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Curso Online:

Surdo-cegueira
Conceito sobre a surdez......................................................................................2

Cultura, comunidade e identidades surdas..........................................................4

Variações linguísticas das línguas de sinais........................................................7

A educação de surdos e o ensino da libras no Brasil..........................................9

O reconhecimento da língua brasileira de sinais...............................................14

Gramática da língua brasileira de sinais............................................................16

Datilologia/alfabeto manual e numerais.............................................................21

O intérprete de língua de sinais.........................................................................24

Saudações.........................................................................................................26

Referências Bilbiográficas.................................................................................28

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CONCEITO SOBRE A SURDEZ

Surdez é o nome dado à impossibilidade ou dificuldade de ouvir. A audição é


constituída por um sistema de canais que conduz o som até o ouvido interno,
onde essas ondas são transformadas em estímulos elétricos que são enviados
ao cérebro, órgão responsável pelo reconhecimento e identificação daquilo que
ouvimos.

Tipos de Surdez

Ligeira

A palavra é ouvida, contudo certos elementos fonéticos escapam ao indivíduo.


Este tipo de surdez não provoca atrasos na aquisição da linguagem, porém há
dificuldades em ouvir uma conversa normal.

Média

- a palavra só é ouvida a uma intensidade muito forte;


- dificuldades na aquisição da linguagem;
- perturbação da articulação da palavra e da linguagem;
- dificuldades em falar ao telefone;
- necessidade de leitura labial para a compreensão do que é dito.

Severa

- a palavra em tom normal não é percebida;


- é necessário gritar para ter sensação auditiva;
- perturbações na voz e na fonética da palavra;
- intensa necessidade de leitura labial.

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Profunda

- nenhuma sensação auditiva;


- perturbações intensas na fala;
- dificuldades intensas na aquisição da linguagem oral;
- adquire facilmente Língua Gestual.

Cofose

Surdez completa; ausência total do som.

A surdez pode ser classificada em dois grupos:

Congênita – o indivíduo nasce surdo antes de ter adquirido a língua, nesse


caso domina-se surdez pré-lingual;

Adquirida – o indivíduo poderá adquiri-la ao longo da vida, inclusive após ter


adquirido a fala, sendo denominada surdez pós-lingual.

Outros fatores que podem provocar surdez:

- casos de surdez na família;


- nascimento prematuro;
- baixo peso ao nascer;
- uso de antibióticos tóxicos ao ouvido e de diuréticos no berçário;
- infecções congênitas, principalmente, sífilis, toxoplasmose e rubéola.

Qual a importância da Língua Brasileira de Sinais para Surdos

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CULTURA, COMUNIDADE E IDENTIDADES SURDAS

Segundo e Autora Gladis Perlin: ―As diferentes identidades Surdas são


bastante complexas, diversificadas. Isto pode ser constatado nesta divisão por
identidades onde se tem ocasião para identificar outras muitas identidades
Surdas, exemplo: Surdos filhos de pais Surdos; Surdos que não tem nenhum
contato com Surdo, Surdos que nasceram na cidade, ou que tiveram contato
com Língua de Sinais desde a infância etc... Como dissemos a identidade
Surda não é estável, esta em continua mudança. Os Surdos não podem ser um
grupo de identidade homogênea. Há que se respeitarem as diferentes
identidades.

Em todo caso, para a construção destas identidades impera sempre a


identidade cultural, ou seja, a identidade Surda como ponto de partida para
identificar as outras identidades Surdas. Esta identidade se caracteriza também
como identidade política, pois esta no centro das produções culturais.

Outro ponto de partida que não pode ser esquecido é que a identidade Surda é
possível pela experiência visual. Isto é, se a pessoa tem audição já não pode
ser Surda como no caso da identidade intermediaria. Isto tudo é importante à
produção cultural como seja: necessidade de intérpretes, de Língua de Sinais,
de convívio com pessoas de identidades iguais‖.

Os aspectos culturais e identitários das pessoas surdas devem ser destacados


ao contrário do desconhecimento que acaba por gerar pré-conceitos que
rotulam estas pessoas como deficientes físicos com incapacidades geradas por
conta da perda auditiva.

Identidades Surdas (identidade política) - Trata-se de uma identidade


fortemente marcada pela política Surda. São mais presentes em Surdos que
pertencem à comunidade Surda e apresentam características culturais como
sejam:

Possuem a experiência visual que determina formas de comportamento,


cultura, língua, etc.;

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Carregam consigo a Língua de Sinais. Usam Sinais sempre, pois é sua forma
de expressão. Eles têm o costume bastante presente que os diferencia dos
ouvintes e que caracteriza a diferença Surda: a captação da mensagem é
visual e não auditiva. O envio de mensagens não usa o aparelho fonador, usa
as mãos;

Aceitam-se como Surdos, sabem que são Surdos e assumem um


comportamento de pessoas Surdas, Entram facilmente na política com
identidade Surda, onde impera a diferença: necessidade de interpretes, de
educação diferenciada, de Língua de Sinais, etc.;

Esta identidade assume características bastante diferenciadas é preciso


lembrar aqui que, por exemplo, a identidade Surda genealógica traz sinais
vividos e provados durante gerações, por exemplo, na Itália há uma família de
Surdos de mais de 40 gerações; os filhos de pais Surdos; os Surdos que
nasceram Surdos têm família ouvinte e entraram em contato com a
comunidade Surda já em idade adulta.

Nem todos os surdos fazem e aceitam a língua de sinais, muitos


deles transitam entre a identidade surda e a ouvinte, não necessariamente
pertencendo à comunidade surda.

Os Surdos que não têm contato com a comunidade Surda. Ou Surdos que
viveram na inclusão ou que tiveram contato da surdez como preconceito ou
desconhecimento social. São outra categoria de Surdos, visto de não contarem
com os benefícios da cultura Surda. Eles também têm algumas características
particulares.

Estão em dependência no mundo dos ouvintes, seguem os seus princípios,


respeitam-nos, colocam-nos acima dos princípios da comunidade Surda, às
vezes competem com os ouvintes, pois que são induzidos no modelo da
identidade ouvinte.

