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Resumão

LIBRAS
Chama-se pessoa surda (ou surdo) àquela que é portadora de surdez e que
possui uma identidade, uma cultura, uma história e uma língua próprios.
Em meados dos anos setenta, emergiu uma nova forma de encarar a surdez,
que encara o surdo como pertencendo a uma comunidade linguística
minoritária, pelo facto de usar uma língua distinta da maioria ouvinte.
Estudiosos há que acreditam que "o problema dos surdos não é a surdez …
mas as representações dominantes". Assim, a concepção antropológica
defende como um de seus objetivos primários garantir o acesso dos surdos à
língua gestual, a sua língua de aquisição natural.
O Dia Mundial do Surdo é comemorado por membros da comunidade surda de
todo o mundo (surdos e ouvintes) no último domingo do mês de Setembro, com
objetivo de relembrar as lutas da comunidade ao longo das eras, como por
exemplo, a luta em prol do reconhecimento da língua gestual nos diversos
países do globo.

Identidade e cultura surda


É a interação social que nos socializa. As escolhas sobre o ambiente linguístico
em que a criança crescerá, a opção do uso ou não da língua gestual e a
escolha de ajudas técnicas e tipo de educação adoptado vão determinar a
maneira como o desenvolvimento social da criança se irá processar.
Se for negada à criança a oportunidade de adquirir e desenvolver uma língua
natural, crescerá com um enorme défice a nível linguístico, que comprometerá
todo o seu desenvolvimento social, cultural, psicológico e afetivo, o que
dificultará na construção indenitária de qualquer criança inclusive uma criança
surda. Pelo contrário, se a criança for exposta a uma língua gestual poderá
adquirir um conhecimento cultural, sobre o mundo e as relações interpessoais,
semelhante ao adquirido por uma criança ouvinte, afinal criança é criança
ouvindo ou não, enxergando ou não, andando ou não.
A comunicação é vital na construção da identidade. O contato precoce entre o
adulto surdo e a criança surda, através de uma língua gestual, é o que
proporcionará o acesso à linguagem. Desta forma, estará também assegurada
a identidade e cultura surda, que serão transmitidas naturalmente à criança
surda pelo adulto surdo em questão. Quanto mais precoce o acesso à língua
gestual, mais cedo a criança adquirirá uma identidade própria, consciente e
sólida.
No entanto, de acordo com a história dos surdos, as representações sobre a
surdez sempre foram fundamentadas por mitos com base na religião, na
ideologia, nos interesses de foro económico e nas diferenças sociais. Estas
representações afetam o processo identitário do surdo, participando de
processos de inclusão/ exclusão dos membros da sociedade e padronizando a
"normalização social".
Segundo estudos, o surdo apenas se sente pessoa se a sociedade o
considerar como tal.] O surdo, na sua diferença, representa um perigo. Daí
advém a tentativa de muitos de considera-lo apenas uma pessoa com
deficiência. No entanto, o surdo como pessoa existe - esta é uma diferença que
existe, que estigmatiza o surdo - a sua negação estigmatiza-o ainda mais, já
que não permite o seu desenvolvimento, a sua formação de identidade como
ser inteiro e integrante de uma comunidade de indivíduos diferentes como ele
mesmo.

A Libras é uma língua reconhecida por lei no Brasil


A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é língua reconhecida por lei no Brasil
desde 2002. Ela é uma língua completa (e não linguagem), com estrutura
gramatical própria. Na Libras, por exemplo, não existem tempos verbais ou
artigos – a organização das informações é totalmente diferente do português.
Não só os sinais são importantes, mas também as expressões faciais e
corporais. Dependendo do sinal, ele pode ser igual nas mãos, mas com uma
expressão diferente, ele pode mudar todo o sentido de uma frase.

Cerca de 80% dos surdos do mundo são analfabetos nas línguas escritas


De acordo com a WFD (Federação Mundial dos Surdos, na sigla em inglês),
80% dos surdos de todo o mundo têm baixa escolaridade e problemas de
alfabetização. E no Brasil a situação não é diferente, já que a grande maioria
dos surdos não tem uma boa compreensão do português, ou seja, não
entendem ou têm dificuldades para ler e escrever. Por conta disso isso, eles
dependem exclusivamente da língua de sinais para se comunicar e obter
informação. A dificuldade de aprendizado da língua portuguesa escrita pode
estar ligada a diversos fatores, como a impossibilidade de aprender através da
fonética e som, a aquisição de linguagem tardia, ou mesmo, a diferença da
estrutura gramatical da Libras e do português.

A língua de sinais não é universal


Como qualquer outra língua, cada local tem seu desenvolvimento próprio. Por
exemplo, nos Estados Unidos a língua de sinais utilizada é a American Sign
Language (ASL) e em Portugal é Língua Gestual Portuguesa (LGP), ambas
são diferentes da Libras. As línguas de sinais têm direito inclusive a
regionalismos, assim como temos aipim, macaxeira e mandioca, também há
sinais diferentes para a mesma palavra dentro do mesmo país.
Nesse infográfico que a gente fez você encontra mais curiosidades sobre as
Línguas de Sinais no mundo!

Surdo-mudo é um termo incorreto


O termo surdo-mudo é incorreto e nunca deve ser usado. A pessoa ser
deficiente auditiva não significa que ela seja muda. A mudez é uma outra
deficiência e é raro ver as duas acontecendo ao mesmo tempo. A realidade é
que muitos surdos, por não ouvirem, acabam não desenvolvendo a fala.

Acessibilidade em Libras é obrigatória


Em janeiro de 2016 entrou em vigor a Lei Brasileira de Inclusão (LBI). A lei
promove mudanças significativas em diversas áreas como educação, saúde,
mobilidade, trabalho, moradia e cultura. Uma das conquistas importantes é do
acesso a informação, agora que os sites precisam estar acessíveis. Além
disso, também é exigido que os serviços de empresas ou órgãos públicos
ofereçam acessibilidade para as pessoas com deficiência.

Grau de Surdez
A deficiência auditiva possui diferentes níveis, que são: leve, moderada, severa
ou profunda.
O que é perda auditiva?
A perda auditiva acontece quando há um problema com uma ou mais partes do
ouvido, nos nervos dos ouvidos ou na parte do cérebro que controla a audição.
A audição, assim como os outros quatro sentidos, desempenha um papel
importante no nosso bem-estar. Portanto quando ela começa a desaparecer,
mesmo que lentamente, a sua qualidade de vida também está sendo
impactada. Para se ter uma ideia, o prazo médio para que uma pessoa decida
optar por fazer tratamento para a deficiência auditiva é de sete anos. Mas isso
é muito tempo para ignorar a perda da audição. Por isso estar sempre
verificando a sua audição com um médico especializado é a melhor alternativa.
Isso porque, quando a perda auditiva não é tratada por muito tempo, ela pode
continuar a deteriorar-se e afetar diferentes aspectos da vida cotidiana,
causando, até mesmo, outros problemas de saúde. Quando as células
auditivas são danificadas ou se deterioram com o tempo, os sinais sonoros
enviados ao cérebro tornam-se mais fracos. Logo, a privação prolongada de
sinais auditivos para o cérebro, tem sido associada a efeitos negativos nas
habilidades cognitivas e de memória.

O que são graus de perda auditiva?


