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APOSTILA DE LIBRAS- UFMA

Ch – 60 horas
Profª Manuela Viana

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO


1 – A SURDEZ

Surdez á a diminuição da capacidade de percepção normal dos sons. De acordo com a


Organização Mundial da Saúde (OMS) a pessoa que não percebe sons acima 26 dB é portadora de
surdez.
A surdez pode ser:
• Leve: as pessoas podem não se dar conta que ouvem menos: somente um teste de audição
(ãudiometria) vai revelar a deficiência. E a perda acima de 25 a 40 decibéis (D.B.);
• Moderada: É a perda de 41 a 55 (D.B.). Os sons podem ficar distorcidos e na conversação as
palavras se tornam abafadas e mais difíceis para entender, particularmente quando têm várias
pessoas conversando em locais com ruído ambiental ou salas onde existe eco. A pessoa só consegue
escutar os sons muito altos como o som ambiente de urna sala de trabalho e tem dificuldade para
falar ao telefone.
• Severa: a perda de 71 a 90 (D.B.). Para ouvir, a pessoa precisa de um som tão alto quanto o
barulho de uma impressora rotativa (até 80 decibéis).
• Surdez profunda: É a perda Acima de 91 (D.B.). A pessoa só ouve ruídos como os provocados
por uma turbina de avião (120 decibéis) disparo de revolver (150 decibéis) e tiro de canhão (200
decibéis).

Os Números da Surdez
No Brasil
No Brasil, estima-se que existam cerca de 15 milhões de pessoas com algum tipo de perda
auditiva. No Censo de 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
3,3% da população responderam ter algum problema auditivo. Aproximadamente 1% declarou ser
incapaz de ouvir. No Maranhão, de acordo com levantamentos realizados pelo IBGE/2000, o
número de surdos é de aproximadamente 200 mil pessoas, enquanto na ilha de São Luís foram
registrados 27.922 surdos Atualmente o Brasil atende a cerca de 700 mil pessoas com surdez nos
diversos níveis e modalidades de ensino, distribuídas entre escolas especiais para surdos, escolas de
ensino regular e ONG's.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 1,5% da população
brasileira (2,25 milhões) é portadora de deficiência auditiva. Em 1998, havia 293.403 alunos,
distribuídos da seguinte forma: 58% com problemas mentais; 13,8%, com deficiências múltiplas;
12%, com problemas de audição; 3,1% de visão; 4,5%, com problemas físicos; 2,4%, de conduta.
Apenas 0,3% com altas habilidades ou eram superdotados e 5,9% recebiam "outro tipo de
atendimento” (Sinopse Estatística da Educação Básica/Censo Escolar 1998, do MEC/INEP). No
Brasil, empresas com mais de cem funcionários devem contratar 2% de pessoas com deficiência,
com 201 a 500 funcionários - 3%, de 501 a 1000 - 4 % e de 1001 funcionários em diante, 5%.

No Mundo
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que 10% da população mundial
apresentam algum problema auditivo.

Enquanto a redução do processo de audição entre as mulheres se torna mais acentuado a


partir dos 55 anos, após a menopausa, os homens começam a sofrer essa degradação, em média, já
após os 30 anos de idade. Essa foi a conclusão de pesquisadores da Universidade de Dakota do Sul
(Estados Unidos), após realizarem estudo que avaliou de que maneira a idade e o sexo interferem no
processo auditivo.

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Casos de surdez podem ser evitados. Para isso é necessário que se tomem alguns cuidados.

PREVENÇÃO DA SURDEZ:

- Proteção à maternidade, através de assistência pré-natal, e parto assistido adequadamente:


- Cuidados adequados ao recém-nascido, proporcionando amparo afetivo e ambiente propício para
seu desenvolvimento;
- Vacinação completa das crianças:
- Tratamento médico a todas as doenças da infância;
- Evitar os casamentos consangüíneos;
- Alimentação e estimulação adequada na etapa pré-escolar:
– Diagnóstico precoce de todos os distúrbios no desenvolvimento.
– Não use cotonete na parte de dentro do canal do ouvido, limpe somente a parte externa da
orelha.
– Evitar o uso continuado de aparelho com fone de ouvido por período prolongado de tempo.
– Trabalhar em ambiente de alto nível de pressão sonora, sem uso de protetores auriculares.
– Infecção de ouvido constante e acidentes sem tratamento imediato.

APARELHO AUDITIVO

Um aparelho auditivo tem como finalidade ajudar as pessoas com uma perda auditiva a
perceber os sons. Atualmente, graças ao desenvolvimento da tecnologia digital e a um design
bastante avançado, é hoje possível encontrar aparelhos auditivos tão pequenos que podem ser
colocados no fundo do canal auditivo – sem prejuízo da reprodução sonora, a qual é tão clara e
cristalina, como a dos melhores reprodutores sonoros modernos.

Os ruídos de fundo sempre constituíram um dos maiores problemas dos utilizadores de aparelho
auditivo. Os aparelhos digitais avançados são capazes de reduzir os ruídos e realçar os sons, que são
importantes para compreender a fala. Este processo realiza-se automaticamente dentro do aparelho
auditivo sem que o utilizador se aperceba disso.

