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Unidade II

ORIENTAÇÃO E PRÁTICA DE
PROJETOS DE ENSINO
FUNDAMENTAL

Profa. Eliana Chiavone Delchiaro


Objetivos da Unidade II

 Explicitar as formas de organizar o


tempo didático através da metodologia
de projetos e outras modalidades
presentes no cotidiano escolar.
A fábula da convivência

 Durante uma era glacial muito remota,


quando parte do globo terrestre esteve
coberto por densas camadas de gelo,
muitos animais não resistiram ao frio
intenso e morreram indefesos, por não
se adaptarem às condições do clima
hostil.
 Foi então que uma manada de
porcos-espinhos, em uma tentativa de se
proteger e sobreviver, começou a se
unir, ajuntar-se mais e mais. Assim, cada
um podia sentir o calor do corpo do
outro. E todos juntos, bem unidos,
aqueciam-se naquele inverno
tenebroso.
A fábula da convivência

 Porém, a vida ingrata, os espinhos de


cada um começaram a ferir os
companheiros mais próximos,
justamente aqueles que forneciam mais
calor, aquele calor vital, questão de vida
ou morte.
 E afastaram-se feridos, magoados e
sofridos. Dispersaram-se por não
suportarem por mais tempo os espinhos
de seus semelhantes. Doíam muito...
 Mas essa não foi a melhor solução.
 Afastados, separados, logo começaram a
morrer congelados.
A fábula da convivência

 Os que não morreram voltaram a se


aproximar, pouco a pouco, com jeito,
com preocupações, de tal forma que,
unidos, cada qual conservava uma certa
distância do outro, mínima, mas
suficiente para conviver sem magoar,
sem causar danos recíprocos.
 Assim, suportaram-se, resistindo à longa
era glacial.
 Sobreviveram.
Função social das escolas

“Entendendo que a função da escola não é


só ‘transmitir conteúdos’, mas também
facilitar a construção da subjetividade para
as crianças e adolescentes, de maneira que
tenham estratégias e recursos para
interpretar o mundo no qual vivem e
sintam-se parte dele, precisamos com
urgência rever a forma como estamos
trabalhando.”
(HERNÁNDEZ, 1998)
Como será a realidade das escolas
brasileiras?

 Mais uma vez somos obrigados a


reconhecer que ainda temos na escola
uma incoerência entre a teoria e a prática.
 Embora tenhamos uma flexibilização
curricular indicada pela LDB (art. 15), que
permite um trabalho mais aberto, a escola
continua autoritária, difundindo um
conhecimento fragmentado, imposto,
memorizado, confrontando-se com a
exigência do mundo globalizado, que é a
formação de um indivíduo inteiro, capaz
de estabelecer relações, criativo, que se
torne apto para resolver desafios e viver
num mundo conectado.
(KLEIMAN e MORAES, 2002)
Como responder a esses
questionamentos?

 Como equacionar estas duas situações:


de um lado, a escola difunde um
conteúdo fragmentado e, do outro, a
sociedade exige um homem por inteiro?
 Como enfrentar essa realidade?
 Que saída podemos encontrar para
romper com um currículo que fragmenta
o conhecimento?
Modalidades organizativas do
tempo didático

Atividades permanentes:
 Sistemáticas e intencionais.
 Marca principal é a regularidade.
 São suportes para outras propostas mais
complexas.
 Favorecem o intercâmbio de
informações e ampliam as relações
vividas entre os colegas da classe.
Modalidades organizativas do
tempo didático

Atividades ocasionais:
 São situações esporádicas.
 São assuntos importantes que devem
ser trabalhados, mas variam e se
resumem a uma única atividade.
 Devem ser planejadas com
intencionalidade e antecedência.
 Exemplos de atividades ocasionais:
programar visitas a recursos naturais,
culturais, visitas diversas, estudos do
meio, uma campanha sobre saúde etc.
Modalidades organizativas do
tempo didático

Atividade sequenciada ou sequência


didática:
 Conjunto de atividades planejadas e
orientadas com o objetivo de promover
aprendizagens específicas.
 O critério é o nível de dificuldade.
 A sequência apresenta problemas que a
criança deverá resolver de diferentes
modos: fazendo, pensando,
experimentando, afirmando, perguntando
etc.
 Ao contrário das atividades permanentes,
essas sequências têm duração
limitada.
Vamos conhecer mais sobre a
metodologia de projetos?

