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NEUROANATOMIA E FISIOLOGIA DA AUDIÇÃO

Profa. Kmilla Batista


Vallinoto de
Souza

Belém-PA
Março

I. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
• CURSO: Especialização em Língua Brasileira de Sinais na Educação Inclusiva
• DISCIPLINA: Neuroanatomia e Fisiologia da Audição
• CARGA HORÁRIA: 30 Horas
• ANO ACADÊMICO: 2014
• PROFESSORA: Kmilla Batista Vallinoto de Souza

II. EMENTA

1
A audição, órgãos do aparelho auditivo e seu funcionamento, conceito e classificação das perdas
auditivas, fatores etiológicos. Como prevenir a surdez. O diagnóstico precoce. Tipos de exames
para audição: teste da orelhinha, audiometria infantil, audiometria comportamental, BERA,
imintanciometria. O aparelho de amplificação sonora individual (AASI). Implante coclear.

III. OBJETIVO GERAL

Contribuir com um referencial teórico, prático e crítico sobre as especificidades da audição para
que os educadores possam identificar e atender às necessidades educacionais especiais dos
alunos surdos, na perspectiva inclusiva.

IV. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Ao Final da disciplina, pretende-se que os alunos sejam capazes de:


- Compreender o funcionamento da audição;
- Compreender as características básicas que constituem os tipos de surdez;
- Identificar as causas tipos de prevenção e diagnóstico das perdas auditivas;
- Entender sobre as condições básicas e funcionamento do aparelho auditivo (AASI) e implante
coclear;

V. CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DO CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

• A audição e seu funcionamento;


• Causas, tipos, prevenção e diagnostico das perdas auditivas;
• O aparelho de amplificação sonora individual (AASI). Implante coclear;

VI. AVALIAÇÃO

Avaliação do Processo Ensino-Aprendizagem:

Os alunos serão avaliados no decurso da disciplina por meio da participação contributiva


nas discussões, leituras de textos, relatório de leitura, trabalho em grupo e avaliação escritas.

VII. BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA K; IÓRIO M. C. M. Próteses Auditivas. Fundamentos Teóricos e Aplicações Clínicas.
São Paulo, Lovise, 2003.
BESS, Fred H., HUMES, Larry, E., Fundamentos em audiologia. 2 ed. Porto Alegre: Artmed,
1998.
BEVILACQUA, M. C.; COSTA FILHO, O. A. Audiologia Atual. Volume I. São Paulo: Frontis
Editorial, 1998.
FROTA, S. Fundamentos em Fonoaudiologia: Audiologia. São Paulo: Guanabara-Koogan,
1998.
JERGER, S. Alterações Auditivas: Um Manual Para Avaliação Clínica. São Paulo: Atheneu,
1998.
KATZ, J. Tratado de audiologia clínica. 4. ed. São Paulo: Manole, 1999.
MUSIEK, F. E.; RINTELMANN, W. F. Perspectivas atuais em avaliação auditiva. 1ed. São
Paulo: Manole, 2001.

A AUDIÇÃO E A SURDEZ
1
Kmilla Batista Vallinoto de Souza
1
Mestranda Comunicação, Linguagens e Cultura pela Universidade da Amazônia – UNAMA. Fonoaudióloga da UEES
Professor Astério de Campos e Professora Substituta da Universidade do Estado do Pará – UEPA, e-mail:
kfono@hotmail.com

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Para compreendermos melhor as conseqüências decorrentes da surdez é importante
sabermos mais sobre o processamento normal da audição, que inclui o conhecimento das
estruturas anatômicas do ouvido humano e de seu funcionamento.
É através da audição que aprendemos a identificar e reconhecer os diferentes sons do
ambiente. As informações trazidas pela audição, além de funcionarem como sinais de alerta,
auxiliam o desenvolvimento da linguagem, possibilitando a comunicação oral.

ANATOMIA DA ORELHA

O órgão responsável pela audição é a orelha (antigamente denominado ouvido),


também chamada órgão vestíbulo-coclear ou estato-acústico.
A maior parte da orelha fica no osso temporal, que se localiza na caixa craniana. Além
da função de ouvir, o ouvido também é responsável pelo equilíbrio.
A orelha está dividida em três partes: orelha externa, orelha média e orelha interna
(antigamente denominadas ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno).

1. Pavilhão Auditivo
2. Canal Auditivo
3. Membrana Timpânica
4. Estribo
5. Janela Oval
6. Tuba Auditiva
7. Cóclea
8. Canais Semicirculares
9. Bigorna
10. Martelo

ORELHA EXTERNA
A orelha externa é formada pelo pavilhão
auditivo (antigamente denominado orelha) e pelo canal
auditivo externo ou meato auditivo.  
Todo o pavilhão auditivo (exceto o lobo ou lóbulo)
é constituído por tecido cartilaginoso recoberto por pele,
tendo como função captar e canalizar os sons para a
orelha média.
O canal auditivo externo estabelece a
comunicação entre a orelha média e o meio externo, tem
cerca de três centímetros de comprimento e está escavado em nosso osso temporal. É
revestido internamente por pêlos e glândulas, que fabricam uma substância gordurosa
e amarelada, denominada cerume ou cera.
Tanto os pêlos como o cerume retêm poeira e micróbios que normalmente
existem no ar e eventualmente entram nos ouvidos.
O canal auditivo externo termina numa delicada membrana - tímpano ou
membrana timpânica - firmemente fixada ao conduto auditivo externo por um anel de
tecido fibroso, chamado anel timpânico. 

ORELHA MÉDIA

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A orelha média começa na membrana timpânica e consiste, em sua
totalidade, de um espaço aéreo – a cavidade timpânica – no osso temporal. Dentro
dela estão três ossículos articulados entre si, cujos nomes descrevem sua forma:
martelo, bigorna e estribo. Esses ossículos encontram-se suspensos na orelha
média, através de ligamentos.
O cabo do martelo está encostado no tímpano; o estribo apóia-se na janela
oval, um dos orifícios  dotados de membrana da orelha interna que estabelecem
comunicação com a orelha média. O outro orifício é a janela redonda. A orelha
média comunica-se também com a faringe, através de um canal denominado tuba
auditiva (antigamente denominada trompa de Eustáquio). Esse canal permite que o
ar penetre no ouvido médio. Dessa forma, de um lado e de outro do tímpano, a
pressão do ar atmosférico é igual. Quando essas pressões ficam diferentes, não
ouvimos bem, até que o equilíbrio seja
reestabelecido.

