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DOCÊNCIA EM

SAÚDE
FONOAUDIOLOGIA APLICADA À ESTÉTICA
FACIAL
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Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167
Portal Educação

P842f Fonoaudiologia aplicada à estética facial / Portal Educação. - Campo


Grande: Portal Educação, 2012.

79p. : il.

Inclui bibliografia
ISBN 978-85-8241-516-0

1. Fonoaudiologia. 2. Estética facial. 3. Beleza feminina. I. Portal Educação.


II. Título.

CDD 613.0438
SUMÁRIO

1 A BELEZA FEMININA ...............................................................................................................4

2 O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO ...................................................................................5 2

2.1 COMO ENVELHECEMOS? ........................................................................................................6

2.2 OS RADICAIS LIVRES E O ENVELHECIMENTO......................................................................7

3 A FONOAUDIOLOGIA NA ESTÉTICA ......................................................................................9

4 FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO ...........................10

5 RUGAS E MARCAS DE EXPRESSÃO ....................................................................................14

6 ANATOMOFISIOLOGIA DA MIOLOGIA FACIAL ....................................................................16

6.1 MÚSCULOS DA MASTIGAÇÃO................................................................................................16

6.2 MÚSCULOS DA MÍMICA FACIAL .............................................................................................17

7 ANAMNESE ..............................................................................................................................26

8 AVALIAÇÃO .............................................................................................................................27

9 TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO.....................................................................................28

10 AQUECIMENTO E ALONGAMENTO DA MIOLOGIA FACIAL ................................................30

11 TECIDO TEGUMENTAR ...........................................................................................................32

12 EMBRIOGÊNESE CRANIOFACIAL .........................................................................................36

12.1 CLASSIFICAÇÃO ......................................................................................................................37

13 ANATOMOFISIOLOGIA DOS MÚSCULOS OROFACIAIS, CABEÇA E PESCOÇO ..............38

13.1 PESCOÇO.................................................................................................................................39

13.1.1 Compartimentos ........................................................................................................................40

13.1.2 Funções da cabeça ...................................................................................................................41

13.1.2.1Componentes..........................................................................................................................42

14 FISIOPATOLOGIA DO ENVELHECIMENTO FACIAL .............................................................55


15 TÉCNICAS DA AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM ESTÉTICA FACIAL ........................57

16 TÉCNICAS EM MEDICINA ESTÉTICA A LASER ....................................................................58

16.1 TRATAMENTO TÓPICO DOMICILIAR .....................................................................................58

16.2 ESFOLIAÇÃO QUÍMICA (PEELING) E MECÂNICA .................................................................59

16.3 LASER .......................................................................................................................................60


3
16.4 TOXINA BOTULÍNICA ...............................................................................................................61

16.5 TÉCNICAS DE PREENCHIMENTO ..........................................................................................62

16.6 INTRADERMOTERAPIA ...........................................................................................................63

16.7 TÉCNICAS PARAMÉDICAS .....................................................................................................63

17 MASTIGAÇÃO E MORFOLOGIA CRANIOFACIAL .................................................................65

18 AVALIAÇÃO DO TÔNUS MUSCULAR ....................................................................................68

18.1 INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA.....................................................................................68

19 MASSAGENS ...........................................................................................................................70

19.1 MASSAGEM ESTÉTICA FACIAL ..............................................................................................71

19.2 PROTOCOLO DE MASSAGEM ESTÉTICA FACIAL ................................................................71

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................................73

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................74
1 A BELEZA FEMININA

Ao longo do tempo, os padrões de beleza vêm-se alterando. Na Idade Média, as


senhoras eram as mais apreciadas pelas sociedades; no Renascimento, a beleza baseava-se na
Representação do Homem de Vitrúvio, de Leonardo da Vinci. Uma das mais concretas 4
descrições de beleza foi feita por São Tomás de Aquino que dizia: “Aquilo que provoca um
conhecimento ‘gozozo’, ou seja, a emoção que nos é provocada pela estética”.
O ser humano olha, primeiramente, o rosto. Esta é a beleza externa, no rosto você traz
as marcas do tempo e da vida.
A pele requer certos cuidados, pois o clima, estilo de vida, a correria do dia a dia,
estresse e a alimentação influenciam negativamente no processo de envelhecimento facial.
2 O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

Segundo Brito (1990), envelhecer é um processo natural e deve-se evitar viver sem
traumas e com os cuidados adequados. No Início do século passado, a idade do ser humano
não ultrapassava os 50 anos. Hoje, é comum vermos as pessoas chegarem aos 80, 90 anos
esbanjando jovialidade. 5
Conforme Vieira (1996), a senescência é o processo de envelhecimento normal e
benigno, que se estende por todo o curso de existência humana, consequentemente ao
desgaste fisiológico relativo pelo passar dos anos que tem em torno dos 65 anos.
O envelhecimento é progressivo e degenerativo, caracterizado por menor eficiência
funcional com enfraquecimento dos mecanismos de defesa, diminuição da cognição, das
respostas reflexas e do estado de alerta, além do enfraquecimento da estrutura óssea e
diminuição da função e da massa muscular.
Beauvoir (1970) cita na física do envelhecimento a ocorrência na mudança da
aparência, embranquecimento dos cabelos e dos pelos em algumas partes do corpo,
proliferando no queixo de algumas mulheres. Por desidratação, a pele se enruga, os dentes
caem acarretando um encolhimento da parte inferior do rosto, de maneira que o nariz se alonga
verticalmente por atrofia dos tecidos elásticos aproximando-se do queixo. A proliferação senil da
pele traz um engrossamento das pálpebras superiores, enquanto se formam papos sobre os
olhos, o lábio superior míngua, os lóbulos das orelhas aumentam.
O esqueleto se modifica. Os discos da coluna vertebral se empilham e os corpos
vertebrais vergam, diminuindo o tamanho do busto. Ocorre uma redução na largura dos ombros
e aumento na largura da bacia, o tórax tende a tomar forma sagital, sobretudo nas mulheres. O
funcionamento cardíaco se altera, perdendo progressivamente sua capacidade de adaptação, as
veias perdem a elasticidade podendo reduzir a sua luz, a circulação cerebral é mais lenta
reduzindo a sua oxigenação. A caixa torácica, mais rígida faz com que haja perda da capacidade
respiratória, caindo de cinco litros, no adulto, para três litros no idoso. A força muscular diminui,
há diminuição da dinâmica dos movimentos, diminuição de peso corporal, flacidez muscular,
redução da acuidade visual e auditiva. O tato, o olfato e o paladar também sofrem redução em
suas capacidades.
A evolução para o aumento do peso, em alguns casos, é determinada pelo excesso
alimentar, ansiedade e sedentarismo, fazendo surgir camadas de gordura sobre os músculos
que diminui ainda mais a sua massa.
O envelhecimento sobrevém de uma determinada programação orgânica de
crescimento e maturação, levando em conta seu caráter universal e de variação de um indivíduo
para o outro, podendo ser entendido em várias dimensões que buscam explicar seus
fenômenos. 6
Na dimensão biológica é descrita genericamente, como uma perturbação da
homeostase orgânica. Uma das explicações para o fato é que o organismo conteria um estoque
fixo de energia, tal como uma mola de relógio, que ao se desenrolar levará à finalização da vida.
Neste caso, o envelhecimento estaria ligado a um princípio de exaustão.
Kaplan (1990) diz que a teoria que recebe considerável atenção, refere-se à existência
deliberada de uma programação biológica de que cada célula possui um tempo de vida
geneticamente determinado. Essa ideia sustenta que dentro de uma célula normal está
armazenada a capacidade de definir seu próprio número de duplicações. Esgotada tal
capacidade de duplicar-se, tem início o envelhecimento e a morte celular.
Brito (1990) afirma que no sistema imunológico associam-se as causas do
envelhecimento. Tais alterações resultariam em aumento de certas doenças na população idosa.
Elas se manifestam como se a função imunológica estivesse distorcida se tornando
autodestrutiva. As células que não se dividem, e por isso são insubstituíveis, como os neurônios
e as células dos músculos cardíacos ficam mais vulneráveis às alterações do sistema
imunológico.
Com a expectativa do crescimento da vida, a juventude é mais valorizada. O jovem e o
belo são mais cultuados como ideais, assim as pessoas em decorrência do envelhecimento
sofrem muito.
Muitas técnicas se desenvolveram para acompanhar esta busca pela beleza tais como:
botox, peeling, cirurgias.

2.1 COMO ENVELHECEMOS?


O envelhecimento começa nos tecidos. Com o passar dos anos, acontece a diminuição
do número de células que são renováveis e não renováveis. O núcleo de células sofre
modificações, seu DNA, por nunca ter sido renovado, torna-se rígido, mais difícil de realizar a
síntese de proteínas responsáveis pela tradução do código genético, seguindo-se pela perda de
informação genética com progressivas mudanças metabólicas e morte celular, fazendo surgir
alterações internas e externas no organismo (BRITO, 1990).
7
Ribeiro (1999) explica que o envelhecimento biológico é muito complexo do que o
comprometimento funcional das células, provavelmente os mecanismos sejam múltiplos e
mutuamente influenciáveis, e é, portanto justificado considerar o envelhecimento com um
processo de causas endógenas e exógenas.
A consequência das alterações celulares nos tecidos observa a diminuição do peso e
volume dos órgãos, em razão da substituição de células mortas por tecido cicatricial; atrofia
desigual e desarmônica, resultando em aspecto irregular e desordenado nos tecidos; alteração
das fibras que se tornam ressecadas e menos elásticas; diminuição da vascularização capilar
dos tecidos; diminuição da água total existente no organismo à custa de água intracelular e, por
último, aumento da quantidade de gordura corporal.

2.2 OS RADICAIS LIVRES E O ENVELHECIMENTO

Reações químicas que ocorrem dentro das células são responsáveis pela manutenção
da vida celular (respiração, produção de energia, etc.), por si só levam a produção de
substâncias perigosas que nos “enferrujam” por dentro ou nos oxidam, chamados de radicais
livres. Os radicais livres são moléculas que contêm oxigênio celular, isto é, partículas
extremamente reagentes (ávidas por se ligarem a outra partícula), que se formam aos bilhões, a
cada respiração do homem, que é um ser aeróbico, dependente de oxigênio (BRITO, 1990).
Caso esses radicais livres não sejam eliminados ou detidos podem levar à destruição
de componentes vitais das células, podendo chegar ao seu núcleo e promover “rasuras” nas
cadeias de DNA, modificando o código genético e dando origem a células diferentes, que podem
ser perigosas se não forem contidas no sistema de defesa (BRITO, 1990).
No entanto, as células contam com enzimas capazes de combater os radicais livres por
meio de ligação química neutralizando-os. Porém, com o passar dos anos, a quantidade dessas
enzimas “antídotos” (antioxidantes naturais) tende a diminuir, ficando o organismo mais
vulnerável à ação dos radicais (BRITO, 1990).
Considera-se também que a valorização dos hábitos de vida pode facilitar ou
atrapalhar no combate a esses inimigos. O ritmo de vida estressante, que não respeita as
necessidades básicas do indivíduo em termos de quantidades e qualidades (oxigênio, alimento, 8
água, higiene, sono, movimento, eliminação e sexo), tende a aumentar a produção de radicais
livres, consequentemente diminuindo a defesa contra eles e favorecendo a aceleração do
processo de envelhecimento (BRITO, 1990).
Segundo Vieira (1996), alguns tratamentos têm sido preconizados para reduzir os
efeitos causados pelos radicais livres à base de substância antioxidante, que, acrescentadas à
dieta, fortalecem as defesas orgânicas e, com isso, preservam por mais tempo a capacidade
funcional. Essas substâncias, em sua grande maioria, são encontradas na dieta normal da
maioria dessas pessoas. Algumas dessas substâncias, como a vitamina C e E e o Betacaroteno,
têm ação antioxidante direta com as enzimas naturais. Outras, como alguns sais minerais (zinco,
selenium, magnésio e cálcio), têm ação indireta, pois entram na composição das enzimas
naturais.
Devemos refletir sobre a importância de se investir cada vez mais no cuidado com a
qualidade e a escolha dos alimentos que influenciam na saúde e longevidade do idoso.
3 A FONOAUDIOLOGIA NA ESTÉTICA

Acompanhando a evolução científica e tecnológica, a Fonoaudiologia, ciência que tem


como objeto de estudo a comunicação humana, no que se refere aos aspectos envolvidos na
função auditiva periférica e central, na função vestibular, na função cognitiva, na linguagem oral
9
e escrita, na fala, na fluência, na voz, nas funções oromiofuncionais e na deglutição (CFFa), pelo
seu trabalho na área de motricidade oral, desenvolveu o tratamento preventivo e interventivo na
estética facial.

A atuação do profissional em Motricidade Orofacial com finalidade estética foi


regulamentada pela Resolução nº. 352, de 5 de abril de 2008, do Conselho Federal de
Fonoaudiologia. A intervenção terapêutica com base científica, desenvolvida pelo conhecimento
técnico de Motricidade Orofacial, permite contribuir para a qualidade de vida do indivíduo,
proporcionando equilíbrio e harmonia à face, prevenindo e minimizando as rugas e sinais de
expressão.

