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A LIBRAS foi idealizada para que estudantes tenham contato com a cultura surda, que
envolve os preconceitos linguísticos existentes no Brasil e, também, as abordagens de
ensino para a Educação de Surdos.
O que você receberá, aqui, são informações que, com certeza, irão lhe auxiliar na tomada
de decisões em seu percurso profissional, caso em sua rotina diária você encontre pessoas
surdas ou outros profissionais que trabalhem com pessoas surdas. O contexto histórico de
lutas e exigências quanto a Educação dos Surdos no Brasil é cheio de acontecimentos,
proibições e conquistas. Desde já anuncio que será feito um retrospecto desses fatos. A
partir da convivência com os surdos, conforme o andamento dos nossos estudos,
perceberemos que é uma comunidade que lida em sua maioria com “guetos”. Geralmente,
os surdos optam por parceiros com características em comum. Muitos se mostram
inseguros com a aproximação e presença de ouvintes, por conta da incompreensão, este
comportamento é resultado das ações que perduram por muitos anos, o que ainda acontece
até hoje. No entanto, as dificuldades que foram vistas no passado serviram para se chegar
a um momento mais pertinente e acessível.
Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo!
Olá! Se bem-vindo(a) à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento
de algumas competências profissionais até o término desta etapa de estudos.
Ao trabalho!
O surdo no contexto histórico das sociedades
Quais conhecimentos você tem sobre deficiência auditiva? Com certeza já ouviu falar a
respeito dos surdos, deve ter visto pessoas dizendo: “todo surdo é mudo”, “são muito
agitados, se irritam fácil”, “leem nossos lábios”. Mas, a maioria das informações que
adquirimos através do senso comum sobre esse assunto não são reais.
[…] considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage
com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente
pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras. Parágrafo único. Considera-se
deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou
mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz
(Decreto nº 5.626 de 22 de Dezembro de 2005.)
É preciso saber diferenciar a pessoa surda e entender que a surdez é a perda da audição,
que ocasiona, em muitos casos, a perda congênita, que, por conseguinte, faz surgir a
necessidade de comunicar-se pela língua de sinais.
Crianças que nascem com a audição intacta podem ter a audição comprometida. A
dificuldade pode acontecer por doença que causa a inutilidade da audição ou até
traumatismos e/ou lesões. Na maioria das situações, a pessoa que aprendeu a expressar-
se, após o ocorrido da lesão, que ocasionou a perda auditiva, adquirirá outra forma de
comunicação. Já os surdos de nascença, eles não são considerados deficientes porque já
se adaptaram a outros meios compensatórios de interação e comunicação.
Deixar claro essa diferença já é um bom começo para o entendimento da cultura surda,
porque ela é bem vivenciada no ambiente da comunidade.
Pertencem à cultura surda aqueles que não tem audição e se apropriam da língua de sinais
para se expressar. Os deficientes auditivos, que por alguma lesão ou trauma em algum
momento da vida e que adquiriram a surdez, aprenderão e se beneficiarão da nova forma
de comunicação.
Segundo Strobel (2008), os surdos tiveram um início de história visto por duas
expectativas, que é o olhar doutrinário e medicinal, das quais as pessoas surdas eram
representadas por pessoas com anomalias nos ouvidos, na composição vocal e no cérebro.
Esses pacientes tinham o empenho dos médicos, que estudavam acerca da fala e da
aprendizagem dos surdos com expectativas de possibilidades. Já, na visão doutrinária
religiosa, inicialmente, a igreja tinha a crença de que, como os surdos não ouviam se
comunicavam pela fala, eles não poderiam ter os perdoados deles pecados e,
consequentemente, seriam condenados ao inferno. Para a salvação, a Igreja
disponibilizava os membros do clero na prática da assistência a essas pessoas surdas.
Assim, os padres e demais religiosos tornaram-se responsáveis, zelando e cuidando da
educação dos surdos.
E diante desse olhar, antes de entender que nem todo surdo é mudo, o termo surdo-mudo
foi utilizado, em muitas situações, incorretamente, já que a mudez não tem relação com
a surdez. Como ainda não havia motivação para que os surdos desenvolvessem a fala,
surgiu essa expressão que “todo surdo é mudo”, que na verdade não deve ser usada.
