupa em estudar as
unidades mínimas da composição das palavras; o morfológico, que
se ocupa com
as escolhas das palavras; o sintático, que se ocupa em organizar as
pala- vras na frase; e o semântico, que busca a relação das palavras
e o sentido que elas têm. Neste capítulo, apresentaremos cada um
destes aspectos linguísticos relacionados à Libras.
Aspectos fonológicos 41
É no nível fonológico que se encontram as considerações
acerca dos fonemas – conceituados como unidade mínima do som.
Nesse sen- tido, não caberiam considerações fonológicas para a
Libras, já que ela é uma língua espaço-visual que não tem som.
Para resolver tal impasse, Stokoe empregou a terminologia
“querema”, ao invés de fonema, para o estudo das unidades
mínimas da língua de sinais. Porém, atualmente, os pesquisadores
de língua de sinais abandonaram o termo, por enten- der o
apontamento de Saussure (1970) quanto a isto. Para o pai da lin-
guística, a forma do significante refere-se a uma imagem acústica
con- vencional, abstraída de realizações fonéticas concretas e
infinitamente variáveis; definição que torna o conceito
suficientemente abstrato para abranger não apenas representações
psíquicas de sons, mas também de gestos (LEITE, 2008). Assim,
quando nos referirmos aos fonemas, es- tamos fazendo menção às
unidades mínimas que compõem a língua.
Além dos fonemas, as línguas naturais também são compostas
por morfemas e palavras, e estas duas articulações – fonemas e
morfemas – é que norteiam a dupla articulação apontada por
Martinet (1978). Esse linguista diz que todas as línguas humanas
possuem a dupla articulação. Por dupla articulação, entendemos um
plano de conteúdos (composto
Língua Brasileira de Sinais – Libras
Ônibus
42
Configuração de
mão Movimento
Localização
Carro
Movimento
Configuração de
mão
FAEL
Capítulo 2
Avião
Movimento
Configuração de
mão
Localização
43
Configuração de mão
44
Aluno Professor
Lápis Caneta
45
Cola Tesoura
Português
Vestibular
ou
Ciências História
46
Uniforme Educação
FAEL
Capítulo 2
Curso Pós-graduação
47
Redação Apontador
Sala Geografia
Caderno Régua
49
Mochila Prova
Química Nota
1 2
50
Dividir Multiplicar
FAEL
Capítulo 2
Locação
O segundo parâmetro – a locação – refere-se ao espaço onde o
sinal será realizado, podendo ser no próprio corpo do sinalizador
ou no espaço neutro (espaço “vazio” a frente do corpo do
sinalizador, precisa- mente entre a cabeça e o quadril), conforme
imagens a seguir.
Sinalização no espaço neutro:
Tartaruga Hipopótamo
51
Foca Mosca
Língua Brasileira de Sinais – Libras
Língua Brasileira de Sinais – Libras
Urso Jacaré
Peixe Borboleta
52
FAEL
Macaco Boi
Galinha Rato
Papagaio Pato
53
Cobra Coruja
Porco Sapo
Dinossauro Zebra
54
Movimento
Movimento, o terceiro – e principal – parâmetro, é bastante
com- plexo, considerando sua vastidão de possibilidades. Em
Strobel e Fer- nandes (1998), vemos que os movimentos podem ser
do tipo sinuoso, semicircular, circular, retilíneo, helicoidal e angular,
sendo possível pro- duzi-los de forma unidirecional, bidirecional ou
multidirecional. Além disso, eles podem ser produzidos com
diferentes tensões, velocidades e frequências. Apresentamos a seguir
alguns exemplos de sinais produzi- dos com diferentes tipos de
movimento.
