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Deficiência

Auditiva e Surdez
1. Deficiência Auditiva e Tipos 4
Causas 4
Avaliação 6
Prevenção 11
Tratamento 11
Surdez Unilateral 11
Tratamento em Crianças 12
Idosos 13

2. Escola e Comunidade Surda 16

3. Língua Brasileira de Sinais 23


Origem da Língua Brasileira de Sinais 24
Dia Nacional do Surdo 27
Lei da Acessibilidade 27

4. Prática Docente para o Educando Surdo 30


A Formação Docente 33

5. Referências Bibliográficas 40

02
03
DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

1. Deficiência Auditiva e Tipos

Fonte: Estadão1

Q uase meio bilhão de pessoas em


todo o mundo, quase 8% da po-
das pessoas acima de 65 anos, e mais
da metade das pessoas com mais de
pulação mundial, sofrem de perda 75 anos sofrem com perda auditiva.
auditiva. Mais de 10% da população A maior parte das perdas auditivas
dos EUA, apresentam algum grau de desenvolve-se lentamente com o
perda auditiva, o que influencia na tempo. No entanto, nos Estados Uni-
sua comunicação diária, tornando-a dos, cerca de 1 em 5.000 a 1 em 10.
o distúrbio sensorial mais comum. A 000 pessoas sofrem de perda auditiva
incidência aumenta com a idade, repentina a cada ano (NUNES, 2015).
mesmo que apenas 2% das crianças
menores de 18 anos possuam perda Causas
auditiva permanente, a perda de au-
dição em bebês e na primeira infân- De acordo com Luz (2013), a
cia pode afetar o desenvolvimento perda auditiva possui diversas cau-
social e linguístico. Mais de um terço sas. Diferentes partes do trato audi-

1 Retirado em https://summitsaude.estadao.com.br

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tivo podem ser afetadas, e a perda é muitos distúrbios genéticos


classificada com base em qual parte raros.
do trato auditivo foi prejudicada, co-
mo: Para as autoras Cardona, Go-
 Perda auditiva condutiva - mar, Palmés e Sadurní (2012), as
ocorre quando algo impede o causas mais comuns de perda audi-
som de atingir as estruturas tiva, são:
sensoriais no ouvido interno.  Acúmulo de cera (cerume);
O problema pode envolver o  Ruído;
canal auditivo externo, o tím-  Envelhecimento;
pano (membrana timpânica -  Infecções do ouvido (particu-
MT), ou o ouvido médio. larmente em crianças e adul-
 Perda auditiva neurossenso- tos jovens);
rial - ocorre quando o som al-  Acúmulo de cera é a causa
cança o ouvido interno, mas mais comum de perda auditiva
ou o som não pode ser traduzi- tratável, especialmente dentre
do em impulsos nervosos (per- as pessoas mais velhas.
da sensorial), ou os impulsos
nervosos não são conduzidos
Segundo Kelman, Oliveira e
ao cérebro (perda neural). A
distinção entre perda sensorial Almeida (2020), o ruído pode causar
e neural é importante porque a perda auditiva neurossensorial súbi-
perda auditiva sensorial por ta ou gradual. A exposição a um ruí-
vezes é reversível e raramente do único muito extremo, como um
representa um risco de vida. tiro ou explosão nas proximidades,
Uma perda auditiva neural ra- pode resultar em perda de audição
ramente se reverte e pode ser
devido a um tumor cerebral súbita, que é chamado de trauma
que representa risco de vida, acústico. Algumas pessoas que so-
comumente um tumor do ân- frem trauma acústico também po-
gulo ponto cerebelar. Outro ti- dem desenvolver zumbidos nos ou-
po de perda neurossensorial é vidos (acufeno). A perda auditiva
denominado transtorno do es- causada por um trauma acústico,
pectro da neuropatia auditiva,
normalmente cura em um dia, a me-
quando o som pode ser detec-
tado, mas o sinal não é enviado nos que também ocorra algum tipo
corretamente para o cérebro. de lesão por explosão no tímpano ou
 Perda mista - envolve ambas ouvido médio, apesar de que uma le-
as perdas, condutiva e neuros- são leve no ouvido interno possa ter
sensorial. Ela pode ser cau- ocorrido, o que acelera a perda audi-
sada por lesões graves da cabe- tiva relacionada à idade anos depois.
ça, infecção crônica, ou um dos

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No entanto, a exposição prolongada De acordo com Nunes (2015),


ao ruído causa a maior parte da per- as causas menos comuns de perda
da auditiva causada pelo ruído. O ru- auditiva incluem o seguinte:
ído em um volume superior a 85 de-  Doenças autoimunes;
cibéis (dB) pode levar à perda de au-  Doenças congênitas;
dição com a exposição prolongada.  Substâncias que lesionam o
Embora a suscetibilidade das pes- ouvido (medicamentos ototó-
soas à perda auditiva relacionada ao xicos);
ruído varie um pouco, quase todas  Lesões;
 Tumores.
as pessoas perdem algum grau de
audição se expostas a um ruído alto
Avaliação
o suficiente por um longo período de
tempo.
Para o autor Luz (2013), algu-
Em concordância com o autor
mas informações podem auxiliar as
Lopes Filho (2015), é correto afir-
pessoas a decidir quando consultar
mar que, o envelhecimento, junto
um médico e o que esperar durante
com a exposição ao ruído e fatores
o exame. Em pessoas com perda au-
gerais, é um fator de risco comum
ditiva, certos sintomas e caracterís-
para perda de audição. A perda au-
ticas são preocupantes, como:
ditiva devido à idade (presbiacusia)
 Perda auditiva em apenas um
restringe a capacidade de uma pes- dos ouvidos;
soa de ouvir frequências mais altas  Quaisquer anormalidades
comparadas com frequências mais neurológicas (como dificulda-
baixas. de para mastigar ou falar, dor-
Conforme Souza (2018), as mência da face, tontura ou
infecções de ouvido são causas co- perda de equilíbrio).
muns de perda auditiva temporária
Pessoas que possuem algum
leve a moderada, especialmente em
desses sinais de alerta devem con-
crianças. A grande maioria das cri- sultar um médico imediatamente, e
anças volta a ter audição normal pessoas com perda auditiva e sem si-
dentro de 3 a 4 semanas após o tér- nais de alerta também devem con-
mino da infecção, no entanto, al- sultar o médico imediatamente. Co-
guns apresentam perda auditiva mo as pessoas podem não reconhe-
permanente. A perda auditiva per- cer a perda auditiva gradual, os mé-
sistente é mais plausível em crianças dicos recomendam a realização de
com infecções de ouvido recorrentes. testes de rotina para crianças e ido-

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sos. Os testes em crianças devem co- Em concordância com as auto-


meçar no nascimento, para que os ras Kelman, Oliveira e Almeida
distúrbios auditivos possam ser di- (2020), é correto afirmar que, tam-
agnosticados e tratados antes que bém é importante que o médico ob-
afetem o desenvolvimento da lin- serve o seguinte:
guagem. Os médicos costumam exa-  Sintomas no ouvido, como dor
minar os idosos com perguntas es- ou entupimento do ouvido,
pecíficas sobre sua capacidade de zumbidos ou zunidos nos ou-
ouvir em certas situações. Esses tes- vidos (acufeno) ou secreção.
 Sintomas relacionados ao
tes são importantes porque algumas
equilíbrio, como desorienta-
pessoas idosas que poderiam se be- ção no escuro ou uma falsa
neficiar do tratamento, não identifi- sensação de estar girando ou
cam problemas auditivos ou mesmo se movendo (vertigem).
negam que possuem (ROCHA, OLI-  Sintomas neurológicos, como
VEIRA e REIS, 2020). dor de cabeça, fraqueza da face
Segundo Cardona, Gomar, ou um paladar anormal.
Palmés e Sadurní (2012), durante a  Nas crianças, sintomas impor-
tantes associados incluem de-
consulta, primeiro os médicos per-
mora para falar ou no desen-
guntam sobre os sintomas e o histó- volvimento da linguagem e
rico médico do paciente, e então fa- atraso no desenvolvimento
zem um exame físico. O que eles en- motor.
contram durante a história e o exa-
me físico pode sugerir a causa da Conforme Lopes Filho (2015),
perda auditiva e indicar quais os os médicos devem examinar os his-
exames necessários, incluindo um tóricos médicos dos pacientes em
audiograma e, se necessário, ima- busca de doenças que podem levar à
gens do ouvido, como uma tomogra- perda de audição, incluindo infec-
fia computadorizada ou ressonância ções de ouvido recorrentes, exposi-
magnética). O médico deve pergun- ção crônica a ruídos altos, ferimen-
tar por quanto tempo o paciente tem tos na cabeça e doenças autoimunes,
notado a perda de audição, e se a como artrite reumatoide e lúpus eri-
perda ocorre em um ou ambos os tematoso sistêmico. Eles devem re-
ouvidos, se ocorreu após um evento gistrar se o paciente tem histórico
súbito (como por exemplo, um feri- familiar de perda auditiva, e pergun-
mento na cabeça, mudança repenti- tar se está tomando alguma substân-
na na pressão, ou início do uso de cia que pode causar danos ao ouvi-
medicação).