As terapias de fala auxiliaram nessa quebra de mito, porque desenvolvem a fala dos
surdos e isso é um estímulo, se um surdo não se expressa por meio da fala,
necessariamente não é mudo. Porém, provavelmente, não obteve orientações para o seu
desenvolvimento, como exercícios que estimulam a comunicação oral.
Vamos refletir juntos sobre como se dá a cultura surda, fazendo, algumas perguntas como,
por exemplo, o que é cultura? Ela está relacionada apenas aquilo que é retratado por meio
da arte? Do conhecimento? Não, não podemos nos prender somente a isso, pois existem
várias formas de expressão e entendimento do conceito de cultura. Muitos significados
indicam o que é cultura, mas, aqui, vamos considerar cultura como uma linha de
comportamento, que traz uma percepção de um grupo social, no caso, os surdos.
Para dar uma definição de cultura surda, é coerente partir do senso que existe uma
separação, que parte de ouvintes e próprios surdos, que não compartilham de uma mesma
cultura. Observe o que dizem Santana e Bergamo.
Um outro modo de discutir a questão da cultura surda é bem mais complexo. Desse lado,
não vale a pena entrar em jogos teóricos como, por exemplo, se existe ou não cultura
surda e seu oposto, a cultura ouvinte [...]. Em outras palavras, seria preciso entender por
que persistem as opiniões em favor da cultura surda e entender quais as vantagens em
adotar (e defender) essa ideia. Assim, não parece interessante partir de uma ideia rígida e
preconcebida do que seja ou não cultura (SANTANA; BERGAMO, 2005, p. 574).
A história da cultura surda supera séculos. Concordava-se que o surdo tinha habilidade
de desenvolver a língua falada, por isso ele foi obrigado a utilizar a língua oral, mas a
oralização não trazia sentido, o vocabulário não remetia a nenhum significado e, a partir
da introdução da língua de sinais, foi possível a compreensão da linguagem e de tudo que
lhe rodeava;
Mundo solitário
No livro O voo da gaivota, uma autobiografia de Emanuelle Laborit, a autora surda relata
a sua rotina solitária, que por orientação médica havia sido recomendada a não se
relacionar com nenhum surdo, porque deveria ter em mente o aprendizado da língua oral.
Mesmo fazendo uso do aparelho auditivo, as palavras expressadas oralmente não faziam
sentido: “Quero entender o que dizem. Estou enjoada de ser prisioneira desse silêncio que
eles não procuram romper. Esforço-me o tempo todo, eles não muito. Os ouvintes não se
esforçam. Queria que se esforçassem” (LABORIT, 1994, p. 39).
Quando ela tinha por volta de 7 anos de idade, o pai dela ouviu no rádio uma notícia que
envolvia a surdez e a língua de sinais, se interessou e pensou que para ela talvez surgisse
ali uma esperança em relação as possibilidades comunicativas de sua filha. Após esse dia,
a autora relata a importância da língua de sinais para a sua vida em seu cotidiano.
Após esse relato, atesta-se que a língua de sinais auxilia em um novo sentido como surda,
abrindo os caminhos para a comunicação e compreensão daquilo que ainda era
desconhecido, possibilitando, de fato, a comunicação.
Acesso e conhecimento
É bem normal relacionarmos a palavra cultura à língua de sinais, como se a cultura fosse
formada apenas pela representação linguística. A língua de sinais foi uma estratégia de
relacionamento com o mundo, ajudou a tirá-lo do isolamento que o cercava.
A língua de sinais propiciou a formação de grupos sociais que interage e participa de uma
comunidade surda.
Veja também o que diz a própria autora do livro Libras em Contexto, Tânia Felipe:
“A comunidade surda é formada regionalmente por pessoas que moram em determinadas
localizações, que buscam as mesmas metas, portanto, uma comunidade surda também
pode ter ouvintes, enquanto que a cultura surda é compartilhada de forma universal
somente pelos surdos, pois os membros da cultura surda comportam-se como pessoas
Para falar sobre a comunidade surda, inicialmente, precisamos entender que ela é
regional, ou seja, formada por pessoas que moram em determinadas regiões, que almejam
os mesmos objetivos e que também pode ter ouvintes, já a cultura surda é compartilhada
de forma mais ampla, universal, aceita somente surdos, pois os membros da cultura surda
demonstram um comportamento singular comportam-se como surdos, comunicam-se
através da língua de sinais e repartem experiências e crenças.