 Os projetos são sequências de ações


organizadas por um determinado
propósito e que culminam na elaboração
de um produto final compartilhado com o
grupo de alunos. Sua duração pode
variar conforme o objetivo, o desenrolar
das várias etapas, o desejo e o interesse
pelo assunto tratado.
 Eles têm o mérito de articular propósitos
didáticos e comunicativos, colocando
em ação um propósito relevante pela
perspectiva do aluno. Eles
contextualizam conteúdos de forma
interdisciplinar.
Artigo 13 das Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais para
a Educação Básica

I. Concepção e organização do espaço


curricular e físico que se imbriquem e
alarguem, incluindo espaços, ambientes
e equipamentos que não apenas as salas
de aula da escola, mas, igualmente, os
espaços de outras escolas e os
socioculturais e esportivo-recreativos do
entorno, da cidade e mesmo da região.
(grifo nosso)
 Que tal começar pela reorganização da
sala de aula do Ensino Fundamental?
Inspiração na Educação Infantil

“Está na hora de pensarmos numa


organização espacial mais voltada para os
interesses e autonomia das crianças,
quebrando o paradigma das carteiras
perfiladas, móveis fixos, armários
chaveados e um aluno dependente do
adulto para qualquer atividade.”
(BARBOSA e HORN, 2008)
Cantos diversificados

 Podemos buscar inspiração na


Educação Infantil, que desenvolve um
trabalho muito interessante.
 A sala de aula é transformada em cantos
de atividades diversificadas. O espaço
organizado num contexto temático com
cantos e recantos permite o livre trânsito
das crianças, proporcionando autonomia
intelectual e liberdade de escolhas.
 Um ambiente rico e instigante sugere
possibilidades de descobertas e o
desenvolvimento de projetos.
(BARBOSA e HORN, 2008, p. 51)
Interatividade

A organização do currículo por projetos é uma das


propostas para o desenvolvimento integral do ser humano.
Portanto, na sua realização deve-se considerar a elaboração
de projetos:
a) Que sejam integrados, interdisciplinares, fruto de
planejamento conjunto, com participação ativa e
compartilhada de todos os envolvidos, considerando-se,
também, a realidade sociocultural e os interesses dos
alunos.
b) Que priorizem os programas governamentais como
forma de atingir os índices satisfatórios de
aprendizagem.
c) Com um tema comum, de interesse pessoal, previamente
aprovado pelo conjunto dos professores.
d) Que reorganizem os espaços educativos como forma de
manter a disciplina dos alunos na escola.
e) Que sejam interligados com as necessidades dos
educadores, tendo em vista as precárias condições de
trabalho em que se encontram.
Resposta

A organização do currículo por projetos é uma das


propostas para o desenvolvimento integral do ser humano.
Portanto, na sua realização deve-se considerar a elaboração
de projetos:
a) Que sejam integrados, interdisciplinares, fruto de
planejamento conjunto, com participação ativa e
compartilhada de todos os envolvidos, considerando-se,
também, a realidade sociocultural e os interesses dos
alunos.
b) Que priorizem os programas governamentais como
forma de atingir os índices satisfatórios de
aprendizagem.
c) Com um tema comum, de interesse pessoal, previamente
aprovado pelo conjunto dos professores.
d) Que reorganizem os espaços educativos como forma de
manter a disciplina dos alunos na escola.
e) Que sejam interligados com as necessidades dos
educadores, tendo em vista as precárias condições de
trabalho em que se encontram.
Projetos: resgate histórico

