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APRESENTAÇÃO
A disciplina de LIBRAS é uma sugestão do Ministério da Educação para todos os cursos de
Ensino Superior (Decreto n. 5626, de 22 de dezembro de 2005) e obrigatória para os cursos
de formação de professores e fonoaudiologia.
O objetivo da inclusão desta disciplina na formação profissional, de diferentes áreas, é
propagar o conhecimento sobre os direitos dos surdos e ampliar a acessibilidade em LIBRAS
em todos os contextos sociais.
Compreender a constituição da surdez, a legalidade sobre os recursos e as possibilidades de
inclusão e acessibilidade, melhoram sobremaneira a qualidade de vida da população, além de
otimizar o perfil profissional do egresso em sua carreira, com habilidades sociais,
multiculturais, inclusivas e reflexivas sobre a sociedade em que está inserido.
Nossa meta neste curso de LIBRAS não é aprender a Língua Brasileira de Sinais e nem
tampouco defender uma ou outra vertente teórica sobre a reabilitação da audição, mas sim,
inserir os estudantes no universo da acessibilidade em LIBRAS, dos direitos e deveres
enquanto cidadão e introduzir conceitos básicos e iniciais de uma comunicação em LIBRAS.
Conteúdo
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atingem condições naturais e normais de linguagem, socialização e aprendizagem e este
novo cenário foi alvo de muitos conflitos entre os surdos e os deficientes auditivos, na
busca de sua identidade. Nos últimos tempos, o entendimento da autonomia da escolha do
processo de reabilitação e da identidade surda, há uma existência comum entre indivíduos
com prejuízos auditivos que optam por se identificarem como surdos, inclusive como
surdos que ouvem, e de se identificarem como deficientes auditivos. Há uma liberdade
entre optar por usar ou não a LIBRAS como sua opção de comunicação.
Veremos já já que a LIBRAS é uma língua, com estrutura completa, assim como o
português, mas com a execução por sinais, ou seja, ela é totalmente visual e por isso,
entendida como a língua natural do surdos, mas, que pode, e deve, ser aprendida e
utilizada pelos deficientes auditivos e por todos nós.
Nota de Rodapé:
SURDO-MUDO é uma terminologia errada e que não deve ser utilizada em contexto algum. O
surdo, às vezes, não fala, mas porque não desenvolve competências de linguagem oral e não por
ausência da capacidade de falar ou produzir fala, que caracterizaria uma condição de mutismo.
O termo é inadequado e pejorativo.
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2. COMO A AUDIÇÃO ACONTECE?
Não se assuste com esse monte de nome em inglês!!! Você não precisa aprendê-los (a menos
que você seja um estudante de Fonoaudiologia – você sim, pode se assustar!!). Brincadeiras à
parte, a ideia desta imagem é mostrar todas as partes do sistema auditivo, desde a orelha
externa até os centros superiores da audição, no cérebro.
A audição é complexa e a ciência Audiologia, uma das especialidades da Fonoaudiologia, é
quem se dedica a estudar todo o processo de funcionamento e reabilitação.
Vamos nos concentrar no sistema auditivo periférico e entender como o som é captado pela
nossa orelha e é conduzido até o cérebro.
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Figura 03. Sistema auditivo periférico
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curso! Boa sorte aos colegas do curso de Fonoaudiologia, porque para nós, esse é só o início
de uma relação intensa e detalhada com o sistema auditivo!! =)
Conseguimos aprender, então, que o sistema auditivo periférico é formado por três partes
principais: orelha externa: que capta e direciona o som; orelha média: que conduz o som e
que contribui para o aumento físico necessário para o caminho ser seguido ser perdas e,
orelha interna: onde a transformação do som acontece e é iniciado o processo sensorial da
audição. Na orelha interna temos a parte sensorial, que é a cóclea, o caracol cheio de líquidos
e células ciliadas que geram os potenciais elétricos, e o nervo auditivo, que irá conduzir o
som ao sistema nervoso central.
Lesões ou Malformações em qualquer uma dessas etapas irá resultar em prejuízo na sua
função e, consequentemente, um prejuízo auditivo. Em qualquer etapa da vida a lesão e o
prejuízo auditivo podem acontecer. Muitas são as condições que podem causar uma lesão no
sistema auditivo e vamos conhecer um pouco mais sobre elas no próximo capítulo.
Nota de Rodapé:
Os ossículos da orelha média são os menores ossos do corpo humano e só conseguem ser
corretamente visualizados pelo microscópio.
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3. QUAIS OS MOTIVOS DE UMA DEFICIÊNCIA AUDITIVA?
Os motivos da deficiência auditiva são muitos. Qualquer lesão que afete o funcionamento do
sistema auditivo periférico irá comprometer a função da audição e, assim, causar um prejuízo
auditivos. Vamos usar uma estratégia FAQs para isso (perguntas e respostas frequentes):
✓ O surdo já nasce sem ouvir?