A audição quando livre de problemas ou ruídos é considerada perfeita. Já
quando existe perda auditiva total pode se considerar como surdez. Entre
esses dois extremos existem graus de perda auditiva. Eles são utilizados para
classificar os pacientes que possuem dificuldades na audição, a fim de oferecer
tratamentos mais adequados para cada caso.
Quais os graus de perda auditiva?
 Surdez leve ou deficiência auditiva leve: A pessoa só pode detectar sons
entre 25 e 29 decibéis (dB). As pessoas podem achar difícil entender as
palavras que os outros estão dizendo, especialmente se houver muito ruído de
fundo.
 Surdez moderada ou deficiência auditiva moderada: a pessoa só pode
detectar sons entre 40 e 69 dB. Seguir uma conversa usando apenas a audição
é muito difícil sem usar um aparelho auditivo.
 Surdez severa ou deficiência auditiva severa: a pessoa só ouve sons acima
de 70 a 89 dB. Uma pessoa gravemente surda deve ler os lábios ou usar a
linguagem de sinais para se comunicar.
 Surdez profunda ou deficiência auditiva profunda: Qualquer pessoa que
não consiga ouvir um som abaixo de 90dB tem surdez profunda. Algumas
pessoas com surdez profunda não conseguem ouvir absolutamente nada. A
comunicação é realizada usando linguagem de sinais, leitura labial ou leitura e
escrita.

Expressões Faciais
As expressões faciais transmitem o estado emocional que o indivíduo quer
comunicar aos seus interlocutores… Dentro de um determinado contexto. Em
uma comunicação não-verbal, excluí-la comprometeria toda a intenção
comunicativa. Tratando-se da surdez, o corpo fala ainda mais alto. Pois as
expressões nem sempre estão ligadas ao que o sujeito está sentindo, no
momento da conversação, mas ao que ele está pretendendo comunicar. Ou
seja, deixa de ser revelador de uma emoção própria para ser uma expressão
gramatical. Se o ouvinte relata um fato em que um dos personagens aparece
muito bravo, tal informação não necessita estar presente, necessariamente, na
sua expressão facial. Ele pode carregar na entonação de voz, por exemplo, e o
interlocutor entenderá a mensagem. Não é comum que o ouvinte carregue na
expressão facial, embora o bom orador entenda que isso enriqueceria a
comunicação.
As línguas de sinais não são construídas por mímicas, elas são analisadas a
partir de uma estrutura assim como nosso alfabeto, as mímicas são outro tipo
de representação e não se encaixam em LIBRAS, estabelecendo todo um
contexto em relação a comunidade surda. Por fim, as línguas de sinais não são
superficiais, elas atuam de maneira complexa e por isso se faz necessária a
construção de escolar bilíngues, para inclusive alunos não surdos aprenderem
melhor sobre.
Estes são elementos que são utilizados para que os surdos consigam
comunicar sua arte no campo linguístico, adquirindo a mesma intensidade e
expressividade que um ouvinte da língua consegue obter.
Sinais em Libras

Cada pessoa recebe um sinal como indicativo de seu nome na cultura surda
que quase sempre representa uma característica da pessoa. Em decorrência
da surdez, é comum sim se questionar se quem está conhecendo é ouvinte ou
surdo. As outras afirmativas estão erradas. a leitura labial independe do som e
é preciso que você mantenha seu olhar no outro para que ele possa ler suas
expressões.
A surdez não consiste somente em uma deficiência sensorial, mas, sim, em
algo mais complexo, pois consequências sociais da condição da surdez podem
fazer com que o sujeito não consiga se comunicar com a sociedade de um
modo geral, o que causa isolamento e discriminação para com essas pessoas.
Pelo fato de os surdos viverem em um mundo completamente visual-gestual,
seu cognitivo se desenvolve de um modo totalmente visual, ao contrário dos
ouvintes que utilizam a audição para se comunicarem, o que instiga reflexões
sobre a constituição do sujeito. Por viverem em uma comunidade onde são
minoria, as chances de ocorrer uma comunicação imprópria são grandes e,
caso isso ocorra, haverá consequências para o crescimento intelectual, social e
emocional dessa pessoa. A aquisição de uma linguagem, no caso a de sinais,
é de extrema importância para o desenvolvimento de uma identidade pessoal
surda. Somos seres sociais e, por isso, precisamos identificar-nos com uma
comunidade social específica e, com ela, interagir de modo pleno, ou seja,
precisamos de uma identidade cultural, e, para isso, não basta uma língua e
uma forma de alfabetização, mas, sim, um conjunto de crenças, conhecimentos
comuns a todos.
A cultura surda engloba possibilidades e elementos próprios da vida dos
sujeitos que se reconhecem como surdos, abrangendo não apenas aspectos
mais corriqueiros da vida de cada um, mas também o grupo social que
constituem. A privação do sentido da audição não inviabiliza a interação
linguística, a participação social ou a produção cultural das pessoas surdas. Na
verdade, abre possibilidades alternativas para a sua atuação nessas áreas. Ao
nos aproximarmos mais da realidade surda, pela vivência e pelo estudo,
descobrimos que ela comporta um rico, complexo e instigante conjunto de
elementos culturais caracterizados pelas formas alternativas de produção e
interação dessas pessoas, alimentados e enriquecidos nas comunidades
surdas e, infelizmente, ainda pouco conhecidos entre os ouvintes.

Gramatica na Libras

O processo de formação de novas palavras a partir de verbos e substantivos


denomina-se derivação. Na derivação, acrescentamos os chamados afixos –
que podem ser sufixos ou prefixos – no radical das palavras, de forma que elas
tomem um significado diferente, porém com sentido relacionado a esse radical.
ESTRUTURA GRAMATICAL DA LIBRAS

É uma língua de modalidade gesto-visual: possui uma estrutura linguística


semelhante e das diversas línguas de modalidade oral auditiva. Como todas as
línguas orais-auditivas, tem gramatica própria.

Formação dos Ítens Lexicais ou Sinais a partir de Morfemas

Mostramos, no item anterior, como se estruturam as palavras das línguas


Portuguesa e LIBRAS a partir de suas unidades mínimas distintivas ou
“fonemas”. Vamos ilustrar agora como se formam as palavras da LIBRAS a
partir de seus morfemas ou unidade mínimas de significação.

Morfemas Lexicais e Morfemas Gramaticais


Os morfemas são unidades que podem ter funções lexicais ou gramaticais. Por
exemplo, as palavras casas, construção e impossível do português são
constituídas dos seguinte morfemas:
casa - s (plural)
constru- ção (nome)
possível- im (negação)

morfema lexical morfema gramatical


Em LIBRAS, nem sempre os morfemas que formam as palavras são
equivalentes aos do português. Podemos, porém, ilustrar os morfemas da
LIBRAS como se segue:
SENTAR - movimento repetido (marca de nome)
BONITO - expressão facial ~~ (marca de grau aumentativo)
BONITO - expressão facial Ô (marca de grau diminutivo)
FALAR - 2 mãos e movimentos longos (aspecto continuativo)
PEGAR - Cl:5 Classificador para objetos redondos grandes
PEGAR - Cl:F Classificador para objetos pequenos e pequenos
PODER - movimentos da cabeça (negação): NÃO-PODER
POSSÍVEL - movimento inverso das mãos (negação): IMPOSSÍVEL
SABER - movimento da mão para fora (negação): NÃO-SABER
Formação de Palavras por Derivação e por Composição
. CADEIRA é derivado de SENTAR através do movimento repetido do primeiro;
BONITINHO é derivado de BONITO através da adjunção da expressão facial
~~ , marca de grau aumentativo; BONITÃO é derivado de BONITO através da
adjunção do afixo expressão facial Ô, marca de grau diminutivo; FALAR-SEM-
PARAR é derivado de FALAR através da adjunção da mão esquerda e do
alongamento dos movimentos, marca de aspecto continuativo; PEGAR-BOLA é
derivado de PEGAR através da adjunção do afixo Cl:5, classificador para
objetos redondos grandes; PEGAR-AGULHA é derivado de PEGAR através da
afixação do morfema gramatical Cl:F, classificador para objetos pequenos e
pequenos; NÃO-PODER é derivado de PODER através do afixo negativo,
movimentos da cabeça para os lados; IMPOSSÍVEL é derivado de POSSÍVEL
através da inversão do movimento de para baixo para os lados, afixo também
negativo; NÃO-SABER e derivado de SABER através da afixação de um
movimento da mão para fora, morfema negativo também.
Através desses exemplos, pudemos observar que as primeiras palavras são
formadas a partir de seus radicais aos quais se juntam afixos ou morfemas
gramaticais, pelo processo de derivação. As palavras ou sinais em LIBRAS
também podem ser formadas pelo processo de composição, isto é, pela
adjunção de dois sinais simples em formas compostas. Por exemplo:

CASA + CRUZ = IGREJA


MULHER + PEQUENO = MENINA
HOMEM + PEQUENO = MENINO

Alguns sinais como SENTAR e CADEIRA são distintos quanto à forma para as
categorias verbo e nome, porém, a maioria deles não se distingue quanto às
categorias verbo, nome, adjetivo e advérbio. O que vai definí-las como tal é sua
função na sentença. Podemos, entretanto, ilustrar alguns casos de palavras
que poderiam ser derivadas de outras como é o caso de construir e construção,
em português. Por exemplo, nas sentenças abaixo, identificamos um mesmo
item lexical como nome ou verbo, dependendo da sentença em que aparecem:
ELE NÃO LIMPAR-CHÃO-Cl:Y (com escova)
(=Ele não limpou com escova o chão)
ELE LIMPAR-CHÃO-Cl:Y (com escova) NÃO-Y
(=Ele não fez a limpeza do chão com a escova)

No primeiro exemplo, o item lexical LIMPAR-CHÃO-Cl:Y tem uma função


verbal. Entretanto, na segunda sentença, LIMPAR-CHÃO-Cl:Y tem uma função
nominal, ou seja, é um substantivo porque vem acompanhado de um verbo
leve, NÃO-Y, que devido à sua natureza de verbo sem valência não pode ser
considerado um nome. Neste caso, como os verbos chamados leves sempre
vêm acompanhados de um nome e como o único item capaz de preencher esta
função nominal é o sinal LIMPAR-CHÃO-Cl:Y, diremos que ele pode pertencer
a ambas categorias:
LIMPAR-CHÃO-Cl:Y - verbo
LIMPAR-CHÃO-Cl:Y - nome
O mesmo ocorre com as demais categorias: adjetivo, advérbio.
Aspecto Verbal
A LIBRAS, assim como várias línguas de sinais e orais, modula o movimento
dos sinais para distinguir entre os aspectos pontual, continuativo ou durativo e
iterativo. O aspecto pontual se caracteriza por se referir a uma ação ou evento
ocorrido e terminado em algum ponto bem definido no passado. Em português,
quando dizemos “ele falou na televisão ontem”, sabemos que a ação de falar
se deu no passado, em um período de tempo determinado “ontem”. Em
LIBRAS, temos um sinal FALAR para um contexto lingüístico similar. Por
exemplo, ELE FALAR VOCÊ ONTEM (=ele falou com você ontem). Entretanto,
temos também o sinal FALAR-SEM-PARAR que se refere a uma ação que tem
uma continuidade no tempo como no exemplo ELE FALAR-SEM-PARAR AULA
(=ele falou sem parar durante a aula)
O mesmo ocorre com o verbo OLHAR que pode sofrer alteração em um ou
mais de seus parâmetros e, então, denotar aspecto durativo.
No segundo sinal para ‘olhar’, a configuração de mão e o ponto de articulação
mudam de G1 para 5 e dos olhos para o nariz. Com isso temos a formação de
uma outra palavra com valor aspectual durativo.
O verbo VIAJAR com valor aspectual pontual abaixo poderia ser utilizado em
sentenças como PAULO VIAJAR BRASÍLIA ONTEM, enquanto que o sinal
verbal com valor iterativo apareceria em sentenças do tipo PAULO VIAJAR-
MUITAS-VEZES. O aspecto iterativo refere-se a ação ou evento que se dá
repetidas vezes.
Esse tipo de afixação que encontramos na LIBRAS, através da alteração do
movimento, da configuração de mão e/ou do ponto de articulação do verbo que
seria considerado raiz ou radical, não é encontrado em português.

Itens Lexicais para Tempo e Marca de Tempo


A LIBRAS não tem em suas formas verbais a marca de tempo como o
português. Como vimos, essas formas podem se modular para aspecto.
Algumas delas também se flexionam para número e pessoa.
Dessa forma, quando o verbo refere-se a um tempo passado, futuro ou
presente, o que vai marcar o tempo da ação ou do evento serão itens lexicais
ou sinais adverbiais como ONTEM, AMANHÃ, HOJE, SEMANA-PASSADA,
SEMANA-QUE-VEM. Com isso, não há risco de ambigüidade porque sabe-se
que se o que está sendo narrado iniciou-se com uma marca no passado,
enquanto não aparecer outro item ou sinal para marcar outro tempo, tudo será
interpretado como tendo ocorrido no passado.
Os sinais que veiculam conceito temporal, em geral, vem seguidos de uma
marca de passado, futuro ou presente da seguinte forma: Movimento para trás,
para o passado; Movimento para frente, para o futuro; e Movimento no plano
do corpo, para presente. Alguns desses sinais, entretanto, incorporam essa
marca de tempo não requerendo, pois, uma marca isolada como é o caso dos
sinais ONTEM e ANTEONTEM
Outros sinais como ANO requerem o acompanhamento de um sinal de futuro
ou de presente, mas, quando se trata de passado, ele sofre uma alteração na
direção do movimento de para frente para trás e, por si só já significa ‘ano
passado’. Os sinais de ANO e ANO-PASSADO.
É interessante notar, que uma linha do tempo constituída a partir das
coordenadas: passado (atrás)- presente (no plano do corpo)- futuro (na frente),
pode ser observada também em línguas orais como o português e o inglês
como mencionado no início desse curso. Uma estruturação completamente
diferente do tempo foi observada por nós na Língua de Sinais Urubu-Kaapor,
língua de sinais da comunidade indígena Urubu habitante da Floresta
Amazônica, onde o tempo futuro é para cima e o presente no torso do usuário
dessa língua. O passado não parece ser marcado.
Isso levou-nos a considerar que as línguas Portuguesa e LIBRAS não são tão
distintas assim naquilo que não depende de restrições decorrentes da
modalidade visual-espacial, veiculando,assim, uma visão de mundo muito
similar, pelo menos nos aspectos semânticos até o momento estudados por
nós.
As diferenças que vimos apontando ultimamente na estruturação gramatical e
lexical da LIBRAS e do português parecem não apontar tanto para diferenças
culturais mas são sim devidas ao fato de a primeira usar o espaço e de a
segunda utilizar o meio acústico, para estruturar os significados lexicais e
gramaticais.