 Escolhemos os estudos de Maria da


Graça Souza Horn e Maria Carmen
Silveira Barbosa (2008)* para subsidiar
nossos estudos.
 O uso da palavra projeto é antigo,
provavelmente surgiu em Florença, no
período do Renascimento, com o
nascimento dos esboços de projetos
técnicos, como por exemplo, da
arquitetura e da engenharia mecânica,
usados como antecipações metódicas
(“Projetos Pedagógicos na Educação Infantil”.
Editora Artmed: Porto Alegre, 2008)
Projetos: resgate histórico

 No Iluminismo também surgem


discussões sobre projetos sociais com o
objetivo de usar o conhecimento para se
pensar em uma vida melhor para o
futuro.
 O próprio Emílio, de Rousseau, era um
projeto educacional inovador para a
época, que detinha uma visão
revolucionária de criança.
Projetos: resgate histórico

 No período entre os séculos XIX e XX, o


movimento denominado Escola Nova,
representado por Decroly, Montessori e
Dewey, entre outros, fez uma crítica à
escola tradicional e procurava criar
formas de organizar o ensino que tivesse
como característica a integração dos
conhecimentos.
 No Brasil esse movimento foi
coordenado por educadores expressivos
como Lourenço Filho e Paschoal Lemme,
que criaram o documento “Manifesto dos
Pioneiros pela Educação”, em 1932.
Projetos: resgate histórico

 Tivemos outras experiências com


Decroly e os centros de interesse; com
Dewey e seu seguidor Kilpatrick tivemos
o nascimento dos projetos.
 Dewey defendia que os seres humanos
têm desejo de aprender e conhecer, e a
partir de suas dúvidas buscam respostas
e explicações válidas para os seus
questionamentos.
 A partir dessa premissa, a escola deveria
auxiliar a criança a compreender o
mundo por meio de pesquisa e debates.
A participação da comunidade e da
família eram consideradas
importantes.
Projetos: resgate histórico

 Dewey (1959, p. 47)* é considerado o


grande responsável por essa pedagogia,
pois ele dizia que preparar uma criança
para a vida seria colocá-la em condições
de projetar, de buscar meios de realizar
seus próprios empreendimentos e de
realizá-los pela própria experiência.
 Ele afirmava que “projetar e realizar é
viver em liberdade”.
(*DEWEY, John. “Vida e Educação”. São Paulo:
Melhoramentos,1959)
Projetos: resgate histórico

Para Horn e Barbosa (2008):


 No século XX várias escolas americanas
tentaram implantar o trabalho com
projetos, mas enfrentaram entraves como
o ensino tradicional, que devido a uma
densa programação de conteúdos
fragmentados e impostos, conflitava com
a proposta.
 Outro fator prejudicial foi o rigor na
previsão de tempo para a duração do
projeto. Antes mesmo de implantá-lo, o
seu prazo já estava predeterminado, o que
se tornava incoerente com a ideia original,
ou seja, a de respeitar o tempo
de interesse dos envolvidos.
E por fim

 Na tentativa de incorporar os conteúdos


e o controle do tempo, a proposta foi
adaptada para outro modelo de
organização de ensino chamada
unidades de ensino, as quais
abandonaram os princípios importantes
dos projetos, transformando-se em
unidades didáticas, com temas e tempo
controlados, e a centralidade das
decisões ficava a cargo dos adultos.
Projetos aproximam-se dos temas
geradores de Paulo Freire

 A proposta de trabalho partia dos


interesses e das necessidades dos
alunos, tomando como referência a
realidade socioeconômica deles e era
associada aos conteúdos e às
habilidades a serem desenvolvidas.
 Podemos dizer que os projetos foram
pensados com objetivo de romper com o
modelo tradicional de ensino e seus
criadores. Conforme confirmam as
autoras, buscavam a inovação e tinham a
convicção de romper com o modelo
tradicional vigente.
Comparação com base em
Hernández e Ventura (1998)

