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LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais

Profa. Dra. Janaina Regina Bosso


Profª. Ms. Fabiana R. S. Giacheto

APRESENTAÇÃO
A disciplina de LIBRAS é uma sugestão do Ministério da Educação para todos os cursos de
Ensino Superior (Decreto n. 5626, de 22 de dezembro de 2005) e obrigatória para os cursos
de formação de professores e fonoaudiologia.
O objetivo da inclusão desta disciplina na formação profissional, de diferentes áreas, é
propagar o conhecimento sobre os direitos dos surdos e ampliar a acessibilidade em LIBRAS
em todos os contextos sociais.
Compreender a constituição da surdez, a legalidade sobre os recursos e as possibilidades de
inclusão e acessibilidade, melhoram sobremaneira a qualidade de vida da população, além de
otimizar o perfil profissional do egresso em sua carreira, com habilidades sociais,
multiculturais, inclusivas e reflexivas sobre a sociedade em que está inserido.
Nossa meta neste curso de LIBRAS não é aprender a Língua Brasileira de Sinais e nem
tampouco defender uma ou outra vertente teórica sobre a reabilitação da audição, mas sim,
inserir os estudantes no universo da acessibilidade em LIBRAS, dos direitos e deveres
enquanto cidadão e introduzir conceitos básicos e iniciais de uma comunicação em LIBRAS.

Bom curso a todos!


Aula 01

Conteúdo

1. SURDEZ x DEFICIÊNCIA AUDITIVA .............................................................................. 3


2. COMO A AUDIÇÃO ACONTECE? .................................................................................... 5
3. QUAIS OS MOTIVOS DE UMA DEFICIÊNCIA AUDITIVA? ......................................... 8
4. A DEFICIÊNCIA AUDITIVA TEM CURA? ..................................................................... 11
5. COMO DIAGNOSTICAR A DEFICIÊNCIA AUDITIVA? .............................................. 12
6. COMO TRATAR A DEFICIÊNCIA AUDITIVA? ............................................................ 13
7. A LIBRAS É USADA POR TODOS COM PROBLEMAS AUDITIVOS? ...................... 15
8. DICA DE ESTUDO E REVISÃO ....................................................................................... 16
9. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................. 17
1. SURDEZ x DEFICIÊNCIA AUDITIVA

Existem muitas definições distorcidas sobre os termos surdez (deafness) e deficiência


auditiva (hearing loss). A diferença fundamental entre a terminologia está relacionada ao
seu contexto e entendimento e não para uma condição de saúde. Vamos entender:

Figura 01. Deficiência auditiva e surdez: características

A deficiência auditiva e a surdez, na verdade, representam a mesma condição clínica:


prejuízo na audição. Muitos textos atribuem a surdez ao prejuízo total da audição (perdas
auditivas mais intensas), no entanto, o que mais caracteriza essa dissociação de termos, é a
identidade surda, atrelada à comunidade surda e não necessariamente ao grau da perda de
audição.
A comunidade surda, que representa um grupo de surdos que não atribuem a surdez
(entenda aqui como prejuízo para ouvir) como uma deficiência, mas sim como uma
característica do indivíduo e, por isso, não requer um processo de reabilitação. Sob este
ponto de vista, o termo deficiente auditivo não é utilizado, independente se o prejuízo é
total ou parcial da audição. Esta comunidade se organizou, historicamente, a partir de
movimentos em defesas dos surdos, que sofriam grandes perseguições, eram
marginalizados e excluídos de todas as possibilidades sociais e educacionais.
As mudanças nas perspectivas de diagnóstico precoce do prejuízo auditivo, soluções
tecnológicas para recuperação da audição com resultados promissores e reabilitação
precoce, a recuperação das funções auditivas tornou-se mais real, os deficientes auditivos

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atingem condições naturais e normais de linguagem, socialização e aprendizagem e este
novo cenário foi alvo de muitos conflitos entre os surdos e os deficientes auditivos, na
busca de sua identidade. Nos últimos tempos, o entendimento da autonomia da escolha do
processo de reabilitação e da identidade surda, há uma existência comum entre indivíduos
com prejuízos auditivos que optam por se identificarem como surdos, inclusive como
surdos que ouvem, e de se identificarem como deficientes auditivos. Há uma liberdade
entre optar por usar ou não a LIBRAS como sua opção de comunicação.
Veremos já já que a LIBRAS é uma língua, com estrutura completa, assim como o
português, mas com a execução por sinais, ou seja, ela é totalmente visual e por isso,
entendida como a língua natural do surdos, mas, que pode, e deve, ser aprendida e
utilizada pelos deficientes auditivos e por todos nós.