Nem sempre! A deficiência auditiva pode acontecer em diferentes fases da vida. Existem
algumas condições em que a lesão é de origem genética e então, sim, a surdez acontece desde
o nascimento! Ou mesmo condições em que, durante a gestação, aconteceu alguma
intercorrência, como por exemplo, a mãe contrair uma doença ou precisar tomar uma
medicação muito forte. Em outros casos, a surdez pode acontecer mais tarde, em razão de
doenças, traumatismos, exposição à ruído e até mesmo ao próprio processo natural de
envelhecer.
✓ A surdez pode acontecer em adultos?
Sim!! E acontece muito. Os adultos podem adquirir doenças que causam deficiência auditiva,
podem ser expostos a medicação, podem trabalhar em ambientes com ruído. Enfim, a surdez
na idade adulta é bastante comum. E nos idosos, mais ainda, porque há uma deficiência
auditiva relacionada ao processo de envelhecer.
Tem alguma doença que causa surdez?
Tem várias! Na verdade, é importante saber que existem indicadores de risco para a
deficiência auditiva. Mas o que seria isso? Uma lista de condições que podem afetar o
funcionamento da audição: doenças, histórico familiar, exposição à ambientes tóxicos e
ruidosos, uso de medicações, traumatismos. O Comitê Multiprofissional em Saúde Auditiva
(COMUSA), composto por profissionais das áreas de medicina e fonoaudiologia, pontuaram
os principais fatores de risco:
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✓ Todo surdo não escuta nada?
Não!! A deficiência auditiva é classificada em tipo e grau. O grau é a dimensão da severidade
da deficiência e acreditem, não existem porcentagem de perda auditiva! O grau vai variar de
leve à profundo. A deficiência auditiva leve em geral é pouco comentada (deveria ser mais,
porque ela existe e causa prejuízos também!) e a profunda é o que todo mundo gosta de
chamar de surdez! Mas, como nós já aprendemos no capítulo anterior, a surdez não está
relacionada apenas ao grau da perda auditiva, está relacionada à identidade surda.
Na próxima página, vocês irão encontrar uma imagem bastante legal para entender a
diferença entre os graus da deficiência auditiva. Há uma breve descrição das dificuldades
encontradas em cada grau e também uma representação dos sons que são percebidos em cada
intensidade.
A imagem está apresentada em um audiograma, que é um gráfico usado para medir a audição
e está organizado em frequência (eixo y), que são os tipos de sons (mais grossos e mais finos)
e a intensidade (eixo x) que é medida em decibel (dB).
✓ Todo surdo não fala?
Não! O desenvolvimento da linguagem e da fala é totalmente dependente da audição, isso é
uma verdade absoluta. Porém, como é possível ver na imagem da próxima página, diferentes
graus de deficiência auditiva comprometem a possibilidade de ouvir os sons de forma
diferente. Além disso, existem possibilidades de reabilitação com soluções auditivas
tecnológicas que recuperam, de forma parcial ou total, a função auditiva e, assim, é possível o
desenvolvimento da fala.
Para os surdos que possuem uma deficiência auditiva severa ou profunda, com mais
dificuldades de ouvir os sons e que optam por não fazer o uso das soluções auditivas para a
reabilitação (por incompatibilidade, por decisão orgânica, por decisão de identidade), o
desenvolvimento da fala é mais difícil e, em geral, a principal ferramenta de comunicação é a
LIBRAS e, também, a leitura dos lábios.
✓ Todo surdo fala em LIBRAS?
Não! Assim como nem todos os surdos não falam, nem todos eles optam por usar LIBRAS. E
existem os que desenvolvem a fala e também usam LIBRAS. A LIBRAS é uma língua de
sinais que é espontânea e facilmente aprendida pelos deficientes auditivos e que,
independente do grau, contribui bastante para o desenvolvimento da linguagem.
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Figura 04. Descrição do grau de deficiência auditiva
4. A DEFICIÊNCIA AUDITIVA TEM CURA?
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5. COMO DIAGNOSTICAR A DEFICIÊNCIA AUDITIVA?
O diagnóstico da deficiência auditiva é realizado por uma equipe especializada formada por
médico otorrinolaringologista e fonoaudiólogo. Para isso são necessários exames de
audiometria e imitanciometria, principalmente, mas também podem ser solicitados outros
exames como emissões otoacústicas e potenciais evocados auditivos. A análise desses
exames, alinhada com a história clínica, irão possibilitar o diagnóstico e a conduta de
reabilitação. Vamos novamente usar a FAQs para entender algumas dúvidas:
✓ Existe uma idade mínima para poder avaliar a audição?
Não! Existem estratégias que conseguem testar a função da cóclea logo nas primeiras 24
horas de vida. Graças a esses exames é que foi possível desenvolver o programa de triagem
auditiva neonatal, popularmente conhecido como teste da orelhinha e que, desde 2010, a
partir da lei 12.303, é obrigatória em todas as maternidades do país.
✓ Qual é o melhor exame para diagnosticar a deficiência auditiva?