QUEM SÃO OS SURDOS?

São aquelas pessoas que utilizam a comunicação espaço- visual como principal meio de
conhecer o mundo, em substituição à audição e à fala. A maioria das pessoas surdas, no contato com
outros surdos, desenvolve a Língua de Sinais. Já outros, por viverem isolados ou em locais onde
não exista uma comunidade surda, apenas se comunicam por gestos. Existem surdos que por
imposição familiar ou opção pessoal preferem utilizar a língua oral (fala).

Deficiência Auditiva
Termo técnico usado na área da saúde e, algumas vezes, em textos legais, refere-se a uma perda
sensorial auditiva. Não designa o grupo cultural dos surdos.

Surdo-Mudo
Provavelmente a mais antiga e incorreta denominação atribuida ao surdo, e infelizmente ainda

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utilizada em certas áreas e divulgada nos meios de comunicação, principalmente televisão, jornais e
rádio.
* O fato de uma pessoa ser surda não significa que ela seja muda. A mudez é uma outra deficiência,
totalmente desagregada da surdez. São minorias os surdos que também são mudos. Fato é a total
possibilidade de um surdo falar, através de exercícios fonoaudiológicos, aos quais chamamos de
surdos oralizados. Também é possível um surdo nunca ter falado,sem que seja mudo, mas apenas
por falta de exercício.
* Por isso, o surdo só será também mudo se, e somente se, for constatada clinicamente deficiência
na sua oralização, impedindo-o de emitir sons. Fora isto, é um erro chamá-los de surdo-mudo.
Apague esta idéia!

O que é o Surdo-Mudo?
Erro social dado ao tato de que o surdo vive num „‟silêncio” rotulado pela própria sociedade (por
falta de conhecimento do real significado das duas palavras).
Surdez: dificuldade parcial ou total no que se refere à audição
Mudez: problema ligado à voz.
O que é a deficiência auditiva?
É apenas uma perda sensorial, por isto as pessoas com problemas de audição têm potencialidade
igual a de qualquer ouvinte. Comunicação com liberdade e segurança. Para os surdos a língua de
sinais é fundamental, pois só através dela podem se comunicar.

DESMISTIFICANDO OS ESTEREÓTIPOS

Ø Nem todo surdo é mudo;


Ø Nem todos os surdos fazem leitura labial;
Ø Nem todos os surdos sabem Língua de Sinais;
Ø Ao falar com surdo não é necessário tocá-lo fortemente e/ou falar em voz alta.
Ø A Língua de Sinais não é universal.

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BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS

A história da educação dos surdos é cheia de controvérsias e descontinuidades.


A primeira notícia que temos é do século XII, quando os surdos não eram considerados
humanos, não tinham direito à herança, não frequentavam nenhum meio social e eram proibidos de
se casarem.
Na Idade Média, com o feudalismo, os surdos começaram a ter atenção diferenciada pelo
clero (Igreja), que estava muito preocupado com o que tais pessoas faziam e por que não vinham se
confessar.
As pessoas não iam se confessar porque não apresentavam uma língua estruturante para seu
pensamento. Mas a igreja também estava muito preocupada, pois nasciam muitos surdos nos
castelos dos nobres, devido à frequência dos casamentos consanguíneos, comuns na época, visto
que a nobreza não queria dividir sua herança com outras famílias e acabavam casando-se entre
primos, sobrinhas, tios e até irmãos.
Como nos mosteiros da Igreja havia padres, monges e frades que utilizavam de uma língua
gestual rudimentar, porque nesses ambientes existia o voto do silêncio, esses religiosos foram
deslocados para esses castelos com a missão de educar os filhos surdos dos nobres em troca de
grandes fortunas.
Quanto ao método utilizado na época não temos registros, mas sabe-se que alguns acreditavam que
deveriam priorizar a língua falada, outros, a língua de sinais e outros, ainda, o método combinado.
Em 1880, aconteceu o Congresso Mundial de Professores de Surdos em Milão, na Itália,
onde foi discutido qual seria o melhor método para a educação dos surdos. Nesse congresso ficou
resolvido que o melhor método era o oral puro, sendo proibida a utilização da língua de sinais a
partir desta data.
A partir daí, as crianças surdas, muitas vezes, tinha suas mãos amarradas para trás e eram
obrigadas a sentarem em cima das mãos ao irem para a escola, para que não usassem a língua de
sinais. Tal opressão perdurou por mais de um século, trazendo uma série de consequências sociais e
educacionais negativas.