ORELHA INTERNA
A orelha interna, chamada labirinto, é formada por escavações no osso
temporal, revestidas por membrana e preenchidas por líquido. Limita-se com a orelha
média pelas janelas oval e a redonda. O labirinto apresenta uma parte anterior, a
cóclea ou caracol - relacionada com a audição, e uma parte posterior - relacionada
com o equilíbrio e constituída pelo
vestíbulo e pelos canais semicirculares.

FISIOLOGIA DA AUDIÇÃO

O ouvido é um autêntico mecanismo de precisão, cuja finalidade é captar sons que nos rodeiam,
enviando-os ao cérebro.

O circuito que percorrem as ondas sonoras pode explicar-se graficamente através do seguinte
esquema:

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1. Uma moeda cai no chão.
2. Ao bater no chão vibra criando uma onda sonora.
3. O pavilhão do ouvido capta essa onda sonora e concentra dentro dele no conduto auditivo.
4. No fundo desse conduto auditivo encontra-se o tímpano, que por sua vez começa a vibrar.
5. O tímpano está ligado por um conjunto de pequenos ossos que transmitem as vibrações e
amplificam-nas.
6. As vibrações chegam à zona interna do ouvido, onde existe um líquido que as propaga.
7. Este líquido transmite o seu movimento em forma de onda, ás células ciliadas que transformam
as vibrações em impulsos nervosos.
8. O nervo auditivo capta este impulso nervoso e dirige-o ao cérebro. É então que o cérebro
decodifica e interpreta as ondas sonoras recebidas.

ATENÇÃO! Na elaboração de um plano de ensino para um estudante surdo é de


fundamental importância saber o período de aparecimento da surdez, que pode ser:
pré-lingual ou pós-lingual.

CARACTERIZANDO A SURDEZ

IMPORTANTE!

O conhecimento sobre as características da surdez permite àqueles que se relacionam ou


que pretendem desenvolver algum tipo de trabalho pedagógico com pessoas surdas,
possibilidades de atender às suas especificidades.

 Quanto ao período de aquisição, a surdez pode ser dividida em dois grandes grupos:

- Congênitas, quando o indivíduo já nasceu surdo. Nesse caso a surdez é pré-lingual, ou seja,
ocorreu antes da aquisição da linguagem.

- Adquiridas, quando o indivíduo perde a audição no decorrer da sua vida. Nesse caso a surdez
poderá ser pré ou pós-lingual, dependendo da sua ocorrência ter se dado antes ou depois da
aquisição da linguagem.

 Quanto à etiologia (causas da surdez), elas se dividem em:

- Pré-natais: surdez provocada por fatores genéticos e hereditários, doenças adquiridas pela mãe
na época da gestação (rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus), e exposição da mãe a drogas
ototóxicas (medicamentos que podem afetar a audição).

- Peri-natais: surdez provocada mais freqüentemente por parto prematuro, anóxia cerebral (falta
de oxigenação no cérebro logo após o nascimento) e trauma de parto (uso inadequado de
fórceps, parto excessivamente rápido, parto demorado).

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- Pós-natais: surdez provocada por doenças adquiridas pelo indivíduo ao longo da vida, como:
meningite, caxumba, sarampo. Além do uso de medicamentos ototóxicos, outros fatores também
têm relação com a surdez, como avanço da idade e acidentes.

 Com relação à localização (tipo de perda auditiva) da lesão, a alteração auditiva pode
ser:

- Condutiva: quando está localizada no ouvido externo e/ou ouvido médio; as principais causas
deste tipo são as otites, rolha de cera, acúmulo de secreção que vai da tuba auditiva para o
interior do ouvido médio, prejudicando a vibração dos ossículos (geralmente aparece em crianças
freqüentemente resfriadas). Na maioria dos casos, essas perdas são reversíveis após tratamento.

- Neurossensorial: quando a alteração está localizada no ouvido interno (cóclea ou em fibras do


nervo auditivo). Esse tipo de lesão é irreversível; a causa mais comum é a meningite e a rubéola
materna.

- Mista: quando a alteração auditiva está localizada no ouvido externo e/ou médio e ouvido
interno. Geralmente ocorre devido a fatores genéticos, determinantes de má formação.

- Central: A alteração pode se localizar desde o tronco cerebral até às regiões subcorticais e
córtex cerebral.

 Quanto ao Grau de Comprometimento ("Grau da Perda Auditiva”)

- Audição normal - de 0 15 dB

- Surdez leve: de 16 a 40 dB. Nesse caso a pessoa pode apresentar dificuldade para ouvir o som
do tic-tac do relógio, ou mesmo uma conversação silenciosa (cochicho).

- Surdez moderada: de 41 a 55 dB. Com esse grau de perda auditiva a pessoa pode apresentar
alguma dificuldade para ouvir uma voz fraca ou o canto de um pássaro.

- Surdez acentuada: de 56 a 70 dB. Com esse grau de perda auditiva a pessoa poderá ter
alguma dificuldade para ouvir uma conversação normal.

- Surdez severa: de 71 a 90 dB. Nesse caso a pessoa poderá ter dificuldades para ouvir o
telefone tocando ou ruídos das máquinas de escrever num escritório.

- Surdez profunda: acima de 91 dB. Nesse caso a pessoa poderá ter dificuldade para ouvir o
ruído de caminhão, de discoteca, de uma máquina de serrar madeira ou, ainda, o ruído de um
avião decolando.

O grau da perda auditiva é verificado por meio de testes onde são obtidos os limiares
tonais, utilizando um instrumento, chamado de Audiômetro. Esses limiares tonais correspondem à
menor intensidade de som que o indivíduo consegue ouvir.

O que é decibel?

Decibel é uma unidade


de medida da
intensidade do som.