As identidades Surdas embaraçadas são outros tipos que podemos encontrar


diante da representação estereotipada da surdez ou desconhecimento da
surdez como questão cultural.

As Identidades de Diáspora divergem das identidades de transição. Estão


presentes entre os Surdos que passam de um pais a outro ou, inclusive
passam de um Estado brasileiro a outro, ou ainda de um grupo Surdo a outro.

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Ela pode ser identificada como o Surdo carioca, o Surdo brasileiro, o Surdo
norte-americano. É uma identidade muito presente e marcada.

O que vai determinar a identidade Surda é sempre a experiência visual. Neste


caso, em vista desta característica diferente distinguimos a identidade ouvinte
da identidade Surda. Temos também a identidade intermediaria. Geralmente
esta identidade é identificada como sendo Surda. Essas pessoas têm outra
identidade, pois tem uma característica que não lhes permite a identidade
Surda isto é a sua captação de mensagens não é totalmente na experiência
visual que determina a identidade Surda.

―A diferença, como significação política, é construída histórica e socialmente; é


um processo e um produto de conflitos e movimentos sociais, de resistências
às assimetrias de poder e de saber, de uma outra interpretação sobre a
alteridade e sobre o significado dos outros no discurso dominante‖ (SKLIAR,
2005b, p. 6).

Os deslocamentos de linguagem que aos poucos se promovem no terreno dos


Estudos Surdos são, muito mais que revisões terminológicas, rompimentos
com as epistemes que sustentam discursos ouvintistas. Velhos termos são
problematizados, colocados em questão. Outros são ressignificados,
promovidos e trazidos à baila na torrente de transformações dos olhares sobre
a surdez.

Ao contrário de visões caritativas, filantrópicas e paternalistas em relação aos


sujeitos surdos, fundadas sobre a preeminência da falta, as novas
compreensões concretizam a afirmação do Ser Surdo como uma forma positiva
de existir, que se desdobra em uma série de expressões identitárias, a
confrontar a ideia de condição limitante e patológica que precisa ser superada.

Por isso, se antes eram percebidos como ―portadores‖ de uma enfermidade


que os apequenava diante de um mundo ouvinte, ou como deficientes (na
acepção vulgar e redutora do termo) acolhidos com caridade por instituições
filantrópicas-assistenciais, hoje muitos surdos enlaçam-se em lutas políticas,
organizados em associações e movimentos populares, a reafirmar e reivindicar
direitos.

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VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS DAS LÍNGUAS DE SINAIS

Cada país possui sua própria língua de sinais, diferentemente da língua falada
desses locais. As línguas de sinais não são uma língua universal, nesse
sentido, as comunidades surdas de quase todos os países do mundo possuem
sua língua na modalidade gestual visual.

A língua de sinais é uma língua visual, que surge nas comunidades de


pessoas surdas ou se deriva de outras línguas de sinais.

Assim como as línguas orais-auditivas, uma língua de sinais é considerada


pela linguística como língua natural, pois atende a todos os critérios linguísticos
como qualquer língua. Por seu canal comunicativo ser diferente das línguas
orais-auditivas, as línguas de sinais são denominadas como línguas de
modalidade visuoespacial.

Os sinais, ou seja, as palavras, são articulados essencialmente pelas mãos e


percebidos através da visão. Em uma língua de sinais, os sinais não
são gestos. Os sinais são símbolos arbitrários, legitimados e convencionados
pelos falantes de uma língua de sinais, assim como as palavras são em uma
língua oral. Por meio de uma língua de sinais, o surdo ou pessoa com
deficiência auditiva têm acesso à informação e à comunicação. Há no mundo
muitas línguas de sinais e em muitos países línguas de sinais têm recebido o
status de língua oficial.

Cada país tem a sua, ou até mais de uma, língua de sinais.

Tomando como exemplo alguns países lusófonos, vemos que utilizam


diferentes línguas de sinais: no Brasil existe a Língua Brasileira de
Sinais (LIBRAS) e a Língua de Sinais Kaapor Brasileira, em Portugal existe
a Língua Gestual Portuguesa (LGP), em Angola existe a Língua Angolana de
Sinais (LAS), em Moçambique existe a Língua Moçambicana de Sinais (LMS).

Assim como acontece nas línguas faladas oralmente, existem variações


linguísticas dentro da própria língua de sinais, isto
é, regionalismos e/ou sotaques. Essas variações se devem a ligeiras
diferenças culturais e influências diversas no sistema de ensino do país, por
exemplo. Há também outros fatores que favorecem à diversidade e à mudança
linguística, como, por exemplo, a extensão e a descontinuidade territorial e os
contatos com outras línguas. Além disso, deve-se levar em conta que

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diferenças culturais são determinantes nos modos de representação do mundo.
Assim, os surdos sentem as mesmas dificuldades que os ouvintes quando
necessitam comunicar com outros que utilizam uma língua diferente.

É comum aos ouvintes pressupor que as línguas de sinais sejam versões


sinalizadas das línguas orais. Por exemplo, muitos acreditam que a LIBRAS é a
versão sinalizada da língua portuguesa do Brasil; que a Língua de Sinais
Americana é a versão sinalizada da língua inglesa; que a Língua de
Sinais Japonesa é a versão sinalizada da língua japonesa; e assim por diante.
No entanto, embora haja semelhanças ou aspectos comuns entre as línguas de
sinais, devido a um certo contato linguístico, as línguas de sinais são
autónomas, possuem estruturas gramatical própria, não derivam das línguas
orais e possuem peculiaridades que as distinguem umas das outras e das
línguas orais.

A língua de sinais são completas em si mesmas, dispondo de recursos


expressivos suficientes para permitir aos seus usuários expressar-se sobre
qualquer assunto, em qualquer situação, domínio do conhecimento e esfera de
atividade. Por meio de uma língua de sinais é possível criar poesias, contar e
inventar histórias, discutir sobre filosofia, política, assuntos do cotidiano
etc. Emmanuelle Laborit, atriz surda, afirma no seu livro O Vôo da Gaivota, que
tudo pode ser expressado por meio dos sinais, sem perder nenhum de
conteúdo. Mais importante, ainda: é uma língua adaptada à capacidade de
expressão dos surdos.