MODELOS EDUCACIONAIS
Na Alemanha, nesta mesma época, com Samuel Heinick, surge a filosofia educacional
Oralista que defende que o ensino da língua oral, e a rejeição à língua de sinais, é a melhor forma de
educar o aluno com surdez. Heinick funda a primeira escola pública para crianças com surdez
baseada no oralismo.
Apesar da disseminação da língua de sinais, a partir de 1860, com os avanços tecnológicos
que facilitavam a aprendizagem da fala pelas pessoas com surdez, o método oral ganhou força.
Ainda segundo Goldfield (1997), o mais importante defensor do Oralismo foi Alexander
Graham Bell, que exerceu grande influência no resultado da votação do Congresso Internacional de
Educadores de Surdos, realizado em Milão no ano de 1880. No Congresso, foi colocado em votação
qual método deveria ser utilizado na educação dos surdos. O Oralismo venceu e o uso da língua de
sinais foi oficialmente proibido. Ressalta-se que foi negado aos professores surdos o direito de
votar.
No início do século vinte a maior parte das escolas em todo o mundo deixa de usar a língua
de sinais. A oralização passa a ser o principal objetivo da educação das crianças surdas e, para
aprenderem a falar, passavam a maior parte do seu tempo nas escolas recebendo treinamento oral. O
ensino das disciplinas escolares foi deixado para segundo plano levando a uma queda significativa
no nível de escolarização dos alunos com surdez.
O Oralismo dominou até a década de sessenta quando William Stokoe publicou um artigo
demonstrando que a Língua de Sinais constituía-se em uma língua com as mesmas características
das línguas orais.
A partir daí, surgiram outras pesquisas demonstrando a importância da língua de sinais na

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vida da pessoa com surdez bem como revelando a insatisfação por parte das pessoas surdas com a
abordagem oral.
Em 1968, surge a filosofia da Comunicação Total que utiliza todas as formas de
comunicação possíveis na educação dos surdos, acreditando-se que a comunicação e não apenas a
língua, deve ser privilegiada.

A Comunicação Total chega neste contexto como uma proposta flexível no uso de meios de
comunicação oral e gestual. Com a expansão da Comunicação Total, a proposta inicial é
transformada e se consolida, não como método, mas como uma filosofia educacional. Ciccone
(1990) diz que essa filosofia possui uma maneira própria de entender o surdo, ou seja, longe de
considerá-lo como portador de uma patologia de ordem “médica”, entende o surdo como uma
pessoa, e a surdez como uma marca, cujos efeitos adquirem, inclusive, características de um
fenômeno com significações sociais. Por não explicitar claramente procedimentos de ensino, a
Comunicação total é incorporada, em diferentes lugares, em versões muito variadas, caracterizando-
se, basicamente pela aceitação de vários recursos comunicativos, com a finalidade de ensinar a
língua majoritária e promover a comunicação.
Apesar da idéia generalizada de oposição entre Comunicação Total e Oralismo, devido à
inclusão de sinais na prática daquela, Marchesi (1987) afirma que a Comunicação Total não está em
oposição à utilização da língua oral, mas apresenta-se como um sistema de comunicação
complementar. Os adeptos da comunicação total consideram a língua oral um código imprescindível
para que se possa incorporar a vida social e cultural, receber informações, intensificar relações
sociais e ampliar o conhecimento geral de mundo, mesmo admitindo as dificuldades de aquisição,
pelos surdos, dessa língua. Entretanto, a lentidão e limitações que as crianças surdas apresentam na
aprendizagem da língua oral, quando utilizam o oralismo puro, são fatores decisivos para a
introdução, no ensino, de um código lingüístico estruturado que possa contribuir também para
realizar as funções que são da língua oral, ou seja, a comunicação entre as pessoas e a elaboração de
processos cognitivos mais refinados.
A abordagem educacional bimodalista destaca-se nesses sistemas. As práticas são
qualificadas como bimodais ou simultâneas porque envolvem combinações de uso concomitante de
duas modalidades, isto é, os sinais e a fala. Para Stewart (1983), entretanto, a utilização da fala
codificada em sinais, caracteriza-se como duas modalidades da mesma língua, porque baseia-se
apenas na língua majoritária. Góes (1994) diz que essa ideia é variável entre pesquisadores e
educadores, porque existe também a noção de um instrumento de comunicação em que se inserem
parâmetros de uma língua de sinais para acompanhar a fala. Assim, não se subentende o
envolvimento de uma só língua, já que os recursos comunicativos se compõem a partir de uma
língua falada e de uma língua de sinais.
Numa abordagem educacional, o bilinguismo baseia-se no reconhecimento do facto de que
as crianças surdas são interlocutoras naturais de uma língua adaptada à sua capacidade de
expressão. Assim sendo, a comunidade surda propõe que a língua gestual oficial do seu país de
origem lhes seja ensinada, desde a infância, como primeira língua. Reconhece ainda o facto de que
a língua oral oficial do seu país não deve ser por ela ignorada, pelo que lhe deve ser ensinada, como
segunda língua. Os bilinguístas defendem que a língua gestual deve ser adquirida,
preferencialmente, pelo convívio com outros Surdos mais velhos, que dominem a língua gestual.
Para os bilinguístas, os Surdos não precisam almejar ser iguais aos ouvintes, podendo aceitar
e assumir a surdez. O conceito principal que a filosofia bilíngue traz é de que os Surdos formam
uma comunidade, com cultura e língua próprias. Os bilinguístas preocupam-se em entender o
indivíduo Surdo, as suas particularidades, a sua língua (língua gestual), a sua cultura e a sua forma
particular de pensar, em vez de apenas os aspectos biológicos ligados à surdez.
No Brasil, a primeira lei que viabiliza o uso da Língua Brasileira de Sinais como a primeira
língua dos surdos foi assinada em novembro de 2002 pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso.