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Nos casos de perda auditiva de grau leve as pessoas podem não se dar conta que
ouvem menos; somente um teste de audição (audiometria) vai revelar a perda. Quando a
perda auditiva passa a ser moderada para severa, os sons podem ficar distorcidos e na
conversação as palavras se tornam abafadas e mais difíceis para entender,
principalmente em ambientes que têm várias pessoas conversando, em locais com ruído
ambiental ou salas onde existe eco. O som da campainha e do telefone tornam-se difíceis
para serem ouvidos; o surdo moderado para severo pede a todo momento que falem mais
alto ou que repitam as palavras.
Recém-nascidos com surdez severa e profunda não se assustam com sons altos.
Crianças com problemas de audição, sem a devida assistência, têm dificuldades no
desenvolvimento da linguagem oral. Se chegam à idade escolar sem que a surdez tenha
sido diagnosticada, o aprendizado será difícil, simplesmente porque essas crianças
ouvem mal o que está sendo ensinado.
Quando a perda é maior, existe uma surdez profunda que impede o indivíduo de
ouvir a voz humana e adquirir, espontaneamente, o código da modalidade oral da língua,
mesmo com o uso de prótese auditiva. Pelo menos uma em cada mil crianças nasce
profundamente surda, o que é diagnosticado atualmente pelo Teste da Orelhinha.
É extremamente importante que a surdez seja reconhecida o mais precocemente
possível. Para tanto, os pais ou responsáveis devem observar as reações auditivas da
criança. Os especialistas da área são enfáticos quanto à necessidade de tratamento o
mais cedo possível.
Nos primeiros meses o bebê reage a sons como o de vozes ou de batidas de
portas, piscando, assustando-se ou cessando seus movimentos. Por volta do quarto ou
quinto mês a criança já procura a fonte sonora, girando a cabeça ou virando seu corpo.
Se o bebê não reage a sons de fala, os pais devem ficar atentos e procurar
aconselhamento com o pediatra, pois desde cedo o bebê distingue, pela voz, as pessoas
que convivem com ele diariamente.
Deve-se também estar atento à criança que:
- Assiste à televisão muito próxima do aparelho e que pede sempre para que o
volume seja aumentado;
- Só responde quando a pessoa fala de frente para ela;
- Não reage a sons que não pode ver;
- Pede que repitam várias vezes o que lhe foi dito, perguntando "o quê?",
"como?" ou
- Tem problemas de concentração na escola.
Crianças com problemas comportamentais também podem estar apresentando
dificuldades auditivas. Até uma ligeira perda na capacidade de percepção auditiva pode
influenciar o comportamento e o desenvolvimento da criança.

A surdez pode ser, ainda, classificada como unilateral, quando se apresenta em


apenas um ouvido e bilateral, quando acomete ambos ouvidos.

CONHEÇA OS TIPOS DE ALUNOS SURDOS DE ACORDO COM O GRAU DA PERDA


AUDITIVA

Sendo a surdez uma privação sensorial que interfere diretamente na comunicação,


alterando a qualidade da relação que o indivíduo estabelece com o meio, ela pode ter sérias
implicações para o desenvolvimento de uma pessoa, conforme o grau da perda auditiva que as
mesmas apresentem:

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- Surdez leve: a pessoa é capaz de perceber os sons da fala; adquire e desenvolve a linguagem
oral espontaneamente; o problema geralmente é tardiamente descoberto; dificilmente se coloca o
aparelho de amplificação porque a audição é muito próxima do normal.

- Surdez moderada: a criança pode demorar um pouco para desenvolver a fala e linguagem oral;
apresenta alterações articulatórias (trocas na fala) por não perceber todos os sons com clareza;
tem dificuldade em perceber a fala em ambientes ruidosos; são crianças desatentas e com
dificuldade no aprendizado da leitura e escrita.

- Surdez severa: a criança terá dificuldades em adquirir a fala e linguagem oral espontaneamente;
poderá adquirir vocabulário do contexto familiar; existe a necessidade do uso de aparelho de
amplificação e acompanhamento especializado.

- Surdez profunda: a criança poderá ou não desenvolver a fala e linguagem; existe a


necessidade do uso de aparelho de amplificação e acompanhamento especializado.

O TRABALHO DO PROFESSOR
(extraído da cartilha .A deficiência auditiva na Idade escolar. - Programa Saúde Auditiva.
HRAC/USP)

- O professor precisa observar:


 Se a criança apresenta dificuldade na pronúncia das palavras,
 Se a criança aparenta preguiça ou desânimo,
 Se a criança atende aos chamados,
 Se a criança inclina a cabeça, procurando ouvir melhor,
 Se a criança usa palavras inadequadas e erradas, quando comparadas às palavras utilizadas
por outras crianças da mesma idade,
 Se a criança não se interessa pelas atividades ou jogos em grupo,
 Se a criança é vergonhosa, retraída e desconfiada,
 Se fala muito alto ou muito baixo,
 Se a criança pede repetição freqüentemente.

Quando há suspeita de perda de audição, deve-se procurar um médico, para que ele faça exames
específicos, para avaliar a situação do bebê ou da pessoa. A avaliação audiológica, para constatar
se realmente houve perda de audição, pode ser feita de mais de uma forma, dependendo da
idade.

TIPOS DE AVALIAÇÕES

 Meatoscopia/ Otoscopia

Serve para avaliar o meato acústico externo. E este é imprescindível para a realização da
audiometria tonal liminar. O fonoaudiólogo deve observar se existe possibilidade de realização do
exame. Se houver presença de corpos estranhos ou cera obstruindo o meato e impedindo a
visualização da membrana timpânica, a avaliação (audiometria) não pode ser feita (FROTA,
2011). O paciente deve ser encaminhado para médico otorrinolaringologista para a realização de
limpeza otológica.

 Audiometria Convencional

É o exame que permite determinar os limiares auditivos dos indivíduos. Deve ser realizada em
cabina acusticamente tratada.
Para a realização de audiometria tonal liminar, além da cabina tratada acusticamente, o
fonoaudiólogo deve dispor de um audiômetro, onde estarão acoplados transdutores (fones), para

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a pesquisa de limiares tonais por via aérea e um vibrador ósseo, para a pesquisa de limiares
tonais por via óssea.
Para a realização da audiometria tonal liminar o paciente deve estar sentado dentro da cabina.
Deve ser orientado a levantar a mão ou apertar um botão a cada vez que ouvir um som (apito),
mesmo que este seja muito fraco. Se ouvir o som no lado direito deverá levantar a mão direita. Se
ouvir do lado esquerdo, deverá levantar a mão esquerda.

 Audiometria Lúdica
Esse teste é utilizado para avaliar a função auditiva, normalmente realizado em uma sessão,
se necessário, agenda-se retorno, é indolor, não é invasivo. São utilizadas técnicas lúdicas para
envolver a criança no ambiente de testagem.
A sua finalidade é determinar os níveis mínimos de respostas da criança para os estímulos
sonoros. Fornece informações como o tipo e o grau da perda auditiva.
Pode ser realizado com fones ou sem fones (em campo livre). São apresentados sons para
criança, que ao percebê-los encaixa uma peça no brinquedo pedagógico ou aperta um botão.
A criança deve compreender o teste, para respondê-lo adequadamente e estar calma e atenta.