Há também o Sistema de Escrita para Línguas de Sinais (Escrita SEL). O


sistema de escrita foi desenvolvido pela Profa. Dra. Adriana S. C. 'Lessa-de-
Oliveira em 1999 e posteriormente melhorado em 2011. A Escrita SEL foi
desenvolvida para a Libras. Entretanto, segundo a criadora, pode ser utilizado
para escrever outras línguas de sinais. Mas, em alguns casos é necessária
adaptação simples.

I – E – S –T – U – D – A –R

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A EDUCAÇÃO DE SURDOS E O ENSINO DA LIBRAS NO BRASIL

A língua brasileira de sinais (Libras) é a língua de sinaisPB (língua gestualPE)


usada por surdos dos centros urbanos brasileiros e legalmente reconhecida
como meio de comunicação e expressão. É derivada tanto de uma língua de
sinais autóctone, que é natural da região ou do território em que habita, quanto
da língua gestual francesa; por isso, é semelhante a outras línguas de sinais
da Europa e da América.

A Libras não é a simples gestualização da língua portuguesa, e sim uma língua


à parte, como o comprova o fato de que em Portugal usa-se uma língua de
sinais diferente, a língua gestual portuguesa (LGP).

Assim como as diversas línguas naturais e humanas existentes, ela é


composta por níveis linguísticos como:

Fonologia, morfologia, sintaxe e semântica.

Da mesma forma que nas línguas orais-auditivas existem palavras, nas línguas
de sinais também existem itens lexicais, que recebem o nome de sinais. A
diferença é sua modalidade de articulação, a saber visual-espacial, ou cinésico-
visual, para outros. Assim sendo, para se comunicar em Libras, não basta
apenas conhecer sinais. É necessário conhecer a sua gramática para combinar
as frases, estabelecendo a comunicação de forma correta, evitando o uso do
"Português sinalizado".

Os sinais surgem da combinação de configurações de mão, movimentos e de


pontos de articulação — locais no espaço ou no corpo onde os sinais são feitos
— e também de expressões faciais e corporais que transmitem os sentimentos
que para os ouvintes são transmitidos pela entonação da voz, os quais juntos
compõem as unidades básicas dessa língua.

Assim, a Libras se apresenta como um sistema linguístico de transmissão de


ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. Como
em qualquer língua, também na libras existem diferenças regionais. Portanto,
deve-se ter atenção às suas variações em cada unidade federativa do Brasil.

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A difusão do alfabeto dactilológico, também conhecido como alfabeto manual, a
pressuposição de que esse alfabeto é a própria língua de sinais, que há uma
única língua de sinais e que essa língua é universal. No entanto, o alfabeto
dactilológico é apenas um código de representação das letras alfabéticas, cuja
função é a soletração de palavras das línguas orais, de algum vocábulo da
língua oral que ainda não possua um sinal correspondente na língua de sinais,
etc.

De acordo om o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), o alfabeto


dactilológico usado atualmente no Brasil é um conjunto de 27 formatos, ou
configurações diferentes de uma das mãos, cada configuração correspondendo
a uma letra do alfabeto do português escrito, incluindo o ―Ç‖. O alfabeto manual
também não é universal. Por ser convencionado, cada língua de sinais possui o
seu alfabeto dactilológico. Há também o alfabeto manual para pessoas surdas-
cegos. Nesse caso, os indivíduos os surdos-cegos precisam pegar na mão de
quem está sinalizando.

É muito aconselhável soletrar devagar, formando as palavras com nitidez.


Entre as palavras soletradas, é melhor fazer uma pausa curta ou mover a mão
direita para o lado esquerdo, como se estivesse empurrando a palavra já
soletrada para o lado. Normalmente o alfabeto manual é utilizado para soletrar
os nomes de pessoas, de lugares, de rótulos, sinais de pontuação, tais
como, vírgulas, ponto final e de interrogação, às vezes, são desenhados no
ar. Preposições e outras classes de palavras de que a língua não dispõe são
inseridas na sinalização por meio da dactilologia, ou do alfabeto manual.

Portanto, a partir desta Lei, a Língua Brasileira de Sinais passou a ser


considerada como um meio de comunicação e expressão e não interpretada
apenas por gestos ou mímicas. Mesmo com o passar dos anos a Libras
(Língua Brasileira de Sinais) continua fazendo parte de uma minoria linguística
na qual é constituída por surdos e o meio social em que ele vive, através dessa
língua ele consegue mostrar sua capacidade e seu desenvolvimento no meio
social.

Contudo, a lei existe, mas não é executada da maneira correta em diversos


lugares, não só nas escolas, como por exemplo nos bancos, consultórios
médicos e supermercados, ou seja, ainda falta infraestrutura e profissionais
qualificados que possam atender os surdos como está constituído nesta lei.

É importante saber que a atualidade é um período de plena informação e


tecnologia avançada, mas encontramos ainda a crença de que no Brasil todos
falam português, se esquecendo das línguas indígenas, imigrantes e da Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS), que foi reconhecida como a língua oriunda das
comunidades surdas do país, através da lei nº10.436/2002, garantido o direito

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do reconhecimento da Libras como língua de manifestação e expressão das
pessoas surdas no acesso à educação, à saúde, à cultura e ao trabalho.

Estão garantidas no Brasil, por parte do poder público em geral e empresas


concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o
uso e difusão da língua brasileira de sinais como meio de comunicação objetiva
e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. O governo do
estado brasileiro de São Paulo produziu um dicionário voltado para os surdos,
elaborado com o intuito de diminuir ao máximo a exclusão digital. Produzido em
CD-ROM, o dicionário tem 43 606 verbetes, 3 000 vídeos, 4 500 sinônimos e
cerca de 3 500 imagens.