Quantificação e Intensidade
A quantificação é obtida em LIBRAS através do uso de quantificadores como
MUITO, mas incorporar a quantificação, prescindindo, pois, o uso desse tipo de
palavras. Assim, podemos observar nos exemplos com o verbo OLHAR acima
que o olhar pontual é realizado com apenas um dedo estendido enquanto que
os outros dois sinais são realizados com as mãos abertas, ou seja, com os
dedos estendidos. Dessa forma, esse tipo de alteração do parâmentro
Configuração de Mão iconicamente representa uma maior intensidade na ação
(FICAR-OLHANDO-LONGAMENTE) ou um maior número de referentes
sujeitos (TODOS-FICAR-OLHANDO). Essa mudança de configuração de
mãos, aumentando-se o número de dedos estendidos para significar uma
quantidade maior pode ser ilustrado pelos sinais UMA-VEZ, DUAS-VEZES,
TRÊS-VEZES.
Às vezes, alongando-se o movimento dos sinais e imprimindo-se a ele um
rítmo mais acelerado, obtem-se uma maior intensidade ou quantidade. Isto é o
que ocorre com os sinais FALAR e FALAR-SEM-PARAR, exemplificados acima
e com os sinais LONGE e MUITO-LONGE.
Como se pode observar, os mecanismos espaciais utilizados pela LIBRAS para
obter significados e efeitos de sentido distinguem-se daqueles utilizados pela
Língua Portuguesa. Nesta, as formas ou marcas são muito mais arbitrárias e se
apresentam em forma de segmentos sequencialmente acrescentados ao item
ou palavra modificada. Em LIBRAS, ocorre com muita frequência uma
mudança interna, isto é, uma alteração no interior da própria palavra.

Classificadores
Como algumas línguas orais e como várias línguas de sinais, a LIBRAS possui
classificadores, um tipo de morfema gramatical que é afixado a um morfema
lexical ou sinal para mencionar a classe a que pertence o referente desse sinal,
para descrevê-lo quanto à forma e tamanho, ou para descrever a maneira
como esse referente é segurado ou se comporta na ação verbal.
Os classificadores em línguas orais como o japonês e o navajo são sufixos dos
numerais e dos verbos, respectivamente.
Em LIBRAS, como dificilmente se pode falar em prefíxo e em sufíxo porque os
morfemas ou outros componentes dos sinais se juntam ao radical
simultaneamente, preferimos dizer que os classificadores são afixos
incorporados ao radical verbal ou nominal. Assim, nos exemplos abaixo, pode-
se observar o classificador V e V, que respectivamente, referem-se à maneira
como uma pessoa anda e como um animal anda.
O classificador em ANDAR (para pessoa) pode ser utilizado também com
outros significados como ‘duas pessoas passeando’ ou ‘um casal de
namorados’ (no caso das pontas dos dedos estarem voltadas para cima), ‘uma
pessoa em pé’ (pontas dos dedos para baixo), etc. Este classificador é
representado pela configuração de mãos em V.
O classificador C pode representar qualquer tipo de objeto cilíndrico profundo
como um copo, uma caixa, uma urna como no exemplo do sinal VOTAR.

O classificador B refere-se e descreve superfícies planas como mesa, parede,


chão, etc. enquanto que o classificador Y refere-se e descreve objetos
multiformes ou com formas irregulares, porém não planos nem finos. O
classificador G1 é que é utilizado para descrever objetos finos e longos.
Inúmeros são os classificadores em LIBRAS, sua natureza semântica e sua
função. Entretanto, apenas mencionamos alguns a título de ilustração.

Incorporação de Argumento
As línguas orais e de sinais apresentam vários casos de incorporação de
argumento ou complemento. Por exemplo, em português, podemos citar o
verbo engavetar que, em uma análise sintático-semântica, poderia ser
decomposto em um verbo básico do tipo colocar e em um complemento desse
verbo que seria um locativo na gaveta. Assim, podemos dizer “eu coloquei os
livros na gaveta” ou “eu engavetei os livros”. O constituinte na gaveta, um
locativo, argumento ou complemento de colocar, foi incorporado a este verbo e
em decorrência disso temos a outra forma verbal engavetar que prescinde do
locativo como complemento porque já carrega esta informação em seu próprio
item lexical. Temos, pois, uma forma lexical derivada de outra mais básica,
porém, desta vez não pelo processo de derivação por afixação nem por
composição, como discutido acima, mas sim pelo que se chama de
incorporação de argumento.
Em LIBRAS, o processo de incorporação de argumento é muito frequente e
visível devido às características espaciais e icônicas dos sinais. Os três verbos
abaixo ilustram esse tipo de incorporação. O primeiro, o verbo BEBER/TOMAR
pode ser usado sem incorporação em sentenças do tipo:
BEBER CERVEJA (= eu bebi cerveja)
Porém, se o objeto direto do verbo for, por exemplo, café ou chá, o verbo
incorporará este argumento e teremos formas verbais diferentes, como
demonstram as ilustrações a seguir:
BEBER, TOMAR BEBER-CAFÉ CHÁ (segurar x-tipo de objeto)
em LIBRAS (CI: B A e CI: F)
Outro exemplo de incorporação pode ser ilustrado pelo verbo
ALUGAR/PAGAR-MENSALMENTE em que o verbo PAGAR que normalmente
é articulado sobre a mão de apoio em B passa a ser articulado na mão de
apoio (mão esquerda) em G1, a mesma do sinal MÊS. Assim, uma parte deste
sinal incorpora-se ao sinal PAGAR, substituindo-a.
O mesmo processo de incorporação pode ser também observado no sinal que
deriva do sinal verbal COMER, ao qual se incorpora o objeto direto MAÇÃ.

Inclusão dos Surdos na sociedade

Qualquer tipo de discussão sobre inclusão social é importante. A surdez no


Brasil ainda é um grande desafio, tanto que foi o tema da redação do ENEM
em 2017. Na ocasião os alunos tiveram que elaborar um texto sobre “Desafios
para a formação educacional de surdos no Brasil”.
Segundo dados do próprio governo federal, existem no país mais de 10
milhões de pessoas com deficiência auditiva, 20% são completamente surdos.
Assim como qualquer assunto de grande relevância, o tema da redação foi
discutido nas redes sociais, e muitas pessoas demonstraram não ter o mínimo
de conhecimento sobre inclusão social ou o desafio dos surdos em nosso país.
Isso só prova o quanto se faz necessário tornar esse tema mais destacado.
No Brasil temos milhares de pessoas surdas, mas o grande número parece não
ser o suficiente para alterar a realidade que vivemos em nosso país. Não há o
mínimo de preocupação das escolas em oferecer uma educação inclusiva ou
ainda das empresas em oferecer uma chance de trabalho para os surdos e
essas pessoas sofrem com a exclusão.
Para acabar com essa barreira que separa as pessoas surdas foi criada a
linguagem de sinais, chamada de libras. A Lei nº 10.436 tornou a Língua
Brasileira de Sinais a segunda linguagem oficial do país, além disso, os órgãos
públicos e empresas vinculadas ao governo tem por obrigação ajudar na
inclusão dos surdos e na popularização das libras.

A Língua Brasileira de Sinais é desconhecida para a maioria dos brasileiros.

Mesmo sendo a segunda língua oficial do nosso país, as libras são quase
desconhecidas para muitos brasileiros. É difícil encontrar empresas que
tenham em seu quadro de funcionários alguma pessoa surda, além disso, não
existe a preocupação de oferecer treinamentos para ensinar aos empregados a
linguagem dos sinais. Devido a isso, se um dia um surdo for até essa empresa,
não terá como ser atendido.

