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LIBRAS

LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS


Muitas pessoas acreditam que as línguas de sinais são somente um conjunto de gestos
que interpretam as línguas orais.
As línguas de sinais são línguas visoespaciais. Elas se apresentam em uma
modalidade diferente das línguas orais, pois utilizam a visão e o espaço, e não o canal oral-
auditivo, para sua realização.
LIBRAS é a língua de sinais usada pelos surdos brasileiros. Essa denominação foi
estabelecida em Assembléia convocada pela Federação Nacional de Educação e Integração
dos Surdos (FENEIS), em outubro de 1993.
A Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, que reconhece e oficializa a língua de sinais
brasileira, e o DECRETO nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005 regulamenta aquela lei e
mantem esta denominação:
Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira
de Sinais – LIBRAS e outros recursos de expressão a ela associados.

Parágrafo único: Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS a forma de


comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos,
oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
A LIBRAS tem status de primeira língua (L1) na comunidade surda brasileira e o português
escrito é considerado segunda língua (L2).
LEI Nº 8.160 de 08 de janeiro de 1991.
Dispõe sobre a caracterização e a obrigação da colocação visível do símbolo que identifica
pessoas portadoras de deficiência auditiva. “Símbolo Internacional da Surdez”.

LEI Nº 12.319 de 01 de setembro de 2010.


Regulamenta o exercício da profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de
Sinais – LIBRAS.

LEI Nº 9.503 de 23 de setembro de 1997 e a Resolução Nº 168/04 A Diretora-Presidente


do Departamento Estadual de Trânsito – DETRAN/RS. Regulamenta a obtenção da Carteira
Nacional de Habilitação para portadores de Deficiência Auditiva.

PORTARIA Nº 004/DETTRAN/ASJUR/2009. Regulamenta o acompanhamento de Intérprete


para o surdo durante a realização do exame teórico-técnico.

Dia Nacional do Surdo = 26/09


Dia Internacional do Surdo = 30/09
Código Internacional de Doenças = CID-10 H90
O Dia Internacional do Surdo é comemorado por membros da comunidade surda de todo o
mundo (surdos e ouvintes) no dia 30 de setembro ou no último domingo do mês de
Setembro de cada ano. No Brasil, o dia 26 de setembro foi instituído como o Dia Nacional
dos Surdos e o Dia Internacional da Língua de Sinais. O principal objetivo dessas datas
comemorativas é propor a reflexão e o debate sobre os direitos e a luta pela inclusão das
pessoas surdas na sociedade.

IMPORTANTE SALIENTAR QUE, COMO NO CASO DAS LÍNGUAS ORAIS - AUDITIVAS,


NÃO EXISTE UMA LÍNGUA DE SINAIS UNIVERSAL.

Cada país tem sua própria língua de sinais, com léxico e estrutura própria. Dessa
forma, por exemplo, se um surdo brasileiro, usuário de LIBRAS, quiser se comunicar com
um surdo americano na língua deste deverá aprender a ASL (Língua de Sinais Americana),
exatamente como um ouvinte brasileiro falante de português precisa aprender inglês.
Quanto á estrutura, as línguas de sinais possuem gramática própria com regras
específicas em todos os níveis: fonológico, morfológicos e sintáticos. São aptas, portanto,
como qualquer outra língua, a produzir expressões metafóricas, construir humor, expressar
opiniões políticas, denotar referentes teóricos.

COMO LER O QUE NUNCA OUVIU?


Ao ler, os ouvintes recorrem a memória auditiva, ao passo que vão lembrando dos sons
das palavras. Portanto, muito do que lêem é entendido porque já ouviram antes. Muitos
ouvintes aprendem esse arbritário sistema ou código escrito associando-o com os sons da
língua falada, de modo a entender o que lêem.
Tente imaginar, porém, jamais ter ouvido, em toda sua vida, um som, uma palavra ou
uma língua falada.
É dificil, é frustrante aprender um arbritário código de uma língua que não se pode
ouvir.
O surdo define o “barulho” como um “ruido visual”, quando estão em muitos
conversando.
Para algumas culturas surdas, “oralizar” é sinal de negação da língua dos surdos.