A Libras, como as outras línguas de sinais, não tem um sistema de escrita


largamente adotado, embora existam algumas propostas, como a SignWriting e
a "ELiS", que estão sendo usadas em algumas escolas e publicações. Na falta
de uma escrita própria, a Libras tem sido transcrita usando palavras em
português que correspondam ao significado dos sinais. Para designar que a
palavra em português indica um sinal, é grafada convencionalmente em letras
maiúsculas. Além disso, o signwriting é também uma linguagem simbólica, que
é representada por elementos geométricos e desenhos representativos em
forma de gráfico que busca determinar o sinal feito pelos parâmetros
estabelecidos pela língua de sinais a ser expressada manualmente.

Ao falarmos em língua de sinais estamos a referir-nos a língua materna/natural


de uma comunidade de surdos, isto é, uma língua de produção manuo-motora
e de recepção visual, com vocabulário e gramática próprios, não dependente
da língua oral, usada pela comunidade surda, que envolve também ouvintes,
tais como familiares de surdos, intérpretes, professores e outros.

Aspectos comuns:

Arbitrariedade: As línguas orais são maioritariamente arbitrárias, não se


depreende a palavra simplesmente pelo sua representatividade, mas é
necessário conhecer o seu significado. As palavras e os sinais apresentam
conexões arbitrárias entre a forma e o significado. A iconicidade encontra-se
presente nas línguas de sinais, mais do que nas orais, mas a sua
arbitrariedade continua a ser dominante. Embora, nas línguas de sinais, alguns
sinais sejam totalmente icônicos, é impossível, como nas línguas orais,
depreender o significado da grande maioria dos sinais, apenas pela sua
representação.

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Comunidade: As línguas orais têm uma comunidade que as adquirem, como
língua materna, cujo desenvolvimento se faz através de uma comunidade de
origem, passando pela família, a escola e as associações. Todas as línguas
orais têm variações linguísticas. Todas as línguas gestuais possuem estas
mesmas características.

Sistema linguístico: As línguas orais são sistemas regidos por regras. O


mesmo acontece com as línguas de sinais, conforme referenciado por Stokoe
(1960).

Produtividade: As línguas orais possuem a características da produtividade e


da recursividade, sendo possível aos seus falantes nativos produzirem e
compreenderem um número infinito de enunciados, mesmo que estes nunca
tenham sido produzidos antes. Acontece o mesmo com as línguas de sinais,
sendo encontradas a criatividade e produtividade nas produções. Podemos
falar diversas coisas de diversas formas a partir das regras de cada língua. Por
exemplo, da LGP, pelos seus gestuantes nativos, parecendo não haver limite
criativo.

Aspectos contrastivos: As línguas orais possuem aspectos contrastivos, isto


é, as unidades fonológicas do sistema de determinada língua estabelecem-se
por oposições contrastivas, ou seja, em pares de palavras, em que a
substituição de uma unidade fonológica (um fonema) por outra altera o
significado da palavra (por exemplo: parra e barra). Acontece o mesmo nas
línguas de sinais, sendo que em vez de unidade fonológica, muda um pequeno
aspecto do gesto (por exemplo, na LGP: método e liberdade).

Evolução e renovação: As línguas orais modificam-se, como no caso das


palavras que caem em desuso, outras que são adquiridas, a fim de aumentar o
vocabulário e ainda no caso da mudança de significado das palavras. O
mesmo acontece nas línguas de sinais, a fim de responder às necessidades
que a evolução socio-cultural impõe (por exemplo, na LGP, os seis gestos de
"comboio", ou os gestos de "filme").

Aquisição da linguagem: A aquisição de qualquer língua oral é natural, desde


que haja um ambiente propício desde nascença. Na língua de sinais acontece

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de igual forma, não tendo o indivíduo surdo que exercer esforço para aprender
uma língua de sinais, ou necessidade de qualquer preparação especial.

Funções da linguagem: As línguas orais podem ser analisadas de acordo


com as suas funções. O mesmo acontece com as línguas de sinais. As funções
são: a função referencial, a emotiva, a conativa, a fática, a metalinguística, e a
poética.

Processamento: Embora usando modalidades de produção e percepção, as


línguas orais e de sinais são processadas na mesma área cerebral, no lado
esquerdo do cérebro.

Segundo Chomsky, todas a línguas possuem um sistema de combinação. A


partir de unidades simples, formam-se unidade mais complexas. As frases e
sentenças são formadas a partir de palavras; as palavras são formadas a partir
de unidades menores, morfemas; e os morfemas, são formadas a partir de
fonemas.

As línguas de sinais e de sinais se diferem quanto a forma como as unidade


são construídas. Segundo Gesser (2009), enquanto as línguas orais tendem a
organizar as unidades sequencialmente/linearmente; as línguas de sinais, de
uma maneira geral, incorporam as unidades simultaneamente, pois um signo
pode ser articulado com uma mão, e outro com a outra, de forma simultânea.

Além disso, enquanto as mãos sinalizam itens lexicais, as expressões faciais e


corporais fornecem informações discursivas e gramaticais. Mesmo assim,
mesmo nas línguas de sinais, a linearidade está presente em todos os níveis
de análise: do fonológico ao discursivo. Como por exemplo, nos sinais
compostos. Nos sinais compostos, duas unidades preexistentes na língua se
juntam para criar um novo vocábulo. Nesses casos, o sinal é realizado em uma
ordem linear. Não é possível invertê-la.

Embora existam aspectos universais, pelos quais se regem todas as línguas de


sinais, a comunicação visual dos Surdos não é universal. As línguas de sinais
não seguem a ordem e estrutura frásicas das línguas orais. As línguas de
sinais, assim como as orais, pertencem às comunidades onde são usadas,
tendo apresentado diferenças consideráveis entre as determinadas línguas.