Inclusão do aluno Surdos na escola

A inclusão de surdos no ensino regular significa mais do que apenas criar


vagas e proporcionar recursos materiais, requer uma escola e uma sociedade
inclusivas, que assegurem igualdade de oportunidades a todos os alunos,
contando com professores capacitados e compromissados com a educação de
todos.
Processo de inclusão de surdos. A inclusão dos alunos surdos no ensino
regular ainda causa controvérsia. ... A inclusão de surdos tem como meta
colocar a criança em condições sociais de interação com os ouvintes,
explorando ao máximo suas condições sócio-cognitivas para o acesso aos
bens culturais.
Atualmente, fomenta-se a inclusão da criança surda desde os primeiros anos
de sua infância com uma proposta bilíngue, na qual o português escrito e a
língua de sinais não se opõem, mas coexistem. Mas vemos a Libras ainda
inacessível a muitos educadores e espaços escolares. Essa falta de
comunicação se agrava em casos em que a pessoa com surdez, oriunda de
família ouvinte, desconhece uma maneira eficaz de interagir e trocar não só na
escola, mas em casa e na sociedade.
Cabem à família e à escola se apropriarem também da Libras e, enquanto o
aluno não se comunica por ela, valorizar a comunicação e a expressão por
diversos canais: imagético, oral, facial, teatralizado, sinalizado, alternativo e
ampliado. Um livro sem palavras conta menos que um livro escrito? Um filme
da época do cinema mudo deixou de comunicar o que pretendia? O currículo e
ambiente escolares devem criar pontes para as pessoas com surdez,
valorizando suas maneiras e formas de se comunicar, suas formas de ler e
contar.
Quando a família não propicia o aprendizado da língua de sinais, as
consequências podem ser ainda mais complicadas e, às vezes, difíceis de
reverter. Uma pessoa sem uma língua não tem meios de aprender,
compreender e se expressar no mundo.

A educação inclusiva no Plano nacional de educação (PNE)

O Plano nacional de educação (PNE) ou Lei 13.005/14 foi sancionado ontem e,


sem dúvida, existem muitos ganhos do ponto de vista sistêmico, de
financiamento e de participação da sociedade civil que devem ser exaltados,
inclusive em relação à educação inclusiva. Vale ressaltar que todos os
documentos legais não são textos neutros, posto que trazem as marcas das
tensões e disputas ocorridas até suas consolidações.

A meta 4 e a educação inclusiva

Em artigo recente, fiz um resgaste da trajetória do texto da meta 4 que trata da


educação inclusiva desde a proposta do Governo federal, criada a partir das
discussões ocorridas na Conferência nacional de educação (Conae), até a
discussão ocorrida na Comissão Especial para analisar o PNE. O texto final
aprovado na Câmara foi:
“Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional
especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de
sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes,
escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados.”

Essa versão é muito próxima à aprovada na Câmara anteriormente (2012),


porém existem alguns ajustes de organização do texto e o acréscimo da
expressão “sistema educacional inclusivo” que foi feito quando da passagem
do PNE pelo Senado. Essa expressão foi retirada da Convenção sobre os
Direitos das pessoas com deficiência (CDPD) e a considero um avanço, pois
uma lei infraconstitucional deve se espelhar na nossa Carta Magna¹.

DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005

Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a


Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de
dezembro de 2000.
     O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o
art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 10.436,
de 24 de abril de 2002, e no art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de
2000,
     DECRETA:

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

     Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, e


o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

     Art. 2º Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que,
por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de
experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da
Língua Brasileira de Sinais - Libras.

     Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial


ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas
freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.

CAPÍTULO II
DA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA
CURRICULAR

     Art. 3º A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos
cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível
médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino,
públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

     § 1º Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento,


o curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia
e o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de
professores e profissionais da educação para o exercício do magistério.

     § 2º A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais


cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da
publicação deste Decreto.

CAPÍTULO III
DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LIBRAS
E DO INSTRUTOR DE LIBRAS

     Art. 4º A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do
ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser
realizada em nível superior, em curso de graduação de licenciatura plena em
Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa como segunda língua.

     Parágrafo único. As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de


formação previstos no caput.

     Art. 5º A formação de docentes para o ensino de Libras na educação infantil


e nos anos iniciais do ensino fundamental deve ser realizada em curso de
Pedagogia ou curso normal superior, em que Libras e Língua Portuguesa
escrita tenham constituído línguas de instrução, viabilizando a formação
bilíngüe.

     § 1º Admite-se como formação mínima de docentes para o ensino de Libras


na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, a formação
ofertada em nível médio na modalidade normal, que viabilizar a formação
bilíngüe, referida no caput.

     § 2º As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos


no caput.

     Art. 6º A formação de instrutor de Libras, em nível médio, deve ser realizada
por meio de:

     I - cursos de educação profissional;

     II - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino


superior; e

     III - cursos de formação continuada promovidos por instituições


credenciadas por secretarias de educação.

     § 1º A formação do instrutor de Libras pode ser realizada também por


organizações da sociedade civil representativa da comunidade surda, desde
que o certificado seja convalidado por pelo menos uma das instituições
referidas nos incisos II e III.

     § 2º As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos


no caput.

     Art. 7º Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, caso
não haja docente com título de pós-graduação ou de graduação em Libras para
o ensino dessa disciplina em cursos de educação superior, ela poderá ser
ministrada por profissionais que apresentem pelo menos um dos seguintes
perfis:

     I - professor de Libras, usuário dessa língua com curso de pósgraduação ou


com formação superior e certificado de proficiência em Libras, obtido por meio
de exame promovido pelo Ministério da Educação;

     II - instrutor de Libras, usuário dessa língua com formação de nível médio e
com certificado obtido por meio de exame de proficiência em Libras, promovido
pelo Ministério da Educação;

     III - professor ouvinte bilíngüe: Libras - Língua Portuguesa, com pós-


graduação ou formação superior e com certificado obtido por meio de exame
de proficiência em Libras, promovido pelo Ministério da Educação.

     § 1º Nos casos previstos nos incisos I e II, as pessoas surdas terão
prioridade para ministrar a disciplina de Libras.

     § 2º A partir de um ano da publicação deste Decreto, os sistemas e as


instituições de ensino da educação básica e as de educação superior devem
incluir o professor de Libras em seu quadro do magistério.

     Art. 8º O exame de proficiência em Libras, referido no art. 7º, deve avaliar a
fluência no uso, o conhecimento e a competência para o ensino dessa língua.

     § 1º O exame de proficiência em Libras deve ser promovido, anualmente,


pelo Ministério da Educação e instituições de educação superior por ele
credenciadas para essa finalidade.

     § 2º A certificação de proficiência em Libras habilitará o instrutor ou o


professor para a função docente.

     § 3º O exame de proficiência em Libras deve ser realizado por banca


examinadora de amplo conhecimento em Libras, constituída por docentes
surdos e lingüistas de instituições de educação superior.

     Art. 9º A partir da publicação deste Decreto, as instituições de ensino médio


que oferecem cursos de formação para o magistério na modalidade normal e
as instituições de educação superior que oferecem cursos de Fonoaudiologia
ou de formação de professores devem incluir Libras como disciplina curricular,
nos seguintes prazos e percentuais mínimos:
     I - até três anos, em vinte por cento dos cursos da instituição;

     II - até cinco anos, em sessenta por cento dos cursos da instituição;

     III - até sete anos, em oitenta por cento dos cursos da instituição; e

     IV - dez anos, em cem por cento dos cursos da instituição.

     Parágrafo único. O processo de inclusão da Libras como disciplina curricular


deve iniciar-se nos cursos de Educação Especial, Fonoaudiologia, Pedagogia e
Letras, ampliando-se progressivamente para as demais licenciaturas.