ICONICIDADE E ARBITRARIEDADE

Sinais Icônicos: Os sinais se apresentam em forma icônica, ou seja, em formas


linguísticas que tentam imitar o referencial real em suas características visuais, fazendo
alusão à imagem do seu significado.
Exemplo: CARRO, BORBOLETA, TELEFONE.
Sinais Arbritários: Durante muito tempo, a Língua Brasileira de Sinais não era constituida
língu, pelo fato das pessoas pensarem que os sinais eram somente icônicos, portanto, não
representavam conceitos abstratos ou complexos.
Exemplo: BRINCAR, NAMORAR, TRABALHAR.
DATILOLOGIA
A Datilologia é um sistema com configurações de mão que representam cada letra do alfabeto
da língua portuguesa. Tem a finalidade de soletrar palavras que ainda não possuem sinal em língua
de sinais ou que o soletrador não conhece, por exemplo, nomes próprios de pessoas ou lugares. O
alfabeto manual não é parte da Libras, mas um sistema auxiliar utilizado para facilitar a comunicação.

PARÂMETROS LINGUÍSTICOS

Os sinais usados em LIBRAS são formados a partir da combinação do movimento das mãos
com um determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo
ou um espaço em frente ao corpo. Estas articulações das mãos, que podem ser comparadas aos
fonemas e às vezes aos morfemas, são chamadas de parâmetros, portanto, nas línguas de sinais
podem ser encontrados os seguintes parâmetros:

* Configuração das Mãos (lugares diferentes):


São formas das mãos, que podem ser da datilologia ( alfabeto manual ) ou outra forma feitas
pela mão predominante ou pelas duas mãos do emissor ou sinalizador. Os sinais APRENDER,
LARANJA, ADORAR tem a mesma configuração de mão e são realizados na testa, na boca e no
peito, no lado esquerdo, respectivamente.

* Ponto de Articulação
É o lugar onde incide a mão predominante configurada, podendo esta tocar alguma parte do
corpo ou estar em um espaço neutro vertical (do meio do corpo até a cabeça) e horizontal (à frente
do emissor), onde é realizado o sinal.

* Ponto de Articulação
É o lugar onde incide a mão predominante configurada, podendo esta tocar alguma parte do
corpo ou estar em um espaço neutro vertical ( do meio do corpo até a cabeça ) e horizontal ( à frente
do emissor ), onde é realizado o sinal.
Exemplo: PAI, MÃE, MULHER, HOMEM.

*Movimento da Mão
Os sinais podem ter ou não movimento. Uma pequena alteração no movimento pode mudar
o significado do sinal.
Exemplo: TEIMOSO, ÁGUA, LIMPAR, LIVRO.

* Orientação ou Direcionamento
É a direção que o sinal terá para ser executado.
Exemplo: LIVRO, LIMPAR, ANTES, DEPOIS.

* Expressão Facial e/ou Corporal


Muitos sinais necessitam de um complemento facial e até corporal para fazer com que
sejam compreendidos. A expressão facial são as feições feitas pelo rosto para dar vida e
entendimento ao sinal executado.
Exemplo: TRISTE, CHIMARRÃO, PRIMO, SEMANA.
Numeros em Libras
TIPOS DE SURDEZ: COMO FUNCIONAM E SUAS CAUSAS
As maiorias dos especialistas separam-nas em três categorias distintas. São elas:

 Perda auditiva neurossensorial;


 Perda auditiva condutiva;

 Perda auditiva mista.

Diferença entre surdez e perda de audição

A diferença entre a perda de audição e a surdez ocorre a partir do quadro auditivo entre ambas as
condições. Uma pessoa que apresenta perda de audição consegue ouvir alguns sons e participar de
conversas, dependendo da severidade de seu caso, que pode variar entre de leve a grave.
Considerados deficientes auditivos, essas pessoas são beneficiadas pelo uso de aparelhos auditivos,
implantes cocleares e outros dispositivos auxiliares.