Nota de Rodapé:
SURDO-MUDO é uma terminologia errada e que não deve ser utilizada em contexto algum. O
surdo, às vezes, não fala, mas porque não desenvolve competências de linguagem oral e não por
ausência da capacidade de falar ou produzir fala, que caracterizaria uma condição de mutismo.
O termo é inadequado e pejorativo.

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2. COMO A AUDIÇÃO ACONTECE?

A audição é uma função sensorial complexa e fundamental para o desenvolvimento das


habilidades de linguagem, fala, aprendizado e socialização. Desde a vigésima semana de
gestação, o órgão sensorial auditivo já está funcionando o contato com os sons é iniciado.
Durante toda a vida a audição é melhorada e inúmeras condições podem prejudicar o seu
desenvolvimento.
Vamos conhecer um pouco de como a audição acontece:

Figura 02. Sistema auditivo periférico e central

Não se assuste com esse monte de nome em inglês!!! Você não precisa aprendê-los (a menos
que você seja um estudante de Fonoaudiologia – você sim, pode se assustar!!). Brincadeiras à
parte, a ideia desta imagem é mostrar todas as partes do sistema auditivo, desde a orelha
externa até os centros superiores da audição, no cérebro.
A audição é complexa e a ciência Audiologia, uma das especialidades da Fonoaudiologia, é
quem se dedica a estudar todo o processo de funcionamento e reabilitação.
Vamos nos concentrar no sistema auditivo periférico e entender como o som é captado pela
nossa orelha e é conduzido até o cérebro.

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Figura 03. Sistema auditivo periférico

De novo: não se assustem com os nomes em inglês (apenas os futuros fonoaudiólogos!). A


orelha externa (outer ear) é a responsável pela captação e condução das ondas sonoras,
produzidas por diferentes fontes (instrumentos, vozes, vento, enfim, tudo que faz barulho).
Na orelha média (middle ear) acontece um tratamento deste som, que mudará de ambiente
em breve. No próximo passo, o som irá encontrar um ambiente liquido e precisa de uma
ajuda para conseguir não perder força e cumprir seu caminho. Esse reforço é dado pelos
mecanismos de alavanca e diferença de proporção entre tamanhos, realizados pelos ossículos
martelo, bigorna e estribo, pela membrana timpânica e pela janela oval. Esse efeito físico
aumenta a força do som e o conduz para a cóclea.
A cóclea, localizada na orelha interna (inner ear) é um labirinto muito parecido com um
caracol e é todo preenchido por líquidos. A concentração iônica desses líquidos, junto com as
células ciliadas que estão dentro do caracol, é que são capazes de gerar os potenciais elétricos
que o cérebro consegue entender. Por isso dizemos que a cóclea é o órgão sensorial da
audição, porque é nela que o som deixa de ser um estímulo acústico e passa a ser um estímulo
elétrico, capaz de ser entendido pelo cérebro.
Agora que o que ouvimos já foi transformado em potenciais elétricos, o nervo auditivo (que é
o ramo coclear do nervo vestíbulo-coclear, VIII par craniano) irá conduzir essa informação
até o sistema nervoso central, onde, de fato, a interpretação do que ouvimos é iniciada.
Complexo, não é? E tudo isso acontece milhares de vezes em segundos. Mas, nós podemos
parar por aqui! Com essas informações já temos condições de entender bastante para o nosso

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curso! Boa sorte aos colegas do curso de Fonoaudiologia, porque para nós, esse é só o início
de uma relação intensa e detalhada com o sistema auditivo!! =)
Conseguimos aprender, então, que o sistema auditivo periférico é formado por três partes
principais: orelha externa: que capta e direciona o som; orelha média: que conduz o som e
que contribui para o aumento físico necessário para o caminho ser seguido ser perdas e,
orelha interna: onde a transformação do som acontece e é iniciado o processo sensorial da
audição. Na orelha interna temos a parte sensorial, que é a cóclea, o caracol cheio de líquidos
e células ciliadas que geram os potenciais elétricos, e o nervo auditivo, que irá conduzir o
som ao sistema nervoso central.
Lesões ou Malformações em qualquer uma dessas etapas irá resultar em prejuízo na sua
função e, consequentemente, um prejuízo auditivo. Em qualquer etapa da vida a lesão e o
prejuízo auditivo podem acontecer. Muitas são as condições que podem causar uma lesão no
sistema auditivo e vamos conhecer um pouco mais sobre elas no próximo capítulo.