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O RECONHECIMENTO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

A Libras foi criada, então, junto com o INES, a partir de uma mistura entre a
Língua Francesa de Sinais e de gestos já utilizados pelos surdos brasileiros.
Ela foi ganhando espaço pouco a pouco, mas sofreu uma grande derrota em
1880. Um congresso sobre surdez em Milão proibiu o uso das línguas de sinais
no mundo, acreditando que a leitura labial era a melhor forma de comunicação
para os surdos. Isso não fez com que eles parassem de se comunicar por
sinais, mas atrasou a difusão da língua no país.

Com a persistência do uso e uma crescente busca por legitimidade da língua


de sinais, a Libras voltou a ser aceita. A luta pelo reconhecimento da língua, no
entanto, não parou. Em 1993 uma nova batalha começou, com um projeto de
lei que buscava regulamentar o idioma no país. Quase dez anos depois, em
2002, a Língua Brasileira de Sinais foi finalmente reconhecida como uma língua
oficial do Brasil.

Essa conquista se somou a outras mais atuais, que sempre passaram pelo
campo da legislação. Nos últimos anos não foram poucas as leis e
recomendações que buscaram regulamentar aspectos da língua de sinais para
propagar seu o uso e garantir direitos à comunidade surda:

2004: Lei que determina o uso de recursos visuais e legendas nas


propagandas oficiais do governo;

2008: Instituído o Dia Nacional do Surdo, comemorado em 26 de Setembro,


considerado o mês dos surdos;

2010: Foi regulamentada a profissão de Tradutor e Intérprete de Libras;

2015: Publicação da Lei Brasileira de Inclusão (ou Estatuto da Pessoa com


Deficiência), que trata da acessibilidade em áreas como educação, saúde,
lazer, cultura, trabalho etc.;

2016: Anatel publica resolução com as regras para o atendimento das pessoas
com deficiência por parte das empresas de telecomunicações;

Mesmo com todos esses avanços, a Libras ainda é pouco conhecida e usada
entre os ouvintes. Seu status de língua oficial não é validado na prática. Para
mudar essa realidade precisamos tratar a Língua Brasileira de Sinais como
realmente nossa, defendendo-a e procurando aprender mais sobre ela.
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Criada somente em 24 de abril de 2002, a lei 10.436, que reconhece a Libras
(Língua Brasileira de Sinais) como meio legal de comunicação e expressão, é
um marco importante para a comunidade surda brasileira.

A lei também determina que o poder público deve apoiar seu uso e difundir a
língua, que passados 17 anos de sua publicação ainda enfrenta desafios para
ser plenamente cumprida.

Língua Materna se refere aos surdos que nascem em famílias de surdos, em


que a língua comum é a Libras. Já para surdos que nascem em famílias
ouvintes, em que não há comunicação em Libras entendemos como Língua
natural.

Entre as ações que ainda não estão plenamente aplicadas, há a


obrigatoriedade de que instituições e concessionárias de serviços públicos
ofereçam atendimento e tratamento adequados aos surdos.

A lei também determina que as redes públicas de ensino devem incluir a língua
nos cursos de formação de educação especial, fonoaudiologia e magistério em
níveis médio e superior.

Antes da lei, o surdo ficava apenas em casa com a família, que também não
sabia Libras. Quase não havia comunicação. A lei aumentou o conhecimento e
visibilidade sobre a língua de sinais.

Não só o surdo pode se comunicar em Libras.

Todos podem, nas lojas, nos hospitais, e escolas.

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GRAMÁTICA DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

Segundo Cunha e Cintra (2008, p. 41), nas línguas orais ―a disciplina que
estuda minuciosamente os sons da fala, as múltiplas realizações dos fonemas,
chama-se fonética.

A parte da gramática que estuda o comportamento dos FONEMAS numa


língua denomina-se fonologia ou fonémica‖.

Já nas Línguas de Sinais, a Fonética e a Fonologia estudam as unidades


mínimas que formam os sinais e que isoladamente não apresentam nenhum
significado (QUADROS; KARNOPP, 2004). Segundo Quadros e Karnopp
(2004, p. 81-82), essas duas áreas se relacionam, já que possuem o mesmo
objeto de estudo, porém há pontos de vista diferentes:

A principal preocupação da fonética é descrever as unidades mínimas dos


sinais. A fonética descreve as propriedades físicas, articulatórias e perceptivas
de configuração e orientação de mão, movimento locação, expressão corporal
e facial. [...] A fonologia estuda as diferenças percebidas e produzidas
relacionadas com as diferenças de significado.

Nos anos de 1960 a 1970, aconteceram as primeiras investigações linguísticas


em relação à Língua de Sinais, realizadas por um grupo de pesquisadores,
dentre eles Stokoe, que realizou a primeira descrição estrutural da Língua de
Sinais Americana (ASL) e propôs a decomposição dos sinais dessa língua em
três parâmetros: a configuração de mão (CM), a locação da mão (L) e
o movimento da mão (M).

Dessa forma, esses parâmetros foram considerados como unidades mínimas


de formação dos sinais, tais como os fonemas nas línguas orais. A partir dos
trabalhos desenvolvidos por Stokoe, outros parâmetros foram adicionados à
fonologia das Línguas de Sinais: a orientação da mão (Or) e as expressões
não-manuais (ENM) (QUADROS; KARNOPP, 2004).

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Imagem: br.123rf.com

De acordo com Quadros e Karnopp (2004):

Configuração de mão (CM): as várias formas que a mão adquire durante a


realização dos sinais;

Movimento (M): envolve várias formas e direções, eles podem ser: internos da
mão, do pulso ou direcionais no espaço;

Locação (L): também chamado de ponto de articulação (PA), diz respeito à


área do corpo ou do espaço em que o sinal é realizado;

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Orientação da mão (Or): é a direção para a qual a palma da mão aponta
durante a realização do sinal, ela pode ser: para cima, para baixo, para o
corpo, para a frente, para a direita ou para a esquerda;

Expressões não-manuais (ENM): são os movimentos realizados pela face,


pelos olhos, pela cabeça ou pelo tronco durante a realização dos sinais.

