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 Pergunta 1

1 em 1 pontos
Alguns estudos sobre fenômenos de mudança no Português
brasileiro mostram que a forma “a gente” originou-se de um
substantivo, “gente”, que, ao assumir, em certos contextos
discursivos, determinados valores, passou a fazer parte de outra
classe, a dos pronomes. Trata-se, pois, de um caso de
gramaticalização, que, grosso modo, ocorre quando um item lexical
se torna um item gramatical, ou quando itens gramaticais se tornam
ainda mais gramaticais. Um desses estudos indica que, ao longo do
tempo, o substantivo “gente” foi perdendo a especificação de
número e de certas propriedades sintáticas e ganhando traços de
pronome.
Considere dois grupos de exemplos relativos aos traços de número
e ao arranjo sintático.
Grupo A
1a. Quem viu o mundo como eu vi, viu as gentes como eram.
2a. E sua gente foi com ele.
3a. Esta gente anda não se sabe para onde.
4a. Todas as gentes da aldeia ficaram arrasadas.
 
Grupo B
1b. E hoje a gente mora junto, por assim dizer.
2b. A gente pegou a estrada.
3b. A gente vai mudar as nossas coisas para outro lugar.
4b. O que a gente comia muito lá é sanduíche e sopa.
 
Considerando o texto e os grupos de exemplos apresentados,
assinale a opção correta.
Resposta b. 
Selecionada:
Quanto à flexão de número, os dados do grupo B
não trazem casos de “gente” flexionados.
 Pergunta 2
1 em 1 pontos
Leia o fragmento do romance “Triste fim de Policarpo Quaresma”,
de Lima Barreto, publicado em 1911:
 
Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele
fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios?
Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a
felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O
importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das
coisas do tupi, do folclore, das suas tentativas agrícolas... Restava
disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!
O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e
levou-o à loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras
não eram ferazes e ela não era fácil como diziam os livros. Outra
decepção. E, quando o seu patriotismo se fizera combatente, o que
achara? Decepções. Onde estava a doçura de nossa gente? Pois ele
não a viu combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros,
inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção, uma
série, melhor, um encadeamento de decepções.
A pátria que quisera ter era um mito; um fantasma criado por ele no
silêncio de seu gabinete. BARRETO, L. “Triste fim de Policarpo
Quaresma”. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8
nov. 2011.
 
Agora, observe a capa da adaptação em HQ dessa obra:

Fonte: (LOBO; AGUIAR, 2010, capa).


 
No fragmento destacado, a reação do personagem aos
desdobramentos de suas iniciativas patrióticas evidencia que:
Resposta c. 
Selecionada:
A construção de uma pátria a partir de elementos
míticos, como a cordialidade do povo, a riqueza do
solo e a pureza linguística, conduz à frustração
ideológica.
 Pergunta 3
1 em 1 pontos
“Jubiabá”, de Jorge Amado, é outra obra brasileira adaptada em
histórias em quadrinhos. O texto adaptado conta a história de
Balduíno, um menino pobre, negro, que nasceu em Salvador no
início do século XX, enfrentando as dificuldades da miséria e de sua
origem étnica. Amparado por Pai Jubiabá, o pai de santo que
cuidava dos fiéis do Morro do Capa Negro, Baldo, após perder a tia
que o criava, é levado a viver com uma família branca e abastada,
fora do morro. Na adolescência, comete o “crime” de se apaixonar
pela jovem filha de seus “benfeitores”, é posto na rua, entra na
marginalidade para sobreviver. Mas Baldo cresce, transforma-se em
um vitorioso lutador de boxe, estivador do Cais do Porto, grevista
consciente dos direitos dos trabalhadores. Nesse meio tempo, faz
muitos amigos e inimigos, ama, trai e é traído, aprende bastante
com Hans, seu amigo marinheiro. Preste atenção na capa da HQ da
obra de Jorge Amado e indique a alternativa falsa:
 

Fonte: (SPACCA, 2009, capa)


