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Surdez: conceitos, causas e

políticas de prevenção

Adão Gomes de Souza


Surdez: conceitos, causas
e políticas de prevenção
Introdução

É comum que haja dúvidas em relação às nomenclaruras


deficiência auditiva e surdez, porém há uma grande diferença entre a uma
pessoa surda e a uma pessoa com deficiência auditiva. Esses dois termos são
utilizados no campo da surdez; porém, o termo “surdo” é usada dentro da
comunidade surda, ou seja, ao utilizá-la, estamos cientes de suas capacidades
cognitivas, linguísticas e, o mais importante, reconhecemos sua identidade surda
quando o sujeito surdo (ser surdo) vive e se desenvolve em comunidade a partir de
experiências visuais Já a terminologia pessoa com deficiência auditiva é mais
utilizado especialmente no âmbito clínico, por profissionais da área da saúde, e
evidencia apenas na condição física da perda auditiva. Em alguns casos na área
clínica, a língua de sinais não é reconhecida como um idioma, de modo que ela é
descartada no ensino de língua para as pessoas com perda auditiva, que recebem
apenas a oferta e a oportunidade da oralização.
A seguir, veremos sobre a importância da audição e conhecê-la a
cerca do funcionamento do aparelho auditivo. Além disso, veremos os
diferentes tipos de surdez as formas de prevenção, o diagnóstico e o tratamento
adequado para cada um desses tipos.
A AUDIÇÃO E O FUNCIONAMENTO AUDITIVO

Para entender como funciona a nossa audição, é importante saber que o


ouvido humano é um órgão avançado e mito sensível do corpo humano. A
função do ouvido é transmitir e traduzir sons para o cérebro atravpes de cada uma
de suas partes, dentre elas podemos citar o ouvido externo, ouvido médio e
ouvido interno.
São funções da audição detectar, decodificar e transmitir as informações
sonoras recebidas do meio externo, além de manter o ponto de equilíbrio do corpo.
Cada parte do ouvido apresenta ainda suas subdivisões que são importantes no
processo auditivo. As ondas sonoras, ou as informações sonoras que o ouvido recebe,
deslocam-se por meio do ouvido externo por intermédio do canal auricular,
ocasionando vibrações na parte do ouvido médio, no tímpano. Esses pequenos
movimentos do tímpano enviam as informações sonoras até o cérebro, no qual a
informação será decodificada e compreendida. Observe como o ouvido é dividido a
partir da Figura 1.

Figura 01- Anatomia do ouvido

Quando é diagnosticada a surdez ou a perda auditiva, dependendo do caso


e de cada pessoa, o profissional da área da saúde recomenda o uso do aparelho
auditivo, que é um dispositivo eletrônico que tem a essencial função de amplificar
as ondas sonoras, de forma que uma pessoa com perda de audição possa ouvir os
sons que se passam no ambiente. Quando uma pessoa com perda auditiva utiliza o
aparelho auditivo, o instrumento passa a ter a função do ouvido humano. Assim como
o nosso ouvido, o dispositivo eletrônico, ou o aparelho auditivo, é dividido em três
partes: microfone, amplificador sonoro e, por fim, receptor (Figura 2).
O aparelho capta o som externo do ambiente por meio do microfone, e o
converte em ondas sonoras/vibrações em sinais elétricos e os encaminha
diretamente a um amplificador sonoro. Nessa etapa, o amplificador aumenta a
potência (frequencia) das vibrações e as enviam para o ouvido através do receptor.
O receptor, por sua vez, envia a mensagem para o ouvido humano. Esse aparelho tem
como objetivo ajudar pessoas com uma perda auditiva a perceber sons. Há diversos
tipos de aparelhos auditivos no mercado (Figura 2).

Figura 2. Aparelhos auditivos.


Figura 02 - Aparelhos auditivos
Fonte: Signatec (2018, documento on-line).