 BERA

O Exame do Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico é um teste é objetivo (não


depende da resposta do paciente) e avalia a integridade funcional das vias auditivas nervosas
(nervo auditivo) desde a orelha interna até o córtex cerebral. O exame é indolor e não invasivo.
Este exame determina se existe ou não perda auditiva e precisar seu tipo e grau.
Também diz a área da perda auditiva detectada na audiometria tonal é decorrente de uma lesão
na cóclea, no nervo auditivo ou no tronco encefálico.
É colocado uns eletrodos na pele atrás das orelhas e na testa, são limpas com pasta
abrasiva e são fixados com uma fita adesiva antialérgica nestes locais e ainda são colocados
fones.
O paciente fica deitado, o mais tranqüilo e relaxado possível, com os olhos suavemente
fechados e recebe estímulo sonoro através dos fones. (o mais imóvel possível para que não haja
interferência no traçado do exame).
A criança deverá estar dormindo, pois qualquer movimento interfere na resposta elétrica e
inviabiliza sua interpretação.
É indicado para diagnóstico precoce da perda auditiva na criança de qualquer idade, ou
mesmo adultos, pessoas nas quais não tenha sido possível realizar uma testagem subjetiva
confiável, detecção de tumores do nervo auditivo, avaliação da audição em crianças e adultos
“difíceis” de serem avaliados por métodos subjetivos (inclusive prováveis simuladores na
audiometria) etc.

 Emissões Otoacústicas (TESTE DA ORELHINHA)

Teste da Orelhinha, ou Triagem Auditiva Neonatal, é realizado já no segundo ou terceiro


dia de vida do bebê. Ao contrário do nome parecido com o teste do pezinho, no Teste da
Orelhinha não é preciso fazer um furinho na orelha do bebê.
Esse exame consiste na colocação de um fone acoplado a um computador na orelha do
bebê que emite sons de fraca intensidade e recolhe as respostas que a orelha interna do bebê
produz.
O exame logo ao nascer é imprescindível para todos os bebês, principalmente àqueles que
nascem com algum tipo de problema auditivo. Estudos indicam que um bebê que tenha um
diagnóstico e intervenção fonoaudiológica até os seis meses de idade pode desenvolver
linguagem muito próxima a de uma criança ouvinte.
O grande problema é que a maioria dos diagnósticos de perda auditiva em crianças
acontece muito tardiamente, com três ou quatro anos, quando o prejuízo no desenvolvimento
emocional, cognitivo, social e de linguagem da criança está seriamente comprometido.

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Fácil, rápido e sem dor - o Teste da Orelhinha é realizado com o bebê dormindo, em sono
natural, é indolor e não machuca, não precisa de picadas ou sangue do bebê, não tem contra-
indicações e dura em torno de 10 minutos.
Há os chamados bebês de risco para a surdez. São os casos em que já existe um histórico
de surdez na família, intervenção em UTI por mais de 48 horas, infecção congênita (rubéola,
sífilis, toxoplasmose, citomegalovirus e herpes), anormalidades craniofaciais (má formação de
pavilhão auricular, fissura lábio palatina), fez uso de medicamentos ototóxicos, entre outros.
Todos os bebês devem fazer o Teste. Em bebês normais, a surdez varia de 1 a 3 crianças
em cada 1.000 nascimentos, já em bebês de UTI Neonatal, varia de 2 a 6 em cada 1.000 recém-
nascidos. A avaliação Auditiva Neonatal limitada aos bebês de risco é capaz de identificar apenas
50% dos bebês com perda auditiva.
A surdez é mais encontrada no período neonatal quando comparada a outras patologias.
Só como exemplo, o Teste do Pezinho aponta uma criança em cada 10 mil nascimentos, muito
menos que o da Orelhinha.
Portanto, o Teste da Orelhinha é algo fundamental ao bebê.

AASI – Aparelho de amplificação Sonora Individual/ Aparelho Auditivo

Em alguns casos, o exame audiométrico indica a


possibilidade de usar um aparelho de amplificação sonora individual
(A.A.S.I.). Este é um equipamento pequeno, usado junto ao ouvido
da criança, que amplia a intensidade dos sons e os traz para um
nível confortável para quem precisa usá-lo. Atualmente, ele possui
um nível bastante alto de sofisticação, ampliando o som de maneira
cada vez mais seletiva, isto é, os sons da fala têm "prioridade" sobre
os ruídos ambientais, nos momentos de comunicação.
Os benefícios advindos do uso do aparelho auditivo não são
percebidos de imediato; é necessário um período de aprendizagem e
de adequação auditiva que, às vezes, desanima a criança e seus
familiares.
Os pais precisam entender o que esse aparelho pode
representar para o filho, os benefícios que pode trazer e suas
limitações. Ele costuma gerar expectativas, como se fosse capaz de
realizar milagres. Muitos pais imaginam que, usando o aparelho, seu
filho deixará de ser surdo e se transformará em ouvinte.
O desenvolvimento auditivo na criança com perda auditiva
não acontece logo após a colocação e o uso do aparelho. Ele vai se
dar com o passar do tempo. Mas os pais e os profissionais não
podem desanimar.
Não é suficiente usar o aparelho auditivo durante algumas
horas por dia. Deve-se colocá-lo ao acordar e retirá-lo para dormir
(com exceção do banho). O aparelho é tão importante quanto comer.

IMPLANTE COCLEAR

O Implante coclear é uma prótese auditiva composta de componentes internos e externos


que substituem as células sensoriais do órgão de Corti, ativando diretamente as terminações
nervosas do nervo auditivo.
Os componentes externos são formados pelo microfone, pelo processador de fala e pela
antena externa, tendo como funções captar e converter o sinal acústico (como os sons de fala) em
sinal elétrico.
O componente interno é o implante coclear, formado por um magneto, receptor estimulador
que é colocado sob a pele, além de um feixe de eletrodos que se estende do receptor-estimulador
até a parte interna da cóclea. Nesta etapa, o receptor-estimulador processa a informação elétrica
e estimula os vários eletrodos inseridos na cóclea, ativando o nervo auditivo, que transmite a
informação ao cérebro, promovendo a sensação auditiva.
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Os implantes cocleares são indicados para indivíduos com perda auditiva profunda e que
não se beneficiam do uso do A.A.S.I.
Existem no mercado implantes cocleares monocanal e multicanais, sendo que estes
últimos têm sido mais recomendados por estarem apresentando resultados mais satisfatórios.
Os critérios de indicação do implante coclear recomendados pelo Centro de Pesquisas
Audiológicas do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São
Paulo. Campus Bauru, para crianças são:
 Crianças e jovens de até 17 anos de idade com deficiência auditiva profunda bilateral;
 Deficiência auditiva pós-lingual até 6 anos de surdez. Em deficiências progressivas não há
limite de tempo;
 Deficiência auditiva pré-lingual;
 Crianças de 2 a 4 anos de idade;
 Adaptação prévia do AASI e habilitação auditiva durante 6 meses;
 Incapacidade de reconhecimento de palavras emconjunto fechado;
 Família adequada e motivada para o uso do implante coclear;
 Reabilitação auditiva na cidade de origem.

