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1. RESPIRAÇÃO
As queixas mais comuns trazidas pelos pacientes que respiram pela boca, referem-se
a falta de ar ou insuficiência respiratória, cansaço rápido nas atividades físicas, dor nas
costas ou musculatura do pescoço (Farah e Tanaka, 1997), diminuição de olfato e ou
paladar, halitose, boca seca, acordar muito durante a noite engasgado, dormir mal, sono
durante o dia, olheiras, espirrar saliva ao falar, dificuldade de realizar exercícios físicos como
correr, jogar bola, etc. (Marchesan, 1998). As alterações mais comuns de ex-respiradores
orais são, em geral, problemas oclusais, posturais e de má função dos órgãos fono
articulatórios (Subtelny, 1980 e Mc Namara, 1981).
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Como se pode perceber pelos itens levantados anteriormente, vários deles podem
interferir na atenção do indivíduo. Imaginem uma criança que respira pela boca, e por esta
razão, dorme mal todas as noites. No dia seguinte, quando a professora pede silêncio
durante suas aulas, aquela criança que dormiu mal durante a noite, e agora tem que ficar
quietinha prestando atenção começa a cochilar na sala de aula.
Como aprender com sono? Como prestar atenção quando seu nariz está entupido
constantemente? Como se organizar para aprender quando se espirra com freqüência?
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- deglutição atípica com ruído, projeção anterior da língua, contração exagerada de orbicular,
movimentos de cabeça
- fala imprecisa com articulação trancada e excesso de saliva; fala sem uso do traço de
sonoridade pelas otites freqüentes com alto índice de ceceio anterior ou lateral
- voz com hiper ou hiponasalidade, ou rouca
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o respirador oral tem uma oxigenação diminuída preferindo, portanto atividades que não
exijam grandes esforços físicos.
Como pudemos observar as causas das alergias variam e nem sempre são fáceis de
serem identificadas assim como tratadas.
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todos os problemas causados pela respiração oral e ainda as conseqüências destes
problemas.
2 – FALA
A fala é o ato motor que expressa a linguagem. É um processo complexo que envolve
o sistema neuromuscular. Isto significa que a fala depende da integridade da área de Broca,
do córtex motor suplementar, do córtex motor primário, dos tratos piramidal e extra piramidal,
dos núcleos sub-corticais, do tronco cerebral, do cerebelo e dos nervos encefálicos e
espinais. O sistema nervoso, composto por todas estas estruturas, comanda os músculos
que por sua vez produzem os sons isolados ou em seqüência. O volume do fluxo e a pressão
do ar, além da ressonância, também são fundamentais para a produção da fala. Finalizando,
ainda estão envolvidos na produção da fala, os lábios, a língua, as bochechas, o palato mole,
os dentes, a mandíbula, a faringe, a laringe e os músculos da respiração.
Tudo isto é para iniciar dizendo, que sabemos muito bem, que sem linguagem não há
fala, mas que sem todas as estruturas anteriormente citadas, não há fala, e que podemos
estudar a fala independente da linguagem. Em geral nas alterações motoras da fala
encontramos problemas com a respiração, a fonação, a ressonância, a prosódia e com a
articulação dos fones.
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sim fundamentalmente no lábio superior, na maxila e no palato. Por último, tudo que não
tinha causa neurológica evidente, ou não apresentava alteração anatômica, era colocado nas
dislalias que quer dizer alteração da fala. Neste tipo de classificação ficava difícil diferenciar
as alterações de fala de origem fonológica, ou seja, por problemas de linguagem, onde o que
deve ser trabalhado é a linguagem, das alterações de fala, por exemplo, de origem oclusal,
onde o trabalho é muito mais de ordem fonética. Neste último caso o terapeuta vai organizar
melhor o ponto de colocação do fone alterado.
Segundo Zorzi (1998), as alterações de fala podem ser mais bem compreendidas se
as classificarmos como distúrbios fonológicos, distúrbios neurogênicos e alterações músculo-
esqueletais.