     Art. 10. As instituições de educação superior devem incluir a Libras como


objeto de ensino, pesquisa e extensão nos cursos de formação de professores
para a educação básica, nos cursos de Fonoaudiologia e nos cursos de
Tradução e Interpretação de Libras - Língua Portuguesa.

     Art. 11. O Ministério da Educação promoverá, a partir da publicação deste


Decreto, programas específicos para a criação de cursos de graduação:

     I - para formação de professores surdos e ouvintes, para a educação infantil


e anos iniciais do ensino fundamental, que viabilize a educação bilíngüe: Libras
- Língua Portuguesa como segunda língua;

     II - de licenciatura em Letras: Libras ou em Letras: Libras/ Língua


Portuguesa, como segunda língua para surdos;

     III - de formação em Tradução e Interpretação de Libras - Língua


Portuguesa.

     Art. 12. As instituições de educação superior, principalmente as que ofertam


cursos de Educação Especial, Pedagogia e Letras, devem viabilizar cursos de
pós-graduação para a formação de professores para o ensino de Libras e sua
interpretação, a partir de um ano da publicação deste Decreto.

     Art. 13. O ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa, como


segunda língua para pessoas surdas, deve ser incluído como disciplina
curricular nos cursos de formação de professores para a educação infantil e
para os anos iniciais do ensino fundamental, de nível médio e superior, bem
como nos cursos de licenciatura em Letras com habilitação em Língua
Portuguesa.

     Parágrafo único. O tema sobre a modalidade escrita da língua portuguesa


para surdos deve ser incluído como conteúdo nos cursos de Fonoaudiologia.

CAPÍTULO IV
DO USO E DA DIFUSÃO DA LIBRAS E DA LÍNGUA
PORTUGUESA PARA O ACESSO DAS PESSOAS SURDAS
À EDUCAÇÃO

     Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente,


às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos
processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos
em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação
infantil até à superior.

     § 1º Para garantir o atendimento educacional especializado e o acesso


previsto no caput, as instituições federais de ensino devem:

     I - promover cursos de formação de professores para:

a) o ensino e uso da Libras;


b) a tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa; e
o ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas
c)
surdas;

     II - ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino da Libras e


também da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos;

     III - prover as escolas com:

a) professor de Libras ou instrutor de Libras;


b) tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa;
professor para o ensino de Língua Portuguesa como segunda língua
c)
para pessoas surdas; e
professor regente de classe com conhecimento acerca da
d)
singularidade lingüística manifestada pelos alunos surdos;

     IV - garantir o atendimento às necessidades educacionais especiais de


alunos surdos, desde a educação infantil, nas salas de aula e, também, em
salas de recursos, em turno contrário ao da escolarização;

     V - apoiar, na comunidade escolar, o uso e a difusão de Libras entre


professores, alunos, funcionários, direção da escola e familiares, inclusive por
meio da oferta de cursos; 

     VI - adotar mecanismos de avaliação coerentes com aprendizado de


segunda língua, na correção das provas escritas, valorizando o aspecto
semântico e reconhecendo a singularidade lingüística manifestada no aspecto
formal da Língua Portuguesa;

     VII - desenvolver e adotar mecanismos alternativos para a avaliação de


conhecimentos expressos em Libras, desde que devidamente registrados em
vídeo ou em outros meios eletrônicos e tecnológicos;

     VIII - disponibilizar equipamentos, acesso às novas tecnologias de


informação e comunicação, bem como recursos didáticos para apoiar a
educação de alunos surdos ou com deficiência auditiva.

     § 2º O professor da educação básica, bilíngüe, aprovado em exame de


proficiência em tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa, pode
exercer a função de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, cuja
função é distinta da função de professor docente.

     § 3º As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal,


estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas
referidas neste artigo como meio de assegurar atendimento educacional
especializado aos alunos surdos ou com deficiência auditiva.

     Art. 15. Para complementar o currículo da base nacional comum, o ensino


de Libras e o ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa, como
segunda língua para alunos surdos, devem ser ministrados em uma
perspectiva dialógica, funcional e instrumental, como:

     I - atividades ou complementação curricular específica na educação infantil


e anos iniciais do ensino fundamental; e

     II - áreas de conhecimento, como disciplinas curriculares, nos anos finais do


ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior.

     Art. 16. A modalidade oral da Língua Portuguesa, na educação básica, deve


ser ofertada aos alunos surdos ou com deficiência auditiva, preferencialmente
em turno distinto ao da escolarização, por meio de ações integradas entre as
áreas da saúde e da educação, resguardado o direito de opção da família ou
do próprio aluno por essa modalidade.

     Parágrafo único. A definição de espaço para o desenvolvimento da


modalidade oral da Língua Portuguesa e a definição dos profissionais de
Fonoaudiologia para atuação com alunos da educação básica são de
competência dos órgãos que possuam estas atribuições nas unidades
federadas.

CAPÍTULO V
DA FORMAÇÃO DO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LIBRAS
- LÍNGUA PORTUGUESA

     Art. 17. A formação do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa


deve efetivar-se por meio de curso superior de Tradução e Interpretação, com
habilitação em Libras - Língua Portuguesa.

     Art. 18. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, a


formação de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, em nível
médio, deve ser realizada por meio de:

     I - cursos de educação profissional;

     II - cursos de extensão universitária; e


     III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino
superior e instituições credenciadas por secretarias de educação.

     Parágrafo único. A formação de tradutor e intérprete de Libras pode ser


realizada por organizações da sociedade civil representativas da comunidade
surda, desde que o certificado seja convalidado por uma das instituições
referidas no inciso III.

     Art. 19. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, caso
não haja pessoas com a titulação exigida para o exercício da tradução e
interpretação de Libras - Língua Portuguesa, as instituições federais de ensino
devem incluir, em seus quadros, profissionais com o seguinte perfil:

     I - profissional ouvinte, de nível superior, com competência e fluência em


Libras para realizar a interpretação das duas línguas, de maneira simultânea e
consecutiva, e com aprovação em exame de proficiência, promovido pelo
Ministério da Educação, para atuação em instituições de ensino médio e de
educação superior;

     II - profissional ouvinte, de nível médio, com competência e fluência em


Libras para realizar a interpretação das duas línguas, de maneira simultânea e
consecutiva, e com aprovação em exame de proficiência, promovido pelo
Ministério da Educação, para atuação no ensino fundamental;

     III - profissional surdo, com competência para realizar a interpretação de


línguas de sinais de outros países para a Libras, para atuação em cursos e
eventos.

     Parágrafo único. As instituições privadas e as públicas dos sistemas de


ensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar
as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos
ou com deficiência auditiva o acesso à comunicação, à informação e à
educação.

     Art. 20. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, o


Ministério da Educação ou instituições de ensino superior por ele credenciadas
para essa finalidade promoverão, anualmente, exame nacional de proficiência
em tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa.

     Parágrafo único. O exame de proficiência em tradução e interpretação de


Libras - Língua Portuguesa deve ser realizado por banca examinadora de
amplo conhecimento dessa função, constituída por docentes surdos, lingüistas
e tradutores e intérpretes de Libras de instituições de educação superior.

     Art. 21. A partir de um ano da publicação deste Decreto, as instituições


federais de ensino da educação básica e da educação superior devem incluir,
em seus quadros, em todos os níveis, etapas e modalidades, o tradutor e
intérprete de Libras - Língua Portuguesa, para viabilizar o acesso à
comunicação, à informação e à educação de alunos surdos.
     § 1º O profissional a que se refere o caput atuará:

     I - nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino;

     II - nas salas de aula para viabilizar o acesso dos alunos aos conhecimentos
e conteúdos curriculares, em todas as atividades didático- pedagógicas; e

     III - no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades fim da instituição


de ensino.