COMO PREVENIR?

O estudo das causas da deficiência auditiva demonstra a importância da prevenção na


área da saúde e da educação uma vez que, segundo dados da Organização Mundial de Saúde -
OMS, 1,5% da população dos países em desenvolvimento têm problemas relativos à audição

Há várias formas de se evitar a surdez:


 Campanhas de vacinação das jovens contra a rubéola;
 Acompanhamento à gestante (pré-natal);
 Campanhas de vacinação infantil contra: sarampo, meningite, caxumba etc.
 Não dar remédio sem receita médica; se for antibiótico, verificar se contém
aminoglicosídeo, substância que geralmente prejudica a audição de forma irreversível;
 Palestras e orientações às mães;
 Também devem ser evitados objetos utilizados para "limpar" os ouvidos, como grampos,
palitos ou outros pontiagudos;
 Uso de protetores auriculares nos ambientes ruidosos, entre outras.

REFERÊNCIAS:
BEVILACQUA, M. C. & FORMIGNI, G. M. Audiologia educacional: uma opção terapêutica para a criança
auditiva. Carapicuiba: Pró-fono, 1997.
COUTO, A. Como posso falar. aprendizagem da língua portuguesa pelo deficiente auditivo. Rio de Janeiro:
Aula, 1997.
FROTA, S. Fundamentos em Fonoaudiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,1998.
GOLDFELD, M. A criança surda, linguagem e cognição numa perspectiva sócio-interacionista. São Paulo:
Plexus. 1998.
GOLDFELD, M. Fundamentos em Fonoaudiologia – Linguagem. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 1998.
KATZ, J. Tratado de Audiologia Clínica. 3. ed. Rio de Janeiro: Manole, 1989.
MARCHESAN, I.Q; ZORZI, J.L. & GOMES, I.C.D. Tópicos em Fonoaudiologia. São Paulo: Lovise, 1998.
PICCOLOTO, L.P.F. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo, Roca, 2004.
RINTELMANN, W.F. Perspectivas atuais em Avaliação Audiológica. Barueri, Manole. 2001.
RUSSO, I.C.P; SANTOS, T.M.M. A prática da audiologia clínica. 4. ed. São Paulo: Cortez, 1993.
SILVA, I.R; KAUCHAKJE, S; GEUSELI, Z.M. Cidadania, surdez e linguagem. Desafios e realidades. São
Paulo: Plexus, 2003.
SIMONEK, M. C. & LENES, V. P. Surdez na Infância. Diagnóstico e Terapia. Rio de Janeiro: Soluções
Gráficas Design Studio, 1997.
Implante Coclear e Sua Alta Tecnologia: seus pós e contras.

Por muitas vezes temos nos esbarrado em assuntos sobre implante coclear. Mas a questão é... o que é
um Implante Coclear ? Quais são seus benefícios? Quais são as limitações que este usuário poderá ter? Para

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responder essas perguntas e poder fazer uma explanação sobre esse dialeto novo e polemico nos meios
acadêmicos tentarei fazer uma visão panorâmica baseada em artigos científicos de renomados pesquisadores
e doutores da área.
O Implante coclear ou ouvido biônico é um dispositivo eletrônico de alta tecnologia, que estimula
eletricamente as fibras nervosas remanescentes, permitindo a transmissão do sinal elétrico para o nervo
auditivo, a fim de ser decodificado pelo córtex cerebral. O funcionamento do implante coclear difere do
Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI). O AASI amplifica o som e o implante coclear fornece
impulsos elétricos para estimulação das fibras neurais remanescentes em diferentes regiões da cóclea,
possibilitando ao usuário, a capacidade de perceber o som. Atualmente existem no mundo, mais de 60.000
usuários de implante coclear.
O implante coclear consiste em dois tipos de componentes, interno e externo. O componente interno
é inserido no ouvido interno através do ato cirúrgico e é composto por uma antena interna com um imã, um
receptor estimulador e um cabo com filamento de múltiplos eletrodos envolvido por um tubo de silicone fino
e flexível.
O componente externo é constituído por um microfone direcional, um processador de fala, uma
antena transmissora e dois cabos. A sensação auditiva ocorre em frações de segundos. Todo o processo
inicia-se no momento em que o microfone presente no componente externo capta o sinal acústico e o
transmite para o processador de fala, por meio de um cabo. O processador de fala seleciona e codifica os
elementos da fala, que serão reenviados pelos cabos para a antena transmissora (um anel recoberto de
plástico, com cerca de 3mm de diâmetro) onde será analisado e codificado em impulsos elétricos. Por meio
de radio freqüência, as informações são transmitidas através da pele (transcutaneamente), as quais serão
captadas pelo receptor estimulador interno, que está sob a pele. O receptor estimulador contém um “chip”
que converte os códigos em sinais eletrônicos e libera os impulsos elétricos para os eletrodos intracocleares
específicos, programados separadamente para transmitir sinais elétricos, que variam em intensidade e
freqüência, para fibras nervosas específicas nas várias regiões da cóclea. Após a interpretação da informação
no cérebro, o usuário de Implante Coclear é capaz de experimentar sensação de audição. Charasse B, Chanal
Jm, Berger-Vachon c, Collet l.” influence of stimulus frequency on nrt recordings.”int j audiol.2004
Apr ;43(4):236-44.
Quanto maior o número de eletrodos implantados, melhores serão as possibilidades de percepção dos
sons. Com a evolução tecnológica, os implantes cocleares atuais já são considerados de 3ª geração. Com
isso, são considerados candidatos ao uso do dispositivo de Implante Coclear, estudos de DAWSON PW,
DECKER JA, PSARROS CE. Optimizing dynamic range in children using the nucleus cochlear implant. Ear
Hear. (2004 ;25(3):230-41), comprovam que crianças a partir dos 12 meses de idade e adultos que
apresentam deficiência auditiva neurossensorial bilateral de grau severo e profundo e que não obtiveram
benefícios com o uso de Aparelhos de Amplificação Sonora Individual.
A avaliação dos pacientes candidatos ao Implante Coclear é realizada por meio de uma equipe
interdisciplinar, composta por médicos otologistas, fonoaudiólogos, psicólogos e outros. No entanto, os

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resultados variam de individuo para individuo, em função de uma série de fatores, entre eles, memória
auditiva, estado da cóclea, motivação e dedicação e programas educacionais e/ou de reabilitação.
Sendo assim quais são os candidatos que melhor que poderão apresentar um melhor benefício com o
uso do implante coclear?