Após esta breve explicação sobre as possíveis causas das alterações de fala e sua
classificação, gostaríamos de comentar que, independente da causa que levou ou está
levando a uma alteração articulatória, quais são os problemas mais comuns de quem fala
errado, e como isto poderia estar influenciando na aprendizagem, mesmo quando o problema
é apenas de origem músculo-esqueletal.
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São muitos os fatos associados com as alterações de fala. Poderíamos citar alguns
sentimentos ou reações comuns por parte de quem ouve aquele que fala apresentando
inadequações: impaciência, rejeição, gozação, imitação, dificuldade de compreensão
gerando confusão, embaraços e pena dentre outros. Por sua vez quem fala errado, também
apresenta sentimentos ou reações que podem gerar alterações no convívio social como:
ansiedade, auto-estima baixa, exclusão, desconforto, insegurança e frustração.
Evidentemente se alguns destes sentimentos estão presentes no indivíduo que fala
errado, ou se algumas das reações citadas estão presentes em quem convive com quem fala
errado, pode-se gerar uma dificuldade de aprendizado pela simples razão da exclusão, que
muitas vezes não é explicitada dentro do grupo.
Conversar com adultos que sempre falaram errado, e que foram excluídos, ou se auto-
excluíram dos grupos a quem pertenciam, pode nos dar uma idéia mais precisa do que é
falar errado, mesmo quando a alteração é pequena para nossos ouvidos. Relatos destes
pacientes nos mostram a importância da correção o mais precoce possível. Dificuldades de
encontrarem emprego, não por falta de competência, mas acima de tudo pela sensação de
serem menos, já é um bom ponto de partida para que prestemos a máxima atenção, mesmo
nos pequenos desvios encontrados na fala. Muitas vezes estamos acostumados a nos
preocupar apenas com as omissões ou substituições, pois estas parecem ser mais
perceptíveis dos que as distorções e imprecisões articulatórias. Mas, são as distorções e
imprecisões que mais afastam o sujeito do seu meio. Quando existe uma omissão ou
substituição em geral é mais simples a resolução do problema, mas quando aparecem sons
distorcidos, é um sinal de que o indivíduo percebeu que o som não estava sendo produzido
adequadamente, tentou uma aproximação do correto, sendo que provavelmente seu esforço
foi grande, no entanto, por mais que tentasse não conseguiu atingir a produção correta do
som. As imprecisões são piores, pois elas não atingem um som ou uma categoria de sons,
em geral elas prejudicam a fala como um todo. Independente de como é a alteração
encontrada, a correção deve ser realizada o mais precocemente possível, para que padrões
não sejam fixados, dificultando não só a correção e instalação de um novo padrão, mas
acima de tudo, dificultando a automatização da maneira correta de falar.
Uma frase ouvida em uma de nossas sessões de terapia dita por um garoto de 12
anos com um pequeno distúrbio neuromotor, o qual atingiu duramente sua fala sem nenhuma
alteração em sua linguagem, pode sintetizar e representar muito melhor o que estamos
querendo dizer, ao invés de inúmeras explicações sobre as dificuldades as quais, quem fala
errado, encontra na escola.
João explicando para mim em resposta à minha pergunta do por que a cada dia que
passava ele estava falando menos, e pior, respondeu: “... eu estou falando, mas meus
amigos não estão me entendendo, então eu chamo a professora, mas às vezes, ela também
não me entende, então se eu estiver no meio da turma eu não consigo colocar a minha
opinião e é por isso, que eu me fecho no meu mundo.”
Para terminar, gostaríamos de colocar que problemas aparentemente menores, como
“apenas respirar pela boca” ou “apenas falar meio enrolado”, podem levar a grandes
problemas na escola ou na vida futura, portanto é de nossa responsabilidade como agentes
da saúde e da educação, estarmos bem informados, não só dos grandes problemas que
causam dificuldades de aprendizagem, mas também, dos pequenos, os quais apesar de
menores, podem deixar grandes seqüelas.
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REFERÊNCIAS
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1990.
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– Fundamentos em Fonoaudiologia: aspectos clínicos da motricidade oral. Guanabara-
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