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CONSELHOS ÚTEIS NO APRENDIZADO E USO DA LIBRAS

· Estude o material recebido, sempre que possível, com a presença de uma pessoa surda.
· O estudo em grupo poderá facilitar o aprendizado, bem como o estímulo individual.
· Para que um sinal seja produzido corretamente, é necessário observar: configuração de mão, ponto
de articulação, movimento e expressão.
· Focalize o rosto do usuário da LIBRAS, não as mãos. Como usuário da LIBRAS, você aprenderá
a ampliar seu campo visual.
· Caso não encontre um sinal para uma determinada palavra, lembre-se de que somente a
comunidade surda poderá criá-lo.
· Certifique-se de que haja claridade suficiente no momento da conversa em LIBRAS.
· Não tenha receio de sinalizar e errar. O erro faz parte do processo de aprendizagem.
· Pode ser que em sua cidade, devido ao regionalismo, os surdos utilizem alguns sinais diferentes
para a mesma palavra. Caso isto ocorra, busque conhecê-los também com o próprio surdo.
· Nem sempre você encontrará um sinal que signifique exatamente a palavra que deseja empregar.
Caso isso ocorra, procure um sinal que mais se aproxime. Ex.: CONFECCIONAR (FAZER - sinal
em LIBRAS).
· Os termos técnicos, possivelmente, não terão sinais específicos que os represente exatamente.
Portanto, é recomendável digitá-lo para o surdo e tentar "interpretá-lo", até que ele, entendendo o
contexto, crie o sinal correspondente.
· Informe aos surdos sobre o que acontece ao seu redor.
· Procure dar ao surdo o máximo de informações visuais. Ex.: campainha luminosa para início e
término de qualquer atividade.
· Se você quiser chamar a atenção de um surdo, procure tocá-lo no ombro se estiver próximo, ou
acene com os braços se estiver distante.
· O contato com a comunidade surda é fundamental nesse processo de aprendizado da língua, pois
além do grande exercício que se pode fazer, é uma preciosa oportunidade de se conhecer também a
cultura dessa comunidade.
· Sugerimos aos participantes que desejem aprofundar-se no estudo da LIBRAS que entrem em
contato com as associações e federações de surdos locais e regionais, cujos contatos poderão ser
obtidos na FENEIS - Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos.
· Exercite sempre!

(Adaptado de material: Curso de Capacitação dos Docentes do SENAI para Comunicação em


LIBRAS com Alunos Surdos)

2- A LÍNGUA DE SINAIS
A discussão sobre surdez, educação e língua de sinais vem sendo ampliada nos últimos anos por
profissionais envolvidos com a educação de surdos, como também pela própria Comunidade surda.
A língua de sinais é a língua natural dos surdos, pois essa a criança surda adquire de forma
espontânea sem que seja preciso um treinamento específico, ainda é considerada por muitos
profissionais apenas como gestos simbólicos. De uma maneira geral, em nossa sociedade não existe
lugar para as diferenças, sendo os surdos usuários da língua de sinais desconsiderados no processo
educacional. Vivemos em uma sociedade na qual a língua oral é imperativa, e por conseqüência
caberá a todos que fazem parte dela se adequarem aos seus meios de comunicação,
independentemente de suas possibilidades. Qualquer outra forma de comunicação, como ocorre
com a língua de sinais, é considerada inferior e impossível de ser comparada com as línguas orais.
Muitos profissionais que trabalham com surdos têm uma visão sobre a língua de sinais como uma

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forma de comunicação, não atribuindo a ela o status de língua e considerando-a apenas uma
alternativa para Os surdos que não conseguiram desenvolver a língua oral.
A língua de sinais tem como meio propagador o campo gesto-visual, o que a diferencia da
língua oral, que utiliza o canal oral-auditivo. Além dessa diferença, também apresenta antagonismos
quanto às regras constitutivas. No entanto, a língua de sinais deve ser respeitada como língua, pois
assume a mesma função da língua oral, a comunicação.
Os estudos em indivíduos surdos demonstram que a Língua de Sinais apresenta uma
organização neural semelhante à língua oral, ou seja, que esta se organiza no cérebro da mesma
maneira que as línguas faladas. A Língua de Sinais apresenta, por ser uma língua, um período
crítico precoce para sua aquisição, considerando-se que a forma de comunicação natural é aquela
para o qual o sujeito está mais bem preparado, levando-se em conta a noção de conforto
estabelecido diante de qualquer tipo de aquisição na tenra idade.
Cada comunidade surda possui a sua Língua de Sinais, não sendo portanto universal. Cada país
possui a sua, como acontece com as línguas orais (Português, Inglês, Espanhol...), mas sendo
diferente destas. Temos então a ASL (Língua de Sinais Americana); BSL (Língua de Sinais
Britânica), LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), entre outras. Estas, por sua vez, possuem
variações regionais como qualquer língua.