Esse debate de conceitos, de estudos não finda de forma fácil, segundo Laraia (2008, p.
63), “provavelmente nunca terminará, pois uma compreensão exata do conceito de cultura
significa a compreensão da própria natureza humana, tema perene da incansável reflexão
humana”.
Existe uma cultura para o surdo, é a comunidade onde ele está inserido, onde se comunica
e desenvolve signos para expressar interação na língua que é de sua propriedade.
“Anular o passado e requerer o presente se mostrou como artefato cultural para os surdos.
outros fizessem a sua história, os dominassem, se tornou a marca mais deprimente. Diante
disto, surgem novos feitos e novas interpretações no cotidiano. Neste sentido, se
por aí... Temos outros caminhos que, mesmo desconhecidos, merecem ser trazidos à tona,
vivenciados e narrados por constituírem a genuína história natural e cultural dos surdos.
De fato, temos nossas lutas de significação quais sejam: a busca por educação bilíngue,
por políticas para a língua de sinais no Brasil, pela abertura das portas das universidades,
por posições de igualdade, por ter intérpretes de língua de sinais e por serem válidos os
nossos direitos. Além desses, há muitos espaços que possibilitam novos signos e
significados que nos motivam, estando presentes em nosso cotidiano e que nos trazem
diferentes
Indico o filme “O milagre de Anne Sullivan” (The Miracle Worker, 2000), dirigido por
Nadia Tass, que traz a história da escritora Helen Adams Keller, surda e cega, como ela
venceu certas dificuldades. O auxílio e compartilhamento da Mestre Anne Sullivan,
deficiente visual que lhe instruiu a língua dos sinais ainda na sua fase infantil, Helen
Keller veio a ser uma filósofa e jornalista excelente. Para assistir, acesse LINK.
Identidade surda
[...] Lugar de vida, de recreação, de aprendizado para os surdos. Lugar de encontro com
os pais enredados nas mesmas dificuldades, com os profissionais da surdez, que colocam
em causa as informações e as práticas do corpo médico. Pois eles estavam decididos a
ensinar uma língua, a língua de sinais. Não um código, um jargão; mas uma verdadeira
língua. Lembrando-se da primeira vez em Vincennes, mamãe conta: - Senti um medo
terrível. Confrontava-me com a realidade. Era como um segundo diagnóstico. As pessoas
eram calorosas, mas ouvi histórias sobre o sofrimento de crianças, o isolamento terrível
que tinham vivido antes. Suas dificuldades de adultos, seus combates permanentes.
Vomitei tudo aquilo. Havia me enganado. Tinham me enganado dizendo: ‘com a
reeducação, com o aparelho, ela vai falar...’. Meu pai conta: - Era como se até então não
houvesse escutado, ou não houvesse desejado escutar ‘um dia, ela FALARÁ’. Vincennes
é um outro mundo, o da realidade dos surdos, sem indulgência inútil, mas também o da
esperança dos surdos. Certamente, o surdo chega a falar, bem ou mal, mas trata-se apenas
de uma técnica incompleta para muitos deles, os surdos profundos. Com a língua de
sinais, mais a oralização e a vontade voraz de comunicação que sentia em mim, iria fazer
progressos espantosos. O primeiro, o imenso progresso em sete anos de existência acabara
de acontecer: eu me chamo ‘EU’ (LABORIT, 1994, p. 52-53).
Laborit, retrata o quanto conseguiu se encontrar, já que a proximidade com surdos e com
a língua de sinais proporcionou uma releitura de sua identidade e a sentir-se pertencente
a alguém.
A identidade relatada foi buscada com a ajuda da cultura surda, que opera de maneira
individual no âmbito da aprendizagem, diferente da vivência anterior.
Reconhecer a si mesma pode ser chamada de uma identidade, há uma autenticidade para
o surdo que é diferente do ouvinte, e até entre os próprios surdos. Como se pode ver mais
abaixo, há 5 possibilidades de identidade para o surdo.
Identidade surda: geralmente, a identidade relaciona- se aos filhos surdos de pais surdos,
instruídos a conviver com a percepção visual. Uma autenticidade que se destaca na
atuação pelos direitos do surdo, que necessita da língua de sinais para desenvolver uma
linguagem.