Assim como a gramática convencional é entendida como conjunto de regras


necessárias que o indivíduo deva seguir na estruturação de textos, tais como:
Morfologia, sintaxe, coesão e coerência, acrescentando nesse repertório à
fonologia, a semântica e a pragmática, a gramática de LIBRAS, também,
possui regras para estruturação de textos, similares e contrastiva com a
gramática da Língua Portuguesa, relacionadas à morfologia, coesão, coerência
e semântica, conforme afirma (QUADROS, 2007 apud KATO, 1988).

 que há similaridades comportamentais que não precisam ser


explicitadas por constituírem a base comum das línguas naturais;
 que se duas línguas compartilham muitas similaridades tipológicas,
estas poderão servir de base para as primeiras inferências quanto ao
significado das formas em língua estrangeiras;
 quanto às diferenças, por serem sistemáticas, admitem um tratamento
inferencial e heurístico.

A língua de sinais é uma língua espacial-visual e existem muitas formas


criativas de explorá-la - Configurações de mão, movimentos, expressões faciais
gramaticais, localizações, movimentos do corpo, espaço de sinalização,
classificadores são alguns dos recursos discursivos que tal língua oferece para
serem explorados durante o desenvolvimento da criança surda e que devem
ser explorados para um processo de alfabetização com êxito. (QUADROS,
2007).

As línguas de sinais são de modalidade gestual-visual, e o espaço é o canal de


comunicação. Nele, frases, textos e discursos são produzidos e articulados
através dos sinais. São consideradas línguas naturais, pois surgiram da
interação espontânea entre indivíduos. Elas possuem gramática própria, além
dos níveis linguísticos, fonológico, morfológico, semântico, sintático e
pragmático, o que possibilita aos seus utentes expressarem diferentes tipos de

18
significados, dependendo da necessidade comunicativa e expressiva do
indivíduo. Além disso, as línguas de sinais não descendem e nem dependem
das línguas orais.

Iconicidade e Arbitrariedade

Iconicidade e arbitrariedade do signo linguístico são inerentes às


línguas naturais. Reflexões acerca das definições destes fenômenos das
línguas ocorreram desde a época de Platão e se estendem até os dias de hoje.
Podem-se citar, dentre as reflexões do filósofo grego, questões sobre a
linguagem e sobre a relação dela com o mundo. Crátilo, Hermógenes e
Sócrates foram um dos interlocutores que dialogaram acerca desta relação,
discutindo a ligação existente entre nome, idéia e coisa. Crátilo defendia
o conceito de iconicidade; Hermógenes, de arbitrariedade. Sócrates, por seu
turno, integrava as duas concepções.

Variações linguísticas

A língua está em constante evolução, é dinâmica, um produto social


em permanente inconclusão, ―(...) é intrinsecamente heterogênea, múltipla,
variável, instável e está sempre em desconstrução e em reconstrução‖
(BAGNO, 2007, p.35, grifos do autor).

Devido a este caráter de ordem heterogênea, nas línguas naturais pode


ser identificado um fenômeno linguístico denominado variação. As línguas de
sinais, por serem naturais, apresentam tais manifestações. Segundo Bagno
(2007) existem fatores sociais ou extralinguísticos que podem proporcionar à
identificação do fenômeno variação linguística, são eles:

Origem geográfica: a língua varia de um lugar para o outro; assim, podemos


investigar, por exemplo, a fala característica das diferentes regiões
brasileiras, dos diferentes estados, de diferentes áreas geográficas dentro de
um mesmo estado etc.; outro fator importante também é a origem rural ou
urbana da pessoa;

Status socioeconômico: as pessoas que têm um nível de renda muito baixo


não falam do mesmo modo das que têm um nível de renda médio ou muito
alto, e vice-versa;

19
Grau de escolarização: o acesso maior ou menor à educação formal e, com
ele, à cultura letrada, à prática da leitura e aos usos da escrita, é um fator
muito importante na configuração dos usos linguísticos dos diferentes
indivíduos;

Idade: os adolescentes não falam do mesmo modo como seus pais, nem estes
pais falam do mesmo modo como as pessoas das gerações anteriores;

Sexo: homens e mulheres fazem usos diferenciados dos recursos que a língua
oferece;

Mercado de trabalho: o vínculo da pessoa com determinadas profissões e


ofícios incide na sua atividade linguística: uma advogada não usa os mesmos
recursos linguísticos de um encanador, nem este os mesmos de um cortador
de cana;

Redes sociais: cada pessoa adota comportamentos semelhantes aos


das pessoas com quem convive em sua rede social; entre esses
comportamentos está também o comportamento linguístico.

Leitura Complementar:

Livro: Ferramenta didática e lúdica para

intensificar o aprendizado da Língua Brasileira

de Sinais eBook Kindle.

Editora: Editus.

Autor: Melquisedeque Oliveira Silva Almeida (Autor)

Podemos dizer que o meio ou canal que distingue as línguas orais das línguas
de sinais pode privilegiar e explorar características próprias do canal na
constituição das estruturas linguísticas e na sua articulação e percepção.

20
DATILOLOGIA/ALFABETO MANUAL E NUMERAIS

Datilologia ou Dactilologia é um sistema de representação, quer simbólica, quer


icónica, das letras dos alfabetos das línguas orais escritas, por meio das mãos.
É útil para se entender melhor a comunidade surda, faz parte da sua cultura e
surge da necessidade de contato com os cidadãos ouvintes.

Em geral, é um erro comparar o alfabeto manual com a língua gestual


(no Brasil: língua de sinais), quando, na realidade, pois este é a anotação, por
meio das mãos, das letras das línguas orais e dos seus principais caracteres.

A datilologia classifica-se em dois tipos

Bimanual Unimanual

Bimanual, onde se representam convencionalmente os caracteres nas


distintas falanges e juntas da mão passiva (geralmente a esquerda), usando-se
o indicador da outra mão (dominante) como ponteiro sinalizador. É utilizado,
actualmente pelos surdos no Reino Unido, Austrália, África do Sul, Nova
Zelândia e nalgumas zonas do Canadá. O alfabeto do Reino Unido é muito
antigo, pois já era utilizado pelos monges da Irlanda, no século VII.