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do, como nos casos de medicamen- baixo que o paciente consegue


tos ototóxicos. Para crianças peque- ouvir em cada ouvido. Os re-
nas, o médico deve verificar seu his- sultados são avaliados em
comparação com o que se con-
tórico de nascimento para se certifi-
sidera uma audição normal.
car se houve complicações com o Visto que os tons altos a que é
parto ou uma infecção antes de nas- exposto um ouvido também
cer. podem ser escutados pelo ou-
O foco do exame é nos ouvi- tro, coloca-se um som diferen-
dos, na audição e no exame neuroló- te do teste (geralmente, um ru-
gico. O médico deve examinar o ou- ído) no ouvido que não está
sendo testado.
vido externo em busca de bloqueios,
 Teste de Rinne - compara quão
infecções, defeitos congênitos e ou- bem o paciente ouve os sons
tras anormalidades visíveis. O tím- conduzidos pelo ar, com os
pano deve ser examinado cuidado- que são conduzidos pelos os-
samente para verificar se há ruptu- sos do crânio. Para examinar a
ras, secreção e sinais de infecção audição por condução aérea,
aguda ou crônica. Os médicos, geral- coloca-se o diapasão perto do
ouvido. No teste de audição
mente, realizam uma variedade de
por condução óssea, encosta-
testes usando um diapasão para di- se a base de um diapasão vi-
ferenciar entre a perda auditiva con- brante na cabeça do paciente,
dutiva da neurossensorial (THOMA, para que o som ultrapasse o
PERLIN, KLEIN, LOPES, SÁ, TES- ouvido médio e seja direta-
KE, MOREIRA e LULKIN, 2015). mente transmitido às células
De acordo com Rocha, Oliveira nervosas do ouvido interno.
Quando se verifica diminuição
e Reis (2020), os principais exames
da audição por condução aérea
para medir a audição são: e a audição por condução ós-
 Audiometria - constitui o pri- sea é normal, a perda auditiva
meiro passo nos exames de au- é de condução. Se ambas as
dição. Nesse exame, o paciente conduções, aérea e óssea, esti-
coloca fones de ouvido que verem diminuídas, a perda de
emitem tons de diferentes fre- audição é neurossensorial ou
quências e intensidades, em mista. Os pacientes que apre-
um ouvido ou no outro. O pa- sentam perda de audição neu-
ciente sinaliza quando um tom rossensorial podem necessitar
é ouvido, geralmente levan- de avaliação adicional para de-
tando a mão correspondente. tectar outras doenças, como a
Em relação a cada frequência, doença de Ménière ou tumores
o exame identifica o tom mais cerebrais.

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 Teste de Weber - a base de um centagem normal de discrimi-


diapasão vibrando é colocada nação, embora num volume
no topo da cabeça, bem no mais elevado. Os pacientes
meio. O paciente indica em que apresentam perda neuros-
qual dos ouvidos o tom é mais sensorial podem apresentar
alto. Na perda auditiva condu- discriminação atípica, em
tiva unilateral, o tom é mais qualquer volume. Os médicos,
alto no ouvido com perda au- às vezes, testam a habilidade
ditiva. Na perda auditiva neu- dos pacientes de reconhece-
rossensorial unilateral, o tom é rem palavras dentro de sen-
mais alto no ouvido normal, tenças completas. Este teste
porque o diapasão estimula os ajuda a definir quais os paci-
ouvidos internos igualmente e entes que não possuem resul-
o paciente ouve o estímulo tados aceitáveis com aparelhos
com o ouvido não afetado. auditivos e podem se benefi-
 Audiometria do limiar da inte- ciar de um implante.
ligibilidade verbal - mede quão  Timpanometria - mede até que
alto as palavras devem ser pro- grau o som consegue passar
nunciadas para serem com- através do tímpano e do ou-
preendidas. Um paciente escu- vido médio (impedância). Esse
ta uma série de palavras dissi- exame não requer a participa-
lábicas, igualmente acentua- ção ativa do examinado, sendo
das, como “rara”, “dado” e “ba- normalmente utilizado com
ba”, apresentadas com volu- crianças. Um dispositivo con-
mes diferentes. O volume no tendo um microfone e uma
qual o paciente consegue repe- fonte sonora é colocado con-
tir corretamente metade das fortavelmente no canal auditi-
palavras (limiar de inteligibili- vo e as ondas sonoras se refle-
dade) é registrado. tem no tímpano, à medida que
 Discriminação - a habilidade o dispositivo faz variar a pres-
de ouvir as diferenças entre as são no canal auditivo. Os re-
palavras que soam de forma sultados atípicos da timpano-
semelhante, é testada apresen- metria sugerem perda auditiva
tando-se ao paciente pares de condutiva.
palavras monossilábicas se-  Resposta auditiva do tronco
melhantes. A porcentagem de cerebral - mede os impulsos
palavras repetidas correta- nervosos no tronco cerebral,
mente corresponde ao grau de resultantes dos sinais sonoros
discriminação. Os pacientes recebidos nos ouvidos. A in-
com perda auditiva de condu- formação ajuda a determinar
ção costumam apresentar por- que tipos de sinais o cérebro

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está recebendo dos ouvidos. fármacos ototóxicos. Este teste


Os resultados dos exames são também é usado para determi-
atípicos em pacientes com al- nar a causa da perda de audi-
guns tipos de perda de audição ção em adultos.
neurossensorial e naquelas
que apresentam diversos tipos Para a autora Nunes (2015),
de distúrbios cerebrais. O exa- outros exames podem medir a capa-
me da resposta auditiva do
cidade de:
tronco cerebral é utilizado pa-
ra examinar bebês, e também  Interpretação e compreensão
pode ser utilizado para moni- de uma linguagem distorcida;
torar determinadas funções  Compreensão de uma mensa-
cerebrais de pacientes em es- gem enviada para um ouvido,
tado de coma ou durante ci- enquanto o outro se encontra
rurgias cerebrais. exposto a uma mensagem di-
 Eletrococleografia - mede a ferente, com a fusão das men-
atividade da cóclea e do nervo sagens incompletas percebi-
auditivo por meio de um ele- das em cada ouvido e sua
trodo colocado sobre o tímpa- transformação numa mensa-
no ou através do mesmo. Tan- gem compreensível;
to este exame como o da res-  Determinação da proveniência
posta auditiva do tronco cere- de um som, quando é apresen-
bral podem ser utilizados para tado aos ouvidos simultanea-
medir a audição em pacientes mente.
que não podem ou não irão
responder voluntariamente ao Segundo Luz (2013), pacientes
som. com um exame neurológico anormal
 Emissões otoacústicas - usam ou com achados específicos nos tes-
os sons para estimular o ouvi- tes audiométricos necessitam de
do interno (cóclea). O próprio uma ressonância magnética crani-
ouvido, então, gera um som de
intensidade muito baixa, que ana acentuada por gadolínio. Este é
corresponde ao estímulo. Es- um tipo de ressonância magnética
sas emissões cocleares são re- que pode ajudar os médicos a iden-
gistradas, utilizando-se apare- tificar algum tipo de doença que afe-
lhos eletrônicos sofisticados, ta o ouvido interno, tumores cere-
que já são usados rotineira- brais próximos ao ouvido, ou tumo-
mente em muitos berçários
res nos nervos originados do ouvido.
para testar a perda auditiva
congênita nos recém-nascidos Diversas causas genéticas da surdez,
e para monitorar a perda audi- também causam problemas em ou-
tiva em pacientes tomando tros sistemas orgânicos. No entanto,

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crianças com perda de audição inex- possibilidade, os médicos suspen-


plicável também devem fazer outros dem os uso de medicamentos ototóxi-
testes, como exame de vista, eletro- cos, a menos que a necessidade do
cardiograma (ECG) para verificar a medicamento seja maior que o risco
síndrome do QT longo ou outros tes- de perda auditiva futura. Muitos ca-
tes genéticos e específicos para ór- sos de perda auditiva são incuráveis e
gãos. o tratamento consiste em compensar
a deficiência de audição com apare-
Prevenção lhos auditivos e várias estratégias e
tecnologias assistivas.
Em concordância com as auto- De acordo com Thoma, Perlin,
ras Cardona, Gomar, Palmés e Sa- Klein, Lopes, Sá, Teske, Moreira e Lu-
durní (2012), é correto afirmar que, lkin (2015), vários tipos de dispositi-
pessoas que são regularmente ex- vos auxiliares estão disponíveis para
postas a ruídos altos devem usar pessoas com deficiência auditiva sig-
proteção auditiva (como tampões de nificativa, como:
plástico nos canais auditivos ou pro-  Sistemas luminosos de alerta
tetores de ouvido cheios de glicerina que avisam às pessoas com
perda auditiva quando a cam-
sobre os ouvidos). A Secretaria de
painha da porta estiver tocan-
Segurança e Saúde Ocupacional (Oc- do, um detector de fumaça es-
cupational Safety and Health Ad- tiver alarmando, ou um bebê
ministration, OSHA) do Ministério estiver chorando.
do Trabalho dos Estados Unidos e  Sistemas sonoros especiais,
agências semelhantes em diversos transmitindo sinais infraver-
outros países possuem regulamen- melhos ou de rádio FM, aju-
dam as pessoas nos teatros,
tos sobre por quanto tempo as pes-
igrejas ou outros lugares onde
soas podem ficar expostas a ruídos. existe muito barulho interfe-
Quanto mais alto o ruído, menor é o rindo.
tempo de exposição permitido.  Muitos programas de televisão
são legendados.
Tratamento  Aparelhos de comunicação te-
lefônica também estão dispo-
Conforme Kelman, Oliveira e níveis.
Almeida (2020), todas as causas de
perda auditiva é tratável, como por Surdez Unilateral
exemplo, no caso de tumores benig-
nos ou cancerosos, que são removi- As pessoas com perda auditiva
dos pelos médicos. Quando houver a em apenas um ouvido, surdez unila-