São objetivos da fonoaudiologia na estética:

 Adequar à postura de repouso facial;


 Adequar às funções estomatognáticas de respiração, sucção, mastigação,
deglutição e fala;
 Equilibrar as forças musculares do pescoço e da face;
 Fortalecer e sustentar os músculos da face;
 Minimizar ou eliminar as mímicas faciais exacerbadas ou inadequadas;
 Prevenir o aparecimento de sinais de envelhecimento;
 Proporcionar hábitos orais, faciais e cervicais adequados;
 Estimular a oxigenação e a vascularização facial e cervical;
 Harmonizar o estético e facial.
4 FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

FIGURA 1

10

FONTE: Disponível em:


<www.fonoemdia.com.br/pdf/atuacao_do_fonoaudiologo_na_estetica_facial_.pdf>.

Acesso em: 28 ago. 2012

Durante o processo de envelhecimento, as mudanças associadas ao avanço da idade


são altamente específicas para cada pessoa, começando em diferentes partes do corpo, em
momentos diferentes e com um ritmo e alterações também diferentes nas células, tecidos e
órgãos.

Com relação a fatores externos, os mais conhecidos por agredirem organismo e


acelerarem o processo de envelhecimento são: poluição ambiental, fumo, álcool, exposição
exagerada às radiações solares, etc.

11
Independente da causa sabe-se que o envelhecimento não está vinculado unicamente
à quantidade de anos que o indivíduo viveu, mas também à perda de suas funções. A maior
parte dessas alterações está relacionada com o modo como este tempo foi vivido.

Fazer uso de medicamentos sabiamente podem prevenir doenças e o declínio


funcional, aumentar a longevidade e a qualidade de vida do indivíduo. Problemas de saúde
induzidos por diagnósticos ou tratamentos e causados pelo uso de remédio são comuns na
terceira idade em razão da interação medicamentosa, dosagens inadequadas e maior frequência
de reações imprevisíveis por meio de mecanismos desconhecidos. Com o advento de muitas
terapias novas, há uma maior necessidade de se estabelecer sistemas para prevenir reações
medicamentosas adversas e informar tanto profissionais da saúde quanto o público idoso sobre
os riscos e benefícios de terapias modernas.

Os idosos tendem a beber menos que os jovens, as mudanças de metabolismo que


acompanham o processo de envelhecimento aumentam a suscetibilidade dos mais velhos às
doenças relacionadas com o álcool, como desnutrição e doenças do estômago, pâncreas e
fígado. As pessoas idosas apresentam maior risco de lesões e quedas decorrentes do uso de
álcool, assim como riscos potenciais associados à mistura do álcool com medicamentos.

O álcool usado em pequena quantidade pode oferecer alguma forma de proteção


contra derrame e doença coronariana em indivíduos com 45 anos ou mais.

Como as pessoas idosas frequentemente têm problemas crônicos, elas necessitam


utilizar mais medicamentos (tradicionais adquiridos sem receita médica e receitados) do que
pessoas mais jovens. Na maioria dos países, os idosos de baixa renda têm pouco ou nenhum
acesso a subsídios para medicamentos. Assim, muitos deixam de comprar ou gastam uma
grande parte do rendimento já escasso em remédios.
Cáries, doenças periodontais, perda de dentes e câncer bucal causam outros
problemas orgânicos de saúde. Esses problemas tornam-se um ônus financeiro para indivíduos
e sociedade e podem reduzir a autoconfiança e qualidade de vida. Alguns estudos demonstram
que uma saúde oral precária está associada à desnutrição e, portanto, ao maior risco de
desenvolver várias doenças não transmissíveis. A promoção de saúde oral e programas de
prevenção de cárie criados para estimular as pessoas a manterem seus dentes naturais
12
precisam começar ainda cedo e continuar ao longo da vida. Em razão da dor e pior qualidade de
vida associadas aos problemas de saúde oral são necessários serviços básicos de tratamento
dental e também serviços especializados como os de prótese.

Problemas de saúde induzidos por diagnósticos ou tratamentos e causados pelo uso


de remédios são comuns na terceira idade, em razão da interação medicamentosa, dosagens
inadequadas e maior frequência de reações imprevisíveis por meio de mecanismos
desconhecidos. Com o advento de terapias novas, há uma maior necessidade de se estabelecer
sistemas para prevenir reações medicamentosas adversas e informar tanto profissionais da
saúde quanto o público idoso sobre os riscos e benefícios de terapia moderna.

O acesso de medicamentos necessários é insuficiente por si só, a não ser que seja
grande a adesão a tratamentos de longo prazo para doenças crônicas relacionadas com o
envelhecimento. A adesão inclui a adoção e manutenção de vários tipos de comportamentos
(por exemplo: dieta saudável, atividade física, abstinência de fumo), assim como o consumo de
medicamentos de acordo com a orientação de um profissional da saúde. Estima-se que, em
países desenvolvidos, a adesão a terapias de longo prazo seja apenas 50% em média. Em
países em desenvolvimento, as taxas ainda são menores, o que compromete gravemente a
eficiência dos tratamentos e traz implicações importantes na qualidade de vida e economia para
a saúde pública. Só se conseguirá atingir os resultados sobre a saúde da população previstos
por dados sobre a eficácia de tratamentos, se as informações sobre adesão forem fornecidas a
todos os profissionais e planejadores da saúde. Sem um sistema que enfoque as influências
sobre adesão, os avanços na tecnologia biomédica não irão utilizar seu potencial para reduzir a
carga das doenças crônicas (Dipollina & Sabate, 2002).

Os problemas de alimentação em todas as idades incluem tanto a desnutrição (mais


frequente, mas não exclusivamente, nos países menos desenvolvidos) como o consumo
excessivo de calorias. Nos idosos, a desnutrição pode ser causada pelo acesso ilimitado a
alimentos, dificuldades socioeconômicas, falta de informação e conhecimento sobre nutrição,
escolhas erradas de alimentos (alimentos ricos em gordura, por exemplo), doenças e uso de
medicamentos, perda de dentes, isolamento social, deficiências cogntivas ou físicas que inibem
a capacidade de comprar comidas e prepará-las, situações de emergência e falta de atividade
física.

O consumo excessivo de calorias aumenta muito o risco de obesidade, doenças 13


crônicas e deficiências durante o processo de envelhecimento. Dietas ricas em gordura
(saturada) e sal, pobre em frutas e legumes/verduras e que suprem uma quantidade insuficiente
de fibras e vitaminas, combinadas ao sedentarismo, são os maiores fatores de risco de
problemas crônicos, como diabetes, doença cardiovascular, pressão alta, obesidade, artrite e
alguns tipos de câncer.

O cálcio e a vitamina D em quantidade insuficiente estão associados à perda na


densidade óssea durante a velhice, e consequentemente, ao aumento de fraturas que causam
dor, têm custo elevado para tratamento e debilitam, em especial, mulheres idosas. Em
populações com uma alta incidência de fraturas, pode-se reduzir os riscos por meio do consumo
adequado de cálcio e vitamina D.
5 RUGAS E MARCAS DE EXPRESSÃO

As rugas são produtos da ação dos músculos da mímica ou da lei da gravidade


atuando sobre uma pele mais ou menos flácida. O primeiro tipo são as que se localizam em cima
do nariz, horizontal ou verticalmente, na testa, no canto externo dos olhos, no lábio superior.
14
São as denominadas rugas de expressão, e são resultado da contração muscular
sobre uma pele que perdeu a elasticidade ou a capacidade de recuperar a sua forma.

FIGURA 2

FONTE: Disponível em:


<www.fonoemdia.com.br/pdf/atuacao_do_fonoaudiologo_na_estetica_facial.pdf>.

Acesso em: 28 ago. 2012


As rugas que se formam diante das orelhas no lado do queixo ou do pescoço
denominam-se gravitacionais e são produtos de flacidez dos tecidos somada à ação da
gravidade.

Existe um terceiro grupo, as rugas de origem mista. A este pertencem os sulcos


nasogênicos (bigode chinês), depressões que vão da lateral do nariz ao extremo da boca
podendo inclusive estender-se até a mandíbula, dando o aspecto de uma boca de marionete, 15
são provocadas pela ação muscular somada à caída gravitacional. As rugas verticais que se
formam na parte anterior do pescoço também são consideradas mistas.

São três tipos de rugas: as de expressão, causadas pela ação da mímica facial; as
gravitacionais, ocasionadas pelo peso dos tecidos ao longo do tempo e pela perda de colágeno
da pele; e as mistas, onde intervêm, além dos fatores citados anteriormente, vários fatores
externos, alguns que veremos neste curso.

OGRAMA
6 ANATOMOFISIOLOGIA DA MIOLOGIA FACIAL

Os músculos da cabeça podem ser divididos em músculos da mastigação e músculos


da mímica facial. Outros músculos que se localizam na cabeça, mas fazem parte do sistema
sensorial, como língua, músculos oculares e da faringe.
16

6.1 MÚSCULOS DA MASTIGAÇÃO

Músculo Temporal: é um músculo largo, plano e triangular localizado na fossa


temporal, na face lateral da cabeça. Passa por baixo do zigomático, para se inserir na
mandíbula.

Origem: osso temporal abaixo da linha temporal inferior e lâmina profunda da fáscia
temporal.

Inserção: ápice e face medial do processo coronoide da mandíbula.

Inervação: nervos temporais profundos (N. mandibular - V/3).

Ação: Oclusão e retrusão da mandíbula.

Músculo Masseter: é o músculo mais potente da mastigação, é quadrangular e


espesso. É constituído de duas porções, uma profunda e outra superficial.

Origem: arco zigomático.

Inserção: face externa do ângulo da mandíbula, tuberosidade massetérica e ramo da


mandíbula.
Inervação: nervo massetérico (N. mandibular - V/3).

Ação: oclusão da mandíbula.

Músculo Pterigoideo Medial: é o músculo quadrado e espesso, localizado


medialmente ao ramo da mandíbula. 17

Origem: fossa pterigóidea e lâmina lateral do processo pterigoide do osso esfenoide.

Inserção: face medial do ângulo da mandíbula, tuberosidade pterigoidea.

Inervação: nervo do pterigóideo medial (N.mandibular- V/3).

Ação: oclusão da mandíbula.

Músculo pterigóideo lateral: é composto por duas cabeças, tem forma de cone e
arquitetura bipenada.

Origem: face temporal da asa maior do esfenoide e superfície externa da lâmina


lateral do processo pterigode.

Inserção: cabeça do côndilo da mandíbula e face anterior do disco articular.

Inervação: nervo pterigoideo.

Ação: lateralização, abertura e protusão da mandíbula.

6.2 MÚSCULOS DA MÍMICA FACIAL


São responsáveis pelas expressões faciais. São músculos delgados cutâneos que de
um modo geral se originam ou da fáscia ou dos ossos da face e se fixam na derme, dessa forma
sua contração é capaz de mexer a pele e mudar as expressões faciais, fechar os olhos ou dilatar
as narinas entre outros movimentos. É importante lembrarmos que todos os músculos faciais são
inervados pelo VII par craniano, o nervo facial.

Músculo Epicrânio: é uma lâmina musculotendinosa que reveste o vértice e as faces 18


laterais do crânio, desde o occipital até a sobrancelha. Pode ser chamado epicraniano. É
composto por dois músculos: músculo occiptofrontal e músculo temporoparietal. São reunidos
por uma aponeurose intermediária: a gálea aponeurose intermediária: a gálea aponeurótica ou
aponeurose epicrânica.

Músculo Occiptofrontal: é um músculo amplo que vai desde o frontal até o occipital,
recobrindo toda a calota craniana. Possui dois ventres:

 Ventre Occipital
Origem: linha nucal supremainserção: gálea aponeurótica ou aponeuose epicrânica.

Inervação: Nervo Facial (VII).

Ação: movimenta o escalpo, elevando as sobrancelhas e enrugando a fronte.

 Ventre Frontal
Origem: pele da fronte entrelaça-se com os músculos prócero, corrugador e abaixador
do supercílio e com o Músculo Orbicular do olho.

Inserção: aponeurose epicrânia.

Inervação: Nervo Facial (VII).

Ação: Movimenta o escalpo e eleva as sombrancelhas de um ou de ambos os lados.


Músculo Temporoparietal: é um músculo muito delgado, localizado na fossa
temporal.

Origem: fáscia temporal e pele da região temporal.

Inserção: borda lateral da aponeurose epicrânica. 19

Inervação: Nervo Facial (VII).

Ação: movimenta o escalpo e traciona para trás as têmporas. Combina-se com o


occiptofrontal para enrugar a fonte e ampliar os olhos (expressão de medo e de horror).

Gálea aponeurótica ou Aponeurose Epicrânica: é a aponeurose que reveste a parte


superior do crânio unindo os ventre frontal e occipital. De cada lado recebe a inserção do
músculo temporoparietal e se une à fáscia temporal que reveste essa região.