De acordo com o Artigo 4º do Decreto Federal 3298/1999, uma pessoa portadora de deficiência
auditiva possui “perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por
audiograma nas frequências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz”.

Já a surdez é caracterizada por pessoas com perda auditiva profunda ou total, uni ou bilateral.
Pessoas surdas não se comunicam através da linguagem falada e, por isso, utilizam as Libras —
Língua Brasileira de Sinais.

Tipos de surdez

Os quatro tipos de perda de audição, também conhecidos como tipos de surdez são:

Perda auditiva neurossensorial

A perda auditiva neurossensorial é o tipo mais comum de perda de audição, e geralmente ocorre
quando as células do ouvido interno, conhecidas como estereocílio, ou o nervo auditivo sofrem algum
tipo de dano. Os danos impedem ou enfraquecem a transferência de sinais nervosos para o cérebro.

Esse tipo de surdez é permanente e pode impactar tanto a audição quanto a fala do indivíduo.
Entretanto, o seu tratamento pode ser feito a partir do uso de aparelhos auditivos, dependendo do
grau e severidade do caso.

Causas

A condição é comum em crianças, provavelmente devido a uma síndrome genética ou uma infecção
durante a gestação. No entanto, a surdez neurossensorial também pode ser causada por outros
motivos, como:

-O processo de envelhecimento natural;


-Exposição a barulhos altos e constantes;
-Doenças cardiovasculares ou diabetes;
-Infecções;
-Efeitos colaterais do consumo de medicamentos;
-Neuroma acústico ou outros tumores cancerígenos no ouvido interno;
-Concussões ou lesões cerebrais traumáticas que resultam em danos ao ouvido e seus nervos;
-Doenças autoimunes.

Perda auditiva condutiva

O tipo menos comum de perda auditiva, caracterizado pelo dano ou obstrução do ouvido externo ou
médio que impede que o som seja conduzido para o ouvido interno. Dependendo da causa da
condição, ela pode ser tratada com ajuda de medicamentos ou cirurgia, podendo ou não ser
revertida.

Causas

As causas da perda auditiva condutiva variam entre duas categorias, diferenciadas pelo local
afetado.

Ouvido externo

 Estenose ou estreitamento do canal auditivo;


 Obstrução por cera de ouvido;

 Exostoses (formações ósseas benignas)

 Otite externa;

 Microtia ou atresia (deformidade congênita da orelha)

 Obstruções causadas por corpos estranhos ou objetos inseridos na orelha;

Ouvido médio

 Rupturas no tímpano causadas por lesões, infecções de ouvido ou mudanças extremas e


rápidas na pressão do ar;
 Timpanosclerose;

 Inflamação na orelha;

 Acúmulo de líquido no ouvido médio;

 Bloqueios na trompa de Eustáquio;

 Otosclerose;

 Tumores;

 Descontinuidade da cadeia ossicular resultante de acidentes ou traumas ao ouvido.

Causas da Deficiência Auditiva

-Genéticas e Hereditárias: transmissão genética e combinação indesejáveis entre os genes.


-Pré-natais: - Virose: rubéola, sarampo, caxumba
-Protozoários: toxoplasmose
-Bactérias: sífilis
-Medicações
-Patologias que causam deslocamento prematuro da placenta, ruptura uterina, gestação de
alto risco (gestante cardíaca, problema renal).

Causas Natais: - Sofrimento fetal; cianozada (azulada) problema de oxigenação


- Parto demorado
- Difícil contrações uterinas e prolongadas
- Posição fetal inadequada
- Circulares do cordão umbilical
- Ruptura da bolsa d’água
- Incompatibilidade do fator RH

Perda de audição mista

É a combinação de ambos tipos de perda auditiva condutiva e neurossensorial. Pacientes com essa
condição podem ter uma perda auditiva neurossensorial e, em seguida, desenvolver um componente
condutivo separadamente. Alternativamente, idosos com problemas de audição associados ao
envelhecimento também podem sofrer com uma perda de audição temporária resultante de
obstruções por cera de ouvido.