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teral, geralmente não possuem res- Tratamento em Crianças


trições na comunicação em situa-
ções de conversação individual. No Segundo Nunes (2015), além
entanto, em ambientes barulhentos de tratar qualquer causa e fornecer
ou ambientes acústicos complexos aparelhos auditivos, as crianças com
como salas de aula, festas e reuniões, deficiência auditiva precisam forta-
as pessoas com SSD não podem ou- lecer o desenvolvimento da lingua-
vir e se comunicar com eficácia. gem por meio de terapia adequada.
Além disso, as pessoas que ouvem Visto que as crianças devem ser ca-
apenas em um ouvido não conse- pazes de escutar a linguagem para
guem localizar a fonte sonora. Para a aprender a língua espontaneamente,
maioria das pessoas, SSD pode mu- a maioria das crianças surdas desen-
dar a vida e levar a deficiências sig- volvem a linguagem apenas através
nificativas em situações profissio- de treinamento especial. Idealmen-
nais e sociais (LIMA, 2014). te, este treinamento deve ser inici-
Para os autores Rocha, Oli- ado assim que a deficiência auditiva
veira e Reis (2020), o tratamento for reconhecida, exceto em casos de
para SSD inclui Roteamento Con- uma criança surda crescendo com
tralateral de Sinais (Contralateral pais surdos, que são fluentes em lin-
Routing of Signal, CROS), que são guagem de sinais. Os bebês surdos
também necessitam de uma forma
aparelhos auditivos fixados no osso
de se comunicar antes de aprender a
que captam o som do lado surdo e
falar. Por exemplo, uma linguagem
o transmitem para o lado que ouve.
de sinais adaptada para bebês pode
Embora essas tecnologias melho-
ser a base para o desenvolvimento
rem a audição em ambientes baru-
da linguagem falada se nenhum im-
lhentos, elas não oferecem suporte
plante coclear estiver disponível. Pa-
à localização de som. Os implantes ra as crianças, entretanto, não existe
cocleares estão sendo usados com substituto para o acesso aos sons da
cada vez mais sucesso em pessoas fala (fonemas), para permitir uma
com SSD, especialmente quando o compreensão refinada e diferenci-
SSD é acompanhado por zumbido ada da linguagem e da linguagem.
intenso nos ouvidos. Os implantes Em concordância com o autor
também demonstraram fornecer Luz (2013), é correto afirmar que, o
localização sonora. uso de um implante coclear pode

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DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

ser adequado para bebês com per- Esse processo melhora muito a ca-
da auditiva profunda nos dois ouvi- pacidade de uma criança com defici-
dos, que não conseguem ouvir o som ência auditiva de ouvir a fala em vez
com um aparelho auditivo. Quanto do ruído de fundo. Mesmo crianças
mais cedo o implante for utilizado surdas de um ouvido podem se be-
em crianças surdas, maior será a neficiar com o implante coclear em
melhora na audição. Embora os im- seu ouvido surdo.
plantes cocleares possam ajudar
muitas crianças que possuem perda Idosos
auditiva congênita ou adquirida,
eles são mais eficazes em crianças Os idosos geralmente apresen-
que já desenvolveram a fala. Em al- tam uma diminuição progressiva da
guns casos, os ossículos do ouvido audição, chamada presbiacusia. A
interno podem se calcificar em cri- deficiência auditiva está presente
anças que ficam surdas após terem em mais de um terço das pessoas
meningite, quando isso acontece, os com mais de 65 anos, e mais da me-
implantes cocleares devem ser usa- tade das pessoas com mais de 75
dos imediatamente para a máxima anos. Mesmo assim, idosos com per-
eficiência. Da mesma forma, crian- da auditiva devem ser avaliados por
ças cujos nervos auditivos foram médicos, pois o envelhecimento po-
destruídos por tumores podem ser de não ser a causa. Em alguns casos,
ajudadas com a implantação de ele- a perda auditiva pode ser causada
trodos na base do cérebro. Crianças por um tumor, uma doença neuroló-
com implantes cocleares podem ter gica ou autoimune, ou uma perda
um risco ligeiramente maior de te- auditiva facilmente corrigível (RO-
rem meningite do que crianças sem DRIGUERO e YAEGASHI, 2020).
implante ou adultos com implantes De acordo com Lima (2014),
cocleares. mesmo a perda auditiva mínima tor-
Conforme Cardona, Gomar, na a fala difícil, e faz com que os ido-
Palmés e Sadurní (2012), crianças sos com deficiência auditiva apre-
surdas de apenas um ouvido devem sentem certos comportamentos co-
ter permissão para usar um sistema muns. Uma pessoa idosa com perda
especial em sala de aula, como um auditiva leve pode evitar conversas.
transmissor FM. Nesse sistema, o Compreender a fala pode ser especi-
professor fala em um microfone, que almente difícil, quando há ruído de
envia sinais para um aparelho audi- fundo ou mais de uma pessoa estiver
tivo no ouvido normal da criança. falando, como por exemplo em um

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restaurante ou em uma festa fami-


liar. Pedir frequentemente para que
falar mais alto, pode ser frustrante
tanto para o idoso quanto para a
pessoa com quem ele está conver-
sando. Uma pessoa que possui perda
auditiva pode entender uma pergun-
ta errada e dar uma resposta aparen-
temente estranha, que faz com que
os outros pensem que elas estão con-
fusas. Elas também podem avaliar
mal seu próprio nível de altura da fa-
la e gritar, o que desencoraja os ou-
tros a conversar com elas. Conse-
quentemente, a perda auditiva pode
levar ao isolamento social, inativida-
de, perda da vida social e depressão.
Em pessoas com demência, a perda
auditiva pode tornar a comunicação
ainda mais difícil. Para pessoas com
demência, corrigir a perda auditiva
pode tornar mais fácil lidar com a
demência. A correção da perda audi-
tiva traz benefícios claros para a saú-
de física e emocional.

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DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

2. Escola e Comunidade Surda

Fonte: 4 Oito2

P ara os autores Thoma, Perlin,


Klein, Lopes, Sá, Teske, Morei-
ra e Lulkin (2015), seguindo o prin-
so de atendimento educacional e a
garantia da introdução de inovações,
para garantir maiores oportunida-
cípio de que a educação é um direito des para a integração das pessoas
de todos, a constituição brasileira com deficiência na sociedade.
garante apoio educacional para pes- Segundo Rocha, Oliveira e
soas com necessidades especiais em Reis (2020), nessa nova perspectiva,
ambiente escolar compartilhado ou a inclusão social é entendida como
em grupos especializados. Medidas um processo de ajustamento da so-
como a proposta no Capítulo V, que ciedade, que inclui pessoas que pos-
trata da sobre educação especial - da suem necessidades especiais em to-
Lei de Diretrizes e Fundamentos da dos os ambientes sociais. Isso per-
Educação Nacional (LDB 9.394/96) mite que essas pessoas, ao mesmo
têm mostrado a abertura do proces- tempo, se preparem para ocupar seu

2 Retirado em https://www.4oito.com.br

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lugar na sociedade, e desempenhar o do às necessidades de cada sujeito.