FAEL
Capítulo 2
Espelho Telhado
55
2
1
Movimento circular
Cerca
1
2
Movimento retilíneo
Liquidificador
56
Movimento helicoidal
Eletricidade
Movimento angular
FAEL
Capítulo 2
57
Cantar Comunicar
58
Bravo Triste
Feliz Cansado
59
Bondoso
Humilde
ou
Esquisito Tímido
Calmo
Inocente
60
ou
Doido Esnobe
FAEL
Capítulo 2
Vaidoso Chato
Chorão Tarado
61
Roubar Sexo
62
Aspectos morfológicos da Libras
Se estivermos entendendo que o nível morfológico é aquele
que compreende o trabalho de seleção das palavras, se faz
necessário, pri- meiramente, definirmos o que entendemos por
palavra. Segundo San- dalo (2001, p. 183), “palavra é a unidade
mínima que pode ocorrer livremente em várias posições sintáticas”.
Entretanto, dentro das palavras, há elementos que carregam
sig- nificado. Esses elementos, chamados de morfemas, é que são
as unida- des mínimas da morfologia (SANDALO, 2001). Na
Libras, conforme Felipe (1998), os parâmetros fonológicos também
podem ser compa- rados a morfemas, pois, às vezes, eles
apresentam significado isolada- mente. Assim como ocorre com o
português, os fonemas podem ter a natureza de um morfema, por
exemplo, os fonemas /a/ e /o/ podem ser artigos ou desinências de
gênero, assim como o fonema /s/ pode indicar o plural.
Do mesmo modo, na Libras, determinada configuração de
mão, por exemplo, pode constituir um morfema. A seguir
ilustramos alguns sinais que podem ser considerados morfemas.
FAEL
Capítulo 2
63
Três semanas
64
FAEL
Capítulo 2
Ontem Hoje
Amanhã Passado
65
Futuro Ano
FAEL
Ter Não ter
67
68
FAEL
Capítulo 2
69
Não resolver
70
FAEL
Casa + cruz = igreja Casa + estudar = escola
Capítulo 2
1
1
71
2 2
2 2
FAEL
Homem + cunhado(a) = cunhado Mulher + cunhado(a) = cunhada
1
2
2
2
1
2
Capítulo 2
2
2
73
74
FAEL
Capítulo 2
1
1
2
2
75
Telefone Telefonar
FAEL
76
O ração de mão em y, na locação perto da orelha e com movimentos
curtos, leves e repetitivos na direção do espaço a frente do corpo do
s sinalizador. O sinal de telefo- nar tem a mesma configuração de
i mão e a mesma locação, mas o mo- vimento é mais alongado,
n firme e único. Se o movimento for alongado, firme e feito mais de
a uma vez, pode dar a ideia de telefonar várias vezes. Da mesma
l forma se configuram estes outros sinais, que diferem sua clas-
sificação nominal ou verbal pela alteração do parâmetro
d movimento:
e
t
e
l
e
f
o
n
e
p
r
o
d
u
z
i
d
o
c
o
m
c
o
n
f
i
g
u
Cadeira Sentar
Capítulo 2
Comida Comer
Pente Pentear
77
Foto Fotografar
Casa Morar
Bebida Beber
78
FAEL
Capítulo 2
Quebrar Rir
Sentir Sujar
79
Trabalhar Viver
Sonhar Gritar
ou
Trair Tentar
80
Ouvir Opinar
FAEL
Capítulo 2
Morrer Preocupar
81
82
Costurar Escrever
FAEL
Capítulo 2
FAEL
Capítulo 2
Flexão
Segundo Câmara Jr. (1985), o termo “flexão” tem sua origem
na língua alemã, e os primórdios de sua utilização aconteceram na
in- dicação do desdobramento de uma palavra em outros empregos.
No português, o autor assinala que a flexão se apresenta sob o
aspecto de desinências ou sufixos flexionais. Para ele, a flexão é a
formação de uma palavra por meio de um morfema, constituindo
uma ideia acessória em que o significado base não é alterado.
Isso demonstra que a flexão é definida como um processo pelo
qual uma palavra é adaptada a um contexto, com o acréscimo de
uma desinência correspondente à função que exerça na frase, de
acordo com a natureza desta, numa relação fechada, indicando uma
modalidade específica. Câmara Jr. (1985) associa, também, ao
conceito de flexão, a obrigatoriedade e a sistematização coerente,
sendo que estas são im- postas pela própria natureza da frase. É
nesse escopo da morfologia fle- xional que se destacam os
processos de flexão nominal e verbal. Sendo
assim, vamos conhecer cada um deles. 85
O primeiro processo, de flexão nominal, pode ser explicitado
por meio dos pronomes. Na Libras, há pronomes pessoais,
demonstrativos, possessivos, interrogativos e indefinidos, conforme
ilustrados a seguir.