Músculo Auricular Anterior: é um músculo pequeno e fino, muito pequeno para ser
dissecado. Está situado sobre a aponeurose epicraniana.

Origem: porção anterior da fáscia temporal.

Inserção: espinha da hélice.

Inervação: Nervo Facial (VII).

Ação: traciona o pavilhão da orelha para frente e para cima.

Músculo Auricular Superior: músculo muito delicado em forma de leque, localizado


sobre a aponeurose epicraniana.

Origem: aponeurose epicraniana.

Inserção: raiz da orelha externa.

Inervação: Nervo Facial (VII).


Ação: traciona o pavilhão e a orelha para cima.

Músculo Auricular Posterior: é um músculo quadrangular, localizado posteriormente


ao conduto auditivo externo.

Origem: processo mastoide, tendão do músculo esternocleidomastóideo. 20

Inserção: raiz da orelha externa.

Inervação: Nervo Facial (VII).

Ação: traciona o pavilhão da orelha para trás.

Músculo Orbicular do Olho: este contorna a circunferência da órbita. Divide-se em


três porções: palpebral, lacrimal e occipital.

Origem: porção orbital (parte nasal do osso frontal); porção lacrimal (crista lacrimal);
porção palpebral (ligamento palpebral medial).

Inserção: circunda a órbita, como um esfíncter.

Inervação: Nervo Facial (VII).

Ação: fecha as pálpebras comprime o saco lacrimal e movimenta os supercílios.

Músculo Abaixador do Supercílio: é um músculo delgado situado medialmente ao


músculo orbicular do olho.

Origem: parte nasal do osso frontal.

Inserção: terço medial da pele do supercílio.

Inervação: Nervo Facial (VII).

Ação: Abaixa a pele da fronte e do supercílio.


Músculo Corrugador do Supercílio: pequeno e estreito com formato piramidal, para
que possa ser vizualizado é necessário que o músculo orbicular do olho e o músculo frontal
sejam rebatidos.

Origem: parte nasal do osso frontal.

Inserção: terço médio da pele do supercílio.


21
Inervação: Nervo Facial (VII).

Ação: abaixa a pele da fronte e dos supercílios.

Músculo Prócero: Chama-se piramidalis nasi. Recebe este nome por ter formato
piramidal e estar situado sobre o osso nasal. É quase uma continuação do músculo frontal.

Origem: osso nasal, cartilagem nasal lateral.

Inserção: pele da glabela.

Inervação: Nervo Facial (VII).

Ação: abaixa a pele da fronte e do supercílio.

Músculo Nasal: é um músculo fino com contorno irregular, é constituído de duas


porções, uma transversa que comprime o nariz e outra alar que dilata o nariz.

Origem: eminências caninas da maxila e eminências incisivas laterais.

Inserção: cartilagem nasal lateral e asa do nariz.

Inervação: Nervo Facial (VII).

Ação: Dilatação do nariz.

Músculo Abaixador do septo do nariz: podem estar ausentes em algumas pessoas.


Origem: eminências incisivas laterais.

Inserção: cartilagem do septo e cartilagem alar maior.

Inervação: Nervo Facial (VII).

Ação: traciona para baixo as asas do nariz, estreitando as narinas.

22

Músculo Levantador do Lábio Superior: é um músculo plano e quadrangular cuja


origem é muito ampla.

Origem: margem inferior da órbita acima do forame infraorbital, maxila e zigomático.

Inserção: lábio superior.

Inervação: Nervo Facial (VII).

Ação: levanta o lábio superior e leva-o um pouco para frente.

Músculo Levantador do Lábio Superior e da Asa do Nariz: é um músculo plano e


está localizado entre o músculo nasal e o músculo levantador do lábio superior.

Origem: processo frontal da maxila.

Inserção: cartilagem alar maior, pele do nariz e lábio superior.

Inervação: Nervo Facial (VII).

Ação: dilata a narina e levanta o lábio superior.

Músculo Levantador do Ângulo da Boca: chama-se caninus em latim. Tem esse


nome em razão de sua fixação de origem. É um músculo plano e triangular.

Origem: fossa canina da maxila.

Inserção: ângulo da boca.


Inervação: Nervo Facial.

Ação: eleva o ângulo da boca e acentua o sulco nasolabial.

Músculo Zigomático Menor: é um músculo cilíndrico e estreito, situado ao músculo


levantador do lábio superior. 23

Origem: superfície malar do osso zigomático.

Inserção: lábio superior.

Inervação: Nervo Facial.

Ação: auxilia na elevação do lábio superior e acentua o sulco nasolabial.

Músculo Zigomático Maior: é mais largo que o zigomático menor, localizado na


bochecha, se estende do osso zigomático à comissura labial onde se funde às fibras dos
músculos levantador do ângulo da boca e orbicular da boca.

Origem: superfície malar do osso zigomático.

Inserção: ângulo da boca e do lábio superior.

Inervação: Nervo Facial.

Ação: traciona o ângulo da boca para trás e para cima (risada).

Músculo Risório: é plano e delgado, está situado na bochecha e suas fibras do


músculo platina.

Origem: fáscia parotideomassetérica.

Inserção: ângulo da boca e lábio superior.

Inervação: Nervo Facial (VII).


Ação: Retrai o ângulo da boca lateralmente (riso forçado).

Músculo Abaixador do Lábio Inferior: em latim quadratus labii é curto e


quadrangular, está situado no queixo. Suas fibras parecem ser a continuação do músculo
platisma.
24
Origem: linha oblíqua da mandíbula.

Inserção: tegumento do lábio inferior.

Inervação: Nervo Facial (VII).

Ação: repuxa o lábio inferior para baixo e lateralmente (expressão de ironia).

Músculo Abaixador do Ângulo da Boca: é um músculo plano e delgado localizado


sobre o músculo abaixador do lábio inferior.

Origem: linha oblíqua da mandíbula.

Inserção: ângulo da boca, lábio superior.

Inervação: Nervo Facial (VII).

Ação: deprime o ângulo da boca (expressão de tristeza).

Músculo Mentual: é um músculo grosso, cilíndrico e par situado no queixo sob o


músculo abaixador do ângulo da boca.

Origem: fossas incisivas laterais da mandíbula.

Inserção: tegumento do queixo.

Inervação: Nervo Facial (VII).

Ação: eleva e projeta para o lábio superior e enruga a pele do queixo.


Músculo Transverso do Mento: não é encontrado em todos os seres humanos.

Origem: parte transversal do músculo mental.

Inserção: pele da protuberância do mento.

Inervação: Nervo Facial (VII).

Ação: Auxilia na depressão do ângulo da boca. 25

Músculo Orbicular da Boca: contorna a boca, proporcionando função de esfíncter.


Suas fibras possuem diferentes direções e se confundem com as fibras de outros músculos
mímicos da boca, o que garante a esse músculo inúmeros movimentos.

Origem: ângulo da boca, circundando a boca como um esfíncter.

Inserção: componente principal do lábio.

Inervação: Nervo Facial (VII).

Ação: movimentam os lábios, as asas do nariz e a pele do mento.

Músculo Bucinador: músculo acessório na mastigação, mantendo o alimento sob a


pressão direta dos dentes. Está situado sob o músculo masseter.

Origem: superfície externa dos processos alveolares da maxila, acima da mandíbula.

Inserção: ângulo da boca.

Inervação: Nervo Facial (VII).

Ação: deprime e comprime as bochechas contra a mandíbula e maxila. Importante


para assobiar e soprar.
7 ANAMNESE

A entrevista inicial envolve a pesquisa com o paciente para sabermos sobre a história
de vida do mesmo.

Ressaltamos alguns pontos tais como: 26

 Você tem doenças de pele e/ou respiratória?


 Faz uso de medicamento? Qual(ais)?
 Quais são seus hábitos alimentares?
 Faz uso de consumo de água e de outros líquidos?
 Qual seu nível de estresse?
 Como é sua personalidade?
 Quais são seus horários de descanso?
 Quais são seus hábitos de vida (trabalho, lazer)?
 Com que frequência fica exposto ao sol?
 Faz uso de tabagismo? Quantos por dia?
 Faz uso de álcool? Quando? Quantas vezes ao dia?
 Você tem percebido que emagreceu e/ou engordou?
 Já fez alguma cirurgia facial?
 Pratica alguma atividade física?
 Você quer perguntar algo que eu não tenha falado?

Quando não se tem mais nada a declarar, no final da entrevista, o fonoaudiólogo ou a


fonoaudióloga relata ao paciente que os dados apresentados por ele são sigilosos e que ele
pode ficar despreocupado, pois ninguém tomará conhecimento do seu caso.
8 AVALIAÇÃO

A avaliação consiste na verificação da musculatura facial, do pescoço e cervical em


repouso e atividade. Verificando assim o funcionamento muscular e sua relação direta com as
funções estomatognáticas – respiração, sucção, mastigação e deglutição. 27
Podemos ainda questionar sobre os cuidados com a face, frequência dos exercícios,
áreas da face para as quais direcionou os exercícios e modificações percebidas na face após o
período de tratamento.
O protocolo de exame clínico compreende observação da postura corporal, análise
morfológica extra e intraoral, avaliação da mobilidade, tonicidade e sensibilidade orofacial, além
das funções de: respiração, mastigação, deglutição e fala. Os dados obtidos durante o exame
pretendem, ainda, possibilitar a identificação da origem do problema direcionando o processo
terapêutico. Além de prevenir, identificar o aparecimento de rugas em decorrência dos excessos
de expressividade facial que possam marcar a pele e hábitos posturais inadequados.
9 TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO

Após a avaliação, o fonoaudiólogo fará o planejamento terapêutico que deverá


obedecer a várias etapas. As sessões são de aproximadamente 45 minutos, uma vez por
semana.
O tratamento é indicado a partir dos 30 anos, preventiva e/ou corretivamente, conforme 28
a necessidade. As orientações dos exercícios devem ser seguidas corretamente para o resultado
eficaz do tratamento.
Há algumas contraindicações para o tratamento fonoaudiológico estético tais como:
pele com acne, seis primeiros meses de pós-cirúrgico facial e bioplastia.
Abaixo vamos descrever as etapas do tratamento:

 Limpeza da pele;
 Hidratação da pele;
 Conscientização do papel da musculatura na estética facial;
 Exercícios faciais gerais;
 Fortalecimento muscular;
 Adequação das funções estomatognáticas;
 Exercícios musculares específicos;
 Massagem facial ativa e passiva;
 Estimulação dos pontos motores da face;
 Relaxamento muscular;
 Drenagem facial pré e pós-cirúrgica;
 Manutenção da atividade muscular diária (em casa).

Os exercícios recomendados foram os seguintes:

 Elevar as sobrancelhas enrugando a testa por sete segundos;


 Aproximar as sobrancelhas por sete segundos;
 Fechar os olhos com força por sete segundos;
 Protuir os lábios por sete segundos;
 Lateralizar as comissuras com abertura da rima labial por sete segundos;
 Contração das bochechas direita e esquerda com resistência por sete segundos;
 Os exercícios isométricos favoreceram a diminuição das rugas, marcas de
expressão e flacidez facial na maior parte dos sujeitos, sendo que as regiões da
face que aparentemente tiveram melhoras, segundo a observação de foto foram:
diminuição do sulco nasolabial, diminuição das olheiras; diminuição da flacidez das
bochechas em diminuição das rugas ao redor dos olhos, face descansada, relaxada 29
e serena, lábios mais definidos e mudança em sua postura em um indivíduo.
10 AQUECIMENTO E ALONGAMENTO DA MIOLOGIA FACIAL

É um dos momentos mais importantes e engraçados da sequência de aquecimento.


Um bom alongamento dos músculos da face garante boa dicção em projeção vocal do ator em
cena. Faça movimentos circulares com a língua dentro e fora da boca. Em sequência, faça
caretas das mais variadas de modo a exercitar todos os músculos presentes na face. Dê leves 30
tapas nas bochechas, testa e pescoço e sinta-se relaxado para sorrir e ficar sério várias vezes
seguidas.
Após isso, comece a respirar pelo nariz e soltar pela boca. Essa é a maneira correta de
respirar em cena. Continue puxando o ar e faça pausas para soltá-lo, lentamente. Exercite as
cordas vocais falando repetidas vezes sílabas como: blá, tra, za, dentre outras. Comece em voz
baixa e termine em voz alta. Estes exercícios ajudam na extensão vocal do ator.
Para a dicção são indicados exercícios básicos. O primeiro deles é falar trava-línguas
diversos de forma impecável. Isso ajuda a solucionar alguns problemas existentes nas cordas
vocais.
Os alongamentos são exercícios voltados para o aumento da flexibilidade muscular,
que promovem o estiramento das fibras musculares, fazendo com que elas aumentem o
comprimento.
O principal efeito do alongamento é o aumento da flexibilidade que é a maior amplitude
de movimento possível de uma determinada articulação.
Quanto mais alongado o músculo, maior será a movimentação da articula
ção comandada por aquele músculo e, portanto, maior a sua flexibilidade.
Os alongamentos conseguem esse resultado por aumentarem a temperatura da
musculatura e por produzirem pequenas distensões na camada de tecido conjuntivo que
revestem os músculos.
Nossos músculos são responsáveis por nossos movimentos, possuem características
importantes, por exemplo, a elasticidade, que permite voltar ao tamanho normal depois de
alongado.