Unimanual, em que a mão dominante (geralmente a direita), representa


graficamente as letras impressas em minúsculas, do alfabeto latino. A sua
origem é espanhola, provavelmente das comunidades de judeus convertidos do
início do século XVI.

Na maioria dos países cujas línguas oficiais se escrevem com o alfabeto latino
— e, inclusive nos países árabes, como Egito e Marrocos, se bem que

21
adaptado à grafia árabe — os surdos usam um alfabeto unimanual para
representar os caracteres baseado no alfabeto manual espanhol.

A dactilologia foi inserida nas línguas gestuais, por educadores, tanto ouvintes
como surdos; ela serve de ponte entre a língua gestual e a língua oral que a
rodeia.

A dactilologia é usada em muitas línguas gestuais, com vários propósitos:


representar palavras (especialmente nomes de pessoas ou de localidades) que
não têm gesto (br: sinal) equivalente, ou para ênfase ou clarificação, ou para se
ensinar ou aprender uma determinada língua gestual.

Imagem: br.123rf.com

A dactilologia tem a sua origem em Espanha. A sua fonte conhecida mais


antiga, a obra do monge franciscano Mechor Sánchez de Yebra (1526-1586),
foi publicada em 1593. Este afirma no seu livro que a fonte original desse
alfabeto é San Buenaventura (Frei Juan de Fidanza, 1221-1274).

Obs.: Foram descobertos alfabetos manuais em centenas de pinturas


renascentistas medievais.

22
Outro monge espanhol, contemporâneo de Sánchez Yebra, Pedro Ponce de
León (1508-1584), também tinha feito uso de um alfabeto manual para educar
vários meninos surdos. A difusão alcançada pelo alfabeto manual de Sánchez
de Yebra, contudo, não se deve a Ponce de Léon — que não chegou a trazer a
público os seus trabalhos, a não ser um, publicado em 1620 — mas a outro
espanhol, Juan Pablo Bonet.

Pablo Bonet era secretário da família Fernandez de Velasco, que tinha vários
surdos, por causa dos frequentes casamentos entre parentes, realizados para
manter o património vinculado à família.

No século XVIII, a dactilologia surgiu em França, através de Jacob Rodrigues


Pereira e em 1816, através de Thomas Hopkins Gallaudet, e foi levada para
os EUA.

Os surdos, por norma são utilizadores de uma comunicação espaço-visual,


como principal meio de conhecer o mundo em substituição à audição e à fala, e
podem ter ainda uma cultura característica.

Alguns fatores podem afetar o processo de aprendizagem de pessoas surdas,


como por exemplo: o período em que os pais reconhecem a perda auditiva, o
envolvimento dos pais na educação das crianças, os problemas físicos
associados, os encaminhamentos feitos, o tipo de atendimento realizado, entre
outros.

O surdo difere do ouvinte, não apenas porque não ouve, mas porque
desenvolve potencialidades psico-culturais próprias. Somos todos pessoas
diferentes.

No Brasil os surdos desenvolveram a LIBRAS com influência da língua de


sinais francesa, portanto, elas não são universais; cada país, ou comunidade
de surdos possui sua própria língua de sinais. Em Portugal, por exemplo, existe
a LGP. Em Angola, os surdos locais desenvolveram a Língua Gestual
Angolana (LGA), também largamente designada por Língua Angolana de
Sinais (LAS). Já outros, por viverem isolados ou em locais onde não exista uma
comunidade surda, apenas se comunicam por gestos mímicos.

Conheça mais sobre o assunto e aprenda com o Curso Tradução e


Interpretações de Libras da iEstudar.

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23
O INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS

Intérprete - Pessoa que interpreta de uma língua (língua fonte) para outra
(língua alvo) o que foi dito.

Intérprete de língua de sinais - Pessoa que interpreta de uma dada língua de


sinais para outra língua, ou desta outra língua para uma determinada língua de
sinais.

Linguas de sinais - São línguas que são utilizadas pelas comunidades surdas.
As línguas de sinais apresentam as propriedades específicas das línguas
naturais, sendo, portanto, reconhecidas enquanto línguas pela Linguística. As
línguas de sinais são visuais-espaciais captando as experiências visuais das
pessoas surdas.

Lingua brasileira de sinais - A língua brasileira de sinais é a língua utilizada


pelas comunidades surdas brasileiras.

LSB - É outra sigla para referir-se à língua brasileira de sinais: Língua de Sinais
Brasileira. Esta sigla segue os padrões internacionais de denominação das
línguas de sinais.

Modalidades de tradução-interpretação – língua brasileira de sinais para


português oral, sinais para escrita, português para a língua de sinais oral,
escrita para sinais - Uma tradução sempre envolve uma língua escrita. Assim,
poder-se-á ter uma tradução de uma língua de sinais para a língua escrita de
uma língua falada, da língua escrita de sinais para a língua falada, da escrita
da língua falada para a língua de sinais, da língua de sinais para a escrita da
língua falada, da escrita da língua de sinais para a escrita da língua falada e da
escrita da língua falada para a escrita da língua de sinais. A interpretação
sempre envolve as línguas faladas/ sinalizadas, ou seja, nas modalidades
orais-auditivas e visuais-espaciais. Assim, poder-se-á ter a interpretação da
língua de sinais para a língua falada e vice-versa, da língua falada para a

24
língua de sinais. Vale destacar que o termo tradutor é usado de forma mais
generalizada e inclui o termo interpretação.

Tradutor-intérprete de língua de sinais - Pessoa que traduz e interpreta a


língua de sinais para a língua falada e vice-versa em quaisquer modalidades
que se apresentar (oral ou escrita).

Tradução-interpretação simultânea - É o processo de tradução interpretação


de uma língua para outra que acontece simultaneamente, ou seja, ao mesmo
tempo. Isso significa que o tradutor-intérprete precisa ouvir/ver a enunciação
em uma língua (língua fonte), processá-la e passar para a outra língua (língua
alvo) no tempo da enunciação.