● Pronomes pessoais podem representar primeira, segunda e terceira
pessoa, e podem aparecer no singular ou no plural:
Singular Plural
1ª pessoa – eu Nós dois Nós três Nós quatro Nós grupo
Língua Brasileira de Sinais – Libras
Língua Brasileira de Sinais – Libras
Singular Plural
2ª pessoa – você Vocês dois Vocês três Vocês quatro Vocês grupo
86
FAEL
Capítulo 2
● Pronomes possessivos:
Meu (minha) Teu (tua) Seu (sua)
87
Onde? Quando?
● Pronomes indefinidos:
88
Nenhum Nada
FAEL
Capítulo 2
Casa Casinha
Bonito(a) Bonitinho(a)
89
Legal Legalzinho(a)
Calor Calorão
90
FAEL
Capítulo 2
Falar
falar.
1s
Falar2s 5
2s
Falar1s
92
2s
Falar3s
94
1s
Entregar 2s
1s
Entregar 2s + 3s
95
1s
Entregar2s + 3s + 4s
1s
Entregar vários
96
1s
Entregar grupo6
FAEL
Capítulo 2
97
98
FAEL
Capítulo 2
Ir
99
Procurar Encontrar
Cuidar
Cuidar imperfectivo
101
Nesse caso, mantém-se a configuração de mão e a localização
do sinal raiz e altera-se o movimento para alongado, lento e
contínuo. Isso quer dizer que haverá o contato do pulso da mão
ativa com o pulso da mão passiva mais de uma vez, e que o
afastamento da mão passiva será mais alongado em relação ao
afastamento que há na produção do sinal raiz, a retomada do
contato será feita de modo mais lento.
Já com relação ao verbo passear, temos a seguinte observação:
Passear perfectivo
Língua Brasileira de Sinais – Libras
Língua Brasileira de Sinais – Libras
Passear imperfectivo
Esperar
FAEL
Capítulo 2
Esperar imperfectivo
104
FAEL
O que você comer hoje? Você comer hoje o quê?
Como você trabalha? Você trabalha como?
Capítulo 2
Organização espacial
Ao estudar os pronomes, verificamos que eles são utilizados
para marcar as referências pessoais nos verbos com concordância. Em
r elação à
FAEL
Capítulo 2
FAEL
Capítulo 2
110
FAEL
Barulhento Bobo Bondoso
Do que
Flexibilidade da Libras
A Libras é uma língua flexível, e isso pode ser demonstrado
pela “junção” de categorias gramaticais em sua expressão e
composição. Para ilustrar a flexibilidade da Libras, escolhemos
tratar da temporalidade, pois tal nos permite entender esta
característica. Tanto aspecto quanto tempo são noções que se
referem à temporalidade dos eventos, porém, sob diferentes
perspectivas.
A conceituação mais básica de tempo é que ele é uma
categoria gramatical dêitica, que expressa o momento em que ações
verbais acon- tecem e, por isso, pode definir a existência de três
tempos linguísticos: presente, passado e futuro. Sobre questões como
essas e outras peculiari- dades teóricas da conceituação da categoria
tempo, há uma vasta litera- tura, na qual encontramos diferentes
abordagens e discussões dos auto- res. É o caso, por exemplo, de
Benveniste (1989), que diz que o tempo linguístico é aquele que
realiza o tempo do homem, instaurando-o em um discurso, levando
112 em consideração o momento da fala como ponto de referência para
situar os acontecimentos. Para esse autor, o tempo linguístico é
singular por ser organicamente ligado ao exercício da fala, ao fato
de se definir e de se organizar como função do discurso. Cada vez
que um locutor emprega a forma gramatical do presente, ele situa o
acontecimento como contemporâneo à instância do discurso que o
menciona. Nesse sentido, todo discurso instaura um agora que
equivale ao momento da enunciação, o qual transcorre no tempo
presente lin- guístico, em que existe uma concomitância entre o
evento narrado e o momento da narração; e um agora em que
acontece a não concomitân- cia, a qual se divide em anterioridade e
posterioridade ao agora.