Esse tipo de surdez pode ser tratado dependendo da sua causa e severidade. Em casos onde a
perda de audição é mais condutiva, por exemplo, o indivíduo pode fazer o tratamento através do
manuseamento de medicamentos ou por cirurgias. No entanto, em casos de surdez neurossensorial
mais graves, os tratamentos podem ser outros.

Mais de um bilhão de pessoas que escutam música alta em todo o mundo poderão ter
problemas auditivos, segundo OMS

Neuropatia auditiva

Também conhecida como transtorno do espectro da neuropatia, essa condição é resultante de algum
acometimento do nervo auditivo. Dessa forma, o som entra no ouvido normalmente, mas a
transmissão dos sinais sonoros do ouvido interno para o cérebro é prejudicado de alguma forma.

A neuropatia auditiva pode ser tratada através do transplante coclear, mas, em alguns casos essa
perda auditiva é permanente.

Graus de surdez

Entre os tipos de surdez, também existem graus da perda de audição. Os graus podem ser
observados, na maioria das vezes, por consultas clínicas com especialistas de saúde. O que refere-
se aos graus de perda auditiva são classificados em quão alto os sons precisam ser para você ouvi-
los em decibéis, ou pela capacidade auditiva de cada indivíduo.

A tabela a seguir mostra a classificação dos graus de perda de audição:

Graus de perda auditiva Decibéis no nível de audição (dB HL)


Normal -10 a 15 dB HL
Fraco 16 a 25 dB HL
Leve 26 a 40 dB HL
Moderado 41 a 55 dB HL
Moderadamente grave 56 a 70 dB HL
Severo 71 a 90 dB HL
Profundo 91+ dB HL

Como prevenir a perda de audição

A exposição ao barulho é uma das principais causas da surdez. Por isso, grande parte da prevenção
à condição envolve a proteção do ouvido e dos tímpanos.

 Para prevenir a perda auditiva, siga os seguintes conselhos:


 Limite a sua exposição à locais barulhentos;
 Proteja seu ouvido usando tampões de redução de som (dentro das orelhas) ou abafadores
(fora das orelhas);

 Abaixe os volumes de seus aparelhos eletrônicos, principalmente de músicas altas em fones


de ouvido;

 Faça testes de audição frequentemente, principalmente no caso de histórico familiar da


condição.

PERCURSO HISTÓRICO

Conhecer uma nova língua significa mais do que apropriar-se de um novo instrumento
de comunicação. Sendo a língua um produto histórico, social e cultural, seu estudo nos
remete ao outro, as suas experiências, a suas lutas, a suas conquistas.
Os conceitos de surdez e de surdo construíram-se e modificaram-se, ao longo da
história, seguindo os ideais políticos, filosóficos e religiosos de cada época. Na Antiguidade,
a surdez era encarada como castigo, o surdo era considerado louco, anormal ou enfeitiçado.
A surdez era eliminada com a morte ou com o abandono: “Na Antiguidade Chinesa os
surdos eram lançados ao mar. Os gauleses os sacrificavam ao deus Teutates. Em Esparta
os surdos eram jogados do alto dos rochedos. Em Atenas eram rejeitados e abandonados
nas praças públicas ou nos campos”.
Para os gregos e romanos; o Surdo não era considerado humano, pois a fala era
resultado do pensamento. Logo, quem não pensava não era humano. Não tinham direito a
testamentos, à escolarização e a frequentar os mesmos lugares que os ouvintes. Até o
século XII, os Surdos eram privados até de se casarem.
O filósofo Aristóteles entendia que a linguagem; a fala; atribuía ao homem a condição de
humano e afirmou que considerava o ouvido como órgão mais importante para a educação,
o que contribuiu para que o Surdo fosse visto como incapacitado para receber qualquer
instrução naquela época.
A Igreja Católica teve papel fundamental na discriminação no que se refere às pessoas
com deficiência, já que para ela o homem foi criado “à imagem e semelhança de Deus”.
Portanto, estes não eram considerados humanos.
Nesta época, a sociedade era dividida em feudos. Os nobres para não dividirem as
heranças acabavam casando entre si, o que gerava grande número de Surdos entre eles.
Na Idade Média, a Igreja considerava a surdez um castigo e a surdo um individuo
impossibilitado de receber a salvação. Os Surdos não se confessavam, não recebiam os
Sacramentos, condição necessária para a imortalidade da alma.