papel adequado a cada situação. Na verdade, a inclusão eficaz requer
Em concordância com a au- uma mudança geral de atitude. Sig-
tora Nunes (2015), é correto afirmar nifica desmistificar o tema da intera-
que, a admissão de uma criança sur- ção e educação das crianças com ne-
da na escola regular exige uma boa cessidades especiais, e para isso o
preparação tanto do aluno quanto papel dos profissionais e especialis-
da escola, para que ambos se sintam tas é primordial.
aptos a participar dessa integração. A criança surda não pode ser
A inclusão no ambiente escolar con- colocada de qualquer forma em uma
siste em: escola ou classe comum, com a des-
 Possibilitar à criança um de- culpa de que deve ser inserida, pois
senvolvimento dentro de seus isso seria equivalente a ignorar sua
limites pessoais, e não de pa- necessidade de receber uma atendi-
drões impostos socialmente; mento cuidadoso para capacitá-los a
 Acreditar que a criança porta-
desenvolver todo o seu potencial de
dora de necessidades especiais
é capaz de uma aprendizagem comunicação. No passado, a criança
rica e construtiva. surda que frequentava a escola regu-
lar, se tornava apenas uma copiado-
Conforme Luz (2013), as cri- ra, mas essa atitude não é o exemplo
anças portadoras de necessidades para as novas experiências (PER-
educacionais especiais, que antes LIN, 2020).
eram colocadas em escolas especia- De acordo com Rodriguero e
lizadas, possuem atualmente direito Yaegashi (2020), atualmente, com
de serem matriculadas em qualquer uma proposta mais inclusiva, a cri-
escola da rede regular. Essa mudan- ança surda participa do sistema de
ça causou uma troca de experiên- ensino, não fica fora dele. Espera-se
cias, de profissionais e de material, que tanto a criança, quanto os pro-
acarretando a proximidade dos sis- fessores e toda a escola, tenham
temas educacionais, especial e regu- equipamentos que apoiem o desen-
lar. A inclusão, que é tida atualmen- volvimento escolar integral, sem sa-
te como a melhor prática no proces- crifícios. Portanto, o ingresso na es-
so de educação de crianças portado- cola regular deve ser um processo
ras de necessidades especiais, exige gradual que leve em consideração as
reciprocidade. No entanto, o proces- diferentes necessidades e interesses
so pedagógico com base na inclusão de cada criança. Em primeiro lugar,
deve ser progressivo e ativo, adapta- deve-se verificar se ela está pronta

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DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

para frequentar um sala de aula con- que tornem viável o processo de in-
junta, em que as diferenças, princi- clusão, como por exemplo:
palmente linguísticas, em compara-  Assessoria em relação à língua
ção com os outros ouvintes se tor- de sinais, se a criança tiver lin-
nam claras. guagem oral restrita, e às es-
Para a autora Lima (2014), a tratégias adequadas para pro-
piciar o diálogo, na linguagem
inclusão de uma criança com defici-
oral e/ou escrita.
ência auditiva em uma turma do en-  Material concreto e visual que
sino regular tem maior chance de sirva de apoio para garantir a
sucesso se ocorrer gradualmente e assimilação de conceitos no-
resultar de um estudo de caso indivi- vos.
dual. A família precisa fornecer aos  Contato com professores que
professores os dados de que preci- tenham vivenciado situações
semelhantes.
sam para entender melhor tudo o
 Orientação de professores de
que pode a perda auditiva pode cau- educação especial, itinerantes
sar e para que eles possam prever ou de salas de recursos. Podem
como a criança responderá no ambi- ser feitas reuniões para trocar
ente escolar. Esses dados incluem, experiências, discutir diferen-
entre outros, laudos médicos, resul- tes enfoques do conteúdo e es-
tados de exames audiológicos regu- clarecer dúvidas a respeito dos
planos de atuação e de avalia-
lares, informações do fonoaudiólo-
ção.
go. O pré-requisito para a participa-
ção nas aulas regulares é que o aluno Em concordância com os auto-
surdo tenha adquirido um nível de res Rocha, Oliveira e Reis (2020), é
linguagem suficiente, incluindo bom correto afirmar que, em todos os ní-
vocabulário, que permita um diálo- veis de escolaridade, jardim de in-
go fácil com professores e colegas, fância, ensino fundamental, ensino
bem como um certo domínio de lei- médio e superior, e especialmente
tura e escrita. Só então ele será capaz no caso de perda auditiva severa ou
de expressar seus pensamentos e profunda, tanto no atendimento es-
sentimentos, para entender e aplicar colar regular quanto no especiali-
os conceitos usados em várias disci- zado, deve-se levar em conta que há
plinas. pessoa que precisa evoluir, aprender
Segundo Thoma, Perlin, Klein, o currículo escolar e adquirir o co-
Lopes, Sá, Teske, Moreira e Lulkin nhecimento do mundo e de si mes-
(2015), a escola comum, por sua vez, mo, nos aspectos social, acadêmico e
também precisa dispor de recursos psicológico. O que diferencia o alu-

18
DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

no, surdo ou não, é a capacidade de acontecimentos mundiais, aumen-


aprender, e não a deficiência, pois tando assim a sua visão de conheci-
existe uma pessoa com potencial mento. Todos os alunos são benefi-
para investir. ciados quando o professor oferece
Conforme Nunes (2015), o atividades de interesse central, que
obstáculo sensorial gera situações integram diferentes disciplinas. A
de comunicação muito particulares função principal do professor é pos-
para os surdos, sem impedi-los de sibilitar a compreensão da informa-
aprender a língua e desenvolver suas ção para todos os alunos. As propos-
habilidades representacionais. Os tas dos Parâmetros Curriculares Na-
mecanismos mentais implicados cionais e do próprio conteúdo curri-
neste processo, também não são os cular ajudam na inclusão, por se ba-
mesmos de uma pessoa que ouve, searem na interação entre os alunos
portanto, eles se tornam responsá- durante as atividades, no grupo, na
veis pela construção de esquemas de sala de aula, na escola e na comuni-
pensamento e estratégias intelectu- dade. Aprender a respeitar as dife-
ais que dependem do tipo de desen- renças e se engajar em atividades de
volvimento linguístico-cognitivo de apoio faz parte do processo educaci-
cada pessoa. Tanto na formação re- onal (STAMPA, 2012).
gular quanto na especializada, o alu- De acordo com Perlin (2020),
no deve se sentir implicado no pro- a inclusão presume o encontro das
cesso de aprendizagem, participar diferenças, seja ela pessoas, ideias
efetivamente e ser capaz de tomar ou culturas. Para que o diferente seja
decisões com responsabilidade e visto como tal, deve haver um pa-
planejar o futuro. drão que seja considerado como
O conteúdo curricular a ser de- “normal”. É considerado normal que
senvolvido pelo professor do ensino toda pessoa seja produtiva dentro de
regular é exatamente o mesmo ela- suas possibilidades para a sociedade
borado para os alunos que escutam, em que vive, demonstrando talento,
baseado nos Parâmetros Curricula- aptidão e inteligência em relação a
res Nacionais (PCNs). E o mesmo determinados aspectos humanos e
acontece com a metodologia de en- sociais.
sino, o uso de diferentes materiais Para as autoras Rodriguero e
(jornais, revistas, anúncios, telejor- Yaegashi (2020), a construção da
nais, computadores e outros) ajuda subjetividade se dá em contato com
a motivar os alunos e a fazerem com uma multiplicidade de existências. A
que fiquem atualizados com os proposta de inclusão, portanto, não

19
DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

só permite o acesso democrático, co- Em concordância com os auto-


mo a troca de vivências permite de- res Thoma, Perlin, Klein, Lopes, Sá,
safios que afetam o comportamento Teske, Moreira e Lulkin (2015), é
acadêmico e social. O envolvimento correto afirmar que, na visão inclu-
da família é essencial para a intera- siva, que depende do comprometi-
ção dos alunos surdos tanto na esco- mento de todos, a criança com defi-
la como na sala de aula comum. Ao ciência auditiva deve ser inserida em
participar do processo escolar, os uma oferta globalizante que valorize
pais dão assistência ao desenvolvi- a educação, hábitos e atitudes que
mento de seus filhos, e trabalham preparem para a vida adulta e que
juntos para que eles possam intera- possibilitem ao aluno se responsabi-
gir e se sentirem valorizados pesso- lizar pelo próprio processo escolar e
almente. ciente de seus direitos, que são
Segundo Lima (2014), com a iguais aos do ouvinte. Os aspectos
integração, a criança torna-se mais cognitivos, emocionais e afetivos,
participativa e consegue frequentar também devem ser levados em con-
o ensino fundamental, sem grandes sideração. As escolas têm buscado
atrasos em relação aos alunos ouvin- utilizar métodos e técnicas que per-
tes. À primeira indicação de que a mitem aos alunos surdos adquirir os
criança surda não corresponde à conhecimentos, habilidades e for-
média da turma, o professor deve mação de valores necessários que os
buscar formas de amenizar as difi- identificam como uma pessoa única
culdades, como indicação de apoio e parte integrante da sociedade. Não
escolar, orientação do psicólogo ou existe uma metodologia única e es-
da coordenação. A avaliação contí- pecífica para a educação de surdos,
nua pode ser usada para verificar se mas ajustes curriculares são neces-
a criança pode ficar na escola regu- sários para atender às necessidades
lar, ou se é melhor frequentar uma específicas desses alunos, seja em
escola especializada. Se não houver escolas especiais ou regulares. Além
relação entre a família e a criança da metodologia, os professores tam-
surda, a escola e o professor regular, bém deve levar em consideração, as
o risco de reprovação é particular- necessidades específicas dos alunos
mente alto para as crianças surdas. para facilitar sua adaptação e inclu-
O aprendizado será muito mais len- são.
to e os resultados irão necessitar de Conforme Rocha, Oliveira e
muitos sacrifícios para ambos os la- Reis (2020), com o tempo, a educa-
dos.