 O quadro presente no livro-texto traz


uma comparação dos modos de
organizar o ensino ao longo da história,
conforme já explanamos. Nele pode-se
observar as diferenças e as semelhanças
mais relevantes entre os modelos: tema
gerador, unidade didática, centro de
interesse e projetos.
 A comparação transcrita está baseada
em Hernández e Ventura (1998) no livro
“A organização do currículo por projetos
de trabalho: o conhecimento é um
caleidoscópio” e consta também em
Barbosa e Horn (2008, pp. 20-21).
Comparação com base em
Hernández e Ventura (1998)

 Tema gerador.
 Unidade didática.
 Centro de interesses.
 Projetos.
Parafraseando Hernández (1998)

 Atualmente, estamos ajudando nossos


alunos a globalizar, a estabelecer
relações entre os diferentes
conhecimentos a partir do trabalho que
estamos fazendo na sala de aula?
Atenção à reflexão dos autores!

 Quando não se compreende o que se


aprende, não há uma boa aprendizagem,
isso indica a necessidade de se
reorganizar o currículo a partir de uma
nova abordagem, por que não?
 Os projetos de trabalho.
 Portanto, mudar a forma de se trabalhar
a organização do currículo é mudar a
organização do espaço e do tempo. São
questões que envolvem o entendimento
da função da escola como geradora de
cultura e não só de aprendizagem de
conteúdos.
(HERNÁNDEZ, 1998, p. 32)
Considerando que:

 Não é recente na história da educação a


pedagogia de projetos.
 Voltamos a tratar deles hoje, diferente do
formato proposto pelos escolanovistas.
 Há necessidade de se modificar a
estrutura e a organização da vida
escolar, tendo em vista a dinâmica da
sociedade contemporânea.
 Conclui-se que os projetos podem ser
uma forma de se trabalhar os conteúdos
de forma integrada e interdisciplinar.
Outros argumentos são necessários
para revigorar a pedagogia dos
projetos

“O currículo globalizado e interdisciplinar


converte-se assim em uma categoria
‘guarda-chuva’ capaz de agrupar uma
variedade de práticas educacionais
desenvolvidas nas salas de aula, e é um
exemplo significativo do interesse em
analisar a forma mais apropriada de
contribuir para melhorar os processos de
ensino aprendizagem.”
(SANTOMÉ apud BARBOSA e HORN. 2008, p. 44)
Novas formas de aprender

 O conhecimento é socialmente construído


nas interações entre os sujeitos e o
ambiente físico e social do qual fazem
parte:
“Não só a escola, mas todo o ambiente
ensinar-aprender significa criar cultura”.
(BARBOSA e HORN, 2008)
Nova forma de organização do
conhecimento e da gestão do tempo
e do espaço na escola

“O tempo é pensado em períodos de


trabalho, onde o que se valoriza é o que
cada aluno vai aprendendo, pois ele se
torna responsável pela sua aprendizagem,
tendo no professor um mediador,
juntamente com a participação de outros
alunos.”
(HERNÁNDEZ, 1998)
A organização curricular por
projetos de trabalho leva em conta a
ideia de integrar os conhecimentos

 Não é uma tarefa fácil mudar. A escola


tem ainda que construir muitos
caminhos e depende dos profissionais
docentes, das expectativas das famílias
e das políticas públicas e
governamentais para concretizar
mudanças que envolvem rever
estruturas consolidadas há muitas
décadas.
Interatividade

De acordo com os estudos apresentados,


são modalidades organizativas da
aprendizagem:
I. Projetos.
II. Sequências didáticas.
III. Atividades permanentes.
IV. Atividades ocasionais.
Escolha o(s) item(ns) correto(s):
a) I e II
b) III e IV
c) I, apenas
d) IV, apenas
e) Todos os itens.
Resposta

De acordo com os estudos apresentados,


são modalidades organizativas da
aprendizagem:
I. Projetos.
II. Sequências didáticas.
III. Atividades permanentes.
IV. Atividades ocasionais.
Escolha o(s) item(ns) correto(s):
a) I e II
b) III e IV
c) I, apenas
d) IV, apenas
e) Todos os itens.
Conceito