Resposta b. 
Selecionada:
Em tom verde-limão ilumina-se a rua por onde
caminha Baldo, abraçado a seu amor. A cor verde-
limão é criada pela luz da lua e simboliza a
desesperança do personagem Baldo.
 Pergunta 4
1 em 1 pontos
Para os funcionalistas, o processo de gramaticalização é um
processo de regularização do uso da língua. Assim, itens que fazem
parte do léxico e construções sintáticas passam a ser utilizados com
novas funções gramaticais.
Considerando esse ponto de vista, leia as afirmativas a seguir:
I - Um aluno diz: ENTENDI TODA A EXPLICAÇÃO DO PROFESSOR:
ENTENDI é exemplo de marcador discursivo.
II - Alguém tem UM BARCO DE OITENTA PÉS: nesse uso de PÉS,
temos uma metáfora e, portanto, um marcador discursivo.
III - Meu amigo diz: EU NÃO QUIS COMPRAR A ROUPA, SABE?: temos
em SABE? um marcador discursivo.
É correto o que se afirma em:
Resposta Selecionada: c. 
III.
 Pergunta 5
1 em 1 pontos
A seguir, a capa da adaptação em quadrinhos da obra “Os sertões”,
de Euclides da Cunha:

 
Fonte: (FERREIRA;ROSA, 2010, capa)
 
Sob a perspectiva de um aspecto visual, pode-se afirmar:
I - A imagem da capa é significativa quanto ao uso das cores. A
paleta escolhida para a apresentação do volume reúne amarelo,
vermelho, roxo, marrom e preto. São cores fortes, que fecham a
imagem.
II - Há uma remissão imediata ao universo sertanejo: o marrom e o
vermelho terroso lembram o chão gretado pela seca; o roxo e o
preto na roupa do Conselheiro remetem a rituais religiosos católicos
de luto; o amarelo ao fundo aponta para o entardecer quente do
sertão, ao sol que se põe.
III - A cor é um instrumento de comunicação, sua escolha se propõe
a um contato entre o repertório de conhecimentos e saberes do
sujeito que a usa e do sujeito a quem seu uso se destina. Assim, o
uso parcial do preto nessa imagem da capa, em situação de sombra,
conduz a leitura da cena para o mistério, para um mundo inóspito.
Resposta Selecionada: d. 
Todas as afirmativas estão corretas.
 Pergunta 6
1 em 1 pontos
Texto I
O termo “adaptar” está presente, hoje, em muitos setores da vida
das pessoas: na adaptação escolar de uma criança, na adaptação de
um romance para um filme ou na adaptação de objetos,
instrumentos ou textos literários para outros destinatários que não
os originais. Segundo o dicionário Aurélio, adaptar significa “ajustar,
acomodar, adequar”. [...] Essa adequação de comportamentos,
objetos, instrumentos ou textos, de uma maneira geral, configura
uma prática problematizada, porque, justamente, envolve dois
sujeitos: “o que faz” e aquele “para quem se faz”, dados os
diferentes pontos de vista do “emissor” e do “receptor” do produto
final. A preocupação primeira do sujeito adaptador deverá ser a de
assumir o lugar do outro, a fim de melhor executar sua tarefa. Essa
postura, no entanto, nem sempre é garantia de um resultado final
satisfatório para o público-alvo. [...] No entanto, o artifício pode
configurar uma solução, à medida que faculta à criança o acesso a
objetos ou artefatos não destinados, inicialmente, a ela.
BÖHM, G.H. Peter Pan para crianças brasileiras: adaptação de Monteiro
Lobato para a obra de James Barrie. In: CECCANTINI, J.L. (Org.) “Leitura e
Literatura infantojuvenil: Memória de Gramado”, São Paulo: Cultura
Acadêmica. Assis: ANEP, 2004, p.58-71.
 