SURDEZ E SUAS CARACTERÍSTICAS


Inúmeras podem ser as causas da perda auditiva, a qual poderá ser
congênita ou adquirida. As causas da perda auditiva congênita são:
hereditariedade, viroses maternas (rubéo- la, sarampo), doenças tóxicas da
gestante (sífilis, citomegalovírus, toxoplasmose) e a ingestão de medicamentos
ototóxicos (que lesam o nervo auditivo) durante a gravidez. A perda auditiva é
adquirida, quando existe uma predisposição genética (otosclerose), por sequela.
Os profissionais da área da saúde sempre recomendam que toda gestante faça
o pré-natal, e essa recomendação é de suma importância, pois é nessa fase do
desenvolvimento do bebê e das mudanças do corpo da gestante que é possível
diagnosticar qualquer ocorrência inesperada durante a gestação. Assim, o pré--natal
viabiliza o diagnóstico, a prevenção e o tratamento de qualquer fator de risco para a
gestante e para o bebê.
Portanto, o pré-natal é fundamental no diagnóstico da surdez por condições
genéticas ou hereditárias da mãe do bebê. As possíveis doenças diagnósticas
durante a gestação e que acarretam problemas auditivos são: citomegalovírus,
rubéola e toxoplasmose. Além disso, a exposição a medicamentos e produtos
tóxicos ou o uso de drogas pela gestante são fatores relevantes. Em alguns casos, a
surdez poderá ser causada pelo nascimento prematuro do bebê, por má-formação do
feto ou pelo uso do fórceps no nascimento. A surdez causada pelo fórceps é mais
comum do que se imagina. A surdez também pode ser adquirida por doenças após o
nascimento e em qualquer fase da vida de uma pessoa, como, por exemplo: caxumba,
meningite e sarampo. Além das doenças, a surdez também pode ser causada por
algum acidente ou traumas no aparelho auditivo. O uso de drogas e produtos tóxicos
também são causadores dessa condição.
De modo geral o grau de perda auditiva poderá ser diagnosticado através
de exames como o de audiometria e o bera. Os graus de perda auditiva são
classificados de acordo com a perda em decibéis (dB), se a perda for de 0 a 15 dB é
considerada normal, se a perda for de 16 a 40 dB é considerada leve, se for de 41 a
55 dB é moderada, se for de 56 a 70 dB é moderada severa, de 71 a 90 dB é
considerada severa e mais de 90 dB é considerada profunda. (BRASIL, 1997).
Nos casos de perda auditiva leve a moderada, a prótese auditiva poderá
contribuir para o desenvolvimento da fala e até mesmo desenvolver a audição
através de intervenções clínicas fonoaudiológicas, no entanto o desenvolvimento da
linguagem

TIPOS DE SURDEZ
Existem muitos estudos e discussões sobre a surdez e a língua de
sinais, e vários são os autores que definem os termos relacionados a essa
deficiência. Veremos, pelo viés da surdez, o esclarecimento de alguns mitos e
tabus sobre essa temática.
Vivemos em um mundo cercado por sons, de modo que é difícil
imaginar que uma pessoa surda ou com deficiência auditiva possa viver
plenamente nele. No entanto, a comunidade surda brasileira mostra que isso é
possível por meio da comunicação gesto-visual, que integra o sujeito surdo ao
mundo ouvinte, possibilitando novas experiências. Quando falamos em
deficiência auditiva, em muitos casos, ficamos limitados apenas a questões
físicas, mas, nesse sentido, é importante ter consciência de que nem todo surdo é
mudo, de maneira que a expressão surdo-mudo não é a forma mais adequada.
Para fazer referência a uma pessoa com surdez, o termo adequado é surdo.
A surdez nada mais é do que a privação ou a limitação do sentido da
audição. Essa privação ou limitação pode ser parcial ou total e pode ser causada
por diversos fatores, como, por exemplo, viroses, doenças durante a gestação,
predisposição genética e, até mesmo, má-formação do feto.
A surdez apresenta variações e pode ser classificada como leve,
moderada, grave, severa e profunda, de acordo com o nível de comprometimento
da capacidade auditiva. Após a identificação do tipo de surdez, é possível que o
indivíduo acometido por esse problema faça o tratamento adequado, e para o
presente estudo teremos por base as definições elaboradas por Silva (2008):

Surdez Congênita
Esse tipo de surdez se apresenta desde o nascimento ou gestação. A causa
pode ser genética, mas também pode estar ligada a outros fatores, como doenças da
mãe durante a gravidez, como rubéola, diabetes ou sarampo, por exemplo, ou ainda
uso indevido de medicamentos, infecções ou problemas no parto.

Surdez por infecções


Uma infecção no ouvido também pode ocasionar surdez, pois geralmente
leva à formação de fluido, o que obstrui o movimento do tímpano e dos ossículos
ligados a ele. Esse tipo de perda auditiva costuma ser temporária e desaparece após o
tratamento.

Surdez por perfuração do tímpano


A surdez por perfuração do tímpano consiste em uma abertura nessa
membrana, que separa o canal auditivo do ouvido médio. A cicatrização pode
acontecer em algumas semanas, sem precisar de tratamento ou apenas com o uso de
antibióticos. Contudo, em alguns casos, a cirurgia é necessária. A causa mais comum
desse problema é a infecção no ouvido, porém o ato de introduzir objetos, como
cotonetes, também pode gerar perfuração no tímpano.

