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No contexto da surdez, além da abordagem educacional, uma série de fatores pode influenciar a decisão pela
comunicação oral ou bilíngue. Nesta webaula, vamos apresentar sucintamente alguns desses fatores, para que
você
possa compreender de maneira mais contextualizada aspectos biológicos da surdez.
Fonte: iStock.
pessoas.
Primeiramente, é preciso compreender que existem diferentes graus de perda auditiva, os quais podem ser
aferidos por meio de exames audiológicos, como a audiometria. Os resultados revelam os limiares auditivos do
sujeito, mas sua interpretação pode variar de autor para autor.
De acordo com Kumada (2008), os critérios de normalidade auditiva oscilam sob diversas classificações, mas
geralmente estão nos níveis de 15 a 25 dB NA (decibel nível de audição).
Fonte: iStock.
Segundo a classificação divulgada pelo MEC (BRASIL, 1997), com base na classificação do Bureau Internacional
d’Audiophonologie (BIAP) e na Portaria Interministerial nº 186, de 10 de março de 1978, é possível identificar
diferentes
graus de surdez:
Até 40 dB
A surdez leve dificulta a percepção igual de todos os fonemas da palavra. Geralmente o sujeito é considerado
desatento e solicita, constantemente, repetições do que lhe é falado. Apesar de não impedir a aquisição
normal
da linguagem, pode apresentar problemas articulatórios ou, até mesmo, dificuldades na leitura e/ou escrita.
Como já destacado, essa é apenas uma das classificações mais comuns, por isso as nomenclaturas e os limiares
podem variar. Vamos agora exemplificar comparando dois exemplos de surdez:
Para compreendermos os tipos de perda auditiva, precisamos primeiramente nos familiarizar minimamente com
a anatomia do ouvido humano, já que os tipos de surdez estão diretamente relacionados à localização topográfica
do acometimento.
Na imagem, podemos observar a orelha externa, a orelha média e a orelha interna. A orelha externa é formada
pelo pavilhão auricular, meato auditivo externo e tímpano. A porção da orelha média, por sua vez, é formada pela
caixa
do tímpano e pelos ossículos da orelha, chamados de martelo, bigorna e estribo. Por fim, na orelha interna,
onde os estímulos sonoros são transmitidos ao cérebro, vemos os canais semicirculares, o nervo vestibular, o
nervo
acústico e a cóclea.
A partir dessa breve introdução você já é capaz de compreender os tipos de perdas auditivas:
Condutivas
Ocorre na orelha externa e/ou média e, como o próprio nome sugere, compromete a condução (ou
transmissão) do som para a orelha interna. Conforme Lombardi (2000), por meio de intervenção cirúrgica
e/ou de medicamentos
essa perda pode ser temporária e reversível.
Sensório-neurais
Está localizada na orelha interna, no órgão de Corti ou nas fibras do nervo auditivo, e seus danos são
permanentes e irreversíveis.
Mistas
Quando a alteração ocorre tanto nas orelhas externa e/ou média como na orelha interna ela recebe o nome
de perda auditiva mista.
Centrais
É importante destacar que a contribuição do aparelho de amplificação sonora individual (AASI) é limitada e
depende do tipo e grau de perda auditiva, sendo seu uso mais recomendado nas situações de perdas de tipo
mistas e neurossensoriais,
uma vez que as perdas condutivas têm chance de serem revertidas por meio de
medicamentos e cirurgias.
Além do grau e do tipo de perda auditiva, outras variáveis integram a diversidade da surdez. Existem surdos
unilaterais e bilaterais, além de surdos pré-linguísticos e pós-linguísticos. Todas essas variáveis implicam
diferenciações
na forma como esses sujeitos vão se comunicar.
Dado esse panorama, você pode notar como não está simplesmente na vontade da família, dos profissionais ou
da criança surda ser um surdo oralizado ou bilíngue. Assim, além da abordagem educacional, muitos fatores
podem influenciar
a predileção dos surdos pela comunicação oral ou bilíngue: o tipo e grau de surdez, o ganho do
AASI, a contribuição do implante coclear, a criação em família ouvinte ou surda, o período em que houve a perda
auditiva (pré ou
pós-linguística) e se é uma perda unilateral ou bilateral.