20
DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

ção para necessidades especiais ado- do da Comunicação Total. A Comu-


tou abordagens diferentes para nicação Total é uma filosofia, segun-
atender as demandas das pessoas do a qual pessoas com deficiência
com surdez, e capacitá-las a agir so- auditiva deve ter acesso a todos os
cialmente. Apesar da postura indivi- meios de comunicação disponíveis,
dual dos profissionais, os pais de cri- e escolher aquele que melhor se
anças com deficiência auditiva de- adapta às suas necessidades:
vem ser informados e orientados so-  Fala;
bre as vantagens e limitações das di-  Escrita;
versas abordagens para que possam  Pista auditiva - aproveitamen-
participar da decisão. to dos resíduos de audição, por
Até pouco tempo atrás, acredi- meio de aparelhos de amplifi-
cação sonora;
tava-se que os surdos deveriam usar
 Leitura orofacial - leitura dos
apenas a linguagem para transmitir movimentos dos lábios e dos
suas ideias, pensamentos e senti- músculos do rosto;
mentos. Do ponto de vista pedagógi-  Expressão corporal;
co, o profissional poderia enfatizar  Sinais - movimentos com as
somente as pistas auditivas (aborda- mãos representando ideias,
gem unissensorial), ou utilizar a lei- usados por comunidades de
tura orofacial, gestos, pistas auditi- surdos;
vas e escrita, sempre tendo como su-  Alfabeto digital - movimentos
com as mãos que representam
porte linguagem (abordagem mul-
as letras de nosso alfabeto.
tissensorial). Na realidade, poucos
conseguiram uma boa performance
na linguagem oral, geralmente, ape-
nas quem teve acesso a supervisão
especializada de outros profissionais
conseguiu sucesso, o que não é o ca-
so da maioria da população brasilei-
ra (PEREIRA, 2017).
De acordo com Stampa (2012),
devido aos resultados alcançados no
oralismo e à pesquisa que reconhece
a língua de sinais como língua, os si-
nais na forma sintática da língua
portuguesa, foram adotados na for-
mação de surdos no método chama-

21
DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

3. Língua Brasileira de Sinais

Fonte: BR Pinterest3

P ara a autora Perlin (2020), a


Língua Brasileira de Sinais, am-
plamente conhecida como Libras, é
Lei nº 10.436, de 2002, do governo
Fernando Henrique Cardoso. Esse
foi o resultado de uma grande mobi-
usada por milhões de surdos e ou- lização da comunidade surda na luta
vintes no Brasil. Segundo o IBGE, pela ampliação de seus direitos.
existem mais de dez milhões de pes- Segundo Rodriguero e Yae-
soas no Brasil com algum tipo de de- gashi (2020), a comunicação com as
ficiência auditiva. A educação de mãos era uma realidade na pré-his-
surdos no país, que deu origem à cri- tória, mas foi gradualmente substi-
ação da Libras, vem da implantação tuída pela oralidade à medida que as
da primeira escola de surdos no sé- mãos se envolveram no manuseio de
culo XIX. A criação de políticas de ferramentas. Devido ao predomínio
inclusão voltadas para a comunida- da linguagem oral, os surdos passa-
de surda resultou no reconhecimen- ram a ser excluídos da interação hu-
to da Libras como língua oficial, pela mana. Na Grécia antiga, os surdos

3 Retirado em https://br.pinterest.com/pin/463378249141252352/?d=t&mt=login

23
DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

não eram vistos como pessoas com- para criar uma linguagem para sur-
petentes, porque eles achavam que dos, foi John Bulwer. Uma grande
sem fala não havia conhecimento e personalidade no desenvolvimento
nem linguagem, de modo que os sur- de uma linguagem para surdos foi
dos eram abertamente marginaliza- professor francês Charles-Michel de
dos. Também na Roma Antiga, os lÉpée, um abade francês que se de-
surdos foram privados de seus direi- dicou à educação dos surdos com o
tos e impossibilitados de fazer seus intuito de educá-los segundo os
testamentos. princípios do cristianismo. Especia-
Em concordância com a au- listas na área lhe deram o título de
tora Lima (2014), é correto afirmar “Pai dos Surdos” e asseguram que
que, na Idade Média, por outro lado, ele foi o primeiro a criar, na segunda
até o século XII, a Igreja Católica metade do século XVIII, um alfabeto
não considerava a alma dos surdos de sinais para ensinar seus alunos
como imortal, porque eles não po- surdos na escola que fundou em
diam falar os sacramentos. Só na 1755.
Idade Moderna apareceu o primeiro
professor para surdos, Pedro Ponce Origem da Língua Brasi-
de León, um monge beneditino nas- leira de Sinais
cido na Espanha. Pedro Ponce ensi-
nou seus alunos a falar, ler e escrever A Língua de Sinais Francesa,
para que pudessem garantir sua he- que surgiu a partir do método do
rança, demonstrando assim que os abade LÉpée, foi de extremamente
surdos podem aprender. Este mon- importante para a consolidação da
ge beneditino conseguiu criar um Língua Brasileira de Sinais, pois a
manual, onde ensinava técnicas de Libras foi criada baseada no método
escrita e oralização, que possibilita- francês do século XVIII. No Brasil o
va aos surdos aprender a falar lín- pioneiro da educação de surdos foi o
guas diferentes. professor francês Ernest Huet, que
Conforme Thoma, Perlin, em 1855, a convite do imperador
Klein, Lopes, Sá, Teske, Moreira e Dom Pedro II mudou-se par ao Bra-
Lulkin (2015), outras contribuições sil. Huet fez parte da fundação da
importantes foram feitas, por exem- primeira escola para surdos, o cha-
plo, por Juan Pablo Bonet e John mado Imperial Instituto de Surdos-
Bulwer. Um dos primeiros a defen- Mudos, no Brasil. Esse instituto foi
der o uso de caracteres de sinais instituído pela Lei nº 839, de 26 de

24
DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

setembro de 1857, e aceitava apenas Para a autora Stampa (2012),


alunos do sexo masculino, em re- em 1911, o Instituto Nacional de
gime de internato. O professor Huet, Educação de Surdos (antigo Insti-
também era surdo, que ensinava e tuto Imperial de Mudos Surdos), de-
dirigia a escola. Em 1861, porém, cidiu aderir a decisão do Congresso
Huet deixou a gestão do instituto e de Milão aqui no Brasil, e definiu
foi para o México (QUADROS, que o oralismo puro deveria ser a
2019). única forma de educação para sur-
De acordo com Pereira (2017), dos no país. Desde então, a educação
através de Huet a Língua de Sinais de surdos através da linguagem de
Francesa veio para o Brasil, e por sinais foi marginalizada, mas conti-
meio dela foram lançadas as bases nuou a ser usada, pois havia grande
para a formulação de uma língua de resistência entre os alunos surdos
sinais específica para o Brasil. A Li- em serem educados apenas pelo ora-
bras se consolidou a partir de sinais lismo puro.
que eram usados no Brasil, junto Segundo Perlin (2020), ape-
com a influência da Língua de Sinais nas no final da década de 1970 foi
Francesa e sinais criados por L'Epée, utilizado o método denominado Co-
conhecidos como sinais metódicos. nhecimento Total, que se caracteriza
O sistema educacional de Huet, que pelo uso da língua de sinais, da lin-
se baseava no uso de sinais, foi par- guagem oral e de outros meios da
cialmente comprometido aqui no educação de surdos e é entendido
Brasil por uma resolução do Con- como métodos facilitadores da co-
gresso de Milão, de 1880. Este con- municação. Nas décadas de 1980 e
gresso determinou a proibição do 1990, grupos em defesa da comuni-
uso de sinais na Europa, e que a edu- dade surda começaram a se organi-
cação para surdos deveria apenas zar e solicitaram ao governo brasi-
ser feito através da oralização. Essa leiro uma proposta de inclusão me-
decisão recebeu muitas críticas e foi lhor e mais democrática para os sur-
baseada, na época, na convicção dos dos no Brasil. Nessa época, a língua
delegados do evento de que ele po- de sinais ainda não era considerada
deria curar a surdez. Assim, o uso de nacionalmente como sendo uma lín-
sinais em detrimento do ensino de gua. A mobilização pela ampliação
oralização foi proibido. Mesmo as- dos direitos das pessoas surdas no
sim, o uso de gestos continuou a ser Brasil teve um primeiro grande su-
utilizado na educação de surdos. cesso com a constituição de 1988,