Depende! O exame de audição de padrão ouro é a audiometria, porém, ela exige a
participação do paciente, ou seja, o indivíduo precisa contar ao profissional o som que está
ouvindo e, por esse motivo, nem sempre ele pode ser aplicado: em bebês, crianças pequenas,
pessoas com dificuldades de compreender tarefas. Para estes casos, outros exames são mais
indicados, como as emissões otoacústicas e os potenciais evocados auditivos.
✓ Quanto tempo demora para diagnosticar uma deficiência auditiva?
Depende! Depende principalmente da doença de base, ou seja, do que está causando o
prejuízo auditivo e como isso está acontecendo, mas depende também da colaboração do
indivíduo com os exames e da experiência da equipe clínica.
✓ Depois do resultado, quanto tempo leva para iniciar o tratamento?
Nenhum! O início do tratamento é imediato, seja ele medicamentoso, cirúrgico ou clínico. O
que acontece muitas vezes é a demora do indivíduo em receber o diagnóstico (ou seja, aceitar
de fato o problema e isso é bastante comum, não apenas com a surdez, mas com outros
problemas também) e procurar pelo tratamento. Muitas vezes também, o indivíduo tem
dificuldades de conseguir acesso aos tratamentos de forma gratuita, devido ao baixo número
de programas e vagas oferecidas.
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6. COMO TRATAR A DEFICIÊNCIA AUDITIVA?
Quando a deficiência auditiva é do tipo condutiva, na grande maioria das vezes, o tratamento
é medicamentoso e/ou cirúrgico. Quando a deficiência auditiva é do tipo neurossensorial e
compromete a cóclea, as opções de tratamento mais tradicionais são aparelhos auditivos e
implante coclear.
Os aparelhos auditivos, cujo nome técnico é Aparelho de Amplificação Sonora Individual
(AASI) é uma solução tecnológica que não requer cirurgia. É um aparelho, utilizado na
orelha (pode ser atrás da orelha ou dentro da orelha, dependendo do modelo) e a finalidade
dele é auxiliar a audição prejudicada. Como assim? Este pequeno aparelho possui um
microfone, que irá captar os sons, um amplificador, que irá aumentar o som na proporção
perfeita que o indivíduo precisa para ouvir bem e um receptor, que irá produzir esse som
amplificado para enviar para a orelha. A tecnologia do AASI é muito avançada e o tratamento
do som amplificado é extremamente eficiente. Os AASIs possuem inteligência artificial,
conectam-se à celulares e outros dispositivos e facilitam muito a qualidade de vida dos
usuários, inclusive. Existem aparelhos auditivos de diferentes tamanhos e modelos e a
escolha do melhor modelo depende bastante do tipo e grau da perda auditiva. Essa seleção,
ajustes e adequações dos aparelhos auditivos é realizada pelo fonoaudiólogo.
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O implante coclear (IC) é uma solução auditiva que requer cirurgia. Trata-se de uma prótese
auditiva que irá substituir parcial ou totalmente a função das células ciliadas que não
funcionam mais. O IC possui um componente interno, que é um feixe de eletrodos,
posicionado na cóclea, que irá substituir a função das células ciliadas e um componente
externo, que é um processador, que irá captar o som e enviar para a o componente interno.
Essa transmissão acontece por uma antena de transmissão. O IC, assim como o AASI, possui
tecnologia extremamente avançada e seus resultados são efetivos, porém, sua indicação está
atrelada ao não sucesso do uso do AASI, ou seja, usar o AASI não foi suficiente para
recuperar a audição e em pacientes com deficiência auditiva de grau severo e profundo.
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7. A LIBRAS É USADA POR TODOS COM PROBLEMAS AUDITIVOS?
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8. DICA DE ESTUDO E REVISÃO
Ao final de todas as aulas, vamos sintetizar o conteúdo que estudamos, com a ideia de
aprendermos efetivamente o que estudamos! Vocês já ouviram falar em mapas mentais? Ela é
a nossa ferramenta de estudo hoje.
Os mapas mentais são esquemas de significado, onde nós relacionados os conteúdos que
estamos estudando em uma síntese que faça sentido e que, no momento de estudar ou resgatar
essa informação, eu posso usar palavras-chave para acessar o conteúdo. Veja um exemplo
para o mapa mental da aula de hoje:
Esse mapa mental foi estruturado com os pontos principais da aula e com as palavras-chave
que mais favorecem o meu estudo, mas o de vocês pode ser diferente. Vamos tentar montar
um mapa mental para facilitar seus estudos?
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9. BIBLIOGRAFIA
VIEIRA, M. I.; GASPAR, P.; NAKASATO, R. Libras: conhecimento além dos sinais. São
Paulo: Pearson Printice Hall, 2011. Disponível em:
<https://fef.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576058786>.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
SILVA, R. D. Língua Brasileira de Sinais: Libras. São Paulo: Pearson Printice Hall, 2015.
http://fef.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788543016030
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Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba. Univap – Faculdade
de Educação e Artes / Curso de Letras, Campus Aquárius, UNIVAP, 2008
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