Podemos citar, também, autores mais recentes, como Fiorin,
que postulam três momentos relevantes na constituição do tempo:
momen- to da enunciação (ME), momento de referência (MR) e
momento do acontecimento (MA). Fiorin (2002) afirma que a
temporalidade ins- taurada pela língua refere-se também às relações
de sucessividade entre estados e transformações, representadas no
próprio discurso. Com isso, o autor aponta para a existência de dois
sistemas temporais: o enun- ciativo, relacionado diretamente ao
momento da enunciação (ME) e organizado em função do presente
que já está implícito na enunciação; e o enuncivo, ordenado em
função de momentos de referência (MR) instalados no enunciado.
FAEL
Capítulo 2
114
9 Se não for produzido dessa forma, ou seja, se o sinalizador fizer os movimentos para
cima e/ou para frente, haverá um fenômeno agramatical.
FAEL
Capítulo 2
Passado distante
Ontem Anteontem
117
Língua Brasileira de Sinais – Libras
FAEL
Capítulo 2
FAEL
Capítulo 2
Especial
Língua Brasileira de Sinais – Libras
Língua Brasileira de Sinais – Libras
Educação Ensino
122
Algo semelhante se dá com o sinal de famoso. Em Libras, seu
emprego não está relacionado só ao fato de uma pessoa ser muito
co- nhecida, mas também com uma grande habilidade que ela
possua. Há a possibilidade da seguinte construção na Libras: “Ele
Libras famoso”.
Famoso
Polissemia
Vamos pensar na polissemia em Libras de duas maneiras: a versão que
o português impõe aos sinais da Libras e a versão que os sinais da Libras
impõe ao português. Começando pela primeira maneira, vamos pegar uma
mesma palavra e ver as várias possibilidades de sinalização, dependendo do
contexto de realização. A palavra mais pode ser sinali- zada das seguintes
formas se os contextos de realização implicarem nas informações
correspondentes:
123
Sinal para marcar a ação de jun- Sinal para marcar a ação de “mais
tar, aproximar, acrescentar. uma vez”, de repetição.
Sinal para marcar Sinal para marcar a ação de Sinal para marcar
a necessidade de comparação absoluta, como a necessidade de
continuidade no se houvesse um destaque aumentar o som.
percurso. de maioridade, daquele que
está acima de todos.
Ocupado
FAEL
Capítulo 2
Síntese
Neste capítulo, nos debruçamos sobre a gramática da Libras e
olhamos, detalhadamente, para cada um dos seus níveis de análise
lin- guística, a fim de proporcionar ao leitor um conhecimento das
“partes” da língua.
No nível fonológico, observamos que a Libras apresenta três
pa- râmetros principais: localização, configuração de mão e
movimento. Quanto à localização, observamos sua realização no
espaço neutro e no corpo. Quanto à configuração, vimos as
possibilidade de formação de sinais a partir de apenas uma mão, de
duas mãos com formas diferentes ou, ainda, de duas mãos com
formas iguais. Quanto aos movimentos, conhecemos suas seis
possibilidades principais. Ainda com relação ao nível fonológico,
destacamos a existência de pares mínimos e de pa- râmetros
secundários para realização dos sinais: orientação da mão e
expressão facial.