25
DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

uma vez que ela garante a educação ensino de Libras como parte da for-
como direito de todos e também dá mação de professores no país, acesso
direito a atendimento educacional a profissionais especializados para
especializado na rede regular de en- atender este público, dentre outros.
sino. A Libras é ou deveria ser a lín-
Em concordância com o autor gua nativa dos surdos brasileiros, ou
Rodriguero e Yaegashi (2020), é seja, a primeira língua com a qual
correto afirmar que, outros avanços eles terão contato. Opostamente a
foram feitos através da Lei de Dire- língua portuguesa da modalidade
trizes e Bases da Educação Nacional, oral-auditiva, que usa a voz como ca-
de 1996 (Lei nº 9.394 / 96), e a Lei nal, a Libras está diretamente conec-
nº 10.098 de 19 de dezembro de tada aos movimentos e expressões
2000. No entanto, a Libras foi reco- faciais para ser entendida pelo desti-
nhecida apenas após a mencionada natário da mensagem. Por exemplo,
Lei nº 10.436, que estabeleceu o se- uma frase negativa é interpretada
guinte: devido ao movimento da cabeça, e
uma pergunta é entendida como
“Art. 1º É reconhecida como questionamento pela expressão fa-
meio legal de comunicação e ex-
cial de dúvida. Essas expressões fa-
pressão a Língua Brasileira de
Sinais - Libras e outros recursos ciais podem ser consideradas como
de expressão a ela associados. acréscimos aos significados das fra-
Parágrafo único. Entende-se
como Língua Brasileira de Si-
ses em Libras e, portanto, essa lin-
nais - Libras a forma de comu- guagem pertence à modalidade ges-
nicação e expressão, em que o tual-visual (SOUZA, 2018).
sistema linguístico de natureza
visual-motora, com estrutura
De acordo com Quadros
gramatical própria, constituem (2019), uma das principais caracte-
um sistema linguístico de trans- rísticas que classifica as Libras como
missão de ideias e fatos, oriun-
dos de comunidades de pessoas
língua é sua própria organização
surdas do Brasil.” gramatical. Suas estruturas frasais,
por exemplo, não seguem a estrutu-
Conforme Lima (2014), essa ra da língua portuguesa. As constru-
lei foi regulamentada alguns anos ções de sentenças em Libra são mais
depois pelo Decreto nº 5.626, de 22 objetivas e flexíveis, embora sigam
de dezembro de 2005. O conjunto principalmente o padrão sujeito-
dessas leis garantiu ao Brasil gran- verbo-objeto. Outra característica
des avanços no engajamento da co- importante é que, cada palavra em
munidade surda, ao estabelecer o Libras tem seu próprio caractere, e

26
DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

se ainda não houver nenhum carac- surdez em Milão, que ocorreu


tere é possível identificá-lo com o em 10 de setembro de 1880,
auxílio da datilologia, ou seja, atra- em que o uso da língua de si-
nais foi proibido em todo o
vés da soletração do alfabeto em Li-
mundo. Ao longo do tempo, a
bras. Ao contrário do que a maioria data foi considerada marcante
das pessoas acreditam, a Libras não por causa da resistência da co-
é uma linguagem, e sim uma língua munidade surda em permane-
falada por um povo, ela tem suas cer usando a língua de sinais.
próprias regras, estruturas, sintaxe,  30 de setembro - Dia Interna-
semântica e pragmática bem defini- cional do Surdo e Dia do Tra-
das. A linguagem, por outro lado, é o dutor/Intérprete.
mecanismo pelo qual as ideias são
Lei da Acessibilidade
transmitidas, podendo ser verbal e
não verbal.
Segundo Stampa (2012), exis-
tem várias leis e regulamentos no
Dia Nacional do Surdo
Brasil que tratam da acessibilidade
para pessoas com deficiência. Para
Para a autora Pereira (2017), o
surdos, duas leis podem ser usadas
Dia Nacional do Surdo é comemora-
como referências. Por exemplo, a Lei
do em 26 de setembro em homena-
de Acessibilidade, de 19 de dezem-
gem à fundação da primeira escola
bro de 2000, que estabelece que o
de surdos no Brasil, que foi no Rio
governo deve garantir o direito à in-
de Janeiro, no ano de 1857, atual-
formação para pessoas com defici-
mente conhecido como Instituto Na-
ência auditiva, removendo quais-
cional de Educação de Surdos
quer barreiras que possam impedir a
(Ines). Além do Dia Nacional do
comunicação e promovendo a for-
Surdo, a comunidade surda tem ou-
mação de intérpretes de Libras.
tras datas importantes para celebrar
Em concordância com a auto-
durante o mês e, com isso, tem-se o
ra Perlin (2020), é correto afirmar
Setembro Azul:
que, a Lei nº 10.436, de 2002, co-
 01 de setembro - aniversário
nhecida como Lei da Libras, reco-
da Lei nº 12.319, que regula-
menta o exercício da profissão nhece a Libras como língua natural
de tradutor e intérprete da dos surdos e atribui aos órgãos pú-
Língua Brasileira de Sinais. blicos o dever de dar apoio e divulgar
 10 de setembro - Dia Mundial as Libras, e a promoção da língua
da Língua de Sinais, data que nos cursos de graduação e fonoaudi-
faz alusão ao congresso sobre ologia. Além disso, a lei também tem

27
DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

o objetivo de garantir que o sistema


de saúde oferte atendimento apro-
priado aos deficientes auditivos.
Conforme Rodriguero e Yae-
gashi (2020), existem algumas curi-
osidades sobre a Língua Brasileira
de Sinais, Libras, que são:
 A Libras não é universal, cada
país possui a sua própria lín-
gua de sinais.
 O termo surdo-mudo não exis-
te mais, pois os surdos podem
aprender a falar se forem sub-
metidos a técnicas de oraliza-
ção. Por isso, o correto é dizer
apenas surdo.
 Na comunidade surda, cada
pessoa recebe um sinal pró-
prio. Esse sinal costuma ser al-
go relacionado à aparência fí-
sica, como cabelos longos,
uma cicatriz ou até mesmo
aparelho em um dos ouvidos.

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29
DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

4. Prática Docente para o Educando Surdo

Fonte: Educação Publica4

A surdez é apenas uma das carac-


terísticas que compõem a pes-
soa, e essa condição não define a pri-
volvimento para a inclusão escolar e
social. É preciso reconhecer, porém,
que a surdez traz consigo algumas
ori como cada pessoa vai se desen- peculiaridades na forma como se vê
volver na constituição de sua identi- e compreende o mundo e, conse-
dade e inclusão social, e esses pro- quentemente, na forma como essa
blemas estão ligados a condições e pessoa vai aprender. Mas a questão
possibilidades que cada um pode biológica não pode e não deve ser ig-
ter, portanto existem características norada. No entanto, como muitos
cognitivas para aprendizagem, que alunos surdos estão matriculados
requerem estratégias específicas pa- em escolas regulares, é necessário
ra atender às suas necessidades que examinar as condições escolares
possibilitem avançar no seu desen- desses alunos para adquirir as infor-

4 Retirado em https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/17/13/o-ldico-como-facilitador-no-ensino-da-
libras-na-educao-infantil

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DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

mações a que serão expostos (LO- sociedade. Sendo assim, o aluno


PES FILHO, 2015). com deficiência auditiva deve ter a
De acordo com Souza (2018), garantia de aprender a língua portu-
existem atualmente muitas políticas guesa, na sua forma escrita e da Li-
educacionais voltadas para os direi- bras, como modo de tornar possível
tos de pessoas com deficiência audi- seu acesso a comunicação e informa-
tiva, incluindo o Decreto 5.626 de ção, de acordo com Decreto 5.626 de
2005, que é uma grande conquista 2005.
por regulamentar a Lei 10.436 de Segundo Pereira (2017), é im-
2002, que reconhece a Libras como portante ensinar português para
meio legal de comunicação e expres- surdos, por meio de um professor
são para surdos. O capítulo II, se que entenda as especificidades lin-
destaca no decreto citado, que prevê guísticas dos alunos surdos, pois tra-
a inclusão da Libras como compo- ta-se de aprender uma segunda lín-
nente curricular nos cursos de for- gua e saber como acontece esse
mação de docentes, o que presume aprendizado nem sempre é uma ta-
que o ensino da Libras aos futuros refa fácil. Portanto, uma reflexão so-
professores aumenta a possibilidade bre a formação dos professores na
de minimizar as barreiras causadas interação com esses alunos surdos, e
pela falta de comunicação entre alu- no respeito à sua cultura e à sua lín-
nos surdos e professores ouvintes. gua materna, a língua de sinais. Nes-
Ao que parece, a legislação interna- te contexto, ressalta se a importân-
cional antecedeu as políticas públi- cia dos surdos terem acesso à comu-
cas nacionais, garantindo assim o nicação, informação, sobre a impor-
acesso e a permanência de todas as tância dos meios de comunicação es-
crianças e jovens na escola, de acor- crita, oral ou visual espacial na vida
do com a Declaração Universal dos dos deficientes surdos para a sua in-
Direitos Humanos, que afirma que tegração na sociedade e, principal-
todos são iguais perante a lei e têm mente, para a sua inserção na escola.
direito a proteção a educação, indis- Os professores desempenham um pa-
tintamente, que é prerrogativa das pel crucial no contexto social atual,
normas da sociedade brasileira, e dá especialmente na educação básica, na
acesso aos surdos à educação esco- qual atendem os alunos em todos os
lar. aspectos da formação. Portanto, o pa-
Para a autora Quadros (2019), pel essencial do professor no contato
com os alunos surdos, ou seja, em
o acesso à leitura e escrita, colabora
uma escola inclusiva é tema de dis-
a inclusão do deficiente auditivo na
cussão.