Nota de Rodapé:
Os ossículos da orelha média são os menores ossos do corpo humano e só conseguem ser
corretamente visualizados pelo microscópio.

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3. QUAIS OS MOTIVOS DE UMA DEFICIÊNCIA AUDITIVA?

Os motivos da deficiência auditiva são muitos. Qualquer lesão que afete o funcionamento do
sistema auditivo periférico irá comprometer a função da audição e, assim, causar um prejuízo
auditivos. Vamos usar uma estratégia FAQs para isso (perguntas e respostas frequentes):
✓ O surdo já nasce sem ouvir?
Nem sempre! A deficiência auditiva pode acontecer em diferentes fases da vida. Existem
algumas condições em que a lesão é de origem genética e então, sim, a surdez acontece desde
o nascimento! Ou mesmo condições em que, durante a gestação, aconteceu alguma
intercorrência, como por exemplo, a mãe contrair uma doença ou precisar tomar uma
medicação muito forte. Em outros casos, a surdez pode acontecer mais tarde, em razão de
doenças, traumatismos, exposição à ruído e até mesmo ao próprio processo natural de
envelhecer.
✓ A surdez pode acontecer em adultos?
Sim!! E acontece muito. Os adultos podem adquirir doenças que causam deficiência auditiva,
podem ser expostos a medicação, podem trabalhar em ambientes com ruído. Enfim, a surdez
na idade adulta é bastante comum. E nos idosos, mais ainda, porque há uma deficiência
auditiva relacionada ao processo de envelhecer.
Tem alguma doença que causa surdez?
Tem várias! Na verdade, é importante saber que existem indicadores de risco para a
deficiência auditiva. Mas o que seria isso? Uma lista de condições que podem afetar o
funcionamento da audição: doenças, histórico familiar, exposição à ambientes tóxicos e
ruidosos, uso de medicações, traumatismos. O Comitê Multiprofissional em Saúde Auditiva
(COMUSA), composto por profissionais das áreas de medicina e fonoaudiologia, pontuaram
os principais fatores de risco:

Prematuridade Infecções Virais congênitas ou pós-natal


Permanência na UTI Medicações ototóxicas
Hiperbilirrubinemia Quimioterapia
APGAR inferior a 4 no 1´ Exposição à ruído
APGAR inferior a 6 no 5´ Malformações de orelha
Traumatismos
Síndromes Congênitas
Infecções bacterianas congênitas ou pós-natal

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✓ Todo surdo não escuta nada?
Não!! A deficiência auditiva é classificada em tipo e grau. O grau é a dimensão da severidade
da deficiência e acreditem, não existem porcentagem de perda auditiva! O grau vai variar de
leve à profundo. A deficiência auditiva leve em geral é pouco comentada (deveria ser mais,
porque ela existe e causa prejuízos também!) e a profunda é o que todo mundo gosta de
chamar de surdez! Mas, como nós já aprendemos no capítulo anterior, a surdez não está
relacionada apenas ao grau da perda auditiva, está relacionada à identidade surda.
Na próxima página, vocês irão encontrar uma imagem bastante legal para entender a
diferença entre os graus da deficiência auditiva. Há uma breve descrição das dificuldades
encontradas em cada grau e também uma representação dos sons que são percebidos em cada
intensidade.
A imagem está apresentada em um audiograma, que é um gráfico usado para medir a audição
e está organizado em frequência (eixo y), que são os tipos de sons (mais grossos e mais finos)
e a intensidade (eixo x) que é medida em decibel (dB).
✓ Todo surdo não fala?
Não! O desenvolvimento da linguagem e da fala é totalmente dependente da audição, isso é
uma verdade absoluta. Porém, como é possível ver na imagem da próxima página, diferentes
graus de deficiência auditiva comprometem a possibilidade de ouvir os sons de forma
diferente. Além disso, existem possibilidades de reabilitação com soluções auditivas
tecnológicas que recuperam, de forma parcial ou total, a função auditiva e, assim, é possível o
desenvolvimento da fala.
Para os surdos que possuem uma deficiência auditiva severa ou profunda, com mais
dificuldades de ouvir os sons e que optam por não fazer o uso das soluções auditivas para a
reabilitação (por incompatibilidade, por decisão orgânica, por decisão de identidade), o
desenvolvimento da fala é mais difícil e, em geral, a principal ferramenta de comunicação é a
LIBRAS e, também, a leitura dos lábios.
✓ Todo surdo fala em LIBRAS?
Não! Assim como nem todos os surdos não falam, nem todos eles optam por usar LIBRAS. E
existem os que desenvolvem a fala e também usam LIBRAS. A LIBRAS é uma língua de
sinais que é espontânea e facilmente aprendida pelos deficientes auditivos e que,
independente do grau, contribui bastante para o desenvolvimento da linguagem.