 Vamos conhecer o significado da palavra


projeto?
 A palavra projeto vem do latim projectu,
que significa colocar adiante, lançar-se à
frente.
 É uma ação intencional, um plano de
ação que propõe algo, que se antecipa
em um esboço que se concretiza por
várias representações, sejam elas
desenhos, textos, cálculos, plantas com
vistas a vislumbrar a passagem do
intencional para se tornar real.
Para Machado apud Barbosa e Horn
(2008, p. 32)

 Projetar é uma das características do


homem:
“Os sonhos, as ilusões e as utopias são
essenciais para alimentar a imaginação
quando se pensa na elaboração de
projetos, mas é o caráter operatório dos
projetos que os distingue das utopias.”
(MACHADO, Nilson. “Educação: projetos e
valores”. São Paulo: Escrituras, 2000)
Diferentes denominações para
projetos

 Projeto político-pedagógico.
 Projeto de trabalho pedagógico.
 Projeto pedagógico.
 Projeto didático.
 Projeto de trabalho, entre outros nomes.
E as siglas que esses nomes representam?
Cuidado com os modismos!

 O modismo dos projetos tem sido


representado nas escolas por projetos
temáticos que envolvem um trabalho em
grupo com um tema, como a Copa ou as
Olimpíadas, ou ainda um projeto do meio
ambiente.
 Muitas vezes, esses “projetos” se
resumem a um cartaz enfeitado para
emoldurar as paredes das salas de aula.
São na maioria reducionistas e
superficiais na aquisição do
conhecimento.
Barbosa e Horn (2008) nos alertam
que o projeto:

 Tem como marca a inovação, mas isso


não significa que devemos imputar a
essa marca um poder mágico na
metodologia que ele abarca, existem
preceitos básicos dos quais não
podemos nos esquecer.
 Dá um sentido novo na forma de
aprender, mas outras possibilidades
devem ser levadas em conta,
dependendo do momento e da natureza
dos conhecimentos.
 Vamos verificar os pontos em comum
em um projeto?
Barbosa e Horn (2008, p. 33)
apontam que no âmbito educativo

 Alguns momentos decisivos são


universais na sua elaboração e estão
presentes em quase todos os projetos.
São eles:
 A definição do problema.
 O planejamento do trabalho.
 A coleta, a organização e o registro.
 A avaliação e a comunicação.
Projetar, portanto, vai além do
sonho, da utopia

Nogueira (2002) criou um roteiro de ações


para a implantação de um projeto e ainda
esclarece que esse roteiro é o que
diferencia um projeto de trabalho de um
projeto temático, a saber:
1. Ter clareza nos objetivos.
2. Elaborar.
3. Planejar e definir um percurso.
4. Levantar hipóteses e fazer
investigações.
5. Executar e replanejar, se necessário.
6. Apresentar e avaliar.
A palavra chave é participação

 Um projeto não é um plano de trabalho


ou um conjunto de atividades
justapostas.
 Ele é uma intervenção pedagógica que
tem um sentido claro, ou seja, é uma
necessidade de aprendizagem de
situações-problemas reais e
diversificadas.
 Permite, assim, que os alunos, ao
participarem do processo, decidam,
opinem, debatam, construam sua
autonomia e seu compromisso com o
social, formando-se como sujeitos
culturais.
Para Hernández (1998)

 Os projetos de trabalho são


possibilidades de se ressignificar os
espaços de aprendizagem de forma que
eles venham a contribuir para a
formação de sujeitos ativos, reflexivos e
participantes.
 Os projetos criam necessidades de
aprendizagem de novos conteúdos, que
poderão ser aprofundados e
sistematizados em módulos de
aprendizagem, que por sua vez irão
repercutir sobre as situações e as
intervenções dos alunos em outros
momentos da vida escolar.
Nogueira (2002) diz que projeto é