Surdez por idade


Nesse caso, a capacidade auditiva vai diminuindo com o passar dos anos.
A surdez por idade costuma afetar os dois ouvidos. Pode ter início por volta dos
trinta ou quarenta anos e ir piorando gradativamente. Por esse motivo, várias pessoas
não notam o problema. As razões estão ligadas a questões ambientais e genéticas e
ao estilo de vida.
FORMAS DE PREVENÇÃO, DIAGNÓSTICO E
TRATAMENTO
A audição é um sentido fundamental ligado ao desenvolvimento e à
aquisição da linguagem oral e uma forma de interação e comunicação com o mundo
sonoro. No entanto, a perda de audição é um dos problemas mais comuns, afetando
pessoas de ambos os sexos e de todas as idades. Ela ocorre quando existe a
impossibilidade ou dificuldade de captar, receber ou perceber os estímulos sonoros
do ambiente. Por isso, é muito importante que saibamos como prevenir a surdez.
Em muitos casos, o problema pode ser prevenido com medidas simples do
dia a dia. Essas precauções podem ajudar a garantir uma boa saúde auditiva ao longo
da vida. Veja abaixo algumas das medidas a serem tomadas a fim de evitar
problemas na audição ou até mesmo a surdez definitiva:
 Não coloque objetos no ouvido
Muitas crianças apresentam o hábito de colocar objetos dentro dos
ouvidos e é essencial que os pais prestem atenção a essas atitudes. Isso porque eles
podem obstruir a passagem do som e provocar um processo infeccioso ou
inflamatório no local.
Nos adultos e adolescentes, o maior risco é com o uso de cotonetes na
tentativa de limpar a orelha. O ouvido expulsa a cera em excesso naturalmente e a
interferência nesse processo pode causar a perfuração do tímpano e infecções.

 Evite sons altos


A poluição sonora é uma das causas principais de perda auditiva em
jovens, devido ao hábito de ouvir música com um volume muito alto em fones de
ouvido. Assim, mesmo quando nos acostumamos com o volume nas alturas, existe
um risco de os ouvidos serem danificados, e o ideal é que o som não ultrapasse 50%
do limite do aparelho. A sensação de zumbido provocada por esse hábito pode ser
decorrente de um trauma auditivo e é um sinal de alerta que precisa ser investigado
por um médico.
 Faça o tratamento de doenças adequadamente
Algumas doenças infectocontagiosas, como a meningite e a otite, podem
evoluir para a surdez quando o tratamento não é feito de maneira adequada. Isso
acontece porque alguns micro-organismos podem destruir estruturas que são
responsáveis pela audição. Portanto, o recomendado é buscar ajuda médica e seguir
o tratamento prescrito, caso o primeiro sinal da doença seja percebido.

 Utilize EPIs em trabalhos com intensos ruídos


Quando somos expostos a ruídos diários que ultrapassam o limite de
segurança, seja de forma súbita, seja de forma esporádica ou de forma prolongada,
devemos sempre utilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Esses
estímulos sonoros de alta intensidade têm a capacidade de matar as células da nossa
audição. Por isso, o seu uso é fundamental.
Como vimos, os cuidados de como prevenir a surdez incluem medidas
que devem ser tomadas todos os dias. Por isso, devemos evitar colocar objetos no
ouvido, fazer o tratamento de doenças de modo adequado, não ouvir sons muito
altos, entre outros. Com isso, é possível evitar o problema e ter mais qualidade de
vida.
Uma vez diagnosticada a surdez, por meio do exame chamado de
audiometria, os profissionais da área da saúde, como os fonoaudiólogos e os
otorrinolaringologistas, dão início ao processo de “tratamento da surdez”,
lembrando que esse termo é usado na área clínica. Desse modo, o surdo tem a
possibilidade de optar pelo aprendizado da L1 (Libras) e da L2 (português) como
segundo idioma.
Uma das formas de diagnosticar a surdez é pelo intermédio do teste da
orelhinha (ou Emissões Otoacústicas Evocadas), que é realizado nos primeiros dias de
vida do bebê, ainda no hospital, para diagnosticar perdas auditivas precoces
REFERÊNCIAS

BRASIL, MEC. Secretaria de Educação Especial: Direito à educação:


orientações gerais e marcos legais. Brasília: MEC/SEESP, 1997.

https://institutoitard.com.br/o-que-e-deficiencia-auditiva-e-surdez/

https://blog.audiumbrasil.com.br/conheca-os-diferentes-tipos-de-surdez/

https://comunicareaparelhosauditivos.com/como-prevenir-a-surdez

SAGAH, Soluções Educacionais Integradas, 2018.

SILVA, Lúcia Palú. Manual de orientação de práticas interventivas no contexto


educacional para professores do ensino fundamental. Progama de
desenvolvimento educacional – PDE. Mandirituba, 2008.

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