Língua Brasileira de Sinais – Libras
Língua Brasileira de Sinais – Libras
126
FAEL
Implicações
sociais da
surdez
3
N este capítulo, apresentaremos um panorama geral sobre
que
a
pes
as relações sociais que são estabelecidas a partir da experiência da
surdez. Nesse sentido, abordaremos as configurações dos soa
relacionamentos pes- sur
soais (casamento e filhos), as relações de amizade (associação de da
surdos, Feneis) e cultura (cinema, arte). Disso tudo, destacaremos a pre
subjeti- vidade inerente, ou seja, olharemos para o que é cis
impregnado no sur- do a partir de tais vivências: sua identidade e a
cultura. Com relação à escolaridade da pessoa surda, partimos da ser
premissa de que Libras é sua primeira língua e, portanto, deve vist
fazer parte da instrução recebi- da, em qualquer espaço que se for. a
Partindo disso, entendemos que a necessidade de saber o português na
é urgente e esta pode ser sanada com métodos específicos de sua
segunda língua, sendo que, para tal enfoque, destacam-se os rela
processos de leitura e escrita. ção
co
ma
As relações sociais do surdo soc
Analisando sob a perspectiva de que a surdez está inserida e ied
consti- tuída em ambiente e mundo visual, é possível refletir sobre a-
o modo de como as pessoas surdas conseguem interagir com a de,
sociedade e garantir sua participação ativa. Por meio da Libras, a
podemos pensar que elas se inserem e retêm conteúdos visuais sob sur
a forma de expressão. Diante disso, a vida de uma pessoa surda dez
tem peculiaridades distintas em re- lação à vida de uma pessoa co
ouvinte. Ter peculiaridades diferentes não significa, mo
necessariamente, ser melhor ou pior, mas, sim, ser. É desse modo car
acterística que compõe a própria diversidade e a individualização
do ser humano em sua constituição.
127
Língua Brasileira de Sinais – Libras
FAEL
Capítulo 3
Saiba mais
No Brasil, há uma banda conhecida como
Isso significa que o Coda
Surdodum, que trabalha com Olodum tem um ouvido seletivo,
para surdos, um ritmo musical que acentua capaz de não processar alguns
a vi- bração dos instrumentos. Sobre isso sons em sua mente. Por outro
consultar: lado, seus olhos possuem uma
<http://www.clubedochoro.com.br/index2.
sensi- bilidade muito grande,
php?option=com_content&do_pdf=1&id=75>.
Há, também, outros ritmos que os surdos
dando a eles a possibilidade
dançam, como os que tocam nas raves. Já de se aten- tarem a tudo, pois
existem festas especiais para surdos. Sobre ver significa muito para eles.
esse assunto acesse: <http://super.abril.com.br/Não muito di- ferente dos
superarquivo/2004/conteudo_333010.shtml>. surdos, quando os Codas
utilizam estratégias para não
conversar, fecham os olhos
ou desviam o olhar, fato este que ocorre independente da pessoa ter
ou não surdez.
Pensar no processo de construção da identidade surda da
pessoa que é ouvinte não seria algo tão complexo se somente
houvesse co- munidades que partilham do mesmo sentimento.
130 Porém, a realidade não é bem assim. Essas crianças que falam
Libras desde a infância e que enxergam a surdez como constituição
cultural, social e política irão precisar de um ambiente com
características diferentes destas, no caso, a escola. Para Skliar
(2001), a escola deve ver o sujeito como instrumen- to/meio de
produção de sentidos e aplicar seus diversos mecanismos de
atuação para impor saberes, culturas, valores e identidades.
Nesse ambiente dotado de pessoas que, certamente,
desconhecem essa língua e as questões que envolvem a surdez, as
crianças acabam sendo concebidas como deficientes e, devido a tal
visão, os membros da escola estabelecem relações pouco íntimas
com os alunos e seus pais. Comumente, os pais do Coda não
recebem convites para eventos esco- lares ou quando o filho não
apresenta bom rendimento escolar, devido à dificuldade quanto à
comunicação, pois nessas situações não há nin- guém com
capacidade para estabelecer a interação entre eles.
Diante desse afastamento, a escola estabelece um abismo que a
separa dos pais do aluno Coda. Nesse ambiente, os pais se tornam
seres estranhos, e com isso o prejuízo torna-se presente e
generalizado. A es- cola não consegue atribuir a esses pais a
c ndição de pais, mas, sim, de surdos, cabendo à criança a
o responsabilidade dos pais, porque ela ouve.