Identidade surda híbrida: é uma percepção evidente nos surdos que nasceram com a
audição intacta e lidam com a língua portuguesa e a língua de sinais. É uma analogia
peculiar em diferentes momentos, porque são conhecedores da estrutura do português
verbalizado.
Identidade de transição: os surdos mantidos em cárcere na igualdade de ouvintes,
viveram parte da vida convivendo e contatando com pessoas que se expressavam
verbalmente e não se relacionavam com surdos. Essa mudança acontece ao conhecer a
comunidade surda e daí passarem pelo processo de “des- ouvintização” comumente.
Grande número de surdos passa por esse estágio, posto que são filhos de ouvintes.
Identidade surda incompleta: nessa identidade, o surdo encontra dificuldade para
assumir-se, para ingressar na comunidade surda, justamente, por não fazer talvez uso total
da língua de sinais, persiste em percorrer ambientes que fazem parte da rotina de ouvintes.
Em outras palavras, ele não compreende e não fala na mesma simetria do ouvinte e, por
isso, não está inserido plenamente em nenhum dos grupos.
Identidade flutuante: são surdos que se expõem a partir do domínio dos ouvintes.
Retratado pelo surdo que tem ciência ou não, que é surdo, mas a sua postura é de um
ouvinte e insistem nisso a qualquer custo, assimilam que são surdos, se esforçam e
pensam que a vida seria melhor como ouvintes. Nessa identidade, o surdo despreza ou
não tem compromisso com a cultura surda e vive em uma situação de conformidade
(PERLIN, 1998).
É possível um ouvinte demonstrar uma autenticidade surda, em famílias. Quando
os pais são surdos e os filhos ouvintes, é comum, o uso da língua de sinais como
língua materna, para apenas após um tempo adquirirem a língua portuguesa.
Conceito sobre surdez e surdez na visão clínica e socioantropológica
Além dos mitos que ouvimos sobre a cultura surda, existem outras crenças sobre a
língua de sinais que é importante sabermos ao certo. Por exemplo, a mímica pode
ser considerada sinais, a língua de sinais expressa pensamentos, percepções,
opiniões, possibilita a discussão e resolução de assuntos e convicções complexos,
porém importante como assuntos relacionados a nação.
Ainda sobre os mitos que envolve a relação dos surdos, mesmo após a conquista da
inserção da língua de sinais, é importante lembrar que os surdos enfrentaram
impedimentos que levaram a uma certa dificuldade de aceitação por parte da
sociedade, presença de intolerância no ambiente familiar e escolar. Segundo
Strobel (2008), nas décadas de 1970 e 1980, a aquisição de aprendizagem era
indiferente, de controle e de disciplinamento. As crianças surdas eram proibidas de
fazer uso da articulação gestual, quando não, eram comparadas a macacos e
obrigadas a se expressar oralmente, mesmo que de forma forçada, para serem
respeitadas.
Witkoski (2009) desmistifica esse mito ao expor que os surdos, na sua maioria, não
fazem leitura labial. Vários fatores envolvem o sucesso desta técnica, como a
articulação e a proximidade dos interlocutores, por exemplo. Fatores que podem
colaborar ou atrapalhar a leitura labial, já que a obtenção da proficiência nesta
modalidade comunicativa depende muito da postura do locutor, o que não é uma
prática simples. O sujeito deve se posicionar com os lábios de frente para o
receptor, deve haver similaridade nas articulações específicas das letras e o
conhecimento anterior das palavras proferidas. Todos esses fatores influenciam no
processo de leitura labial.
A autora ainda ressalta que não é possível realizar leitura labial em toda situação,
até porque a leitura não supre a falta de audição por conta do acesso às palavras
expressas oralmente e identificadas pela leitura labial. Tal ação, por si só, não
garante a compreensão de tudo o que é verbalizado.