O SURDO NA IDADE MODERNA


A partir do final da Idade Média que começam a surgir os primeiros trabalhos para
educar os Surdos e integrá-los na sociedade ( ainda não é inclusão).
Até o século XV, os surdos e os demais deficientes foram alvos da medicina e da
religião Católica.

O médico, matemático e astrólogo GEROLAMO CARDANO (1501-1576) primeiro


educador do ocidente cujo primeiro filho era surdo. Ele afirmava que a surdez não impedia
de receber instrução. Afirmava que a escrita representava os sons da fala ou das ideias do
pensamento.
Monge beneditino, PEDRO PONCE DE LEON (1510-1584), fez Voto de Silêncio no
monastério da Espanha, usava sinais rudimentares.
Uma família espanhola teve muitos descendentes surdos por se casarem entre si e
para não dividirem os bens com estranhos, dois membros desta família foram para o
monastério de PONCE DE LEON e, junto dele deram origem à Língua de Sinais.
O trabalho de LEON foi reconhecido por toda a Europa, pois, seus alunos se tornaram
pessoas importantes.
Seu método de ensino iniciava com a escrita por meio dos nomes dos objetos e em
seguida a fala, começando pelos fonemas No século XVI, a grande revolução se deu pela
concepção de que a compreensão da ideia não dependia da audição de palavras.

O padre espanhol JUAN PABLO BONET, (1579-1633), filólogo* e soldado a serviço


secreto do rei, criou o primeiro tratado de ensino dos “surdos-mudos” que iniciavam com a
escrita sistematizada pelo alfabeto, que foi editado na França com o nome de Redação das
Letras e Artes de Ensinar os Mudos a Falar. BONET foi quem primeiro idealizou e desenhou
o alfabeto manual.
Seria mais fácil para o Surdo aprender a ler se cada som da fala fosse substituído
por uma forma visível.

VAN HELMON (1614-1699) estudioso holandês que se dedicou ao ensino dos Surdos;
propunha a oralização do Surdo por meio do alfabeto da língua hebraica.

JACOB RODRIGUES PEREIRA (1715-1780) educador português dos Surdos defendia


a oralização dos surdos mesmo usando a Língua de Sinais com fluência.

JOHANN CONRAD AMMAN (1669-1724), suíço, médico e educador dos Surdos.


Aperfeiçoou a leitura labial por meio de espelhos e do tato, sentindo a vibração da laringe.
Seu foco era o Oralismo, pois acreditava que os Surdos eram pouco diferentes dos animais,
devido à incapacidade de falar.
“Na voz residia o sopro da vida, o espírito de Deus”.
Era contra a Língua de Sinais porque acreditava que seu uso atrofiava a mente.
*Filologia é a ciência que tem como objetivo estudar uma língua através de textos
escritos.

No século XVII, os estudiosos tiveram grandes interesses na educação dos Surdos


pois, possibilitava ganhos financeiros, porque as famílias pagavam fortunas para que seus
filhos Surdos aprendessem a falar e escrever.