2.1- A LIBRAS
LIBRAS, ou Língua Brasileira de Sinais, é a língua materna dos surdos brasileiros e, como tal,
poderá ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com essa comunidade.
Como língua, esta é composta de todos os componentes pertinentes às línguas orais, como
gramática semântica, pragmática sintaxe e outros elementos, preenchendo, assim, os requisitos
científicos para ser considerada instrumental linguístico de poder e força. Possui todos os elementos
classificatórios identificáveis de uma língua e demanda de prática para seu aprendizado, como
qualquer outra língua. Foi na década de 60 que as línguas de sinais foram estudadas e analisadas,
passando então a ocupar um status de língua. É uma língua viva e autônoma, reconhecida pela
linguística. Pesquisas com filhos surdos de pais surdos estabelecem que a aquisição precoce da
Língua de Sinais dentro do lar é um benefício e que esta aquisição contribui para o aprendizado da
língua oral como Segunda língua para os surdos.

3-- ALFABETO MANUAL BRASILEIRO


O alfabeto de Libras (Língua Brasileira de Sinais) teve sua origem ainda no Império. Em 1856,
o conde francês Ernest Huet desembarcou no Rio de Janeiro com o alfabeto manual francês e alguns
sinais. O material trazido pelo conde, que era surdo, foi adaptado e deu origem à Libras. Este
sistema foi amplamente difundido e assimilado no Brasil.
No entanto, a oficialização em lei da Libras só ocorreu um século e meio depois, em abril de 2002 –
nesse período, o Brasil trocou a monarquia pela república, teve seis Constituições e viveu a ditadura
militar.
O longo intervalo deve-se a uma decisão tomada no Congresso Mundial de Surdos, na
cidade italiana de Milão em 1880. No evento, ficou decidido que a língua de sinais deveria ser
abolida, ação que o Brasil implementou em 1881.
A Libras quase mudou o nome e só voltou a vigorar em 1991, no Estado de Minas Gerais,
com uma lei estadual. Só em agosto de 2001, com o Programa Nacional de Apoio à Educação do
Surdo, os primeiros 80 professores foram preparados para lecionar a língua brasileira de sinais. A
regulamentação da Libras em âmbito federal só se deu em 24 de abril de 2002, com a lei nº 10.436.

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O alfabeto dactilológico, o uso das mão para soletrar, se considera um elemento
histórico de comunicação manual. A posição dos dedos das mãos representa, em certa
maneira, a forma das letras do alfabeto. Se encontraram ilustrações sobre alfabetos manuais
de princípios da era cristiana. As Bíblias em latim do século X mostram desenhos das
posições das mãos e se sabe que as pessoas que viviam na clausura utilizavam o alfabeto
dactilológico como forma de comunicação. A maioria dos países europeus utilizam um
alfabeto que requer o uso das duas mãos. Hoje em dia cada país tem seu alfabeto manual,
que só entendem os usuários dessa língua.

http://www.alfabetosurdo.com/ptsign/history.asp

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1- Exercício: observe a datilologia e escreva as palavras.

2- ______________________ 1a-__________________________
3- ______________________ 2a- __________________________
4- ______________________ 3a- __________________________
5- ______________________ 4a- __________________________
6- ______________________ 5a-__________________________

2- Relacione os nomes de acordo com a sinalização da professora

MARIA [ ] PARQUE [ ] CARROÇA [ ]

ALANA [ ] PEDRA [ ] CAMISA [ ]

CAROLINE [ ] PIPOCA [ ] CORAÇÃO [ ]

GABRIEL [ ] PACIENCIA [ ] CHOCOLATE [ ]

ADRIANA [ ] PAPAGAIO [ ] CACHOEIRA [ ]

SANDRA [ ] PORTA [ ] CACHORRO [ ]

4 - NUMERAIS NA LIBRAS

4.1 Numerais Ordinais

4.2 Numerais Cardinais

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4.3 Numerais Quantificadores

5. CUMPRIMENTO NA LIBRAS

A saudação faz parte da interação entre às pessoas, seja ela surda ou não. Dependendo
da situação, utiliza-se sinais específicos para situações formais e informais na Língua de Sinais.
Segue exemplos de sinais para as duas situações.

BOA NOITE BOA SORTE

BOA TARDE BOM DIA

ESTOU BEM OI

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OLÁ PRAZER EM CONHECER

TCHAU TUDO BEM?

COM LICENÇA OBRIGADO

POR FAVOR SOLETRAÇÃO


QUAL A SOLETRAÇÃO? QUAL O S

SINAL

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6 - ASPÉCTOS GRAMATICAIS - PARÂMETROS DA LIBRAS.