“uma ação de investigação que possa


propiciar a interação do sujeito aprendiz
com meio e com o objeto de conhecimento,
gerando por consequência a pesquisa,
criação, elaboração, depuração, (re)
elaboração e múltiplas aquisições.”
 Projetos de trabalho ou projetos
didáticos

 os que são desenvolvidos na sala de


aula, aqueles elaborados pelo professor
a partir e com a participação dos alunos.
Projetos da escola

 Os projetos da escola são aqueles que


envolvem as famílias, a comunidade
escolar, as equipes docentes e técnica,
por exemplo, o projeto
político-pedagógico, ou os projetos
organizados para serem trabalhados
com as famílias e os alunos ou ainda só
para a formação de pais.
 O projeto político-pedagógico é um
conjunto de intenções que revelam uma
concepção de mundo, sociedade e
educação da escola.
Projeto político-pedagógico

 A sua construção envolve participação,


compromisso e comprometimento de
toda equipe escolar, pais e comunidade
escolar.
 Nesse trabalho, muitas reuniões são
feitas para discussão e cabem as mais
diversas questões no seu debate para a
elaboração de um documento que
expresse a “cara”da escola  define a
carta de intenções das ações
pedagógicas da escola.
Projeto político-pedagógico

 Que tipo de escola se quer construir:


com que características, valores e
diretrizes?
 Que tipo de aluno se quer formar, com
que valores, conhecimentos,
habilidades, capacidades para
participarem da sociedade onde vivem?
 Como devem ser as relações com a
comunidade escolar?
Nogueira (2002) traz em seu livro
“Pedagogia dos projetos”

 Projetos Manguezais: importância da


preservação.
 Projetos Pipas: um exemplo de projeto
interdisciplinar.
 Projeto Centro Médico: um exemplo
transdisciplinar.
 Exemplos de projetos sobre o sistema
solar.
 Aniversário da cidade.
As etapas de um projeto, segundo
Nogueira

 Sonhos, utopias, desejos e


necessidades.
 Planejamento.
 Execução e realização.
 Depuração.
 Apresentação e exposição.
 Avaliação e crítica.
As etapas de um projeto, segundo
Barbosa e Horn

 Definição do problema.
 Mapeamento de recursos.
 Coleta de informações.
 Sistematização e reflexão das
informações.
 Documentação e comunicação do
projeto.
Resumindo

Um projeto é:
“[...] uma abertura de possibilidades amplas
e com vasta gama de variáveis, de
percursos imprevisíveis, criativos, ativos,
inteligentes acompanhados de uma grande
flexibilidade de organização.”
(BARBOSA e HORN, 2008)
Interatividade

Uma característica significativa de um


projeto de trabalho e que o diferencia das
outras modalidades organizativas da
aprendizagem é que ele conta com:
a) A determinação da secretaria de
educação.
b) A decisão exclusiva do professor.
c) A participação ativa dos alunos no
processo de seu desenvolvimento.
d) A influência da realidade local.
e) O suporte de recursos materiais da
Associação de Pais e Mestres.
Resposta

Uma característica significativa de um


projeto de trabalho e que o diferencia das
outras modalidades organizativas da
aprendizagem é que ele conta com:
a) A determinação da secretaria de
educação.
b) A decisão exclusiva do professor.
c) A participação ativa dos alunos no
processo de seu desenvolvimento.
d) A influência da realidade local.
e) O suporte de recursos materiais da
Associação de Pais e Mestres.
Interdisciplinaridade

 A proposta de se trabalhar com projetos


vem superar a ideia linear e fragmentada
dos currículos.
 Os projetos representam novas
configurações curriculares, que
favorecem a interação da escola com a
realidade, evitando a transmissão do
conhecimento e incentivando a
formulação de perguntas e da pesquisa.
Interdisciplinaridade

 É vital que o professor compreenda a


contribuição de cada área do
conhecimento na construção dos
saberes dos alunos, permitindo com isso
um diálogo entre as disciplinas.
 No entanto, dizer que a
interdisciplinaridade se resume à tarefa
de criar uma integração entre as
disciplinas é perder-se no conceito,
empobrecê-lo.
 A interdisciplinaridade é marca do
trabalho coletivo na medida em que
aborda a intersubjetividade.
Vamos entender melhor o que isso
significa?