THOMAS BRAIDWOOD (1715-1806), educador inglês. Fundou em 1760 a primeira


escola como academia privada na Grã-Bretanha. Seus alunos aprendiam palavras escritas,
seus significados, sua pronúncia e a leitura orofacial e o alfabeto digital.
CHARLES-MICHEL DE L’EPÉE (1712-1789), educador filantrópico* francês, conhecido
como “Pai dos Surdos” e também um dos primeiros a defender o uso da Língua de Sinais.
Filantropia significa humanitarismo, é a atitude de ajudar o próximo, de faze
caridade, seja ela através de donativos, como roupas, comida, dinheiro, etc. É um termo é
de origem grega, que significa "amor à humanidade".

Criou a primeira escola pública no mundo para Surdos em Paris, o Instituto Nacional
para Surdos-Mudos, em 1760.
L’EPÉE fazia demonstração de seus alunos em praça pública para arrecadar dinheiro
para continuar seu trabalho. Ele tinha grande interesse na educação religiosa dos Surdos.
Sua obra mais importante foi publicada em 1776 com o título “A verdadeira Maneira
de Instruir os Surdos-Mudos”.
No século XVIII, a educação dos Surdos evoluiu devido a fundação de varias
escolas para Surdos e do uso da Língua de Sinais.

SURDO NA IDADE CONTEMPORÃNEA

JEAN-MARC ITARD (1775-1838), médico francês, iniciou um trabalho com o Garoto


Selvagem, em 1799.
Dedicou seu tempo tentando entender as causas da surdez. Dissecava
cadáveres de Surdos, dava descargas elétricas em seus ouvidos, usava sanguessugas para
provocar sangramentos e furar as membranas timpânicas de alunos, levando alguns a
morte, outros com fraturas cranianas e infecções devido as intervenções.
Após 16 anos de trabalho, concluiu que o Surdo só poderia ser educado por meio da
Língua de Sinais.
O método de L’EPÉE disseminou-se na Europa e nos Estados Unidos, possibilitando a
criação de inúmeras escolas para surdos.
A educação dos surdos nos Estados Unidos só aconteceu 50 anos mais tarde. Em
1817 fundaram a primeira escola pública, nos Estados Unidos; Hartford School, por
THOMAS HOPKINS GALLAUDET – educador ouvinte- e LAURENTE CLERC – surdo
francês. Inicialmente era usada a Língua de Sinais Francês e aos poucos foi modificada
para a Língua Americana de Sinais.