Os sinais são formados a partir da combinação do movimento das mãos com um


determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um
espaço em frente ao corpo.
Nas línguas de sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros:
- Configuração de mãos: são formas das mãos, que podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou
outras formas feitas pela mão predominante ( mão direita para os destros) ou pelas duas mãos do
emissor ou pelo sinalizador. Os sinais APRENDER, LARANJA, OUVIR E AMOR têm a mesma
configuração de mãos que são realizadas na testa, na boca, na orelha e no lado esquerdo do peito
respectivamente;
- Ponto de articulação: é o lugar onde inside a mão predominante configurada, podendo esta tocar
alguma parte do corpo ou estar em um espaçõ neutro v ertical ( do meio do corpo até a cabeça) e
horizontal (à frente do emissor). Os sinais TRABALHAR, BRICAR, BESTEIRA, CONSERTAR
são feitos no espaço neutro e os sinais ESQUECER, MENTE, APRENDER E PENSAR são
realizados na testa;
- Movimento: os sinais podem ter movimento ou não. Os sinais citados acima têm
movimento, com exceção de PENSAR que, como os sinais AJOELHAR E EM-PÉ m não têm
movimento;
- Orientação / direcionalidade: os sinais têm uma direção com relação aos parâmetros acima.
Assim os verbos IR e VIR se opõem em relação à direcionalidade, como os verbos SUBIR e
DESCER, ACENDER E APAGAR, ABRIR-PORTA e FECHAR-PORTA;
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- Expressão facial e / ou corporal: muitos sinais, além dos quatro parâmetros mencionados acima,
em sua configuração têm como traço diferenciador também a expressão facial e/ou corporal, como
os sinais ALEGRE e TRISTE. Há sinais feitos somente com a bochecha como LADRÃO, ATO-
SEXUAL; sinais feitos com a mão e expressão facial, como o sinal BALA, e há ainda sinais em
sons e expressões faciais complementam os traços manuais, como os sinais HELICOPTERO e
MOTOR. Na combinação destes cinco parâmetros, tem-se o sinal. Falar com as mãos é, portanto,
combinar estes elementos para formarem as palavras e estas formarem as frases em um contexto.

a) OS PARÂMETROS PRIMÁRIOS SÃO:

1) configuração de mão (CM) QUADRO 1

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2- QUADRO DE CONFIGURAÇÃO NOVA

1- Relacione o máximo de sinais realizados com as configurações a seguir

________________________________________________________________

_________________________________________________________________

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2) ponto de articulação (PA)

Pode ser uma marca de concordância verbal com o advérbio de lugar. Exemplo:

MESAi COPO objeto-arredondado-COLOCARi


“eu coloco o copo na mesa”;

3) movimento (M)
Pode ser uma raiz. Exemplos:
IR, VIR, BRINCAR.
A alteração na freqüência do movimento, pode ser uma marca de aspecto temporal:
TRABALHAR-CONTINUAMENTE; de modo: FALAR-DEMASIADAMENTE, ou
um intensificador: TRABALHAR-MUITO

b) PARÂMETROS SECUNDÁRIOS:

1) Disposição das mãos: a realização dos sinais na LIBRAS pode ser feito com a mão dominante
ou por ambas as mãos.

Ex.: BURR@, DIFERENTE, e OBRIGAD@

2) Orientação das mãos: direção da palma da mão durante a execução do sinal da LIBRAS, para
cima, para baixo, para o lado, para a frente, e outros. Também pode ocorrer a mudança de
orientação durante a execução de um sinal.

3) Região de contato: “refere-se à parte da mão que entra em contato com o corpo. Esse contato
pode-se dar de maneiras diferentes: por meio de um toque, de um risco, de um deslizamento etc.”
(BRITO, 1995).

4) Expressões faciais: “muitos sinais, além dos parâmetros mencionados, têm como elemento
diferenciador também a expressão facial e/ou corporal, traduzindo sentimentos e dando mais
sentido ao enunciado e em muitos casos determina o significado do sinal” (SILVA, p. 55, 2002). Ou
seja, podem expressar as diferenças entre sentenças afirmativas, interrogativas, exclamativas e
negativas.

Expressões faciais

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Desenho: Telasco Pereira

EXERCÍCIO

SINAL C.M P.A M OR/DIR EX.F/C

6- CATEGORIAS GRAMATICAIS NA LIBRAS

As categorias gramaticais ou parte do discurso são os paradigmas ou classes de palavras


de uma língua. Todas língua possui palavras que são classificadas como fazendo parte de um tipo,
classe ou paradigma em relação as seus aspectos morfológicos, sintáticos, semânticos e
pragmáticos. Assim, na língua portuguesa, por exemplo, os substantivos são palavras que possuem
desinência de gênero e número, são as palavras-chave de um sintagma nominal que pode ter a
função de sujeito ou de objeto.
Embora todas as línguas não possuam as mesmas classes gramaticas e muitas línguas não
possuem algumas, isso não implica carência ou inferioridade, as línguas tem formas diferenciadas
para expressar os conceitos. As outras categorias, que existem na língua portuguesa, também
existem na LIBRAS. Aqui serão apresentadas algumas e estudos mais aprofundados destas:

6.1 Advérbio de tempo

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a. Dias da Semana

____________ ______________ __________________ ___________

Exercício

Que dia da semana foi/será:


Ontem? Amanhã? Antes de ontem? Dois dias depois?
Quais os dias da semana da aula de Libras?

b. Meses do Ano

Desenhos: Telasco Pereira


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EXERCICIO.