Tradução-interpretação consecutiva - É o processo de tradução


interpretação de uma língua para outra que acontece de forma consecutiva, ou
seja, o tradutor-intérprete ouve/vê o enunciado em uma língua (língua fonte),
processa a informação e, posteriormente, faz a passagem para a outra língua
(língua alvo).

Tradutor-intérprete de língua de sinais - Pessoa que traduz e interpreta a


língua de sinais para a língua falada e vice-versa em quaisquer modalidades
que se apresentar (oral ou escrita).

Tradução-interpretação simultânea - É o processo de tradução interpretação


de uma língua para outra que acontece simultaneamente, ou seja, ao mesmo
tempo. Isso significa que o tradutor-intérprete precisa ouvir/ver a enunciação
em uma língua (língua fonte), processá-la e passar para a outra língua (língua
alvo) no tempo da enunciação.

Tradução-interpretação consecutiva - É o processo de tradução


interpretação de uma língua para outra que acontece de forma consecutiva, ou
seja, o tradutor-intérprete ouve/vê o enunciado em uma língua (língua fonte),
processa a informação e, posteriormente, faz a passagem para a outra língua
(língua alvo).

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SAUDAÇÕES

Art. 1° É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua


Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados.

Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma


de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-
motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de
transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do
Brasil

Art. 2º Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas
concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o
uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de
comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do
Brasil.

Art. 3° As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços


públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento
adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas
legais em vigor.

Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais,


municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de
formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus
níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como
parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme
legislação vigente.

Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a


modalidade escrita da língua portuguesa.

Vamos aprender Saudações com a iEstudar

26
Imagem: criandoumbloggliracir.blogspot.com

A disciplina de Libras (Língua Brasileira de Sinais) é importante para os


estudantes das áreas de Educação e Idiomas. Na falta de uma escrita própria,
a Libras tem sido transcrita usando palavras em português que correspondam
ao significado dos sinais.

Com a iEstudar você aprendeu que a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS),


que foi reconhecida como a língua oriunda das comunidades surdas do país,
através da lei nº 10.436/2002, garantido o direito do reconhecimento da Libras
como língua de manifestação e expressão das pessoas surdas no acesso à
educação, à saúde, à cultura e ao trabalho.

27
Referências Bilbiográficas

Sobre o autor:

Ministério da Saúde.Espaço Aberto: Revista Eletrônica da USP, n. 141, ago.,


2012.Surdo Cidadão.Biblioteca Virtual em Saúde.

Disponível em:

https://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2506-surdez

Pesquisa equipe IEstudar em: 21/02/2020

Sobre o autor:

mirandalibras.AS DIFERENTES IDENTIDADES SURDAS.

Disponível em:

http://mirandalibrassemfronteiras.weebly.com/-as-diferentes-identidades-
surdas.html

Pesquisa equipe IEstudar em: 21/02/2020

Sobre o autor:

Hugo Eiji.Identidades Surdas.

Disponível em:

https://culturasurda.net/identidades-surdas/

Pesquisa equipe IEstudar em: 21/02/2020

Sobre o autor:

Wikipédia, a enciclopédia livre.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_de_sinais

Pesquisa equipe IEstudar em: 21/02/2020

28
Sobre o autor:

Hugo Eiji.Identidades Surdas.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_brasileira_de_sinais

Pesquisa equipe IEstudar em: 21/02/2020

Sobre o autor:

João Vitor Bogas.A história da Libras, a Língua Brasileira de Sinais.

Disponível em:

http://blog.handtalk.me/historia-lingua-de-sinais/

Pesquisa equipe IEstudar em: 21/02/2020

Sobre o autor:

REDAÇÃO ND, FLORIANÓPOLIS. Lei de reconhecimento da Língua Brasileira


de Sinais completa 17 anos.

Disponível em:

https://ndmais.com.br/noticias/lei-reconhecimento-lingua-brasileira-sinais-
completa-17-anos/

Pesquisa equipe IEstudar em: 21/02/2020

Sobre o autor:

Eva dos Reis Araújo Barbosa (2013). Fonética e Fonologia das Línguas de
Sinais.

Disponível em:

http://nomundodalibras.blogspot.com/2013/12/foneticae-fonologia-das-linguas-
de.html

Pesquisa equipe IEstudar em: 21/02/2020

29
Sobre o autor:

CREA - MT.Gramática de Libras – Conhecer para entender uma língua


diferente – Parte II

Disponível em:

https://www.crea-mt.org.br/portal/gramatica-de-libras-conhecer-para-entender-
uma-lingua-diferente-parte-ii-2/

Pesquisa equipe IEstudar em: 21/02/2020

Sobre o autor:

Danielle Sousa. Professora do Centro de Ensino e Apoio a Pessoa com


Surdez.

Disponível em:

http://www.porsinal.pt/index.php?ps=artigos&idt=artc&cat=9&idart=129

Pesquisa equipe IEstudar em: 21/02/2020

Sobre o autor:

Wikipédia, a enciclopédia livre.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Dactilologia

Pesquisa equipe IEstudar em: 21/02/2020

Sobre o autor:

Jenny fazendo arte. Datilologia-Alfabeto manual e números.

Disponível em:

http://libraspocosdecaldas.blogspot.com/2016/12/datilologia.html

Pesquisa equipe IEstudar em: 21/02/2020

30
Sobre o autor:

Wikipédia, a enciclopédia livre.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_dos_surdos

Pesquisa equipe IEstudar em: 21/02/2020

Sobre o autor:

O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua portuguesa /


Secretaria de Educação Especial; Programa Nacional de Apoio à Educação de
Surdos - Brasília : MEC ;

SEESP, 2004. 94 p. : il.1. Língua de sinais. 2. Professor intérprete.I. Título.CDU


376

Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/

Sobre o autor:

Fred Linardi; Ilustrações: Eduardo Vieira. Revista Super Interessante.

Disponível em:

https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quais-sao-os-gestos-de-saudacao-
mais-usados-no-mundo/

http://portal.mec.gov.br/

31

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