 A interdisciplinaridade combate a
fragmentação do conhecimento entre os
diferentes campos do saber, que apenas
informa o aluno do conhecimento
histórico produzido.
 Os currículos conduzem os alunos a um
acúmulo de informações e a cada dia
novas disciplinas se agregam a ele,
avolumando ainda mais os
conhecimentos a serem organizados e
sistematizados.
Vamos entender melhor o que isso
significa?

“Com a adoção de novas metodologias de


trabalho, algumas escolas têm abandonado
o currículo tradicional e dado ênfase a
novos conhecimentos, pautados no senso
comum, considerados mais atuais.
Esquecem-se, com isso, que essa atitude é
conservadora, pois pode gerar prepotência
ainda maior que o conhecimento
científico.”
(FAZENDA, 2001, p. 17)
Vamos entender melhor o que isso
significa?

Fazenda (2001) continua:


“o senso comum, quando interpenetrado do
conhecimento científico, pode gerar
racionalidades – o conhecimento não seria
privilégio de um, mas de vários.”
 Isso significa dizer que o pensar disciplinar
tenta um diálogo com outras formas de
conhecimento, deixando-se interpenetrar
por elas. Aceita-se o senso comum como
válido, ampliado através do diálogo com o
conhecimento científico. Assim, em um
projeto, causa e intenção se fundem,
conseguindo captar a profundidade das
relações entre as pessoas e as
coisas.
Fazenda (2001) reforça:

 O projeto sob essa ótica não se orienta


para produzir, mas como um ato de
vontade.
 O projeto interdisciplinar “não se ensina,
nem se aprende, vive-se, exerce-se”.
Isso exige entender a passagem da
subjetividade para a intersubjetividade,
quando o envolvimento e o desejo de
busca de um contaminam o outro e o
grupo, reelaborando-se a busca de um
novo conhecimento, que não é interesse
e nem privilégio de alguns, mas de
todos.
Metáfora da Professora Sandra
Lúcia Ferreira

 Compara a compreensão de
interdisciplinaridade ao conhecimento de
uma sinfonia.
 Com objetivo de executá-la, é necessária
a integração de muitos elementos: os
instrumentos, as partituras, os músicos,
o maestro, o público e os equipamentos
eletrônicos, entre outros.
 Organizada a orquestra, todos os
elementos são igualmente importantes,
pois eles se ligam em um todo, em um
movimento contínuo, equilibrado.
 O projeto é o mesmo para todos, ou seja,
o foco é a execução da música.
Metáfora da Professora Sandra
Lúcia Ferreira

 Todavia, cada uma das partes desse


projeto tem sua marca, sua
individualidade.
 Para a sinfonia se concretizar, é preciso
contar com a participação de seus
envolvidos, da harmonia do maestro e a
expectativa dos que a assistem para a
composição de um todo integrado.
Assim é a interdisciplinaridade:

 É a integração das muitas ciências,


como possibilidade de enriquecer e
ultrapassar a construção dos muitos
elementos que compõem o
conhecimento.
 A interdisciplinaridade tem a
característica de integrar todos os
elementos do conhecimento, mas
pressupõe ainda um movimento
ininterrupto, criando outros pontos de
discussão, reinventando-se , buscando
novas combinações e desdobramentos
entre as pessoas que participam dessa
busca.
A sinfonia então não termina...