Observe a sinalização e escreva as palavras ( sinais)

a- __________________ b-_________________ c-__________________

d- __________________ e-_________________ f-__________________

SISTEMA DE TRANSCRIÇÃO PARA LIBRAS

Existem sistemas de convenções para escrever os sinais realizados na Libras. Este sistema, que vem
sendo adotado por pesquisadores de línguas de sinais em outros países e aqui no Brasil, tem este
nome porque as palavras de uma língua oral-auditiva são utilizadas para representar
aproximadamente os sinais. Assim a Libras será representado a partir das seguintes convenções:

1- Os sinais da Libras, para efeito de simplificação, serão representados por itens lexicais da
Língua Portuguesa em letra maiúscula.Ex: CASA, ESTUDAR.
2- Um sinais, que é representado por duas ou mais palavras em língua portuguesa, será
representada pelas palavras separadas por hífen. Ex: CORTAR-COM-FACA.
3- Um sinal composto, formado por dois ou mais sinais, mas com a ideia de uma única coisa,
será separado pelo símbolo^. Ex: CAVALO^LISTRAS (zebra)
4- A datilologia, que é usada para representar nomes de pessoas ou localidades, e outras
palavras que não possuem sinais ou que se fizerem necessária no discurso, será representada
pela palavra separada, letra por letra, por hífen. Ex: J-O-Ã-O
5- Na Libras não há desinência para gênero. O sinal, representado por palavras da língua
portuguesa que possui marcas de gênero, está terminado com o símbolo @. Ex: AMIG@,
EL@.
6- Os traços não manuais como as expressões faciais e corporais, estão representadas acima do
sinal ao qual está acrescentando alguma ideia. Ex; interrogativa exclamativa
muito
NOME ADMIRAR LONGE
7- Os verbos possuem concordância de lugar ou número-pessoal, através do movimento
direcionado, e serão representados pela palavra correspondente a letra em subscrito.1s 2s 3s
= 1ª 2ª 3ª pessoa do singular. A letra “p” significa plural. Ex: 1s DAR 2s – “eu dou para
você”; 2s PERGUNTAR 3p = “você pergunta para eles.
8- Na libras não há desinência que indique o plural. As vezes há um marca de plural pela
repetição do sinal ou alongamento do movimento. Ex: MUIT@ e GAROT@ +

ITENS LEXICAIS PARA TEMPO E MARCA DE TEMPO

A LIBRAS não tem em suas formas verbais a marca de tempo como o português. Como vimos,
essas formas podem se modular para aspecto. Algumas delas também se flexionam para número e
pessoa.
Dessa forma, quando o verbo refere-se a um tempo passado, futuro ou presente, o que vai marcar o
tempo da ação ou do evento serão itens lexicais ou sinais adverbiais como ONTEM, AMANHÃ,
HOJE, SEMANA-PASSADA, SEMANA-QUE-VEM. Com isso, não há risco de ambigüidade
porque sabe-se que se o que está sendo narrado iniciou-se com uma marca no passado, enquanto
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não aparecer outro item ou sinal para marcar outro tempo, tudo será interpretado como tendo
ocorrido no passado.

Os sinais que veiculam conceito temporal, em geral, vem seguidos de uma marca de passado,
futuro ou presente da seguinte forma: Movimento para trás, para o passado; Movimento para frente,
para o futuro; e Movimento no plano do corpo, para presente. Alguns desses sinais, entretanto,
incorporam essa marca de tempo não requerendo, pois, uma marca isolada como é o caso dos sinais
ONTEM e ANTEONTEM ilustrados a seguir:

ONTEM ANTEONTEM

Outros sinais como ANO requerem o acompanhamento de um sinal de futuro ou de presente,


mas, quando se trata de passado, ele sofre uma alteração na direção do movimento de para frente
para trás e, por si só já significa „ano passado‟. Os sinais de ANO e ANO-PASSADO podem ser
observados nas ilustrações que se seguem:

ANO ANO-PASSADO

É interessenta notar, que uma linha do tempo constituída a partir das coordenadas: passado
(atrás)- presente (no plano do corpo)- futuro (na frente), pode ser observada também em línguas
orais como o português e o inglês como mencionado no início desse curso. Uma estruturação
completamente diferente do tempo foi observada por nós na Língua de Sinais Urubu-Kaapor, língua
de sinais da comunidade indígena Urubu habitante da Floresta Amazônica, onde o tempo futuro é
para cima e o presente no torso do usuário dessa língua. O passado não parece ser marcado.

Isso levou-nos a considerar que as línguas Portuguesa e LIBRAS não são tão distintas assim
naquilo que não depende de restrições decorrentes da modalidade visual-espacial, veiculando,assim,
uma visão de mundo muito similar, pelo menos nos aspectos semânticos até o momento estudados
por nós.
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As diferenças que vimos apontando ultimamente na estruturação gramatical e lexical da LIBRAS e
do português parecem não apontar tanto para diferenças culturais mas são sim devidas ao fato de a
primeira usar o espaço e de a segunda utilizar o meio acústico, para estruturar os significados
lexicais e gramaticais.