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Figura 04. Descrição do grau de deficiência auditiva
4. A DEFICIÊNCIA AUDITIVA TEM CURA?

A resposta correta é DEPENDE. A deficiência auditiva pode acontecer em diferentes partes


da orelha e por isso ela é classificada quanto ao seu tipo: condutiva, neurossensorial ou
mistas.
Quando o comprometimento acontece na orelha externa ou na orelha média (olhar de volta na
figura 02), que são as partes que conduzem o som, trata-se de uma deficiência auditiva
condutiva. Geralmente, esse tipo de deficiência auditiva está relacionado com doenças
transitórias, como infecções na orelha, presença de cera, malformação dos ossículos, que, na
grande maioria das vezes é revertida com tratamentos medicamentosos e/ou cirurgias. Nem
sempre a audição consegue ser totalmente recuperada, mas, em geral, a deficiência auditiva é
revertida.
Quando o comprometimento acontece na orelha interna, ou seja, na cóclea, o órgão sensorial
auditivo, onde o som é transformado em potencial elétrico, trata-se de uma deficiência
auditiva neurossensorial e esta lesão é definitiva e irreversível. Isso porque, a morte de
células ciliadas não consegue ser restaurada, mesmo com tratamentos para curar a doença que
causou o problema. Assim, a deficiência auditiva neurossensorial não tem cura, mas ela tem
condições de reabilitação de grande sucesso com soluções auditivas, como aparelhos
auditivos e implantes cocleares.
As deficiências auditivas podem sofrer modificações ao longo do tempo, ou seja, o grau do
comprometimento pode evoluir e por isso é importante um acompanhamento com a equipe
médica e fonoaudiológica.

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5. COMO DIAGNOSTICAR A DEFICIÊNCIA AUDITIVA?

O diagnóstico da deficiência auditiva é realizado por uma equipe especializada formada por
médico otorrinolaringologista e fonoaudiólogo. Para isso são necessários exames de
audiometria e imitanciometria, principalmente, mas também podem ser solicitados outros
exames como emissões otoacústicas e potenciais evocados auditivos. A análise desses
exames, alinhada com a história clínica, irão possibilitar o diagnóstico e a conduta de
reabilitação. Vamos novamente usar a FAQs para entender algumas dúvidas:
✓ Existe uma idade mínima para poder avaliar a audição?
Não! Existem estratégias que conseguem testar a função da cóclea logo nas primeiras 24
horas de vida. Graças a esses exames é que foi possível desenvolver o programa de triagem
auditiva neonatal, popularmente conhecido como teste da orelhinha e que, desde 2010, a
partir da lei 12.303, é obrigatória em todas as maternidades do país.
✓ Qual é o melhor exame para diagnosticar a deficiência auditiva?
Depende! O exame de audição de padrão ouro é a audiometria, porém, ela exige a
participação do paciente, ou seja, o indivíduo precisa contar ao profissional o som que está
ouvindo e, por esse motivo, nem sempre ele pode ser aplicado: em bebês, crianças pequenas,
pessoas com dificuldades de compreender tarefas. Para estes casos, outros exames são mais
indicados, como as emissões otoacústicas e os potenciais evocados auditivos.
✓ Quanto tempo demora para diagnosticar uma deficiência auditiva?
Depende! Depende principalmente da doença de base, ou seja, do que está causando o
prejuízo auditivo e como isso está acontecendo, mas depende também da colaboração do
indivíduo com os exames e da experiência da equipe clínica.
✓ Depois do resultado, quanto tempo leva para iniciar o tratamento?
Nenhum! O início do tratamento é imediato, seja ele medicamentoso, cirúrgico ou clínico. O
que acontece muitas vezes é a demora do indivíduo em receber o diagnóstico (ou seja, aceitar
de fato o problema e isso é bastante comum, não apenas com a surdez, mas com outros
problemas também) e procurar pelo tratamento. Muitas vezes também, o indivíduo tem
dificuldades de conseguir acesso aos tratamentos de forma gratuita, devido ao baixo número
de programas e vagas oferecidas.