Texto II
E foi, provavelmente, no bojo de um de seus projetos previamente
combinados com Octales, da Companhia Editora Nacional, que, em
1936, [Monteiro Lobato] lança seu D. Quixote das crianças. Nesse
livro, encontra-se um projeto de leitura, de tradução e adaptação. E
o leitor de hoje — em particular, o educador preocupado com
questões de leitura — pode encontrar, nesse Quixote, respostas
para questões que permeiam seu dia a dia escolar e que abrangem
desde a crucial pergunta “que livro indicar?” até a questão de os
clássicos serem ou não adequados a tal ou qual faixa etária.
LAJOLO, M. “Do mundo da leitura para a leitura do mundo”. São Paulo:
Ática, 1994, p. 97 (com adaptações).
 
Considerando os textos I e II, avalie as seguintes afirmações:
I - Os textos literários, quando adaptados para se adequarem ao
leitor iniciante, revelam o caráter didático e utilitário que os liga a
um ramo específico do conhecimento (valores morais, tópicos
gramaticais, fatos históricos, entre outros).
II - A existência de um projeto ficcional levado a termo pelo autor
que se propõe efetuar a adaptação de um texto literário pode dotar
a adaptação de uma função mediadora na formação de leitores.
III - O processo de adaptação, quando atinge a motivação estética da
literatura e o repertório do destinatário, tende a promover a
interação entre leitor e texto, sujeito e objeto de leitura.
IV - O processo de adaptação de textos literários implica a redução e
o empobrecimento da obra original, causando danos à linguagem
literária e aos recursos estilísticos da obra.
Está correto apenas o que se afirma em:
Resposta Selecionada: c. 
II e III.
 Pergunta 7
1 em 1 pontos
“É definido como a correlação natural e motivada entre forma e
função, isto é, entre o código linguístico (expressão) e seu
significado (conteúdo).” (CUNHA, 2009:167).
A citação apresentada refere-se a um dos princípios da corrente
funcionalista. Assinale-o:
Resposta Selecionada: a. 
Iconicidade.
 Pergunta 8
1 em 1 pontos
Na relação entre ensino de língua e o uso da língua, pode-se afirmar
que:
I - A gramática é constituída de um repertório de estratégias
linguísticas rotinizadas, empregadas pelos falantes em suas
interações diárias, fortemente suscetível a variações e mudanças.
II - O professor deverá despir-se de qualquer manto de preconceito
com relação às variedades linguísticas mais informais e
desprestigiadas e aos seus usuários.
III - A linguística funcional pode ajudar o professor em sua pesquisa
a respeito dos fatos da língua, como é o da mudança linguística, em
especial a surgida através da gramaticalização.
É correto o que se afirma em:
Resposta Selecionada: e. 
I, II e III.
 Pergunta 9
1 em 1 pontos
De acordo com Castilho (2010, p. 397), “verbos plenos são os que
funcionam como núcleos sentenciais, selecionando argumentos e
atribuindo-lhes papel temático”. O verbo ficar pleno, enquanto
núcleo do predicado, carrega interpretação semântica de
estatividade e continuidade espaço-temporal, uma vez que designa
“permanecer num lugar, continuar a estar num lugar”. ‘Ficar’ advém
etimologicamente do latim figicare, (fixar). Seu uso está
documentado a partir do século XIII. Esse sentido se manteve no
português. No entanto, no processo de gramaticalização, o verbo
‘ficar’ deixa de ser pleno e passa a ser funcional, tornando-se auxiliar
verbal. Indique o caso em que o verbo ‘ficar’ é auxiliar.
Resposta b. 
Selecionada:
... eu fico rezando por sua alma ao Senhor São João
no meu rosário, que me deixou minha avó.
 Pergunta 10
1 em 1 pontos
Na linha de estudo da gramaticalização, verifica-se que alguns
verbos em língua portuguesa deixam de ser lexicais e passam à
função gramatical. Essa função pode ser de auxiliar de outro verbo.
Indique a frase em que o verbo permanece lexical, sem sofrer o
processo de gramaticalização.
Resposta Selecionada: b. 
Danou a gear e toda a plantação de grãos foi
perdida.

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