EDWARD GALLAUDET, filho de THOMAS GALLAUDET, fundou em 1864 a primeira


faculdade para Surdos em Washington. Optou pelo Oralismo e pela leitura orofacial.
ALEXANDER GRAHAM BELL (1847-1922), cientista e inventor do telefone. Sua mãe
era Surda e oralizava, não gostava de estar juntos aos Surdos.
Para BELL, os Surdos deveriam se passar por ouvintes encaixados num mundo
ouvinte. Caso algum aluno precisasse de um professor instrutor, isso só serviria para
dificultar a integração deste com a comunidade ouvinte.
BELL era considerado o mais temido inimigo dos Surdos americanos.
Em 1878, em Paris, aconteceu o I Congresso Internacional de Surdos-Mudos,
instituindo que o melhor método para a educação dos Surdos consistia na articulação com
leitura labial e no uso de gestos nas séries iniciais.
Em 1880, em Milão, ocorreu o II Congresso Mundial dos Surdos-Mudos, foi
considerado um marco histórico devido a completa mudança a respeito da surdez e da
educação dos surdos mundialmente. Organizado por uma maioria oralista, teve como
principal resultado e recomendado a metodologia Oral Pura, exclusiva para a educação dos
surdos, abolindo a Língua de Sinais.
Neste congresso somente um Surdo participou e não teve direito a voto e foi
convidado a se retirar.
As determinações do Congresso foram de que o método oral puro e a fala eram
incontestavelmente superiores aos Sinais.
Vários países da Europa adotaram o método oral puro para a educação dos Surdos.
Esta foi uma fase de extrema importância para entendermos a educação dos Surdos.
Quando eles já estavam em uma situação diferenciada, sendo instruídos, educados e já
usuários de uma língua que lhes permitia conhecimento de mundo, uma determinação
mundial lhes colocou novamente em uma posição submissa, proibindo-os de usarem a
língua que lhes era de direito.
Os Surdos, muitas vezes, foram usados, deslocados e colocados em situação de
desconforto social causando muito sofrimento.
Apesar da proibição do uso de sinais nas escolas, os surdos continuaram a usar sua
língua nos seus espaços de convivência. Na década de 1960, as línguas de sinais, nessa
época eram consideradas mais como uma espécie de pantomima ou código gesticular do
que propriamente línguas; foram reabilitadas a partir das pesquisas do linguista WILLLIAM
STOKOE, que iniciou estudos sobre a Língua de Sinais Americana (ASL).
Inúmeros linguistas e pesquisadores de outras áreas contribuíram para que o surdo
não fosse mais visto como portador de uma patologia de ordem médica, que deve ser
eliminada, mas como uma pessoa; a surdez passa então a ser considerada uma marca que
repercute nas relações sociais e no relacionamento afetivo e cognitivo dessa pessoa.
Com esse novo posicionamento, surgiram associações e federações, uma grande
parte criada e dirigida por surdos, as quais se ocupam de buscar o espaço educacional,
social e político do surdo.
Observamos depois desta retrospectiva história que muitos estudiosos defensores
do Oralismo, depois de muitas tentativas, resolveram aceitar o uso da Língua de Sinais.
Segundo SACKS, há que se concentrar em “entender o surdo, sua língua; a língua
de sinais; sua cultura e não apenas os aspectos biológicos ligados à surdez”.
Nesse sentido, SÁ:
Não utilizo a expressão “deficiente auditivo” numa tentativa de re-situar o
conceito de surdez, visto que esta expressão é utilizada, com preferência, no contexto
médico-clínico, enquanto que o termo surdo este mais afeito ao marco sociocultural da
surdez. Enfatizo a diferença, e não a deficiência, porque cremos que é nela que se
baseia a essência psicossocial da surdez: ele (o surdo) não é diferente unicamente
porque não ouve, mas porque desenvolve potencialidades psicoculturais diferentes dos
ouvintes.
Mesmo diante dos inegáveis avanços conseguidos devido ao interesse de
acadêmicos, pesquisadores, educadores e principalmente das comunidades surdas
organizadas, a posição do surdo, quer na questão educacional, quer no que diz respeito
à inclusão social, está longe do desejável.
Uma grande parte dos surdos jamais teve acesso à educação e aquelas que
frequentaram as escolas, na maioria das vezes, deixam a escola sem os saberes
necessários à inclusão social e ao exercício da cidadania. O número de surdos com
formação superior ainda é ínfimo.
Essa defasagem educacional deixa reflexos no mundo do trabalho;
contentando-se com empregos humildes, sem aspirar a uma educação superior.
Emblemática a reivindicação da I Conferência Estadual dos Direitos dos Surdos
no Rio Grande do Sul em 1998, citada por KLEIN.
Lutar pela extinção das listas de profissão para surdos que acabam
atribuindo-lhes incapacidade para certos cargos e limitando-lhes oportunidades de
emprego. Devido a esse condicionamento, muito surdos continuaram à margem do
mercado de trabalho, alguns precisam conformar-se em viver da Previdência Social e os
que estão inseridos dificilmente ascendem a postos mais elevados no emprego.

A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS NO BRASIL

No Brasil, a educação dos Surdos iniciou com a chegada do educador francês


HERNEST HUET, ex-aluno surdo do Instituto de Paris, que trouxe o alfabeto manual francês
e a Língua Francesa de Sinais. Deu-se origem à Língua Brasileira de Sinais, com grande
influencia da Língua Francesa.
HUET solicitou ao Imperador Dom Pedro II, um prédio para fundar em 26 de setembro
de 1857, o Instituto dos Surdos-Mudos do Rio de Janeiro; atual INES- Instituto Nacional de
Educação dos Surdos.
O instituto iniciou com a Língua de Sinais, mas em 1911 passou a adotar o Oralismo
puro, devido a determinação do Congresso Internacional de Surdos-Mudos de Milão.
Dr. MENEZES VIEIRA, trabalhou no instituto e defendia o uso da linguagem oral. Tinha
por convicção ser um desperdício alfabetizar Surdos num país de analfabetos.
Para ele, “falar seria o único meio de restituir o surdo-mudo na sociedade”.