FAEL
Capítulo 3
Reflita
No meio da comunidade surda, especialmente entre os
intérpretes, é muito comum que o fato de ser Coda seja um
diferencial, um status. Isso porque se julga que se é filho de surdo,
será um excelente sinaliza- dor, e isto procede, considerando que
tais pessoas aprendem a Libras como os surdos – como primeira
língua. Mas daí pensar que estas pes- soas são, automaticamente,
bons intérpretes, não significa depreciar todo um trabalho
estruturado de técnicas tradutórias? Até porque, no Brasil,
existem excelentes intérpretes que não são filhos de surdos e que
conseguiram, por meio de estudos e pesquisa, um bom desen-
volvimento linguístico e técnico. É claro que, se os Codas
desejarem se profissionalizar, eles terão “vantagem” em
detrimento aos demais ouvintes, pois já têm a língua adquirida,
além de serem peritos e mes- tres no quesito identidade e cultura
surda. Porém, a automatização é complicada, pois, conforme
discutimos no texto, a convivência com pais surdos – em alguns
casos – gera algumas consequências sociais
Reflita
Esse é um caso muito específico de pais surdos com filhos
ouvin- tes. Em se tratando de uma situação paralela, em que pais
surdos têm filhos surdos, os problemas que os Codas enfrentam
quanto à família talvez não existissem, pois os estímulos seriam
aceitos de forma natural e o processo de desenvolvimento da
criança seria semelhante ao de uma criança ouvinte com pais
ouvintes.
Skliar (2001) aponta que, dentro da relação pais surdos e filhos
surdos, todas as intervenções ocorrem na língua de sinais. Pais e
filhos se utilizam dela para propor a ação de uma atividade,
compartilhar ou estar em desacordo com propostas e para
132 estabelecer a atividade com objetivo de organizar algum aspecto da
ação. Sendo assim, é possível pensar que a aquisição da linguagem,
em seu processo, ocorre do mes- mo modo em crianças surdas e
ouvintes. Em relação aos Codas, o pro- cesso de aquisição da
língua é idêntico ao de uma criança surda filha de pais surdos,
diferenciando-se apenas se o pai ou a mãe forem ouvintes, pois,
neste caso, o processo se dará de modo bilíngue, em que a criança
aprenderá duas línguas ao mesmo tempo.
De acordo com Grolla (2006), a criança adquire uma língua
natu- ral sem que seja preciso passar por treinamentos intensivos ou
estímulos linguísticos. O simples contato com a língua possibilitará
à criança de- senvolver sua expressividade linguística – os itens
lexicais e a estrutura gramatical que ela já possui de forma inata.
Tal processo irá ocorrer de maneira mais facilitada mesmo na
ausência de uma fala dirigida a ela. A universalidade da aquisição da
linguagem explica que, independente da língua ou do
desenvolvimento das habilidades motoras, como amarrar sapatos
ou desenhar formas geométricas, ocorrerá uma apropriação de
enunciados diversos. Para a autora, no caso das crianças estarem no
mesmo ambiente físico, por mais que os inputs oferecidos sejam
dife- rentes quanto à forma, a língua adquirida será a mesma, além
disso, diz que a aquisição da linguagem ocorre num período curto
d e tempo.
FAEL
Capítulo 3
<http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL732407-5598,00-BEBES+SU
RDOS+DEVEM+APRENDER+LINGUA+DOS+SINAIS+NOS+PRIMEIRO
S+MESES+DE+VIDA.html> e <http://www.ecs.org.br/site/default.aspx>.