31
DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

Em concordância com a auto- inclusão dos surdos na sociedade. O


ra Stampa (2012), é correto afirmar desenvolvimento de uma educação
que, o indivíduo tem experiências bilíngue de qualidade é essencial pa-
com a língua de seu país, que são ra o exercício da cidadania, onde o
mais ou menos significativas, de- acesso aos conteúdos curriculares, a
pendendo das relações que cons- leitura e a escrita não são dependen-
truiu com seu meio desde a infância. tes do domínio da oralidade. Esses
Essas experiências com certeza vão movimentos e políticas públicas têm
intervir no aprendizado da língua mostrado que mudanças começa-
portuguesa na escola. Toda pessoa ram a modificar e transformar os pa-
falante nativa de uma língua é um radigmas da educação de surdos no
falante totalmente capacitado dessa Brasil, um reflexo da teoria da filo-
língua, que consegue reconhecer in- sofia do Bilinguismo, neste caso, a
tuitivamente a gramaticalidade de língua de sinais e o português são
um texto, ou seja, se o texto obede- usados para educar os surdos na es-
cer às regras funcionais da língua ou cola, possibilitando também, sua in-
não. Dessa forma, a criança surda, clusão na sociedade.
filha de pais ouvintes, terá estas vi- A Declaração de Salamanca
vências com a língua de uma manei- afirma que o princípio básico de
ra diferente, pois quando os se co- uma escola inclusiva é que todas as
municaram com essa criança, se ba- pessoas devem aprender juntas,
searam na língua portuguesa, mas sempre que possível, independente-
esta língua não são inerentemente mente das dificuldades ou diferen-
adquirida pela criança com surdez ças. Portanto, a educação inclusiva
severa ou profunda, o que torna difí- visa a convivência de todos no ambi-
cil ou impossível estabelecer de fato ente escolar, e antecede as políticas
a comunicação. públicas brasileiras, que garantem a
Conforme Perlin (2020), todas inclusão escolar dos surdos e o res-
essas dificuldades devem considera- peito às suas particularidades, prin-
das ao se aprender a primeira língua cipalmente na aprendizagem de Li-
dos surdos, a Libras, se forem filhos bras e da Língua Portuguesa. Segun-
de pais ouvintes que não tem domí- do a Declaração de Salamanca, o va-
nio da língua de sinais, assim a esco- lor das escolas inclusivas não está
la deve oferecer a essa pessoa uma apenas no fato de aceitar esses alu-
educação bilíngue em contexto esco- nos, mas em ser capazes de propor-
lar, já que é um direito seu que está cionar uma educação de qualidade a
nos parâmetros norteadores para a todas as crianças. Nesse contexto, a

32
DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

questão da inclusão escolar de alu- educar alunos com deficiência em


nos com deficiência ganha cada vez turmas heterogêneas.
mais importância, gerando suges-
tões e grandes adesões, além de po- A Formação Docente
lêmicas e discussões por parte de es-
tudiosos (KELMAN, OLIVEIRA e Para o autor Souza (2018), a
ALMEIDA, 2020). profissão docente no Brasil, a identi-
De acordo com Lopes Filho dade e o desenvolvimento profissio-
(2015), apesar das especificidades nal dos professores, sua formação
dos Surdos e do que mudou em sua inicial e continuada têm sido objeto
educação após a Declaração de Sala- de grande discussão em diversas
manca, a surdez não deve ser vista pesquisas nos últimos anos. Depois
como uma limitação da aprendiza- de pesquisar e explorar diversos tó-
gem, e sim como uma dificuldade picos relacionados à educação nas
que deve ser superada, seguindo ca- décadas de 1980 e 1990, por volta do
minhos diferentes para o sucesso do século XXI, a pesquisa se voltou pa-
ensino processo de aprendizagem, ra a figura do professor. E essa pre-
ou seja percorrer novos caminhos ocupação com a análise da profissão
com diferentes meios a fim de aten- docente torna-se relevante, pois se
der às necessidades dos alunos em justifica pelo papel fundamental que
suas particularidades, sempre valo- o professor desempenha na escola,
rizando suas potencialidades, fami- na educação. Independentemente
liarizando o surdo com uma língua o do tipo de relação que se estabelece
mais cedo possível, levando em con- e das formas dos processos educati-
ta as fases de aquisição, o que é fun- vos, o professor é uma figura essen-
damental para o seu desenvolvimen- cial. Os equipamentos e a infraestru-
to. Para que isso aconteça na escola, tura são condições importantes e ne-
é preciso organizar o processo ensi- cessárias, mas não suficientes para a
no-aprendizagem desde a educação implantação dos processos educaci-
infantil, de forma que a criança sur- onais.
da tenha contato com as línguas (Li- Segundo Quadros (2019), os
bras-Língua Portuguesa) desde a professores e alunos são os princi-
mais tenra idade. Apesar dos temo- pais atores da escola, sem professor
res sociais em relação à inclusão de não há incentivo para que os alunos
alunos surdos, ainda existem muitos se desenvolvam no processo de
desafios no ensino, e os professores aprendizagem. A formação docente,
muitas vezes não estão prontos para as suas formas de participação nas

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DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

aulas, no programa educativo, a sua diversos desafios do cotidiano esco-


integração na instituição e no sis- lar, que nem sempre são vivenciados
tema são pontos essenciais. Por isso na formação acadêmica ou na for-
é e torna-se necessário conhecer e mação inicial. A articulação da for-
estudar a formação de professores, mação inicial, indução e formação
pela importância de seu papel essen- contínua em serviço do ponto de
cial na educação. São legítimas as vista da aprendizagem ao longo da
noções de que o papel do professor vida, a consideração dos primeiros
na educação é insubstituível. anos de trabalho e a integração dos
Em concordância com a auto- jovens professores nas escolas, rea-
ra Pereira (2017), é correto afirmar liza-se e deve ser acompanhada por
que, na contemporaneidade, faz-se profissionais mais experientes, atra-
imprescindível compreender alguns vés da troca de informação entre
conceitos como: eles, mas sobretudo através de uma
 Identidade Profissional; oferta de formação profissional
 Formação inicial e continu- constante em serviço, que lhes habi-
ada; lite para o trabalho, e assim aliar a
 Crenças e preconceitos; teoria à prática.
 Aprendizagem dos professo- Com a publicação do Decreto
res; Legislativo 5.626/2005, as aulas de
 Desenvolvimento profissional;
Libras nos cursos de licenciatura e
 Crises (angústias dos profes-
sores) para lidarem com a in- fonoaudiologia passaram a ser obri-
clusão escolar de surdos. gatórias. Dessa forma, a inclusão da
disciplina de LIBRAS nesses cursos,
Conforme Stampa (2012), o mostra o interesse pela educação
conceito de identidade profissional inicial de crianças surdas, que a par-
dos professores está intrinsecamen- tir desse momento possuem direito
te ligado a uma construção do self à educação bilíngue, e para que isso
profissional, que se desenvolve ao ocorra o domínio da língua pelo pro-
longo da carreira do professor e po- fessor é fundamental. Por isso, visa
de ser influenciado pela escola, pelas uma formação de professores mais
reformas e pelos contextos políticos. voltada para as especificidades e ne-
Quando o professor constrói a sua cessidades dos alunos surdos. Mais
identidade profissional através de do que um direito ou um dever im-
vivências ao longo de sua formação, posto por lei, porém, a sociedade
vivenciando essencialmente o ato de precisa se conscientizar sobre a res-
ensinar em sala de aula, enfrentando ponsabilidade social que possui com