• Idade acima de 18 anos, com deficiência auditiva neurossensorial pós - lingual bilateral severa ou profunda;

• Que não se beneficiarem do aparelho de amplificação sonora individual (AASI), ou seja, apresentarem
escores inferiores a 40% em testes de reconhecimento de sentenças do dia a dia;

• Tempo de surdez ser inferior a metade da idade do candidato (em deficiências auditivas progressivas não
há limite de tempo);

• Deficiência auditiva pré-lingual tem benefício limitado e só é indicado em pacientes com fluência da
linguagem oral e com compreensão desta limitação;

• Apresentam adequação psicológica e motivação para o uso do Implante Coclear.

E quais os cuidados necessários para obter o funcionamento adequado do Implante Coclear,


relacionadas aos aspectos ambientais?
Os usuários de Implante Coclear devem evitar a aproximação direta à monitores de televisão,
computadores e forno de microondas quando os mesmos encontram-se em funcionamento, uma vez que a
radiação eletromagnética presente nestes equipamentos pode ser capaz de alterar a função do circuito
eletrônico do Implante Coclear e ocasionar alteração na qualidade do som e falha no envio da estimulação.
No momento em que os usuários de Implante Coclear passam com o dispositivo em funcionamento entre as
barras de sistemas de Vigilância Eletrônica, presentes na grande maioria de lojas e supermercados, pode
ocorrer uma sensação sonora distorcida.
É aconselhável que o usuário desligue o processador de fala no momento em que ocorre a
aproximação do sistema. É pouco provável que o Implante Coclear dispare o alarme presente nos sistemas de
vigilância eletrônica. Os materiais presentes no IC são capazes de ativar o sistema de detectores de metais.
Assim sendo, o usuário deve apresentar a carteira de identificação do Implante Coclear fornecida pelo
fabricante e entregue após a cirurgia. Como solicitado para qualquer equipamento eletrônico, o processador
de fala do Implante Coclear deve ser desligado durante o pouso e decolagem de aeronaves. A eletricidade
estática é definida como o acúmulo de carga elétrica em uma pessoa ou objeto, capaz de criar um campo
magnético. Níveis elevados de eletricidade estática podem danificar dispositivos eletrônicos, inclusive o
Implante Coclear. Os Implantes Cocleares apresentam um circuito protetor contra este tipo de eletricidade,
oferecendo um alto grau de proteção. No entanto alguns cuidados devem ser tomados: Colocação de tela
protetora para o monitor do computador. Retirar o processador de fala no momento em que as crianças

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usuárias de Implante Coclear estão em contato com piscina de bolinha e escorregador de plástico. A
utilização de ultra-som terapêutico está contra-indicada (proibida) em regiões próximas ao Implante Coclear.
O ultra-som diagnóstico não oferece riscos aos usuários de Implante Coclear. No entanto, para a realização
de qualquer procedimento que não seja considerado de rotina, é aconselhável que o usuário ou seus
familiares, entrem em contato com a equipe do Programa de Implante Coclear. As doses de radiação
utilizadas na radiologia médica não oferecem riscos aos usuários de Implante Coclear. No entanto, durante o
procedimento, o componente externo do dispositivo deve permanecer desligado. A utilização de luz
ultravioleta em clínicas odontológicas e camas solares não oferecem riscos aos usuários de Implante Coclear.
A utilização de bisturi elétrico ou eletro cautério em cirurgias está proibida em usuários de Implante Coclear.
Para maiores informações, é aconselhável que o cirurgião entre em contato com a equipe de Implante
Coclear. Está proibido aos usuários de Implante Coclear tanto a realização da ressonância magnética bem
como a entrada em salas em que este procedimento é realizado.
O sucesso de um implante coclear depende de muitos fatores entre eles estão relacionados a idade de
até 17 anos, com deficiência auditiva neurossensorial bilateral severa ou profunda; preferencialmente indica-
se o Implante Coclear em deficiência auditiva pré -lingual até os 6 anos de idade. Salienta-se que a idade
ideal é a partir de 1 ano; adaptação prévia de AASI e (re)habilitação auditiva intensiva para verificar se há
benefício deste dispositivo principalmente nas deficiências auditivas severas, apresentarem incapacidade de
reconhecimento de palavras em "conjunto aberto". serem provenientes de famílias adequadas e motivadas
para o uso do Implante Coclear, DOWELL RC, HOLLOW R, WINTON E. Outcomes for cochlear implant
users with significant residual hearing: implications for selection criteria in children. Arch Otolaryngol Head
Neck Surg. 2004 May;130(5):575-81.
Para não me estender além do necessário farei uma simples observação inclusive que me intriga
muito. A quem está direcionada essa alta tecnologia do Implante Coclear? Aos pais dos surdos que tem a
oportunidade de seu filho poder ser ouvinte? Ao surdo que tem a oportunidade de ser ouvinte? Bem sabemos
que para os pais terem um filho diagnosticado surdo implica em muitas escolhas, desde como criá-lo, a qual
escola freqüentar, como os amigos e familiares receberão essa noticia, o medo dessa criança for discriminada
e segregada, a confusão causada pela desinformação de confundirem muitas vezes surdos com necessidades
especiais, se vão optar por língua de sinal ou ainda uma cirurgia.
È bem difícil, além de se ter uma criança para criar e educar ter ainda que decidir o melhor para ela.
Mas o importante é que antes de cada tomada d e atitude esta seja bem orientada e que a pessoa esteja
informada de seus pós e contras. Nem sempre o implante coclear da 100% de resultados ás vezes da 2% ,
deixando apenas resíduos de som que afetam o sistema nervoso da criança, nem sempre a criança que recebe
o implante e um bom falante, para que isso ocorra é necessário toda uma etapa de aprendizagem trabalhosa e
lenta.
Segundo Santana, Ana Paula (2007) os avanços tecnológicos relacionados a prótese auditiva tem
permitido um ganho considerável de audição. A crença na ação miraculosa da prótese auditiva e do implante
coclear faz alguns pais esquecerem até mesmo que seus filhos continuam surdos. Seria um absurdo acharem
que seus filhos se tornaram ouvintes, porque não se sabe o que ele esta ouvindo e como esta ouvindo, e