... ela se recria, transforma-se, combinando


cada um dos seus elementos, respeitando a
sua ideia norteadora por eixos comuns: a
intenção, a humildade, o respeito pelo
outro, a totalidade, a consciência da
importância do diálogo.
 Sem esses elementos não estaríamos
aprendendo uma atitude interdisciplinar
que é pensar que um fato ou
acontecimento nunca é isolado, mas
uma consequência da relação entre
muitos fatos.
(FERREIRA, 2001, pp. 33-34)
Exemplo de uma prática
interdisciplinar

 A pipa

(NEIRA, 2008, pp. 88-89)


Para Ferreira (2001, p. 35), a
interdisciplinaridade é:

 “norteada por quatro eixos básicos: a


intenção, a humildade, a totalidade, o
respeito pelo outro [...]”. A autora explica
que um fato nunca está sozinho, mas ele
é consequência da relação entre muitos
outros fatores.
 Complementando, Fazenda (1993) diz: é
importante considerar a necessidade de
se assumir uma nova postura diante do
conhecimento, ou seja, o ponto de
partida e chegada de uma prática
interdisciplinar depende da ação do
diálogo que acontece entre as
disciplinas e os sujeitos da ação.
Interdisciplinaridade

 Integra horizontalmente os conteúdos,


superando a fragmentação deles e
aponta para a construção de um
currículo mais vivo, articulado e
participativo.
 Diante do exposto, retornamos o início
da unidade II com a reflexão da fábula da
convivência, ao se abordar a importância
de sentir-se componente de um todo e
que para isso precisamos nos
desintegrar no outro e integrar-nos
novamente, em um movimento que
envolve a unidade e a totalidade, a razão
e o humano.
Resumindo

O projeto de trabalho é uma modalidade


organizativa do tempo didático que visa:
 Compartilhar objetivos mediante um
propósito educacional.
 Elaborar um produto final que possa ser
partilhado, divulgado.
 A organização/planejamento de etapas
de trabalho em que todos devem se
envolver.
 Comprometer todos os envolvidos, pois
suas ideias, intenções e desejos estão
circulando pelo projeto, constituindo e
estruturando o projeto.
O projeto de trabalho visa

 Promover o trabalho cooperativo, já que


é preciso tomar decisões.
 Discutir ideias e avaliar em conjunto.
 Ampliar o conhecimento de um
determinado saber, informação,
situação, acontecimento.
 Ter como referência inicial o
levantamento de dados conhecidos,
evidenciados em uma dada situação
(conhecimentos prévios do grupo).
Por que trabalhar com projetos?

 Porque eles propiciam aprendizagens


significativas, tiram o aluno da
passividade, vão além do conteúdo
conceitual, permitem uma formação mais
ampla, auxiliam no desenvolvimento
como um todo e oferecem a
aprendizagem em diferentes áreas:
emocional, social, afetivo, motor e
cognitivo.
Por que trabalhar com projetos?

 O trabalho com projeto favorece o aluno,


pois o coloca no centro da atenção
pedagógica. Parte da ideia das crianças,
simboliza uma aprendizagem mais
significativa, impulsiona o
desenvolvimento e a autonomia do
aluno, criam-se aulas dialogadas que
partem de necessidades, problemas,
perguntas e hipóteses dos alunos e ele
nunca é um planejamento de passos
fechados.
Interatividade

Do que aprendemos, cabe à disciplina OPPEF, em


relação à formação do futuro professor:
I. Contribuir para a construção de novos
modelos didáticos.
II. Colaborar para a solidificação das informações
adquiridas durante seu processo escolar.
III. Ajudá-lo a compreender que o ponto de partida
é o conhecimento prévio do aluno.
A única resposta correta é:
a) I, II, III.
b) I e II.
c) Apenas a III.
d) Apenas a II.
e) I e III.
Resposta

Do que aprendemos, cabe à disciplina OPPEF, em


relação à formação do futuro professor:
I. Contribuir para a construção de novos
modelos didáticos.
II. Colaborar para a solidificação das informações
adquiridas durante seu processo escolar.
III. Ajudá-lo a compreender que o ponto de partida
é o conhecimento prévio do aluno.
A única resposta correta é:
a) I, II, III.
b) I e II.
c) Apenas a III.
d) Apenas a II.
e) I e III.
ATÉ A PRÓXIMA!

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