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todos os seus membros, sejam eles professor conheça a Libras e seja ca-
surdos ou ouvintes, e as leis que ga- paz de se comunicar e interagir com
rantem a inclusão escolar desses os alunos com deficiência auditiva,
alunos e a formação de professores que ao menos reconheça a Língua de
para ensinara a esse alunos, para Sinais como sendo a primeira língua
que as leis sejam cumpridas e assim desses alunos e que eles aprendam o
haja igualdade de oportunidades pa- português como um segundo idi-
ra surdos e ouvintes na escola (CAR- oma.
DONA, GOMAR, PALMÉS e SA- Para o autor Lopes Filho
DURNÍ, 2012). (2015), a mudança ocorre por causa
De acordo com Kelman, Oli- do desenvolvimento profissional,
veira e Almeida (2020), quando os que é uma construção do self profis-
professores se formam, eles trazem sional que se desenvolve ao longo da
consigo sua visão da escola como carreira. Diante da educação inclu-
alunos, portanto, ele está cheia de siva moderna, o professor precisa
crenças e valores sobre a educação refletir sobre sua prática inclusiva,
formal, que outros profissionais pois com o aumento da matrícula de
normalmente não possuem sobre a alunos surdos nas escolas, é funda-
sua área de trabalho, pois não passa- mental preparar o professor e a es-
ram diversos anos de suas vidas no cola para a comunicação em Libras a
ambiente de trabalho em que vão fim de interagir com os alunos e fa-
atuar, ao contrário dos professores mílias surdas. No entanto, o estudo
que ficaram na escola durante a in- de Libras em cursos iniciais de for-
fância e a adolescência, e depois vol- mação de professores mostra um
taram para o mesmo lugar, mas com dos princípios da educação, intera-
uma nova condição. Porém, valores ção e comunicação.
e crenças são alterados a partir do Segundo Souza (2018), o adul-
momento em que os docentes fazem to desempenha um papel significa-
atividades que adaptam o desenvol- tivo na aprendizagem e no desenvol-
vimento profissional, não apenas a vimento cognitivo da criança, uma
reflexão ou a criticidade discursiva, vez que na teoria da interação social
mas a constatação de novos conheci- e na interação com o meio ambiente,
mentos na prática, em uso, na com- e no contexto social com o outro, e
provação dos resultados. Portanto, é que possui influência predominante
importante ensinar Libras na forma- na forma como os alunos aprendem.
ção inicial de professores, para que o Para isso, é imprescindível que o

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DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

aluno deficiente auditivo e o profes- grupo social, os surdos. Pouco tam-


sor ouvinte dominem a Libras, pois bém se observa sobre as práticas
apenas através dessa interação o educacionais para o trabalho dentro
professor exercerá sua função de e fora da sala de aula com alunos
mediador do conhecimento, seja ele surdos para adequação ao currículo
social, disciplinar, atitudinal e emo- ano/série. Embora todas as discipli-
cional, incluindo a leitura e escrita nas passem por constantes proces-
da Língua Portuguesa. sos de atualização e reformulação, e
Em concordância com a auto- a obrigatoriedade legalmente garan-
ra Quadros (2019), é correto afirmar tida na grade curricular dos cursos
que, a língua de sinais é conhecida de graduação possa ser avaliada co-
por ser a língua constitucional dos mo progressiva, os resultados de es-
alunos surdos e, quando utilizada tudos ainda apresentam desafios na
em ambientes educacionais, promo- leitura.
ve melhor desempenho para os alu- Em contraposição a esse as-
nos com deficiência auditiva, por- pecto, tendo em vista a importância
tanto, é importante que os professo- do professor na educação, deve-se
res aprendam Libras para que pos- pensar também na formação inicial
sam respeitar e ter comunicação na de professores, que atualmente pas-
primeira língua de seus alunos sur- sa por muitas mudanças no Brasil
dos, ou pelo menos que os professo- ainda é muito primitivo. O conheci-
res conheçam as peculiaridades e mento sobre o desenvolvimento cog-
singularidades dos alunos com defi- nitivo e socioafetivo de crianças,
ciência auditiva que se expressam adolescentes e adolescentes, suas
em Libras. Mas, mesmo o Decreto culturas e motivações quase não
5.626 de 2005, a legislação em vigor existe nos cursos de formação. Em
que garante a presença do intérprete geral, nos currículos dos cursos de li-
pedagógico de Libras em sala de cenciaturas, nos fundamentos peda-
aula, esse aluno surdo faz parte des- gógicos, há sugestões genéricas que
sa turma ou grupo de alunos da dis- estão mito aquém de oferecer uma
ciplina. formação mais sólida. É importante
Conforme Pereira (2017), a na formação dos docentes, em um
implantação da disciplina de Libras contexto de respeito pelas diversas
nos cursos de licenciaturas prioriza culturas dos alunos, o professor que
as discussões com foco na deficiên- opta por trabalhar diretamente com
cia auditiva em prejuízo do conheci- inclusão, ir além desses padrões pre-
mento cultural e linguístico desse estabelecidos pela sociedade e, ao

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contrário, aceitar e ver na diversida- pela interação com os mais experi-


de uma possibilidade de desenvolvi- entes e pela troca de informações,
mento e aprendizagem (LUZ, 2013). pelo convívio social no contexto es-
De acordo com Cardona, Go- colar, os surdos possuem a oportu-
mar, Palmés e Sadurní (2012), se- nidade de conhecer seus pares e,
gundo a teoria de Vygotsky (1935), o dessa forma, a possibilidade de in-
adulto desempenha um papel cru- ternalização, generalização dos sig-
cial na aprendizagem e no desenvol- nos e significantes, com comunica-
vimento cognitivo da criança, pois ção em sinais. Contudo é por meio
na teoria sociointeracionista a inte- da mediação que pode-se resolver
ração com os outros e, portanto, a problemas, com a cooperação de
apropriação do quadro histórico cul- pessoas mais capazes. Através da in-
tural da sociedade. Se um adulto teração com os mais experientes e
mais experiente pode interferir e por meio da troca de informações,
participar no processo de aprendiza- pela convivência social no contexto
gem de uma pessoa, uma pessoa sur- escolar, os surdos tem a oportuni-
da pode achar mais fácil passar pelo dade de encontrar seus pares e, as-
processo de ensino-aprendizagem sim existe a possibilidade de inter-
na escola se for supervisionada e nalizar, generalizar os signos e os
com a intervenção de um professor significantes, com a comunicação
que seja proficiente em língua de si- em sinais.
nais e a língua portuguesa. Sendo as- Para as autoras Kelman, Oli-
sim, Vygotsky ressalta que precisa- veira e Almeida (2020), o primeiro
mente o aprendizado e a interação local de mediação de uma pessoa é a
com os outros são fatores funda- escola, nem sempre possibilita a in-
mentais, uma vez que a distância en- clusão social e o desenvolvimento, a
tre o nível de desenvolvimento real, aprendizagem. A alfabetização con-
que geralmente é determinado pela siste em saber ler e escrever de ma-
resolução de problemas por conta neira eficiente em diferentes contex-
própria, e o nível de desenvolvimen- tos, bem como a capacidade de ler e
to potencial, que é determinada por escrever, e os diferentes gêneros de
meio da resolução de problemas sob texto que aparecem no meio social.
a orientação de um adulto ou com a Segundo Lopes Filho (2015), o
ajuda de colegas com mais capacida- professor deve ensinar a língua por-
de. No entanto, através da mediação tuguesa aos surdos para formar lei-
pode resolver problemas com a cola- tores e escritores competentes. Res-
boração de pessoas mais capazes, salta-se, entretanto, que dificilmen-

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DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

te um aluno surdo aprenderá o por- tem uma condição própria dos de-
tuguês da mesma forma que um alu- mais alunos. Ser diferente não signi-
no ouvinte, por ser esta a sua segun- fica não ter identidade, pelo contrá-
da língua e, portanto, recomenda-se rio, as identidades são diferentes. E
que o professor utilize estratégias nessas diferenças entre identidades
pedagógicas que enfoquem o campo é que existem as diversidades, que é
visual da leitura de textos. O ensino- tão necessária para a construção da
aprendizagem da língua escrita aqui sociedade.
entendido implica uma reversão dos Conforme Quadros (2019), a
processos tradicionalmente desen- diferença entre as pessoas na socie-
volvidos na escola, antes de se pen- dade precisa ser reconhecida, pois
sar na produção escrita de uma se- possuem uma imagem distorcida do
gunda língua, deve-se habilitar com- surdo, por diversas vezes as pessoas
petências de leitura que garantam o não saberem ou não tolerarem a di-
conhecimento de do texto na sua di- ferença. Sendo assim, o professor
mensão genérica. precisa entender que não há sime-
Em concordância com o autor tria quando se trata de diferentes
Souza (2018), é correto afirmar que, identidades e, portanto, o surdo tem
desta forma, o professor tem um pa- o direito de ser reconhecido com res-
pel essencial na formação acadêmica peito devido as suas próprias carac-
dos alunos surdos, pois com certeza terísticas, visto que a legislação das
desempenha um papel fundamental políticas públicas em vigor defen-
neste contexto, que é a possibilidade dem essa afirmação. Porém, o pro-
de contribuir para a construção de fessor deve ser devidamente treina-
uma civilização humana de bem-es- do para poder trabalhar com o aluno
tar para todos, ou seja, os professo- surdo em sala de aula e com todos os
res podem ajudar na inclusão esco- alunos, sejam eles deficientes ou
lar e social dos alunos com deficiên- não.
cia, podem antes de tudo ser um mo-
delo para leitores e escritores de su-
cesso na aprendizagem da forma es-
crita da Língua Portuguesa para sur-
dos e, assim, ser uma boa referência
no processo ensino-aprendizagem.
O professor necessita entender que a
inclusão também está inserida no
conceito de diferença, pois o surdo

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5. Referências Bibliográficas
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