Língua Brasileira de Sinais – Libras
Língua Brasileira de Sinais – Libras
FAEL
Capítulo 3
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Capítulo 3
FAEL
Capítulo 3
da língua, que até então vem sendo utilizada, é a Glosa. Esse inic
sistema pa- liativo transcreve as línguas de sinais com auxilio dos ial,
códigos da língua oral. Quase sempre, esse recurso é muito bás
limitado, pois não abrange as sutilezas visuais da língua de sinais, ica,
sendo muito utilizado em pesquisas linguísticas, com o objetivo de nu
promover uma tradução em que os pes- quisadores podem propor ma
outras discussões em relação à estrutura da língua de sinais, nos ferr
níveis sintático, fonológico e morfológico. am
ent
Dessa forma, a ferramenta adequada para a fixação da língua
a
de sinais seria o SignWriting, demonstrando ser uma nova be
linguagem que modela o pensamento e o organiza quando escrito. m
Semelhantemente ao que ocorreu com as línguas orais, a ela
implantação de um método de escrita para as línguas visuais bor
possibilita abertura ao desenvolvimento da cultura e produção de ada
conhecimento nas comunidades surdas, uma vez que a escrita de ,
sinais consegue armazenar e propagar, por gerações, informações
entre as pessoas. No entanto, para que isso se torne real, é preciso
que essa ferramenta seja ensinada aos usuários das línguas de
sinais. A maior dificuldade é que não existem profissionais
formados para desempenhar tal tarefa, e as ações relacionadas com
a alfabetiza- ção dos surdos em escritas de sinais são ações isoladas
e específicas de pesquisadores, cujos objetivos são descobrir e
aperfeiçoar métodos de ensino para o SignWriting.
No Brasil, podemos citar o trabalho da Prof.ª Dra. Marianne
Rossi Stumpf (2005), que aponta que as crianças surdas, ao
aprenderem a escri- ta de sinais, passam pelo mesmo processo de
alfabetização que as crianças ouvintes em relação ao português. A
pesquisa também demonstra que o SignWriting é uma ferramenta de
escrita que o surdo assimila com maior facilidade, pois ela se
objetiva a uma representação visual de uma língua que é visual. A
escrita de sinais, por ter como fundamento elementos visuais, é para
o surdo um sistema de grafia muito mais compreensível do que o
alfabético, fundamentado em elementos fônicos. A criação dessa
ferramenta se deu nos anos 70 do século XX, mas somente agora
teve início sua divulgação e implantação. A princípio, essa
ferramenta foi ela- borada como uma forma de registrar as
coreografias a serem realizadas numa apresentação de dança. Uma
vez percebida a oportunidade de apli- car tal ferramenta às línguas de
sinais – representando seus movimentos, configurações, expressões –,
empreenderam-se pesquisas no sentido de tornar aquela ferramenta
145
aponta com a régua aquilo que deve ser lido), ou aqueles que
tornam evidente a silabação (junção de b + a = ba), pois,
atualmente, o foco de discussão incide sobre práticas de
letramento. O letramento possui sua abordagem mais globalizada
quanto à língua, ou seja, propõe o trabalho em forma de texto e não
com palavras, sílabas ou frases. Para a criança surda, isto é muito
significativo, pois ela não consegue fazer uma leitura linear – os
olhos não percorrem palavra a palavra dentro do texto –, mas
visual, isto é, irá destacar aquilo que mais se eviden- cia (imagens,
letras negritadas, itálicas, cores, etc.). Após isso, concede abertura
para uma aprendizagem mais significativa, ou seja, a partir do texto
pode tratar de questões diversas quanto à realidade.
A leitura consiste no primeiro passo e, para Quadros (1997), o
professor deve passar para o aluno surdo o texto integral, contendo
elementos visuais, diferenciando o tipo de texto a cada aula, como
des- critivo, narrativo, dissertativo e permeado de função social
explícita, como: cartazes, panfletos, anúncios de jornal e outros.
Possuir o texto em mãos, na íntegra, significa que, se o
148 professor for reproduzi-lo, deve garantir sua formatação e cores,
evitando escrevê-lo no quadro. Deve também possuir uma cópia
ampliada, em slide ou transpa- rência, a fim de que haja exploração
na leitura. O aluno surdo não lerá em voz alta. Então, caso o
professor proponha este tipo de atividade para a sala, deve “pular” o
surdo. Tal atitude não significa ser excludente, pois o respeito fica
estabelecido quando a pessoa é tratada com os mesmos di- reitos e com
sua especificidade. Esse aluno deverá rea-
lizar a sinalização quanto ao texto, manifestando
um sinal equivalente. Deve percorrer visualmente
todo o texto e, em seguida, sinalizar a temática do
texto, que informações possui, que palavras já
conhece e se tais palavras podem ser aplicadas
naquele contexto. Após essa realização, cabe ao
professor ajudá-lo no aperfei- çoamento da leitura.