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aprender a língua oral é necessário elementos complexos e contínuos, o que dificulta o surdo ser proficiente
nessa língua, sendo necessário trabalhar uma palavra tanto em sinal como em língua oral.
A criança surda após o implante que continua ou adquire o bilingüismo tem um facilitador e
mediador para estrutura espaço base-visual e oral. Se a preocupação é que a criança encontre uma maneira
mais fácil e cômoda de se comunicar, é importante fazer uma sondagem quanto a receptividade e
reciprocidade que essa criança esta tendo e não perder de vista o principal objetivo que é o bem star da
criança e não das formas padrões da sociedade que ela está inserida. A inclusão não veio para adequar a
criança em uma sociedade estigmatizada e idealista e sim para que esta sociedade se modele e seja flexível as
necessidades de seus cidadãos.

O Aparelho Auditivo da Criança

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O aparelho auditivo ajuda a criança a conectar-se com o mundo do som. Avanços tecnológicos
conseguidos com aparelhos auditivos digitais, sistemas de equipamentos de assistência a audição dão a
criança a possibilidade de ter tanto sucesso na sala de aula, no campo e em atividades extra-curriculares
como qualquer outra criança.

Como Funcionam os Aparelhos Auditivos

Um aparelho auditivo é um equipamento eletrônico, que funciona com pilhas e amplifica os sons
para que possam ser ouvidos confortavelmente por pessoas com perda auditiva. Todos os aparelhos auditivos
funcionam de maneira semelhante, e consistem de um microfone, um amplificador e um receptor (mini alto-
falante). O som (também é conhecido como sinal acústico) entra através do microfone. Aí é processado,
amplificado e enviado ao receptor. Depois o som é enviado ao canal auditivo, ou pelo molde tradicional ou
pelo tubo fino, dependendo do estilo do aparelho.
O processamento digital do som está avançando significativamente na clareza e qualidade do som
disponíveis para os usuários de aparelhos auditivos. Apesar destes avanços, é importante observar que, ao
contrários dos óculos, que restauram a visão normalmente, os aparelhos auditivos não podem restaurar o que
consideramos audição normal.

Tipos de Aparelhos Auditivos

Quando falamos de tipos de aparelhos auditivos, existem na verdade duas considerações a serem
feitas: tecnologia e estilo da cápsula.
Tecnologia refere-se ao aparelho auditivo que é usado: analógico, programável ou digital. Os
aparelhos digitais tornam-se mais populares a cada dia por causa de suas vantagens: melhor qualidade
sonora, processamento avançado para controle de ruído e microfonia, possibilidade de adaptação mais
apurada, porém o fonoaudiólogo poderá recomendar qualquer um destes tipos de aparelhos dependendo de
fatores como idade, perda auditiva e estilo de vida.
Estilo da Cápsula refere-se ao local onde aparelho será colocado na orelha. Existem quatro estilos
principais: completamente no canal (CIC/microcanal); no canal (ITC/intra-canal); na orelha (ITE/concha ou
meia concha); e atrás da orelha (BTE/retroauricular). Existem maiores chances da criança ser adaptada com
aparelho retroauricular pois suas orelhas ainda estão em crescimento e também porque são os que melhores
adaptam-se a aparelhos de assistência a audição, como sistema FM. Adolescentes cujas orelhas já pararam de
crescer e crianças com perda leve podem ser adaptadas com aparelhos intra-aurais.

Por que Dois São Melhores do que Um


Hoje, médicos e fonoaudiólogos são quase unânimes em afirmar que dois aparelhos são melhores do
que um. Mesmo quando a perda auditiva é mais severa numa orelha, existem vários benefícios em usar uma
adaptação binaural com dois aparelhos. Incluem:

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•Maior habilidade em distinguir palavras de ruídos em condições normais ou em condições adversas.
•Maior sensação de balanço porque o som é amplificado nas duas orelhas.
•Maior habilidade em determinar de qual direção o som está chegando (localização).
•Habilidade em diminuir o volume separadamente em cada orelha, permitindo mais conforto no nível sonoro.

Moldes

Moldes são usados com aparelhos retroauriculares e são a parte do aparelho que adaptam-se dentro
da orelha da criança. Eles devem ser higienizados pelo menos uma vez por semana: antes da criança deitar-se
é um bom período, assim poderá secar durante a noite.
•Despluque o molde do aparelho.
•Lave-o em água morna com sabão.
•Assopre a água do tubo.
•Deixe o molde secar durante a noite e coloque-o de volta no aparelho pela manhã.
•Se o aparelho não parecer ok, procure por umidade.
Periodicamente os moldes precisam ser trocados. Quando a criança começar a crescer, seu molde
não se adaptará corretamente a orelha, o que poderá causar microfonia. Além disso, pode ser necessária a
troca do molde se ele ficar duro e o tubos não encaixarem corretamente. Se suspeitar que o molde precisa ser
trocado, contate o fonoaudiólogo da criança.

Checkup Auditivo

O aparelho auditivo é uma das mais importantes ferramentas do aprendizado da criança e será submetido a
muito uso e suor. Um completo checkup garantirá seu correto funcionamento e que a criança obtenha o
melhor dos sons em casa, escola ou brincando. Os procedimentos abaixo abaixo levam entre um e dois
minutos do dia.
1. Ligue o aparelho auditivo e coloque no volume máximo. Deverá ouvir um apito ou microfonia na maioria
dos aparelhos auditivos.
2. Cubra a entrada do canal auditivo no molde. O apito deve parar. Se não parar, existe um vazamento no
gancho ou no molde. Um fonoaudiólogo pode reparar este problema.
3. Verifique se o molde está úmido. Se estiver, tire-o do aparelho e assopre dentro do mesmo até que fique
seco.
4. Prenda o aparelho auditivo ao otoscópio e coloque-o em suas orelhas.
5. Desloque a chave para (M ou I) e ajuste para o volume normal usado pela criança.
6. Diga ah, oo, ee, m, sh, s e diversas frases. Deverá ouvir os sons claramente através do aparelho auditivo.
7. Gire o controle de volume do mínimo para o ajuste normal da criança. Deverá perceber diferenças na
intensidade.