São objetivos do alongamento:


 Restaurar a amplitude de movimento normal na articulação envolvida e a
mobilidade das partes moles adjacentes a esta articulação;
 Prevenir o encurtamento ou tensionamento irreversíveis de grupos musculares;
 Facilitar o relaxamento muscular;
 Reduzir o risco de lesões musculares.

31

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO
11 TECIDO TEGUMENTAR

O tegumento humano conhecido como pele, é formado por duas camadas distintas
unidas entre si: a epiderme e a derme.
A epiderme é um epitélio multiestratificado composto por várias camadas (estratos) e 32
células achatadas (epitélio pavimentoso). A camada de célula mais interna é chamada epitélio
germinativo, constituída por células que se multiplicam continuamente, com isso as novas
células geradas empurram as mais velhas para cima em direção à superfície do corpo. À medida
que envelhecem as células epidérmicas tornam-se achatadas e passam a fabricar e acumular
dentro de si uma proteína resistente, a queratina. As células mais superficiais, quando se
tornam repletas de queratina, morrem e passam a constituir um revestimento resistente ao atrito
e altamente impermeável à água, denominado camada de queratinizada ou córnea.
A superfície cutânea está provida de terminações nervosas capazes de captar
estímulos térmicos, mecânicos ou dolorosos. Essas terminações nervosas ou receptores
cutâneos são especializados na recepção de estímulos específicos. Alguns podem captar
estímulos de natureza distinta. Na epiderme, não existem vasos sanguíneos. Os nutrientes e
oxigênio chegam à epiderme por difusão a partir de vasos sanguíneos da derme.
Nas regiões providas de pelos existem terminações nervosas específicas nos
folículos capilares e outras chamadas terminais ou receptores Ruffini. As primeiras formadas
por axônio, que envolvem o folículo piloso, captam forças mecânicas aplicadas contra o pelo. Os
terminais de Ruffini, com sua forma ramificada, são receptores de calor.
Em toda a pele, tanto a rica em pelo, como na desprovida de pelo existem três tipos de
receptores comuns:
Pele com pelos e pele sem pelos (glaba):

 Corpúsculos de Paccini: captam estímulos vibráteis e táteis. São formados por


fibras nervosas cuja porção terminal, amielínica, é envolta por várias camadas que
correspondem a diversas células de sustentação. A camada terminal é capaz de
captar a aplicação de pressão que é transmitida para outras camadas e enviadas a
centros nervosos correspondentes.
 Discos de Merkel: de sensibilidade tátil e de pressão. Uma fibra aferente costuma
estar ramificada com vários discos terminais destas ramificações nervosas. Os
discos estão englobados em uma célula especializada, cuja superfície distal se fixa
nas células epidérmicas por um prolongamento de seu protoplasma. Os
movimentos de pressão e tração sobre epiderme desencadeam o estímulo.
 Terminações nervosas livres: sensíveis aos estímulos mecânicos térmicos e
especialmente aos dolorosos. São formados por um axônio ramificado envolto por 33
células de Schwann, sendo por sua vez envolvidos por uma membrana basal.

Na pele sem pêlo encontram-se, ainda, outros receptores específicos:

 Corpúsculos de Meissner: táteis. Estão nas saliências da pele sem pelos (como
nas partes mais altas das impressões digitais). São formados por axônio mielínico,
cujas ramificações terminais se entrelaçam com células acessórias.
 Bulbos terminais de Krause: receptores térmicos de frio. São formados por uma
fibra nervosa cuja terminação possui forma clava. Situam-se nas regiões limítrofes
da pele com as membranas da mucosa (por exemplo: ao redor dos lábios e dos
genitais).
FIGURA 3

34

Nas camadas inferiores da epiderme estão os melanócitos, células que produzem


melanina, pigmento que determina a coloração da pele.
As glândulas anexas (sudoríparas e sebáceas) encontram-se mergulhadas na derme,
embora tenham origem epidérmica. O suor (composto de água, sais e um pouco de ureia) é
drenado pelo duto das glândulas sudoríparas, enquanto a secreção sebácea (secreção que
lubrifica a epiderme e os pelos) sai pelos poros de onde emagrecem os pelos.
A transpiração, ou sudorese, tem por função refrescar o corpo quando há elevação da
temperatura ambiental ou quando a temperatura interna do corpo sobe, por exemplo, quando há
aumento da atividade física.
A derme, localizada imediatamente na epiderme é um tecido conjuntivo que contém
fibras proteicas, vasos sanguíneos, terminações nervosas, órgãos sensoriais e glândulas. As
células da derme são os fibroblastos, responsáveis pela produção de fibras e de uma
substância gelatinosa, a substância amorfa na qual os elementos estão mergulhados.
A epiderme penetra na derme e origina os folículos pilosos, glândulas sebáceas e
glândulas sudoríparas. Na derme encontramos: músculo cretor do pelo, fibras elásticas
(elasticidade), fibras colágenas (resistência), vasos sanguíneos.
Sob a pele, há uma camada de tecido conjuntivo frouxo, o tecido subcutâneo, rico em
fibras e em células que armazenam gorduras (células adiposas ou adipócitos). A camada
subcutânea, denominada hipoderme, atua como reserva energética, proteção contra choques
mecânicos e, isolante térmico. 35
As unhas e pelos são formados por células epidérmicas quaternizadas, mortas e
compactadas. Na base da unha ou do pelo há células que se multiplicam constantemente,
empurrando as células para cima. Acumulam queratina, morrem e compactam-se originando a
unha ou pelo. O pelo está ligado ao músculo eretor, que permite a movimentação, e a uma ou
mais glândulas sebáceas, que são encarregadas de se lubrificarem.

FIGURA 4

FONTE: Disponível em: <www.afh.bio.br/tegumentar/tegumentar.asp>. Acesso em: 28 ago.2012

Hanseníase: é uma mancha que se dá na pele, que perde a sensibilidade ou função.

Sistema Endócrino: ao receber raios solares, a pele forma hormônios (vitamina D3)
que atuarão no intestino grosso por meio da corrente sanguínea, que ajuda o intestino na
absorção de cálcio e fósforo dos alimentos que irão alimentar as células do corpo a
decompositar-se nos ossos.
12 EMBRIOGÊNESE CRANIOFACIAL

Entre a quarta e 12ª semana de gestação ocorre o desenvolvimento da face. Neste


período, em virtude da grande complexidade da formação de estruturas orais, sucedem fendas 36
provenientes de uma interrupção no desenvolvimento e/ou falha na fusão de saliências faciais e
processos palatinos envolvidos.

Os processos craniofaciais que originam o palato primário e o secundário são


derivados das proliferações mesequimais e epiteliais que dão origem às proeminências faciais:
nasais mediais, nasais laterais e maxilares. Quando ocorre o desenvolvimento e fusão dos
processos nasais, medial e lateral abaixo da fosseta nasal em desenvolvimento resulta o palato
primário que forma o teto da porção anterior da cavidade oral primitiva fazendo a separação
inicial entre as cavidades orais e nasais. Por volta da sétima e oitava semana de gestação o
palato secundário se desenvolve decorrente de uma fusão medial das cristas palatinas,
completando a separação das cavidades orais e nasais.

O lábio superior, maxila anterior e dentes incisivos superiores são derivados do


desenvolvimento do palato primário. Quando ocorre falha na fusão entre os processos nasal e
maxilar em um ou mais nos dois lados, resulta a fenda de lábio.

Os dentes estão diretamente relacionados com a gênese da fenda labiopalatina, pois a


presença desta pode ocasionar distúrbios do desenvolvimento à medida que acontece a
iniciação da lâmina dentária. Podem ocorrer anomalias de números (anodontias e dentes
supranumerários), de forma (germinação, fusão, micro e macrodontia) e o dens in dente, que é a
invaginação do esmalte e a dentina ao longo do comprimento da raiz.
12.1 CLASSIFICAÇÃO

As fendas orofaciais podem estar compreendidas em fendas típicas (de lábio, de palato
ou ambas) e fendas atípicas ou raras, que incluem as fendas medianas, transversais e oblíquas. 37

Existe ainda a fenda submucosa caracterizada por úvula bífida, diástase da


musculatura velar e chanfradura na borda posterior do palato duro; e as fendas raras da face que
incluem as fendas medianas do lábio superior e do lábio inferior, fendas oblíquas (orbitofaciais),
transversais (buçoauriculares), macrostomia, fendas de lábio inferior, mandíbula e nariz.

No atendimento aos portadores de fenda de lábio e/ou palato são necessários alguns
cuidados especiais para a região malformada. Essa pode envolver a localização de estruturas
dentárias, alterando a localização ou o estabelecimento de uma dentição normal. É necessário o
seguimento do crescimento e do desenvolvimento das dentições decíduas e permanentes para
que possa haver um planejamento para as possíveis terapias protéticas e ortodônticas.
13 ANATOMOFISIOLOGIA DOS MÚSCULOS OROFACIAIS, CABEÇA E PESCOÇO

A cabeça é formada por uma série de compartimentos, os quais são formados por
ossos e partes moles. Eles são: 38

A cavidade do crânio: duas orelhas, duas órbitas, duas cavidades nasais, uma
cavidade oral.

A cavidade do crânio é o maior compartimento e contém o encéfalo e membranas


associadas (meninge).

A maior parte da orelha (aparelho de audição) a cada lado está contida em um dos
ossos que formam o assoalho da cavidade do crânio. As partes externas das orelhas estendem-
se lateralmente a partir destas regiões.

As duas órbitas contêm os olhos. São câmaras em forma de cones imediatamente


inferiores à região anterior da cavidade do crânio, sendo que o ápice de cada cone está
direcionado de forma posteromedial. As paredes das órbitas são ósseas, enquanto a base de
cada câmara crônica pode ser aberta e fechada pelas pálpebras.

As cavidades nasais são partes superiores do trato respiratório e ficam entre as


órbitas. Têm paredes, assoalhos e tetos, compostas predominantemente por osso e cartilagem.
As aberturas anteriores das cavidades nasais são narinas e as aberturas posteriores são os
coanos (aberturas nasais posteriores).

Nas cavidades nasais há extensões cheias de ar (seios paranasais), que se projetam


lateralmente, superiormente e posteriormente ao redor dos ossos. Os maiores, os seios
maxilares, são inferiores a órbitas.

A cavidade oral é inferior às cavidades nasais e separada dela pelo palato duro e mole.
O assoalho da cavidade oral é formado inteiramente por partes moles.
A abertura anterior da cavidade oral é rima da boca e a abertura posterior é o istmo
das fauces. Diferentemente das narinas e dos coanos, que são abertos, a rima da boca e o istmo
das fauces podem ser abertos e fechados por partes moles à sua volta.

Além dos principais compartimentos da cabeça, duas outras regiões anatomicamente


definidas da cabeça, a cada lado, são áreas de transição de um compartimento da cabeça para
outro. 39

A fossa infratemporal é uma área entre a parte posterior (ramo) da mandíbula e uma
região plana do osso (lâmina lateral do processo pterigoide) imediatamente posterior à maxila.
Essa forma limitada por ossos e partes moles é um conduto para um dos principais nervos
cranianos, o nervo mandibular (a divisão mandibular do nervo trigêmeo, que passa entre as
cavidades do crânio e oral).

A fossa pterigopalatina, a cada lado é imediatamente posterior à maxila. Esta pequena


fossa comunica-se com a cavidade do crânio, a fossa infratemporal, órbita, a cavidade nasal e
oral. Uma estrutura importante que atravessa a fossa pterigopalatina é o nervo maxilar (divisão
maxilar do nervo trigêmeo).

A face é a parte anterior da cabeça e contém um grupo peculiar dos músculos que
movem a pele relativamente ao osso subjacente e controlam aberturas para órbitas e a cavidade
oral. O couro cabeludo cobre as regiões superior, posterior e lateral da cabeça.

13.1 PESCOÇO

O pescoço estende-se do pescoço aos ombros e tórax. Seu limite superior é ao longo
das margens inferiores da mandíbula e das partes ósseas na face posterior do crânio. A parte
posterior do pescoço é mais alta do que a anterior e liga as vísceras cervicais às aberturas
posteriores da cavidade nasal e oral.
O pescoço tem um limite que se estende da parte superior do esterno ao longo da
clavícula, indo ao acrômio adjacente que é uma projeção óssea da escápula. Posteriormente, o
limite inferior do pescoço é menos definido, mas pode ter uma ideia aproximada, traçando a linha
entre o acrômio e o processo espinhoso da vértebra C7 (sétima vértebra cervical), que é
proeminente e facilmente palpável. A margem inferior do pescoço encerra a base do pescoço.