Entre os anos 1930 e 1947, o Instituto estava sob a gestão do Dr. ARMANDO PAIVA
LACERDA. Neste período foi desenvolvida a Pedagogia Emendativa do Surdo-Mudo, que
era mais uma vez a certeza de que o método oral seria a única forma de o Surdo ser
incluído na sociedade.
Também foi instituído que o aluno passasse por testes para verificar a inteligência e a
aptidão para a oralização. Os alunos foram separados por suas capacidades. Formando
salas mais homogêneas, separadas de acordo com a seguinte classificação: surdos-mudos
completos, surdos incompletos, semi-surdos propriamente ditos, semi-surdos.
A visão que este diretor tinha em relação a educação dos Surdos se resume em uma
afirmação:
“Separados os anormais em classes homogêneas suaviza-se sobremaneira a
tarefa educativa que é muito mais difícil e ingrata em relação a estas crianças”.
Em 1951, após quase 100 anos de existência do Instituto, assume pela primeira vez a
direção a profissional em educação, Profª ANA RÍMOLI DE FARIA DÓRIA. A grande
inovação do período de sua gestão foi a implementação do Curso Normal de Formação de
Professores Surdos. Sendo o Instituto uma referência para todo o Brasil, A metodologia
usada era Oralismo.
Na década de 1970, com s visita de IVETE VASCONCELOS, educadora de surdos da
Universidade Gallaudet, chegou ao Brasil a filosofia da Comunicação Total e, na década
seguinte, a partir das pesquisas da professora lingüista LUCINDA FERREIRA BRITO sobre a
Língua Brasileira de Sinais e da professora EULALIA FERNANDES, sobre a educação dos
surdos, o Bilinguismo passou a ser difundido. Atualmente estas três filosofias educacionais
ainda persistem paralelamente no Brasil.
Após várias experiências e trabalhos terapêuticos com os Surdos, percebeu-se que é
possível desenvolver a linguagem oral, mas tudo vai depender do resíduo auditivo, da
estimulação para fala, uso precoce de aparelhos de amplificação sonora individual e alguns
outros fatores.
Cada caso deve ser avaliado individualmente. Acredita-se que o Oralismo é uma
possibilidade, assim como os Sinais. Devemos oferecer OPORTUNIDADE para que os
Surdos se desenvolvam linguisticamente, pedagogicamente e como cidadãos.

“Acredito que o melhor para o Surdo é aprender a Língua Brasileira de Sinais,


porém sinto que falar algumas palavras também me ajudou em alguns casos
específicos. Penso que o que seria melhor é que o Surdo pudesse ter acesso ás
duas línguas, sempre dando prioridade à sua língua materna. Seria algo como 80%
de LIBRAS e 20% de linguagem oral, mesmo sem ser perfeita. A fala ajuda”.

SURDO – CEGO
Uma definição funcional refere ao surdo-cego como aquele que tem uma perda
substancial da visão e da audição, de tal modo que a combinação das suas deficiências
cause extrema dificuldade na conquista de habilidades educacionais, de lazer e sociais.
A surdez- cegueira na sua forma extrema, significa simplesmente total dependência do
tato para se comunicar.
Pessoas que usam o TADOMA: colocam as mãos nos lábios dos falantes ou nas mãos
e/ou no corpo sinalizador para sentir o significado da língua.
LIBRAS TÁTIL: sinalizada com a mão do emissor na palma da mão do receptor.

PRONOMES
FAMÍLIA

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