Essa ideia equivocada da leitura labial, que motiva o surdo a interagir de forma
falada com um ouvinte, traz à tona outro mito: o de que os surdos ouvem algumas
coisas que são do interesse próprio, e ainda que consigam e se esforcem para
compreender uma informação, é muito difícil assimilar o diálogo na sua totalidade,
pois até com o uso do aparelho auditivo existe a dificuldade em se adaptar com os
ruídos que o aparelho capta, o que dificulta a recepção da mensagem, e se o
receptor não entende a língua de sinais, é possível que não se estabeleça uma
interação.
resgato a situação de uma linda menina surda, de sete anos, que conheci. Estava
língua de sinais. Nessa hora chegou à mãe de uma das alunas, que estava
ela se comporta bem. Em casa ela não faz nada. Se não mandar tomar banho, não
vai; fica só deitada no sofá assistindo à televisão. O pior é que às vezes ela começa a
gritar, cada grito, que chega a doer os meus ouvidos!’. Perguntei se ela sabia a
língua de sinais. Respondeu: ‘Não, não tive tempo ainda, tenho a casa para cuidar,
Na situação apresentada a filha não atende ao pedido da mãe, que questiona o fato
de a filha se relaciona apenas com amigos da escola, levando em consideração que
em casa a menina demonstra que é “surda”. No entanto, essa postura pode estar
mais relacionada com a apreciação que a filha tem pelo uso da língua de sinais, que
a proporciona entendimento de fato.
Aspectos filosófico e legal na educação do Surdo
A identidade surda está ligada à língua de sinais. Essa relação depende de como a
língua de sinais é inserida como uma possibilidade de comunicação.
Vygotsky (1991) ressalta que as ações cognitivas essenciais de um ser humano têm
relação direta com a sua história social, que traz a memória da sociedade na qual a
criança desenvolve-se socialmente, o que é bem relevante para a formação do
pensamento e para processo de aquisição de conhecimento. A língua tem um papel
fundamental na designação de como a criança desenvolverá o seu aprendizado.
Perlin (1998), chama a atenção para a aquisição de uma identidade que é repelida
ao indivíduo no ambiente em que ele habita. Um surdo que tem contato contínuo e
direto com um ouvinte irá ponderar a surdez como uma deficiência tratável e
guiará a sua identidade sob essa perspectiva. Por outro lado, é positivo o surdo que
tem a oportunidade de conviver e vivenciar uma comunidade de surdos com
ouvintes, porque essa relação desenvolverá uma identidade que favorece e
evidencia a diferença e não a deficiência.
a maioria das pessoas surdas sentem-se mais à vontade para ter relacionamento
e dividir sentimentos com outra pessoa surda;
as frases com gênero humorístico em tom de piadas afastam o desejo de
conhecimento sobre a língua de sinais e sua cultura;
a abordagem sobre assuntos sobre relacionamento, educação e visão de mundo
pode ser representada em cenas teatrais.
Disponível em:
Os surdos precisam e devem ter acesso a uma educação bilíngue, que dê ênfase a
língua de sinais como sua língua natural, bem como o aprendizado da língua
portuguesa, como segunda língua” (BRASIL, 2006, p. 71).
regular em Libras e são bilíngues, pois são os responsáveis pelas turmas e realizam
Segundo o Decreto Federal (BRASIL, 2005), essa educação está dividida seguindo
os critérios apresentados a seguir.
Ensino infantil e Anos iniciais do fundamental: formação obrigatória de
professores bilíngues para atuação em escolas e classes de educação.
Anos finais do ensino fundamental, médio e no técnico profissional: não se faz
obrigatório que os professores sejam bilíngues, porém, é importante conhecer
as especificidades linguísticas e o processo de ensino-aprendizagem dos
alunos surdos.
Segundo Lodi (2013, p. 54), “para que a língua inicial de instrução escolar seja a
Libras, é necessário mudanças e reivindicações, uma vez que até mesmo a escrita
das duas línguas é diferente”.
O ensino infantil, assim como os primeiros anos do fundamental, deve ser cursado,
obrigatoriamente, em escolas bilíngues. Já os demais níveis podem ser
frequentados em escolas comuns, sob a orientação de professores com o perfil
conhecedor da língua e intérpretes contratados, objetivando facilitar o acesso aos
conteúdos curriculares, em todas as atribuições didático-pedagógicas e no auxílio e
facilidade às atividades institucionais. Embora a escolarização do aluno surdo
possa acontecer por intermédio de docentes que entendam as particularidades do
ensino de surdos, fica notório que essa organização não descaracteriza uma escola
bilíngue.