40

13.1.1 Compartimentos

O pescoço tem quatro compartimentos, que são encerrados por um colar


musculofascial externo. O compartimento vertebral contém vértebras cervicais e os músculos
posturais associados.

O compartimento visceral contém glândulas que são (tireoide, paratireoides e timo) e


partes do trato respiratório e digestório que passam entre a cabeça e o tórax. Os dois
compartimentos vasculares contêm os grandes vasos e o nervo vago.

 Laringe e Faringe

O pescoço contém duas estruturas especializadas associadas aos tratos digestório e


respiratório – a laringe e a faringe.

A laringe é a parte superior das vias aéreas baixas e localiza-se abaixo da parte
superior da traqueia e acima, por uma membrana flexível, do osso hioide que está fixado no
assoalho da cavidade oral. Muitas cartilagens formam estrutura de sustentação para laringe que
tem canal central oco. As dimensões deste canal podem ser ajustadas por estruturas de partes
moles associadas à parede da laringe. As mais importantes são as duas pregas vocais laterais,
que projetam entre si dos lados adjacentes da cavidade laríngea. A abertura superior da laringe
(adito da laringe) é inclinada posteriormente e continua com a faringe.
A faringe é um meio cilindro de músculo e fáscia. Acima, à base do crânio e, abaixo, às
margens do esôfago. As paredes do meio cilindro são fixadas nas margens laterais das
cavidades nasais, na cavidade oral e na laringe. As duas cavidades nasais, a cavidade oral e a
laringe, abrem-se, portanto na face anterior da faringe e o esôfago abre-se inferiormente.

A parte da faringe posterior às cavidades nasais é a parte nasal da faringe. Aquelas


partes posteriores à cavidade oral e à laringe são a parte oral e a parte laríngea da faringe, 41
respectivamente.

13.1.2 Funções da cabeça

 Proteção

A cabeça protege o encéfalo e todos os sistemas de receptores associados aos


sentidos especiais – as cavidades nasais e oral – que possuem características estruturais para
modificar a passagem de ar ou alimento para cada sistema.

A cabeça contém as partes superiores dos sistemas respiratórios e digestório – as


cavidades nasal e oral que possuem características estruturais para modificar a passagem de ar
ou alimento para cada sistema.

 Comunicação

A cabeça e o pescoço estão envolvidos na comunicação. Os sons produzidos pela


laringe são modificados pela faringe e na cavidade oral, produzindo a fala. Ademais, os
músculos da face, responsáveis pela expressão facial, ajustam-se aos contornos da face para
retransmitir sinais não verbais.

 Posicionamento da Cabeça

42
O pescoço sustenta e posiciona a cabeça. É importante observar que ele possibilita
que o indivíduo posicione os componentes do sistema sensorial na cabeça, relacionando com os
estímulos ambientais sem movimentar o corpo inteiro.

O pescoço contém estruturas especializadas (faringe e laringe) que conectam as


partes do trato respiratório e digestório (cavidades nasais e oral) na cabeça com o esôfago e a
traqueia, que começam em posição relativamente baixa no pescoço e dirigem-se ao tórax.

13.1.2.1 Componentes

 Crânio

Os principais ossos da cabeça formam o crânio. A maioria dos ossos é interconectada


por suturas, que são articulações fibrosas imóveis.

No feto e no recém-nascido, grandes espaços membranosos e não ossificados


(fontículos) entre os ossos do crânio, particularmente entre ossos grandes e planos que cobrem
toda a cavidade do crânio, permitem:

 Que a cabeça se deforme durante sua passagem pelo canal do parto.


 O crescimento pós-natal.
A maioria dos fontículos se fecha durante o primeiro ano de vida, a ossificação
completa dos finos ligamentos do tecido conjuntivo que separam os ossos na linha de sutura que
começa no final da terceira década e normalmente se completa na quinta década de vida.

Há três articulações sinoviais na cabeça. A maior é a articulação temporomandibular


entre a mandíbula e o osso temporal. As outras duas articulações sinoviais ficam entre os três
ossículos da orelha média – o martelo, a bigorna e o estribo. 43

As sete vértebras cervicais formam a estrutura óssea do pescoço. As vértebras


cervicais são caracterizadas por:

 Corpos pequenos;
 Processos espinhosos bífidos;
 Processos transversos que contêm um forame (forame transverso).

Os forames transversos formam uma passagem longitudinal a cada lado da coluna


cervical para os vasos (artérias e veias vertebrais) que passam entre a base do pescoço e a
cavidade do crânio.

O processo transverso de uma vértebra cervical apresenta tubérculos anterior e


posterior para fixação dos músculos. Os tubérculos anteriores são derivados dos mesmos
elementos embriológicos que dão origem às costelas na região torácica. Ocasionalmente
desenvolvem-se costelas cervicais a partir deste elemento, particularmente em associação a
estas vértebras cervicais inferiores.

 Osso Hioide

É um pequeno osso em forma de U orientado no plano horizontal superior à laringe,


onde possa ser palpado e movimentado de lado em lado.
Os dois braços do U (cornos maiores) projetam-se posteriormente, a partir das
extremidades laterais do corpo.

O osso hioide não se articula com outro elemento esquelético nem na cabeça e nem
no pescoço. É uma âncora altamente móvel para muitos músculos e estruturas de partes moles
na cabeça e no pescoço. Está na interface entre três compartimentos dinâmicos:

44

 Superiormente, ao assoalho da cavidade oral.


 Inferiormente a laringe.
 Posteriormente a faringe.

 Palato mole

O palato mole é uma estrutura constituída por partes moles, com forma de aba que
insere como dobradiça na parte posterior do palato duro com a margem posterior livre. Pode
ser levado e deprimido por músculos. O palato mole e estruturas associadas podem ser vistos
claramente através da boca aberta.

 Músculos

Os musculoesqueléticos da cabeça e do pescoço podem ser agrupados com base na


função, inervação e derivação embriológica.

 Na cabeça

Os grupos musculares não incluem:


 Os músculos extraoculares (movimentam a órbita e abrem a pálpebra superior).
 Músculos da orelha média (ajustam o movimento dos ossos da orelha média).
 Músculos da face (determinam a expressão facial).
 Músculos da mastigação (movimentam a mandíbula e relacionam-se com a
articulação temporomandibular).
 Músculos do palato mole (elevam e deprimem o movimento).
45
 Músculos da língua (movimentam e alteram a forma da língua).

 No pescoço

Os principais grupos musculares incluem:

 Músculos da faringe (fazem a constrição e elevam a faringe).


 Músculos da laringe (ajustam as dimensões da passagem do ar).
 Músculos infra-hióideos (posicionam a laringe e o osso hioide no pescoço).
 Músculos conatidos pela fáscia de revestimento (movimentam a cabeça e a
extremidade superior).
 Músculos posturais no compartimento muscular do pescoço (posicionam o
pescoço e a cabeça).

Relações com outras regiões

 Tórax

A abertura superior do tórax projeta-se diretamente na base do pescoço. As estruturas


que passam entre a cabeça e o tórax sobem e descem através dessa abertura e do
compartimento visceral do pescoço. Na base do pescoço, a traqueia é imediatamente anterior ao
esôfago, que é anterior à lateral da traqueia.
 Membros superiores

Há uma entrada da axila (porta para os membros superiores) a cada lado da abertura
torácica superior na base do pescoço.

Estruturas como os vasos passam sobre a costela I quando estão entre a entrada da
46
axila e o tórax.

Os componentes cervicais do plexo braquial vêm diretamente do pescoço pela entrada


da axila, dirigindo-se para os membros superiores.

Características Principais

 Níveis vertebrais C3/4 e C5/6

No pescoço os dois níveis vertebrais são:

 Entre C3 e C4, aproximadamente na margem superior da cartilagem tireóidea da


laringe (que pode ser palpada) e onde a artéria em cada lado do pescoço se
bifurca em artéria carótida interna e externa.
 Entre C5 e C4, que marca a faringe e laringe e o limite superior da traqueia e do
esôfago – a indentação entre cartilagem cricóidea da laringe e o primeiro anel
traqueal pode ser palpada.
A artéria carótida interna no pescoço sobe ao crânio para irrigar a parte do encéfalo.
Também irriga o olho e a órbita. Outras regiões da cabeça e pescoço são irrigadas para ramos
da artéria carótida externa.

 Veias aéreas no pescoço


A laringe e a traqueia são anteriores ao trato digestório no pescoço, é possível ter
acesso direto a elas quando as partes superiores do sistema são bloqueadas. Uma
cricotireotomia faz uso da via mais fácil de acesso por meio do ligamento cricotireóideo
(membrana cicrovocal, membrana cricotireóidea) entre as cartilagens cricóidea e tireóidea da
laringe. O ligamento pode ser palpado na linha média e geralmente há pequenos vasos, tecido
conjuntivo e pele, embora ocasionalmente um pequeno lobo da glândula tireoide (o lobo
47
piramidal) está sobre ele. Em um nível mais baixo, pode-se ter acesso cirúrgico às vias aéreas
por meio da parede anterior da traqueia por traqueostomia. Esta via de entrada é complicada
porque grandes veias e parte da glândula tireoide estão sobre esta região.

 Nervos Cranianos

Há doze nervos cranianos, as características que os definem são que saem da


cavidade do crânio através de forame e fissura. Os nervos cranianos inervam estruturas na
cabeça ou no pescoço. Ademais, o nervo vago (X) desce pelo pescoço e vai ao tórax e abdome,
onde inerva as vísceras.

As fibras parassimpáticas na cabeça saem do encéfalo como parte dos quatro nervos
cranianos – o nervo oculomotor (III), o nervo facial (VII), o nervo glossofaríngeo (IX) e o nervo
vago (X). As fibras parassimpáticas pré-ganglionares no nervo oculomotor (III), no nervo facial
(VII) e no nervo glossofaríngeo (IX), destinadas aos tecidos-alvo na cabeça saem destes nervos
e distribuem-se com os ramos de nervo trigêmeo (V).

 Nervos Cervicais

São oito os nervos cervicais (C1 a C8).

 C1 a C7 emergem do canal vertebral acima de suas respectivas vértebras.


 C8 emerge entre as vértebras C7 e T1.
Os ramos anteriores de C1 a C4 formam o plexo cervical. Os principais ramos deste
plexo inervam os músculos infra-hióideos, o diafragma (nervo frênico), a pele nas partes anterior
e lateral do pescoço, a pele sobre parede torácica anterior a pele na parte inferior da cabeça.

Os ramos anteriores de C5 a C8, juntamente com um grande componente do ramo


anterior de T1, formam o plexo braquial, que inerva o membro superior.

48
A faringe é uma câmara comum para os tratos digestório e respiratório.
Consequentemente, a respiração pode ocorrer através da boca, como também do nariz, e
material da cavidade oral potencialmente entra no esôfago ou na laringe

O palato mole, a epiglote e as estruturas de partes moles dentro da laringe atuam


como válvulas para impedir que alimentos e líquidos entrem nas partes inferiores do trato
respiratório.

Durante a respiração normal, as vias aéreas abrem-se e o ar passa livremente através


das cavidades nasais (ou da cavidade oral), faringe, laringe, traqueia. A luz do esôfago está
normalmente fechada, diferentemente das vias aéreas, pois não tem estruturas de sustentação
esquelética para manter-se aberta.

Quando a cavidade oral está cheia de líquido ou alimento, o palato movimenta-se para
baixo e é deprimido para fechar o istmo das fauces, permitindo assim processar alimentos e
líquidos na cavidade oral enquanto respira.

Quando há deglutição, o palato mole e partes da laringe atuam como válvulas para
assegurar o movimento apropriado do alimento da cavidade oral para o esôfago.

O palato mole eleva-se para abrir o istmo das fauces enquanto, ao mesmo tempo,
veda a parte nasal da faringe em relação à parte oral, impedindo que os alimentos e líquidos
subam para a parte nasal da faringe e cavidades nasais.

A epiglote fecha a entrada laríngea e grande parte da cavidade da laringe fica ocluída
por oposição das pregas vocais e dobras das partes moles superiores a ela. A laringe é puxada
para cima e para frente, facilitando o movimento de alimentos e líquidos em torno da laringe
fechada, em direção ao esôfago.
No recém-nascido, a laringe é alta no pescoço e a epiglote fica acima do nível do
palato mole. Os bebês, portanto, conseguem mamar e respirar ao mesmo tempo. O líquido flui
em torno da laringe sem qualquer risco de entrar nas vias aéreas.

 Trígonos Cervicais
49

Os dois músculos (trapézio e esternocleidomastóideo) são envolvidos pela fáscia de


revestimento (constituído por parte do colar cervical esterno) dividem o pescoço nos trígonos
anterior e lateral a cada lado.

Os limites de cada trígono cervical anterior são:

 Limite vertical mediana do pescoço;


 Margem inferior do pescoço;
 Margem anterior do músculo esternocleidomastoideo.

O trígono cervical lateral é limitado por:

 O terço médio da clavícula;


 Margem anterior do trapézio;
 Margem posterior do esternocleidomastóideo.