     § 2º As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal,


estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas
referidas neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com
deficiência auditiva o acesso à comunicação, à informação e à educação.

CAPÍTULO VI
DA GARANTIA DO DIREITO À EDUCAÇÃO DAS PESSOAS
SURDAS OU COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA

     Art. 22. As instituições federais de ensino responsáveis pela educação


básica devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva,
por meio da organização de:

     I - escolas e classes de educação bilíngüe, abertas a alunos surdos e


ouvintes, com professores bilíngües, na educação infantil e nos anos iniciais do
ensino fundamental;

     II - escolas bilíngües ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas


a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino
médio ou educação profissional, com docentes das diferentes áreas do
conhecimento, cientes da singularidade lingüística dos alunos surdos, bem
como com a presença de tradutores e intérpretes de Libras - Língua
Portuguesa.

     § 1º São denominadas escolas ou classes de educação bilíngüe aquelas em


que a Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de
instrução utilizadas no desenvolvimento de todo o processo educativo.

     § 2º Os alunos têm o direito à escolarização em um turno diferenciado ao do


atendimento educacional especializado para o desenvolvimento de
complementação curricular, com utilização de equipamentos e tecnologias de
informação.

     § 3º As mudanças decorrentes da implementação dos incisos I e II implicam


a formalização, pelos pais e pelos próprios alunos, de sua opção ou preferência
pela educação sem o uso de Libras.

     § 4º O disposto no § 2º deste artigo deve ser garantido também para os


alunos não usuários da Libras.

     Art. 23. As instituições federais de ensino, de educação básica e superior,


devem proporcionar aos alunos surdos os serviços de tradutor e intérprete de
Libras - Língua Portuguesa em sala de aula e em outros espaços educacionais,
bem como equipamentos e tecnologias que viabilizem o acesso à
comunicação, à informação e à educação.

     § 1º Deve ser proporcionado aos professores acesso à literatura e


informações sobre a especificidade lingüística do aluno surdo.

     § 2º As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal,


estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas
referidas neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com
deficiência auditiva o acesso à comunicação, à informação e à educação.

     Art. 24. A programação visual dos cursos de nível médio e superior,


preferencialmente os de formação de professores, na modalidade de educação
a distância, deve dispor de sistemas de acesso à informação como janela com
tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa e subtitulação por meio do
sistema de legenda oculta, de modo a reproduzir as mensagens veiculadas às
pessoas surdas, conforme prevê o Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de
2004.

CAPÍTULO VII
DA GARANTIA DO DIREITO À SAÚDE DAS PESSOAS
SURDAS OU COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA

     Art. 25. A partir de um ano da publicação deste Decreto, o Sistema Único de


Saúde - SUS e as empresas que detêm concessão ou permissão de serviços
públicos de assistência à saúde, na perspectiva da inclusão plena das pessoas
surdas ou com deficiência auditiva em todas as esferas da vida social, devem
garantir, prioritariamente aos alunos matriculados nas redes de ensino da
educação básica, a atenção integral à sua saúde, nos diversos níveis de
complexidade e especialidades médicas, efetivando:

     I - ações de prevenção e desenvolvimento de programas de saúde auditiva;

     II - tratamento clínico e atendimento especializado, respeitando as


especificidades de cada caso;

     III - realização de diagnóstico, atendimento precoce e do encaminhamento


para a área de educação;

     IV - seleção, adaptação e fornecimento de prótese auditiva ou aparelho de


amplificação sonora, quando indicado;

     V - acompanhamento médico e fonoaudiológico e terapia fonoaudiológica;

     VI - atendimento em reabilitação por equipe multiprofissional;

     VII - atendimento fonoaudiológico às crianças, adolescentes e jovens


matriculados na educação básica, por meio de ações integradas com a área da
educação, de acordo com as necessidades terapêuticas do aluno;

     VIII - orientações à família sobre as implicações da surdez e sobre a


importância para a criança com perda auditiva ter, desde seu nascimento,
acesso à Libras e à Língua Portuguesa;

     IX - atendimento às pessoas surdas ou com deficiência auditiva na rede de


serviços do SUS e das empresas que detêm concessão ou permissão de
serviços públicos de assistência à saúde, por profissionais capacitados para o
uso de Libras ou para sua tradução e interpretação; e

     X - apoio à capacitação e formação de profissionais da rede de serviços do


SUS para o uso de Libras e sua tradução e interpretação.

     § 1º O disposto neste artigo deve ser garantido também para os alunos
surdos ou com deficiência auditiva não usuários da Libras.

     § 2º O Poder Público, os órgãos da administração pública estadual,


municipal, do Distrito Federal e as empresas privadas que detêm autorização,
concessão ou permissão de serviços públicos de assistência à saúde buscarão
implementar as medidas referidas no art. 3º da Lei nº 10.436, de 2002, como
meio de assegurar, prioritariamente, aos alunos surdos ou com deficiência
auditiva matriculados nas redes de ensino da educação básica, a atenção
integral à sua saúde, nos diversos níveis de complexidade e especialidades
médicas.

CAPÍTULO VIII
DO PAPEL DO PODER PÚBLICO E DAS EMPRESAS
QUE DETÊM CONCESSÃO OU PERMISSÃO DE SERVIÇOS
PÚBLICOS, NO APOIO AO USO E DIFUSÃO DA LIBRAS

     Art. 26. A partir de um ano da publicação deste Decreto, o Poder Público, as


empresas concessionárias de serviços públicos e os órgãos da administração
pública federal, direta e indireta devem garantir às pessoas surdas o tratamento
diferenciado, por meio do uso e difusão de Libras e da tradução e interpretação
de Libras - Língua Portuguesa, realizados por servidores e empregados
capacitados para essa função, bem como o acesso às tecnologias de
informação, conforme prevê o Decreto nº 5.296, de 2004.

     § 1º As instituições de que trata o caput devem dispor de, pelo menos, cinco
por cento de servidores, funcionários e empregados capacitados para o uso e
interpretação da Libras.

     § 2º O Poder Público, os órgãos da administração pública estadual,


municipal e do Distrito Federal, e as empresas privadas que detêm concessão
ou permissão de serviços públicos buscarão implementar as medidas referidas
neste artigo como meio de assegurar às pessoas surdas ou com deficiência
auditiva o tratamento diferenciado, previsto no caput.

     Art. 27. No âmbito da administração pública federal, direta e indireta, bem


como das empresas que detêm concessão e permissão de serviços públicos
federais, os serviços prestados por servidores e empregados capacitados para
utilizar a Libras e realizar a tradução e interpretação de Libras - Língua
Portuguesa estão sujeitos a padrões de controle de atendimento e a avaliação
da satisfação do usuário dos serviços públicos, sob a coordenação da
Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, em
conformidade com o Decreto nº 3.507, de 13 de junho de 2000.

     Parágrafo único. Caberá à administração pública no âmbito estadual,


municipal e do Distrito Federal disciplinar, em regulamento próprio, os padrões
de controle do atendimento e avaliação da satisfação do usuário dos serviços
públicos, referido no caput.