Antecipadamente, o professor precisa ter planejado
algumas perguntas para fazer ao aluno surdo (não
sendo interpretação de texto), uma orientação para
que o aluno seja estimulado a pensar sobre o
conteúdo que está sendo abordado naquele texto.
Dessa forma, a leitura procederá conforme o texto.
A seguir, um exemplo de como realizar esse tra-
Fonte: São Paulo (2007). balho, baseado no cartaz ao lado.
FAEL
Capítulo 3
149
alaranjado
amarelo
cor-de-rosa
FAEL
Capítulo 3
uma das únicas formas de acesso às atualidades, pois são privados esc
das informações que são veiculadas de forma auditiva na rev
sociedade. Com a possibilidade de o aluno interagir com o a end
temática do texto, ele pode ser levado pelo professor a refletir o,
sobre o conteúdo apresentado. No momento da interpretação do col
texto, quando as questões relativas às considerações abordados oca
pelo autor são pontuadas, o professor se colo- ca como um ria
mediador, estabelecendo relações, visando traçar paralelos e “o
sugerindo uma conversa intertextos, ou seja, a intertextualidade. me
nin
Essa função do professor, para Silva (2001), é de suma
a”?
importância para que o aluno obtenha uma referência na leitura e,
E
ao aluno surdo, é como se pudesse confirmar as hipóteses que ele
assi
levanta. Isso porque, como esse aluno ainda está no processo de
m,
aquisição da língua escrita e trabalha com dificuldade frente aos
códigos da língua portuguesa, ele procura descobrir o significado
de algumas palavras e, em situações assim, a intervenção do
professor pode ser decisiva para o aluno.
Depois, algo tão importante quanto o processo de leitura é o da
elaboração escrita, pois é quando o aluno tem a oportunidade de
ma- nifestar o seu entendimento sobre a temática apresentada, ele
sente-se participante no processo de aprendizagem. No trabalho
com a escrita, o professor poderá propor temas a serem discutidos
com todo o grupo. Temas esses que, se forem apropriados à idade
das crianças, poderão promover grandes discussões, produtivas ao
aprendizado. Em seguida, o encaminhamento para a aula de
português e a metodologia utilizada para trabalhar o letramento
com as crianças surdas serão iguais aos dos alunos ouvintes, com o
diferencial de que o canal de comunicação será o espaço e a visão,
quer dizer, a interação se dará por meio da Libras (BRASIL,
2002a). A fim de elucidarmos a proposta apresentada, segue o
exemplo de um trabalho com a temática: materiais escolares.
Em relação a essa proposta, o objetivo principal pode ser o da
apropriação das palavras relacionadas ao tema, bem como a
elaboração de frases curtas a ele pertinentes. Após a leitura do
texto sugerido, o professor irá propor atividades para que reflitam
sobre a língua. Sendo assim, é interessante obter sentenças modelo
que possam servir de fon- te para outras situações semelhantes.
Dessa forma, pode-se exibir uma parte do texto, como: “O menino
escreveu com o lápis.” e indagar a colocação do pronome seguido
do sujeito da sentença na seguinte situa- ção: se você é uma menina
151
FAEL
Capítulo 3
FAEL
Capítulo 3
Síntese
Neste capítulo, vimos que a vida de uma pessoa surda tem
peculia- ridades que não se encontram na organização de uma
pessoa ouvinte. Além disso, vimos que o surdo prefere se casar
com outro surdo, para ter uma comunicação facilitada, que quando
têm filhos surdos a relação é amena, ao passo que quando os filhos
são ouvintes (Codas) haverá uma dupla constituição psicológica, o
que poderá acarretar em algumas difi- culdades de relacionamento.
Destacamos que a aquisição da linguagem da criança surda
acontece nos mesmos moldes da criança ouvinte.
FAEL
Capítulo 3
159
Língua Brasileira de Sinais – Libras
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FAEL
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