O trígono lateral situa-se em parte sobre a entrada da axila e associa-se a estruturas


(nervos e vasos) que entram no membro superior e saem dele.

 Anatomia regional
 Crânio

A cabeça tem um conjunto de 22 ossos, excluindo os ossículos da audição. Exceto


pela mandíbula, os ossos são fixados entre si pelas suturas, são imóveis e formam o crânio. O
crânio pode ser subdividido em:
50

 Uma parte superior (calvária e base do crânio) que envolve a cavidade do crânio
contendo o encéfalo (neurocrânio).
 Uma parte inferior – o esqueleto da face (viscerocrânio).

Os ossos que formam a calvária e a base do crânio são o temporal e parietal, que são
pares, e osso frontal, esfenoide, etmoide occipital, que são ímpares.

Os ossos que formam o esqueleto da face são os nasais, os palatinos, os lacrimais, os


zigomáticos, as conchas nasais inferiores, as maxilas, que são pares, e o vômer, que é impar.

 Vista anterior

A vista anterior do crânio inclui a fronte superior e, inferiormente, as órbitas e a maxila


e mandíbula.

 Osso frontal

A fronte consiste no osso frontal, que também forma a parte superior da margem
supraorbital.
O processo zigomático do osso frontal projeta-se inferiormente formando a margem
lateral superior da órbita. Esse processo se articula com o processo frontal do osso zigomático.

 Ossos zigomáticos e nasais

51

A margem lateral inferior a órbita, bem como parte lateral da margem inferior da órbita,
é formada pelo osso zigomático. Pela abertura piriforme estão o par de conchas nasais inferiores
e as Cristas nasais fundidas, formando a parte inferior do septo nasal e terminando
anteriormente como espinha nasal anterior.

 Maxilas

A parte da face superior entre a órbita e os dentes superiores é formada pelo par de
maxila. O processo zigomático de cada maxila articula-se com o osso zigomático e,
medialmente, o processo frontal de cada maxila articula-se com o osso frontal.

Inferiormente, a parte de cada maxila, imediatamente abaixo da margem infraorbital,


está o forame infraorbital.

Cada maxila termina como processo alveolar, que contém os dentes e forma o maxilar
superior.

 Mandíbula

A mandíbula é a estrutura mais inferior, consiste em corpos da mandíbula


anteriormente e ramo da mandíbula posteriormente. Esses se unem no ângulo da mandíbula.
Todas estas partes são visíveis, até certo ponto na vista anterior.
O corpo da mandíbula é dividido em duas partes:

 A parte inferior é a base da mandíbula;


 A parte superior é a parte alveolar da mandíbula.
A parte alveolar da mandíbula contém os dentes. A base da mandíbula tem uma
52
protuberância (a protuberância mentual) em sua superfície anterior, onde dois lados da
mandíbula se unem. Imediatamente lateral à protuberância mentual, a cada lado, é observada
protuberância mais anunciada.

Lateralmente, é visível um forame mentual, a meio caminho entre a margem superior


da parte alveolar da mandíbula e a margem inferior da base da mandíbula. Passando esse
forame e continuando, há uma crista (linha oblíqua), que se dirige da região anterior do ramo
para o corpo da mandíbula. A linha oblíqua é um ponto de fixação para músculos relacionados
com a cavidade oral.

 Vista lateral

A vista do crânio evidencia partes laterais da calvária, e do esqueleto facial, como


metade da mandíbula.

Ossos que formam a parte lateral da calvária, que incluem o frontal, o parietal, o
occipital, o esfenoide e o temporal.

Ossos que formam a parte visível do esqueleto facial incluem o nasal, a maxila e o
zigomático.

 Mandíbula

 Parte lateral da calvária


A parte lateral da calvária (calota craniana) começa anteriormente com o osso frontal
articula-se com o parietal na sutura coronal. O osso parietal então se articula com o osso
occipital na sutura lambdóidea.

Nas partes inferiores da parte lateral da calvária, o osso frontal articula-se com a asa
maior do osso esfenoide, que então se articula com o osso parietal na sutura esfenoparietal e
com margem anterior do osso temporal na sutura esfenoescamosa. 53

A região onde os ossos, frontal, parietal, esfenoide e temporal estão em estreita


proximidade é o ptério (um dos pontos craniométricos). As consequências clínicas de uma
fratura do crânio nesta área podem ser muito graves. O osso nesta área é particularmente fino e
fica sobre a divisão anterior da artéria meníngea média, que pode ser lacerada por uma fratura
do crânio nesta área, resultando em um hematoma extradural.

 Osso temporal

Uma grande contribuição para a formação da parte inferior da parede lateral do crânio
é feita pelo osso temporal, que consiste na sutura esfenescamosa e com o osso parietal
superiormente na sutura escamosa.

O processo zigomático é uma projeção óssea anterior da superfície inferior da parte


escamosa do osso temporal que inicialmente se projeta lateralmente e depois se curva
anteriormente para se articular com o processo temporal do osso zigomático, formando o arco
zigomático.

Abaixo da origem do processo zigomático, que vem da parte escamosa do osso


temporal, está a parte timpânica do osso temporal e claramente visível na superfície desta parte
encontra-se o pro acústico externo, que leva ao meato acústico externo.

A parte mastóidea é a mais posterior do osso temporal, sendo a única região da parte
petromastóidea do osso temporal vista lateralmente do crânio. É contínua com a parte escamosa
do osso temporal anteriormente e articula-se com o osso parietal superiormente na sutura
paretomastóidea e com o osso ocippital posteriormente na sutura occiptomastóidea. Estas duas
suturas são contínuas entre si, a sutura parietomastóidea é contínua com a sutura escamosa.

 Parte visível do esqueleto facial

54

Os ossos da face (viscerocrânio) observados em uma vista lateral do crânio incluem o


nasal, a maxila e o zigomático da seguinte forma:

A maxila: inferiormente, seu processo alveolar contém os dentes; superiormente,


contribui para a formação das margens inferior e medial das órbitas; medialmente seu processo
frontal articula-se com o osso frontal; lateralmente, seu processo zigomático articula-se com o
osso zigomático.

Um pequeno forame (o forame zigomaticofacial) é visível na superfície lateral do osso


zigomático.

 Mandíbula

A estrutura óssea final na vista lateral do crânio é a mandíbula. Inferiormente, em sua


parte anterior, consiste no corpo da mandíbula (anterior), um ramo da mandíbula (posterior) e o
ângulo da mandíbula, onde a margem inferior do corpo da mandíbula se encontra com a margem
posterior do ramo.

Os dentes estão na parede alveolar do corpo da mandíbula, e a protuberância mental e


destaca-se nesta vista.

O processo condilar está envolvido na articulação da mandíbula com o osso temporal.


14 FISIOPATOLOGIA DO ENVELHECIMENTO FACIAL

O envelhecimento facial se deve, basicamente, a alterações degenerativas nas fibras


colágenas e elásticas da derme, diminuição de espessura da epiderme por perda de camadas do
estrato granuloso e espinhoso, onde as células ficam mais achatadas e os espaços 55
intercelulares mais largos, atrofia dos músculos de expressão facial com posterior fibrose,
alteração da arquitetura óssea, geralmente por atrofia, além de perdas de peças dentárias e
diminuição da espessura do panículo adiposo em diferentes partes da face. Esses são os
achados internos que determinam o surgimento de rugas, acentuação de sulco, linhas naturais,
relevos e depressões faciais. Aliados à perda de tonicidade e modificação na coloração da pele,
estas características determinam o envelhecimento esteticamente falando da face do indivíduo.
A ação da força da gravidade é um dos fatores que causa envelhecimento, por
exemplo, na queda das bochechas, no queixo duplo, no aspecto triste que a sobrancelha caída
apresenta.
Outro fenômeno que tem papel importante na gênese do envelhecimento é a radiação
solar. A exposição excessiva, tão caracteristicamente desenfreada na nossa sociedade, é causa
do dano intenso nas células da pele, fazendo com que apareçam rugas, manchas e outras
marcas de envelhecimento.
Fatores genéticos, ou características familiares e raciais, também têm o seu papel no
aparecimento mais ou menos precoce dos sinais de envelhecimento.
Outro dado importante é o crescimento de cartilagens, como por exemplo, no nariz,
com o consequente aumento da projeção e a queda da ponta.
Ganho e perda de peso, na tradicional “gangorra”, contribui para a aceleração do
processo. As pessoas que utilizam muito a expressão facial ao falar também tendem a apressar
o aparecimento de rugas. O fumo também é um fator acelerador do envelhecimento facial.

 Prevenção

As medidas de prevenção incluem os cuidados com a textura da pele, evitar ganho e


perda excessiva de peso, limitar a exposição solar, inclusive utilizando bloqueadores e não
fumar.
 Tratamento

O tratamento dependerá do grau do envelhecimento da pele, do resultado esperado


pelo paciente e de uma criteriosa avaliação médica. Pode variar de tratamentos mais simples,
como peeling superficial, até peeling profundo ou até mesmo cirurgia.
Até agora, o tratamento mais eficaz é a cirurgia, mediante ressecção ou secção dos
músculos, ou por meio do preenchimento com tecidos próprios ou implantes sintéticos. 56
As ressecções, além dos inconvenientes que toda intervenção apresenta, podem
deixar irregularidades na superfície, podem inclusive provocar alterações sensitivas ou motoras
na zona.
A limitação nas técnicas de preenchimento deve-se a que, em curto ou longo prazo, a
persistência da ação dos músculos voltará a provocar as mesmas rugas. Além disso, é
necessário ser bastante cauteloso para não provocar deformações em razão de um
preenchimento excessivo.
Esta técnica pode ser complementada com o laser resufarcing, especialmente nos
casos das rugas finas e profundas, que desaparecem por completo graças a seu efeito
renovador das capas superficiais da pele e aumento da grossura da derme.
A aplicação da toxina botulínica nos músculos coenrugadores (no caso de rugas no
cenho), no músculo frontal (para o caso de rugas na testa) e no músculo orbicular das pálpebras
(para o caso dos pés de galinha), tem um efeito similar ao da cirurgia, porém é menos
traumático.
15 TÉCNICAS DA AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM ESTÉTICA FACIAL

O envelhecimento é um processo natural, progressivo, gradual e irreversível, que


somente pode ser desacelerado. Esse processo é consequência de influências orgânicas,
ambientais, estruturais, funcionais e emocionais. A fonoaudiologia está cada vez mais 57
aprimorando técnicas para a atuação em estética facial a fim de torná-las mais eficazes
promovendo uma face mais harmoniosa. O objetivo é analisar a resolutividade de técnicas
fonoaudiológicas em estética facial.
As técnicas utilizadas na Fonoaudiologia Estética resultam em reequilibrar as funções
estomatognáticas e diminuir marcas na expressão da face.
O aumento da expectativa de vida só vem a contribuir com as exigências do mundo
atual. Viver mais agora significa viver melhor feliz e satisfeito com a autoestima. As marcas de
expressão do rosto já não são mais empecilho para a felicidade.
É uma técnica que visa atenuar rugas, flacidez ou tensão dos músculos faciais, queixo
duplo e bolsas palpebrais por meio da adequação da tonicidade muscular e das funções
orofaciais (respiração, deglutição, mastigação ou fala) quando possível.
Isto é possível por meio da aplicação de técnicas de relaxamento, soltura,
alongamento, exercício de força e resistência nos músculos da face e de uma importante
avaliação inicial da condição muscular do cliente. Essa avaliação também visa detectar possíveis
alterações orofaciais em pessoas com menos de 30 anos.
É indicada para quem procura prevenção, rejuvenescimento e bem-estar, bem como
aperfeiçoamento muscular no pré e pós-cirúrgico.
16 TÉCNICAS EM MEDICINA ESTÉTICA A LASER

O tratamento do envelhecimento facial, denominado genericamente rejuvenescimento


facial, envolve cirurgias, laser e tratamento clínico. As cirurgias para o rejuvenescimento incluem
a ritidoplastia, a blefaroplastia, os lasers ablativos e o transplante capilar. As técnicas do
tratamento clínico, ou ambulatorial, incluem o tratamento tópico cutâneo, métodos esfoliativos 58
químicos, toxina botulínica, preenchimento de tecidos moles, lasers e técnicas de estimulação
dérmica.

Além das técnicas para tratamento facial, apresentamos na sequência as técnicas em


medicina estética mais utilizadas para tratamento corporal.