CAPÍTULO IX
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
     Art. 28. Os órgãos da administração pública federal, direta e indireta, devem
incluir em seus orçamentos anuais e plurianuais dotações destinadas a
viabilizar ações previstas neste Decreto, prioritariamente as relativas à
formação, capacitação e qualificação de professores, servidores e empregados
para o uso e difusão da Libras e à realização da tradução e interpretação de
Libras - Língua Portuguesa, a partir de um ano da publicação deste Decreto.

     Art. 29. O Distrito Federal, os Estados e os Municípios, no âmbito de suas


competências, definirão os instrumentos para a efetiva implantação e o controle
do uso e difusão de Libras e de sua tradução e interpretação, referidos nos
dispositivos deste Decreto.

     Art. 30. Os órgãos da administração pública estadual, municipal e do Distrito


Federal, direta e indireta, viabilizarão as ações previstas neste Decreto com
dotações específicas em seus orçamentos anuais e plurianuais,
prioritariamente as relativas à formação, capacitação e qualificação de
professores, servidores e empregados para o uso e difusão da Libras e à
realização da tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa, a partir
de um ano da publicação deste Decreto.

     Art. 31. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.


     Brasília, 22 de dezembro de 2005; 184º da Independência e 117º da
República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Fernando Haddad

DECRETO Nº 6.949, DE 25 DE AGOSTO DE 2009.

  Promulga a Convenção Internacional


sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência e seu Protocolo Facultativo,
assinados em Nova York, em 30 de
março de 2007.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o


art. 84, inciso IV, da Constituição, e

Considerando que o Congresso Nacional aprovou, por meio do Decreto


Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008, conforme o procedimento do § 3º do
art. 5º da Constituição, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de
março de 2007;

Considerando que o Governo brasileiro depositou o instrumento de


ratificação dos referidos atos junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas em
1o de agosto de 2008;

Considerando que os atos internacionais em apreço entraram em vigor


para o Brasil, no plano jurídico externo, em 31 de agosto de 2008; 

DECRETA: 

Art. 1o  A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e


seu Protocolo Facultativo, apensos por cópia ao presente Decreto, serão
executados e cumpridos tão inteiramente como neles se contém. 

Art. 2o  São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer atos


que possam resultar em revisão dos referidos diplomas internacionais ou que
acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional, nos
termos do art. 49, inciso I, da Constituição. 

Art. 3o  Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. 

Brasília, 25 de agosto de 2009; 188o da Independência e 121o da


República. 

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA


Celso Luiz Nunes Amorim

A inclusão no ensino e no mercado de trabalho


Dentro das escolas o trabalho que deveria ser de inclusão acaba
desempenhando o papel inverso. Aceitar a matrícula de alunos surdos está
longe de ser o necessário. Esses estudantes com necessidades especiais
deveriam estar junto ao restante dos alunos, mas o que vemos é a criação de
salas exclusivas para surdos, que são educados separados do restante.
No mercado de trabalho a inclusão é ainda mais complicada. São poucos os
empresários que dão abertura para surdos em suas equipes. Cabe às
empresas buscarem adaptações ao ambiente de trabalho para receber uma
pessoa que possua qualquer tipo de deficiência.
Alguns pequenos ajustes precisam ser feitos na empresa, como a adaptação
de alarmes, a melhoria das formas de comunicações sonoras, além do fomento
ao conhecimento da língua de sinais entre alguns profissionais.
A inclusão de surdos na sociedade brasileira está longe do cenário ideal.
Empresas que não dão chances para funcionários com essa deficiência,
escolas que acabam afastando os alunos com necessidades especiais do
restante dos estudantes. A linguagem de libras foi criada para tentar alterar
essa realidade, entretanto poucas pessoas a conhecem e procuram aprendê-
la.

Importância do intérprete de libras


A comunicação é um fator fundamental para o ser humano e LIBRAS é uma
ferramenta que possibilita a interação dos surdos.
Os intérpretes de língua de sinais surgiram devido a necessidade da
comunidade surda de possuir um profissional que auxiliasse no processo de
comunicação com as pessoas ouvintes.
Inicialmente, a atuação era informal, ou seja, pais ou membros da família das
pessoas surdas faziam essa função.

Entretanto, para que isso ocorresse de modo formal foi necessário que a
Língua Brasileira de Sinais fosse oficializada.
Atualmente há leis em vigor que regulamentam a profissão e determinam a
formação desse profissional. Uma dessas leis é a LEI Nº 12.319 DE
01.09.2010 que regulamenta a profissão de Tradutor e Interprete de Língua
Brasileira de Sinais – LIBRAS.

O que faz esse profissional?

Sua função é interpretar de uma dada língua de sinais para outro idioma, ou
deste outro idioma para uma determina língua de sinais.
O intérprete de Libras é o profissional que domina a língua de sinais e a língua
falada do país e que é qualificado para desempenhar a função. Ele deve ter
domínio dos processos, dos modelos, das estratégias e técnicas de tradução e
interpretação, além de possuir formação específica na área de sua atuação
(por exemplo, a área da educação).
No Brasil, o intérprete deve dominar a Língua Brasileira de Sinais e Língua
Portuguesa. Ele também pode dominar outras línguas, como o inglês, o
espanhol, a língua de sinais americana e fazer a interpretação para a língua
brasileira de sinais ou vice-versa (por exemplo, conferências internacionais).

A função de intérprete exige que sejam seguidos alguns preceitos éticos:

- Imparcialidade (interpretação neutra, sem dar opiniões pessoais);


- Distância profissional (não haver interferência da vida pessoal)
- Confiabilidade (sigilo profissional);
- Discrição (estabelecer limites no seu envolvimento durante a atuação);
- Fidelidade (interpretação deve ser fiel, sem alterar a informação mesmo que
seja com a intenção de ajudar).

Área de atuação

O intérprete de libras deve ser um profissional capacitado e/ou habilitado em


processos de interpretação de língua de sinais, atuando em situações formais
como: escolas, palestras, reuniões técnicas, igrejas, fóruns judiciais, programas
de televisão etc.
A categoria profissional possui código de ética e respaldo institucional,
associações de pessoas surdas, Federação Nacional de Educação e
Integração dos Surdos, Federação Mundial dos Surdos, entre outras.

Formação

A formação do intérprete de Libras esta em processo, as capacitações técnicas


para esse profissional tem sido ofertadas ao nível de pós-graduação.

A fluência da língua de sinais é obtida através da prática, sem dispor do


aparato teórico que lhe concederia uma graduação especifica na interpretação
e tradução da Libras.

O que existe de formalizado é o Prolibras que é aplicado para certificar


pessoas que já são fluentes em língua de sinais – concedendo a proficiência na
língua. As provas possuem dois níveis: uma para medir conhecimento para o
ensino de Libras, e outra para medir conhecimento para a interpretação da
língua.

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o Instituto Nacional de


Educação e Pesquisa (INEP) aplicam essas provas.

Importância desse profissional para o processo de ensino-aprendizagem de


uma criança surda nas salas de inclusão

O intérprete de Libras tem a função de ser o canal comunicativo entre o aluno


surdo, o professor, colegas e equipe escolar. Seu papel em sala de aula é
servir como tradutor entre pessoas que compartilham línguas e culturas
diferentes. Essa atividade exige estratégias mentais na arte de transferir o
conteúdo das explicações, questionamentos e dúvidas, viabilizando a
participação do aluno em todos os contextos da aula e fora dela, nos espaços
escolares.

Quanto a sua postura, o intérprete deve se conscientizar de que ele não é o


professor, e em situações pedagógicas não poderá resolver, limitando-se as
funções comunicativas de sua área.

Seu contato com os alunos surdos não poderá ser maior que o do professor de
sala.

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