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6. COMO TRATAR A DEFICIÊNCIA AUDITIVA?

Quando a deficiência auditiva é do tipo condutiva, na grande maioria das vezes, o tratamento
é medicamentoso e/ou cirúrgico. Quando a deficiência auditiva é do tipo neurossensorial e
compromete a cóclea, as opções de tratamento mais tradicionais são aparelhos auditivos e
implante coclear.
Os aparelhos auditivos, cujo nome técnico é Aparelho de Amplificação Sonora Individual
(AASI) é uma solução tecnológica que não requer cirurgia. É um aparelho, utilizado na
orelha (pode ser atrás da orelha ou dentro da orelha, dependendo do modelo) e a finalidade
dele é auxiliar a audição prejudicada. Como assim? Este pequeno aparelho possui um
microfone, que irá captar os sons, um amplificador, que irá aumentar o som na proporção
perfeita que o indivíduo precisa para ouvir bem e um receptor, que irá produzir esse som
amplificado para enviar para a orelha. A tecnologia do AASI é muito avançada e o tratamento
do som amplificado é extremamente eficiente. Os AASIs possuem inteligência artificial,
conectam-se à celulares e outros dispositivos e facilitam muito a qualidade de vida dos
usuários, inclusive. Existem aparelhos auditivos de diferentes tamanhos e modelos e a
escolha do melhor modelo depende bastante do tipo e grau da perda auditiva. Essa seleção,
ajustes e adequações dos aparelhos auditivos é realizada pelo fonoaudiólogo.

Figura 05. Tipos de aparelhos auditivos

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O implante coclear (IC) é uma solução auditiva que requer cirurgia. Trata-se de uma prótese
auditiva que irá substituir parcial ou totalmente a função das células ciliadas que não
funcionam mais. O IC possui um componente interno, que é um feixe de eletrodos,
posicionado na cóclea, que irá substituir a função das células ciliadas e um componente
externo, que é um processador, que irá captar o som e enviar para a o componente interno.
Essa transmissão acontece por uma antena de transmissão. O IC, assim como o AASI, possui
tecnologia extremamente avançada e seus resultados são efetivos, porém, sua indicação está
atrelada ao não sucesso do uso do AASI, ou seja, usar o AASI não foi suficiente para
recuperar a audição e em pacientes com deficiência auditiva de grau severo e profundo.

Figura 06. Componente interno e externo de um implante coclear

Qual das soluções auditivas é melhor?


A resposta correta é uma correção da pergunta: Qual solução auditiva é mais adequada? A
indicação do AASI ou do IC depende de muitos fatores e apenas a equipe clínica, formada
por médicos e fonoaudiólogos e, por vezes, psicólogos e assistentes sociais, poderá definir a
melhor solução de reabilitação para o paciente.

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7. A LIBRAS É USADA POR TODOS COM PROBLEMAS AUDITIVOS?

A LIBRAS é a língua de sinais do Brasil, oficializada em 2002 com a lei nº 10.436 e é