16.1 TRATAMENTO TÓPICO DOMICILIAR

Também chamado de cosmiátrico, ou condicionamento cutâneo, compreende a


utilização diária de produtos na pele, com o objetivo de melhorar a qualidade da mesma,
incluindo aspecto estético e funcional. A diferenciação entre pele sã, patológica ou com
desequilíbrio é difícil. A combinação de princípios ativos pode ser realizada a fim de reverter
sinais de fotoenvelhecimento, equilibrar a produção do manto hidrolipídico, melhorar sequelas
tais como cicatrizes de acne ou manchas, preparar a pele para procedimentos cirúrgicos ou
esfoliativo, e prevenir o aparecimento de sinais do envelhecimento ou lesões relacionados com a
exposição solar. Pode, portanto, ser indicados em indivíduos adultos de ambos os sexos, a partir
de qualquer idade.
Outros cuidados podem ser tomados, como o uso de produtos adequados para
limpeza, tonificação, hidratação, estímulo e correção do desequilíbrio. Os veículos ou bases são
escolhidos em função do tipo de pele do paciente. Pacientes com pele seca são tratados com
loções ou cremes com características mais hidratantes, enquanto pacientes de pele oleosa ou
mista aceitam melhor veículos com menor quantidade de óleos, tais como loções: oil free ou gel-
creme, gel e serum (líquida).
Exemplo de princípios ativos utilizados há mais tempo são retinoides ou derivados da
vitamina A, alfa-hidróxido-ácidos, antioxidantes, vitaminas C e E, hidratantes (ceramidas, lactato
de amônio, ureia, ácido hialurônico, como a hidroquinona, o ácido Kójico, o arbutin, o ácido fítico,
entre outros).
Os retinoides dentre os quais se destaca a tetroína, ou ácido all-trans-retinoico,
encontram-se na classe de produtos moduladores mais estudados, em razão de possuírem
receptores intranucleares conhecidos, desencadeando diversos tipos de resposta biológica, tais 59
como produção de colágeno, angiogênese, proliferação e diferenciação celular. Exemplos de
substâncias divulgadas recentemente, e que aguardam melhor comprovação quanto aos
resultados clínicos, são o dimetilaminoetanol (DMAE) e o elastinol.
Ao combinar diferentes princípios ativos em um mesmo produto de uso tópico, devem-
se observar a compatibilidade, estabilidade e pH ideal de atuação de cada agente. A escolha dos
agentes e sua concentração são também realizadas de acordo com a faixa etária, o tipo de pele
e as alterações clínicas presentes, tais como: acne, mancha ou telangiectasias.

16.2 ESFOLIAÇÃO QUÍMICA (PEELING) E MECÂNICA

Procedimentos para a esfoliação controlada da pele incluem os “peelings” químicos,


físicos (laser) e mecânicos (dermoabrasão e microdermoabrasão). A escolha do agente de
esfoliação é feita de acordo com a profundidade que se deseja alcançar e a prática do médico.
Peelings químicos compreendem a utilização tópica de agentes cáusticos a fim de
causar necrose de espessura parcial da pele, propiciando restauração por segunda intenção a
partir de anexos cutâneos.
Os peelings químicos podem ser divididos em muito superficiais, médios e profundos,
conforme a profundidade da lesão causada por um determinado agente. Os peelings superficiais
causam necrose da epiderme até a junção dermoepidérmica, e podem com isso estimular a
formação de colágeno na derme papilar superficial. Os agentes mais utilizados são: alfa-
hidroxiácidos (ácido glicólico e mandélico), a tetrinoína, o ácido salicílico e a solução de Jessner.
Os peelings superficiais não são eficientes para melhora de dano actínico severo ou
sequela grave de acne. A realização de peelings superficiais seriados promove aumento da
hidratação, renovação de manto hidrolipídico, diminuição de queratoses actínicas e manchas e
algum grau de melhora de ruga fina. O efeito comedolítico pode promover melhora e prevenção
da acne ativa. Em caso de melasma e manchas, peelings superficiais eliminam parte da
melanina acumulada cronicamente na epiderme e potencializam a penetração de medicação de
uso tópico.
Os peelings de profundidade média, tais como de ácido tricloroacético, atingem a
derme papilar e reticular superficial, enquanto os profundos (fenol) atingem a derme reticular
média. Peelings médio e profundos proporcionam resultados clínicos mais evidentes, porém 60
implicam em maior tempo para restauração cutânea e maior número de complicações, com
hiperpigmentação pós-inflamatória, hipocromia, infecção, herpes simples ou cicatrizes
hipertróficas, devendo portanto ser utilizados somente em situações clínicas específicas.
A microdermoabrasão refere-se à esfoliação superficial por meio do nível epidérmico
por meio de microcristais de óxido de alumínio, impulsionados por uma bomba de vácuo. As
indicações e os resultados são semelhantes aos peelings superficiais. Já a dermoabrasão
clássica, cirúrgica, pode ser realizada nos mesmos casos que os peelings médios profundos, ou
seja, dano actínico severo e sequela de acne.

16.3 LASER

As principais características de um feixe de luz laser são: a monocromaticidade, a


coerência, a colimação, ou seja, todos os fótons se propagam com o mesmo comprimento de
onda, sendo as várias “ondas” paralelas e não divergentes. Tanto os feixes laser de CO2 quanto
o de Erbium-YAG apresentam grande afinidade pela água, causando rápido aumento de
temperatura e vaporização celular. O laser de CO2 provoca maior grau de lesão tecidual
adjacente, mas penetra com menos profundidade na derme, apresentando resultados
comparáveis aos peelings médios.
Laser não ablativo, que não opera com o princípio da fototermólise seletiva, são mais
utilizados com métodos auxiliares. O princípio envolvido é a absorção da radiciação com
comprimento de onda específico por um determinado cromóforoque esteja situado
profundamente na derme, sem lesão da epiderme e da derme ao redor da estrutura-alvo, que
pode ser um pelo, telangiectasias, o pigmento de uma tatuagem, ou manchas hipercrômicas. Os
cromóforos naturais da pele (a água, hemoglobina e a melanina) têm seus espectros de
absorção próprios para cada comprimento de onda. Ao escolher o laser ideal, deve-se optar pelo
comprimento da onda no qual o cromóforo-alvo tenha absorção máxima, enquanto os demais
cromóforos tenham menor absorção. Também se deve lembrar em consideração a profundidade
da estrutura-alvo, que deve corresponder à penetração daquele comprimento da onda na pele. A
duração do pulso do laser é ajustada de acordo com o tempo de relaxamento térmico da
estrutura a ser atingida, pois o aquecimento seletivo do alvo é mais efetivo quando o tempo de 61
fornecimento da energia necessária para sua destruição é menor que a velocidade de
resfriamento do mesmo. Evita-se a lesão das estruturas adjacentes. Exemplo de laser bastante
utilizado é o diodo (comprimento de onda 800-810nm) e o Neodímio –YAG de pulso longo
(1064nm) para epilação, o Neodímio-YAG de frequência dobrada (532nm), o argônio (577nm) e
o de corante (dye-laser-585nm) para lesões vasculares. Tatuagens, dependendo da cor do
pigmento, necessitam de aplicação de diferentes comprimentos da onda, em várias sessões.

16.4 TOXINA BOTULÍNICA

A aplicação intramuscular da toxina botulínica, produzida pela bactéria anaeróbica


gram-positiva Clostridium botulinium bloqueia a liberação de acetilcolina na placa neuromotora,
resultando em paralisia muscular flácida, mas reversível espontaneamente no prazo de três a
seis meses. Tem sido indicada no tratamento das rugas dinâmicas glabelares, frontais e
periorbiculares. A paralisação da musculatura desta região, por atuar na causa, pode reverter
rugas estéticas em fase inicial, principalmente em pacientes que concomitantemente estejam
realizando condicionamento cutâneo. Outros efeitos obtidos após aplicação de toxina botulínica
incluem suavização das bandas platismais ou rugas periorais e controle de hiperidrose palmar,
axilar ou plantar.
16.5 TÉCNICAS DE PREENCHIMENTO

O preenchimento de tecidos moles é opção para tratamento de rugas estáticas, sulcos


profundos, lábios hipotrofiados ou sequelas de acne. Há tempos os cirurgiões realizam enxertos
autógenos a fim de aumentar o volume dos tecidos moles faciais, destacando-se os enxertos de
gordura lipoaspirada, enxerto dermogordurosos ou da gálea. Os tecidos autógenos têm a 62
desvantagem de sofrerem reabsorção variável, podendo evoluir com irregularidades, além da
morbidade da área doadora. No preenchimento facial podem ser utilizados implantes de origem
biológica ou materiais aloplásticos. Os implantes de origem biológica são absorvíveis, podendo
ser citados o colágeno bovino (xenoenxerto), derme alógena acelular liofilizada e materiais
obtidos por bioengenharia por meio da fermentação bacteriana (ácido hialurônico). Este último
praticamente substituiu o uso do colágeno bovino, pois trata-se de glicosaminoglicana universal,
comum a todas as espécies animais e tecidos. É estabilizado a fim de aumentar a durabilidade
na derme por até 18 meses, entretanto os resultados clínicos geralmente involuem antes deste
prazo. O número de complicações é baixo, porém existe a necessidade de reaplicações
freqüentes.
Reações alérgicas ou granulomas tardias (após seis a oito semanas), com uso de
ácido hialurônico estabilizado, são raras. Preenchimento de qualquer natureza (autólogo,
temporário ou definitivo) no terço superior da face, especificamente na região glabelar podem
evoluir com embolia ou cegueira.
Materiais biocompatíveis podem ser implantados por técnica injetável, a maioria na
classe de polímeros. Podem citar, na classe dos inabsorvíveis, o polimetilmetacrilato,
poliacrilamidas e até mesmo o silicone, ou polidimetilsiloxano. Polímeros absorvíveis, como o
ácido polilático, também são utilizados por via injetável para preenchimento, necessitando mais
de uma sessão. Os polímeros injetáveis podem evoluir com formação de granulomas, nódulos,
reação alérgica, celulite, migração e reação de corpo estranho, às vezes, anos após o
procedimento.
Implantes sólidos, como autógeno dermogorduroso, politetrafluoretileno (PTFE), ou
derme alógena, são introduzidos por meios de pequenas incisões. Em razão da mobilidade, o
preenchimento definitivo dos lábios com implantes sólidos tubulares de (PTFE), apresenta taxa
de até 15% de complicações contra 5% de complicações observadas no preenchimento do sulco
nasogeniano. Complicações compreendem seroma, granuloma piogênico, extrusão e migração
do implante, diferente das complicações observadas com implantes definitivos injetáveis, que
são irreversíveis, em razão da impossibilidade de remoção completa das partículas.
A variedade de substâncias de preenchimento definitivo tem causado outro tipo de
complicação, decorrente de implantação de materiais diferentes no mesmo local, provocando
reações variadas em razão da falta de compatibilidade entre as mesmas.
63

16.6 INTRADERMOTERAPIA

É uma técnica que visa promover a estimulação dérmica e subdérmica. Há esquemas


de tratamento específicos para obtenção de lipólise, melhora na circulação na paniculopatia
edematofibroesclerótica (“celulite” ou PEFE), produção de matriz dérmica em casos de estrias ou
flacidez facial, entre outras indicações. O número de publicações científicas relacionadas com o
assunto é pequeno. Medicamentos e substâncias variadas são injetados em pequenas
quantidades em nível dérmico ou subdérmico, por meio de múltiplas punturas, em séries de
sessões. O objetivo de utilizar esta injeção é aproveitar a absorção mais lenta proporcionada
pela menor vascularização local quando comparadas a injeções intramusculares. Assim, seria a
ação localizada de drogas utilizadas, diminuindo a ocorrência de efeitos colaterais sistêmicos. As
intercorrências mais comuns são reação alérgica e infecção, porém sabe-se de raros relatos de
necrose focal.

16.7 TÉCNICAS PARAMÉDICAS

O médico supervisiona procedimentos realizados por profissionais: esteticista,


fisioterapeuta e enfermeiro. A drenagem linfática manual consiste em uma sequência de
movimentos suaves com os quais os profissionais delicadamente promovem o aumento da
drenagem linfática, seguindo o sentido de vasos linfáticos e dos linfonodos e assim facilita a
absorção do edema intersticial. É indicada na recuperação de pacientes em pós-operatório,
linfedema e no controle de PEFE. São contraindicadas: neoplasias não tratadas, insuficiência
cardíaca, infecções e broncoespasmo agudo.