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8. Desloque a chave (M ou I) para desligado (O). Se houver estática ou intermitência, leve-o ao
fonoaudiólogo para ajustes.
Baterias

As pilhas do aparelho auditivo da criança poderão durar vários dias ou semanas, dependendo do uso.
Incentive a criança a desligar o aparelho quando não estiver usando, para economizar as baterias. Se a
criança ficar fora durante o dia, tenha certeza de que levou algumas pilhas para reposição caso acabe a que
está usando. A criança ou seu professor deverá saber como trocar as baterias.
•Guarde as baterias em local seco e seguro, longe de crianças e animais de estimação (não na geladeira).
•Reponha pilhas gastas imediatamente.
•Todas as baterias podem ser prejudiciais se engolidas. Se isto acontecer, procure um médico imediatamente.
•Sempre descarte as pilhas cuidadosamente.

Estilos de Aparelhos Auditivos


Existem cinco estilos principais de aparelhos auditivos usados hoje em dia. Cada estilo oferece
diferentes vantagens, dependendo do desenho, tamanho e tecnologia. O preço do aparelho auditivo também é
relativo à sua tecnologia e personalização para o usuário.

Microcic
O menor aparelho auditivo do mercado, com a adaptação na segunda curva do canal
auditivo, tornando-o completamente invisível. Sua qualidade sonora é a melhor do mercado,
minimizando a sensação de ruído de vento e a oclusão. O Microcic é adaptável em pessoas
que possuem perda auditiva leve a moderada.

Microcanal (CIC)
O segundo menor aparelho auditivo disponível, a adaptação do microcanal é interna ao
canal, tornando-o muito discreto. Benefícios incluem apelo estético, som mais natural,
microfonia reduzida, menos oclusão (““ sensação de falar dentro de um barril “), melhoria no
uso do telefone e diminuição do ruído de vento. CICs são adaptáveis em pessoas que
possuem perda auditiva leve a moderadamente severa.

Intra- Canal
Aparelhos auditivos intra-canais são feitos sob medida para serem adaptados no canal
auditivo, tornando-os de difícil visualização. Intra-canais são adaptáveis para pessoas que
possuem perda auditiva leve a moderadamente severa.

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Meia Concha
Meia concha são feitos sob medida para serem adaptados no ouvido externo, garantindo máxima
performance e conforto. Meia concha são indicados para pessoas com perda auditiva leve a profunda.

Concha
Concha são aparelhos feitos sob medida para serem adaptados no ouvido externo, garantindo
máxima performance e conforto. São maiores do que os meia concha e são indicados para
pessoas com perda auditiva leve a profunda.

Retroauricular com Tubo Fino


Um pequeno aparelho auditivo ligado a um tubo fino transparente que direciona o som dentro
da orelha. Esta adaptação “aberta” é muito confortável e discreta. É indicado para pessoas com
perda auditiva leve a moderada em altas frequências.

Retroauricular
Os aparelhos auditivos retroauriculares são usados confortavelmente atrás da orelha enquanto
os sons amplificados viajam através do tubo para um molde customizado que se adapta
seguramente à orelha. Porque eles são maiores podem acomodar pilhas mais potentes e
amplificadores maiores que permitem máxima amplificação. A maioria dos aparelhos auditivos
retroauriculares são compatíveis com equipamentos acessórios e são indicados para perda
auditiva leve a profunda.

COMO FUNCIONAM OS APARELHOS AUDITIVOS


Publicado em 21 de Apr de 2013 por Ana Paula Ferreira
Pessoas com problemas de audição não precisam mais sofrer. Com o avanço da tecnologia, os aparelhos
amplificam o som e são feitos sob medida. Entenda como funcionam os aparelhos auditivos
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Quem tem problemas de audição não precisa sofrer, com a tecnologia os aparelhos amplificam o
som e são feitos sob medida. Os aparelhos auditivos são indicados pelo médico para quem começou a ouvir
menos do que estava acostumado. Isso pode acontecer devido ao envelhecimento, à exposição a sons muito
altos por tempo prolongado, ou por causa de doenças. Em algumas situações, no entanto, quando o
indivíduo não tem mais audição, ou já a tenha perdido quase completamente, o aparelho não irá
funcionar. Imagine o caso de uma pessoa cega. Nesse exemplo, os óculos de grau não são capazes de
melhorar a visão do paciente. O mesmo vale para o aparelho auditivo.
O médico tem a sua disposição ainda outros artifícios para tratar a perda auditiva. Ele pode optar, por
exemplo, por um implante coclear. Ou, em casos mais simples, o paciente pode ser medicado, como na
redução de audição provocada por otite.
Estrutura do aparelho auditivo- O que os aparelhos auditivos fazem é aumentar o volume dos sons
externos. Ele é composto por um microfone, que capta o som; um amplificador que o amplifica; e um
receptor, responsável por enviar o som amplificado para a orelha do paciente. Nos aparelhos modernos é
possível ajustar o volume nas diferentes frequências, o que permite modular o som e torna o uso do
aparelho mais confortável para o paciente. Baterias, que devem ser trocadas de tempos em tempos,
fornecem a energia para toda essa estrutura funcionar.
Tipos de aparelho- Os modelos de aparelhos variam em tamanho e o tipo de cada amplificação. Os mais
comuns são os retroauriculares e os intracanais. O segundo é o preferido dos pacientes, por questões
estéticas, mas não funcionam bem para todo tipo de perda auditiva. Para as mais significativas
(comprometem os sons agudos), indica-se o retroauricular. O que varia é a porção da orelha onde são
colocados, o tamanho e o molde. Cada modelo é indicado para um tipo de perda auditiva. A porção do
aparelho que fica dentro do chamado meato acústico externo é feita sob medida.
Funções- Estes aparelhos contam com algumas funções. Uma delas é a de liga-desliga. No geral, eles
permanecem ligados durante o dia e desligado na hora em que o paciente for dormir. Os aparelhos mais
modernos apresentam ainda com outras funções, como memória de configurações para serem usadas em
ambientes mais barulhentos ou mais quietos, por exemplo.
Como o cérebro ouve- O som enviado pelo aparelho – da mesma forma que aquele que o ouvido recebe
normalmente – é recebido pela cóclea, que fica no ouvido interno. Depois é transmitido ao nervo acústico
do cérebro.
Criança também usa- É muito importante que crianças diagnosticadas com perda de audição comecem a
usar o aparelho o mais cedo possível. Assim, evitam-se problemas decorrentes da perda de audição que
podem comprometer o desenvolvimento intelectual, motor, psicológico e, principalmente, da linguagem.

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