reconhecida como idioma oficial do país, inclusive. Trata-se de uma língua completa, com
todos os componentes linguísticos necessários, cuja modalidade de execução é gestual, ou
seja, ela é produzida a partir de movimentos isolados ou sequencializados, com as mãos e
com representação qualificada, ou seja, para cada sinal existe uma definição e uma atribuição
de valor que é entendida por todos os fluentes nesta língua.
As línguas de sinais, em todo o mundo, possuem um componente histórico forte e iremos
conhecer melhor em outras aulas, para podermos compreender a cultura surda.
Comunicar-se em LIBRAS é um direito dos deficientes auditivos e essa acessibilidade está
garantida por lei.
Muitos deficientes auditivos, especialmente aqueles com deficiência auditiva de grau severo e
profundo, com pouco resultado com as soluções auditivas ou com a opção de não usarem as
soluções auditivas, lembrando que tal decisão está atrelada à identidade surda, tem a LIBRAS
como sua língua natural.
O debate sobre a língua natural do surdo é polêmico. Em aulas posteriores vamos conhecer
um pouco sobre os diferentes pontos de vista sobre esse conceito, entretanto, é importante já
compreendermos que o objetivo deste curso não é a militância de uma ou outra vertente de
reabilitação e, sim, a compreensão da LIBRAS enquanto direito e acessibilidade e o
desenvolvimento do perfil crítico e cidadania.
O que mais defendemos hoje em dia, na verdade, é a diversidade surda. O que isso significa?
Respeito às diversas escolhas de reabilitação e opção de comunicação. Há uma grande
campanha nas mídias sociais chamada #surdosqueouvem, que mostra indivíduos com
deficiência auditiva de diferentes graus que se identificam como surdos e que mostram suas
histórias de sucesso com as soluções auditivas. Há, por outro lado, grandes grupos, nacionais
e internacionais, com educação bilíngue, onde a língua de sinais e o idioma falado são
igualmente apresentados para o indivíduo e os resultados são ótimos. Há, ainda, indivíduos
que usam apenas LIBRAS como ferramenta de comunicação e tem desempenho acadêmico e
social de grande sucesso.
Encerro essa primeira aula com essa mensagem: o importante é o conhecimento, o
diagnóstico precoce, a escolha da reabilitação e o respeito à diversidade.

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8. DICA DE ESTUDO E REVISÃO
Ao final de todas as aulas, vamos sintetizar o conteúdo que estudamos, com a ideia de
aprendermos efetivamente o que estudamos! Vocês já ouviram falar em mapas mentais? Ela é
a nossa ferramenta de estudo hoje.
Os mapas mentais são esquemas de significado, onde nós relacionados os conteúdos que
estamos estudando em uma síntese que faça sentido e que, no momento de estudar ou resgatar
essa informação, eu posso usar palavras-chave para acessar o conteúdo. Veja um exemplo
para o mapa mental da aula de hoje:

Esse mapa mental foi estruturado com os pontos principais da aula e com as palavras-chave
que mais favorecem o meu estudo, mas o de vocês pode ser diferente. Vamos tentar montar
um mapa mental para facilitar seus estudos?

Bons estudos e até a próxima aula!

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9. BIBLIOGRAFIA

BEVILACQUA, M.C; FORMIGONI, M.P. Audiologia educacional: uma opção para a


criança deficiente auditiva. 3. ed.São Paulo: Pró-Fono, 1998. 78p.

GESSER, Audrei. Libras? Que língua é essa?: Crenças e preconceitos em torno da


língua de sinais e da realidade surda. : Parábola, 2009. 87p.

VIEIRA, M. I.; GASPAR, P.; NAKASATO, R. Libras: conhecimento além dos sinais. São
Paulo: Pearson Printice Hall, 2011. Disponível em:
<https://fef.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576058786>.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:

EDUCACAO, MINISTERIO da Deficiência Auditiva. Brasília: Ministério da Educação,


2001.

.FARREL, M. Deficiências Sensoriais e Incapacidades Físicas: Guia do professor. Porto


Alegre: Artmed, 2008.

PEREIRA, M.C.C. Leitura , Escrita e Surdez; São Paulo: FDE, 2006.

GOLDFELD, Marcia. A criança surda. Linguagem e cognição numa Perspectiva Sócio-


Interacionista. São Paulo: Plexus Editora, 2001.

SILVA, R. D. Língua Brasileira de Sinais: Libras. São Paulo: Pearson Printice Hall, 2015.
http://fef.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788543016030

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Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba. Univap – Faculdade
de Educação e Artes / Curso de Letras, Campus Aquárius, UNIVAP, 2008

ROSLYN-JENSEN, A. M. A. Importância do diagnóstico precoce na deficiência


auditiva. In: Ferreira, L. P. Tratado de fonoaudiologia. São Paulo: Roca; 1996. p.297-
309.

SASSAKI, R. K. (2005). Nomenclatura 1 na área da surdez. In:


http://www.pjpp.sp.gov.br/2004/artigos/22.pdf. Acesso 13 de jul. 2012.

JOINT COMMITTEE ON INFANT HEARING Disponível em http://www.jcih.org/.


Acesso 31 de jul. 2012.

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