64
17 MASTIGAÇÃO E MORFOLOGIA CRANIOFACIAL

É a função mais importante do sistema estomatogn ático, sendo a fase inicial do


processo digestivo, que se inicia na boca. O conjunto de fenômenos estomatognáticos que visa à
degradação mecânica dos alimentos, isto é, a trituração e moagem dos alimentos, degradando 65
em partículas pequenas, que logo após se ligam entre si pela ação misturadora da saliva,
obtendo o bolo alimentar, apto para ser deglutido.
O estudo dos movimentos mastigatórios mostra que eles são cíclicos, coordenados e
que mostram grande variabilidade, que depende entre outras coisas de condições intraorais.
Tais movimentos não são puramente mecânicos, pois se encontram submetidos a um delicado
sistema de controle com seus correspondentes sistemas de retroalimentação que possibilitam
sua eficiência. No sistema nervoso central existe um mecanismo de controle da mastigação que
integra a informação proveniente de áreas diversas que ativa os músculos apropriados no
momento preciso com o objetivo de produzir um grau adequado de contração e relaxamento.
A mastigação é coordenada por neurônios localizados no complexo sensomotor
trigeminal, localizado no tronco encefálico. A maior parte da informação provém da região
orofacial, transcorre por aferentes trigemiais, enquanto os principais músculos mastigatórios são
controlados pelo núcleo motor trigeminal. Outros núcleos motores e outros nervos sensoriais
estão envolvidos. O núcleo hipoglosso controla a musculatura lingual, o núcleo motor facial
controla os músculos da face e lábios. A informação sensorial nascida na cavidade oral
transcorre também nos pares craniais VII, IX, X.
A informação sensorial e as ordens motoras devem ser corretamente interconectadas
com o objetivo de que a mastigação seja algo coordenado pelo que para compreensão do
mecanismo de mastigação, faz-se necessário conhecer anatomia e fisiologia das tais conexões.
As características morfológicas definidas pelo processo de crescimento e
desenvolvimento craniofacial são na maioria dependentes de componentes genéticos e
ambientais. A importância de cada um desses componentes é variável, dependendo da
característica em questão, sendo que a influência genética pode ser mais importante para
algumas, enquanto a ambiental para outras. Por isso é imprescindível que o cirurgião-dentista
clínico atualizado em conhecimento tenha conhecimento das bases genéticas humanas para
poder acompanhar seus progressos, atuais e futuros, tanto na área clínica quanto em pesquisas
moleculares realizadas em laboratórios. Assim, será possível ter um maior poder de
discernimento quanto às reais possibilidades de contribuição dos avanços dessa área clínica
diária.
As características morfológicas, tais como inúmeras medidas utilizadas para descrever
a forma da face, da mandíbula e da maxila, são resultado de uma vasta rede de processos
interativos, hierárquicos, bioquímicos e de desenvolvimento. Os genes são pleiotrópicos,
capazes de influenciar muitas características morfológicas. Uma mutação deletéria, apesar de 66
produzir um único efeito em nível molecular, pode resultar em uma síndrome repleta de
anomalias morfológicas. A hierarquia reversa existe, isto é, as características morfológicas
geralmente dependem da ação de muitos genes diferentes.
Muitos genes já foram identificados como tendo papel importante no desenvolvimento
complexo craniofacial. A maior parte das anomalias craniofaciais não tem características
monogênicas, ou seja, é definida apenas por um gene. Apresentam penetrância incompleta, que
é a ausência de expressão fenotípica em uma porcetagem de indivíduos que apresenta um dano
genótipo. A variação na penetrância pode ser ocasionada por vários motivos, em especial pela
interação do gene em questão com outros genes e pela influência ambiental. Porém, ainda falta
identificar o papel preciso de cada um e quais as interações que ocorrem entre eles e com o
ambiente. Várias malformações do crânio, face, dos ossos maxilares e dentes têm sido sua
etiologia ligada, de alguma maneira, a fatores genéticos. Exemplos: craniosinostose,
microssomia hemifacial, displasia ectodérmica, displasia cleidocraniana, fissuras palatinas,
prognatismo mandibular, anodontias, amelogênese e dentinogênese imperfeita.
Os desafios para tratamentos clínicos dos problemas craniofaciais são muitos:
diagnósticos precisos, previsões de crescimento, efetividade nos tratamentos, estabilidade nos
resultados dos tratamentos e aconselhamentos genéticos em muitos casos. O sucesso para
gerenciar tamanhos desafios depende da compreensão dos mecanismos genéticos básicos do
crescimento e desenvolvimento craniofacial. De acordo com a literatura, os fatores genéticos são
claramente predominantes durante a morfogênese craniofacial embriológica, enquanto o
ambiente é o principal fator quando se considera a morfologia dentofacial pós-natal,
particularmente durante o crescimento da face.
O complexo craniofacial apresenta um potencial intrínseco de crescimento, mas é
suscetível a condições biomecânicas ambientais. É altamente provável que em pacientes que
apresentam distúrbios no processo normal de crescimento e desenvolvimento craniofacial, estas
condições possam ser precipitadas pela herança de genes que predisponham aquela morfologia
craniofacial alterada.

67
18 AVALIAÇÃO DO TÔNUS MUSCULAR

A face revela o íntimo de nossa expressão e é a parte essencial da comunicação


humana. A falta de movimentos e de expressões de um dos lados da face, assim como as
alterações no modo de falar e, sobretudo a impossibilidade de usar a mímica facial, é um dos
68
desfiguramentos mais flagrantes. Além disso, a importância cada vez maior que a sociedade dos
tempos atuais dá à estética relaciona-se diretamente com a aparência facial, pois a face é o local
onde mais nos expomos ao meio e os seus traços marcam a nossa individualidade.

Todo esse movimento acha-se diretamente ligado à psique do indivíduo, já que


qualquer alteração na mímica e na aparência da face causa problemas psíquicos de extrema
importância. Essa interação psicossocial só se torna possível através da integridade do nervo
facial com a musculatura cutânea da face.
A movimentação voluntária e o tônus da musculatura da boca revestem-se de extrema
importância, quer na alimentação, quer na ingestão de líquido; a perda dessa função acarreta
terríveis dificuldades ao processo alimentar.
O nervo facial, VII par craniano, é um nervo misto, sendo 80% de suas fibras motoras.
No assoalho do quarto ventrículo, ele tem o seu núcleo de origem, onde descreve um trajeto
circular em torno do núcleo motor ocular externo e em companhia do intermédio (wrisberg) e do
acústico atravessam a região do ângulo pontocerebelar dirigindo-se ao meato acústico interno,
onde no fundo deste penetra em um canal ósseo conhecido como canal de Falópio.

18.1 INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA

De acordo com Junqueira (1998), a avaliação é o ponto de partida para qualquer


trabalho mioterápico e pode ser comparada à montagem de um quebra-cabeça, que ao juntar
cada parte formará o diagnóstico, permitindo que o fonoaudiólogo possa traçar um plano
terapêutico adequado às necessidades do paciente.
Na avaliação de um paciente, realiza-se uma anamnese e uma avaliação de
mobilidade e tônus na musculatura por meio do exercício isométrico e isotônico como
movimentos de elevação do nariz, protusão e estiramento dos lábios, função da mastigação,
sistema fonêmico.
No processo terapêutico são usados exercícios isométricos e depois passam a ser
utilizados exercícios isotônicos, realizados na frequência de uma vez ao dia em casos idiopáticos
e duas vezes ao dia em casos traumáticos e iatrogênicos.
Os exercícios usados durante a avaliação também são utilizados no tratamento,
alternados com massagens da musculatura e algumas orientações para estimular o lado 69
paralisado.
Tessitore (1995) propõe uma abordagem mioterápica com estimulação de pontos
motores da face, produzindo efeitos com a diminuição da contratura e melhorando a circulação
sanguínea e a oxigenação de tecidos. Além de estimular a musculatura orofacial, utiliza
massagens que envolvem alongamentos (isometria) ativos e passivos, aumenta e propicia a
sensopercepção de cada músculo envolvido, modificando o tônus muscular e assim buscando o
equilíbrio miofuncional.
Na musculatura facial realiza manobras de deslizamento, movimentos circulares, de
soltura tapping, trabalhando com estímulos proprioceptivos, a princípio dentro da tolerância do
paciente, aprofundando com a evolução do tratamento.
Durante a mastigação contraem-se coordenadamente os grupos musculares, sendo os
mastigatórios os mais destacados, embora também sejam fundamentais os músculos da língua e
os faciais, especialmente o bucinador e orbicular dos lábios.
19 MASSAGENS

A nossa pele é nosso órgão mais externo, por isso está mais suscetível às agressões
do meio externo. A exposição a raios ultravioletas em horários de maior intensidade, a poluição
do ar, maus hábitos alimentares e o envelhecimento originam prejuízos à saúde e beleza da 70
pele.
Dessa forma, estar consciente dos agentes agressores que podem prejudicar a pele e
adotar medidas corretas de proteção contra eles são noções que devem ser assimiladas por
quem quer aspirar a uma aparência jovem e saudável por muitos anos.
O contato da pele com os agentes climáticos é em si mesmo benéfico, tornando-se
uma forma de agressão apenas quando a exposição a eles é desproporcional em intensidade
e/ou duração. A nossa pele não promove uma barreira absoluta contra os raios ultravioletas, já
que certa quantidade dessa radiação é indispensável à produção de vitamina D no organismo e
para manutenção dos níveis de cálcio no nosso corpo. Em quantidades superiores aos limites de
resistência, porém, podem produzir efeitos indesejáveis acumulativos como: ressecamento,
rugas, descamação, rupturas irreversíveis de vasos sanguíneos superficiais, manchas, sardas e
queimaduras de várias intensidades, chegando ao câncer.
As peles mais sujeitas à ação negativa do sol são geralmente finas e delicadas, como
a infantil e a pele seca, quer por desidratação, quer por produção insuficiente das glândulas
sebáceas. A exposição ao sol deve ser gradativa, em períodos de duração crescente (15 a 30
minutos, aumentadas aos poucos). Há necessidade de uso de cosméticos protetores próprios.
Não se deve expor ao sol entre 10h30 e 14h30, quando há predomínio das radiações
ultravioletas do tipo B.
A desidratação é uma marca típica do envelhecimento da pele e resulta de uma
significativa diminuição da atividade das glândulas sudoríparas, dos ovários e dos testículos. A
par da gradual degeneração dos tecidos da derme, que acarreta uma diminuição do tônus e da
elasticidade da pele, torna-se menos intensa a irrigação sanguínea. A partir daí a superfície da
cútis mostra-se vincada por sulcos e dobras de maior ou menor profundidade – as rugas, marca
registrada na velhice.
19.1 MASSAGEM ESTÉTICA FACIAL

Para auxiliar na melhoria do aspecto e saúde da face, é amplamente utilizada


massagem estética facial. Esta tem por objetivo a atenuação de rugas e sinais de expressão e
diminuição da flacidez. Para obterem-se os resultados é necessário que sessões periódicas
sejam realizadas e gradativamente o efeito rejuvenescedor da massagem será perceptível. 71
A massagem na face deve ser de forma leve e suave, sempre considerando o sentido
das manobras em função da disposição das fibras musculares e circulação linfática. A utilização
de cosméticos também é uma forte aliada à massagem na busca pelo reequilíbrio das
propriedades posturais da pele.

19.2 PROTOCOLO DE MASSAGEM ESTÉTICA FACIAL

 Inicia-se o trabalho realizando deslizamento de cima para baixo no pescoço.


 Em seguida, na região abaixo da linha da mandíbula (papada) faz-se deslizamento
do centro para as laterais.
 Na face realiza-se o deslizamento em todo o rosto (observando o sentido da fibra
muscular e circulação linfática).
 Em seguida, serão realizados movimentos de fricção, desde o queixo até a testa.
 Na região dos olhos, deslizamentos com o polegar são realizados no músculo
orbicular do olho (de fora para dentro, desta forma esta manobra é bastante
eficiente para caso de olheiras).
 Em seguida, são utilizados movimentos deslizantes com os dedos a fim de elevar
as pálpebras, um pequeno amassamento, também pode ser feito nas sobrancelhas.
 Finaliza-se a sessão com movimentos tonificantes faciais, pequenos tapinhas são
dados principalmente na região da papada e pinçamentos suaves pode ser feitos
em toda a face. Essa última manobra irão aumentar consideravelmente o aporte
sanguíneo local gerando uma acentuada melhoria de nutrição celular, tendo ação
também sobre as fibras contráteis musculares agindo, pois como tonificante facial.
Alguns pontos na face foram descritos como sendo favoráveis à beleza e vitalidade da
face. Os principiais localizam-se:

 no centro das sobrancelhas;


 nas laterais dos olhos;
 no centro abaixo dos olhos;
 nas maçãs do rosto; 72
 no centro acima do lábio superior e inferior.

Pressões de cinco segundos, podendo ser repetida até três vezes, irão estimular estes
pontos auxiliando ainda mais no tratamento de revitalização e rejuvenescimento facial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sugere-se a atuação do fonoaudiólogo no restabelecimento funcional e estético. Os


indivíduos aderem facilmente ao tratamento, realizando com frequência e relatando sensações
de bem-estar e relaxamento. Melhoras na musculatura facial são observadas. 73
Os resultados obtidos quando com o tratamento permitem concluir que a realização
sistemática dos exercícios favorece a diminuição de rugas, marcas de expressão e flacidez facial
em todos os indivíduos, com variação do grau e localização da melhora.
Não existe consenso à volta do conceito da beleza. Se há quem veja a beleza física
como essencial, para outros a beleza espiritual vem em primeiro lugar. E como dizem: quem
ama o feio bonito lhe parece.
Sendo por muitos, considerada como uma percepção caracterizada pelo que é
agradável aos sentidos, será justo falar em beleza só na vertente física? Não. Beleza é tudo
aquilo que nos agrada. Um rosto bonito, um livro, um sorriso, uma noite fria de inverno em frente
a uma lareira, etc.
A real beleza é aquela que vem de dentro, a beleza da alma e do espírito.

Ame-se, cuide-se, respeite-se!


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