TEMPO EM LIBRAS

HORÁRIO X DURAÇÃO - QUE HORA E QUANTAS HORAS

Na LIBRAS há dois sinais para se referir à hora: um para se referir ao horário cronológico e
outro para a duração. O sinal HORA, com o sentido de tempo cronológico, é sinalizado por um
aponta para o pulso e, quando utilizado em frase interrogativa - expressão interrogativa “QUE-
HORA?”

O sinal HORA, com o sentido de tempo decorrido ou duração, é sinalizado por um círculo redor
do rosto e, quando utilizado em frase interrogativa - expressão interrogativa “QUANTAS-HORAS”,
tem um acréscimo da expressão facial para frase interrogativa.

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ATIVIDADE

1- QUE –HORAS.
AULA LIBRAS COMEÇAR QUE-HORA AQUI?____________________
VOCÊ TRABALHAR COMEÇAR QUE-HORAS?__________________
AULA TERMINAR QUE-HORA?___________
VOCÊ DORMIR QUE-HORA?____________

2- QUANTAS-HORAS.
VIAJAR SÃO-LUÍS/SÃO-PAULO QUANTAS-HORAS?_________________
TRABALHAR ESCOLA QUANTAS-HORAS?_______________
AULA LIBRAS QUANTAS-HORAS?___________________

Situação “ Na recepção da escola”


a- TUDO-BOM!
b- TUDO BO@
a- EU ENTRAR ESCOLA.
b- HORÁRIO? ANO (escolaridade)?
a- EU TERCEIR@-ANO, SEGUNDO -G-R-A-U. EU QUERER NOITE.
b- PARECER TER-NÃO V-A-G-A. MELHOR EU TELEFONAR VOCË. TER
TELEFONE CELULAR?
a- EU TER. MELHOR SE@ NÚMERO?
b- TELELEFONE 8115-2584 ME@ NOME ..........................
a- OBRIGAD@. ME@ NOME....TCHAU.

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PRONOME NA LIBRAS

Pronomes Pessoais
A LIBRAS possui um sistema pronominal para representar as pessoas do discurso: primeira
pessoa (singular, dual, trial, quatrial e plural): EU; NÓS-2, NÓS- 3, NÓS-4, NÓS-GRUPO,
NÓS/NÓS-TOD@S;

• Primeira Pessoa do Singular: EU


Apontar para o peito do enunciador (a pessoa que fala).

• Primeira Pessoa do Plural: NÓS-2, NÓS-3, NÓS-4, NÓS-NÓS-TOD@

• Segunda Pessoa (singular, dual, trial, quatrial e plural): VOCÊ,


VOCÊ-2, VOCÊ-3, VOCÊ-4, VOCÊ-GRUPO, VOCÊ/VOCÊS-TOD@S;

• Terceira Pessoa (singular, dual, trial, quatrial e plural): EL@, EL@-2,


EL@-3, EL@-4, EL@S-GRUPO, EL@S/EL@-TOD@S

Igualmente os pronomes pessoais, os pronomes demonstrativos também não possuem


marca para gêneros masculino e feminino e, por isso, está ausência, ou neutralidade, está sendo
assinalada pelo símbolo @.

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ATIVIDADES: Sentar em duplas para fazer um diálogo com os sinais aprendidos.

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1- Diálogo
a – TUDO BO@!
b – TUDO BO@!
a – VOCÊ VAI FESTA AMANHÃ?
b – SIM, EU VOU!
a – VOCÊ TER ROUPAS
EMPRESTAR?
b – TER, VOCÊ QUERER VER?
a – EU PRECISAR BLUSA CINZA CALÇA BRANCA E SANDÁLIA PRETA.
b – AH, EU TER CALÇA BRANCA, TER-NÃO BLUSA CINZA, SÓ AMARELA. SANDÁLIA
SÓ MARRON E BRANCA.
a – OBRIGAD@, PROBLEMA TER NÃO
EU PEDIR OUTR@ AMIG@!
b – OK! TCHAU!
2- Coloque o nome das cores correspondentes.

__________________ __________________ _______________

_________________ _______________ _______________ ____________

_________________ ________________ _______________

________________ _______________ ________________

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__________________ ___________________ ________________

1. Tipos de frases na LIBRAS

As línguas de sinais utilizam as expressões faciais e corporais para estabelecer tipos de


frases, como as entonações na língua portuguesa, por isso para perceber se uma frase em LIBRAS
está na forma afirmativa, exclamativa, interrogativa, negativa ou imperativa, precisa-se estar atento
às expressões facial e corporal que são feitas simultaneamente com certos sinais ou com toda a
frase, exemplos:

• FORMA AFIRMATIVA: a expressão facial é neutra.


• NOME ME@ M-A-R-C-O-S
• EI@ PROFESSOR.

• FORMA INTERROGATIVA: sobrancelhas franzidas e um ligeiro movimento da cabeça


inclinando-se para cima.
• NOME QUAL? (expressão facial interrogativa feita simultaneamente ao
sinal QUAL).
• NOME? (expressão facial feita simultaneamente com o sinal NOME)
• VOCÊ CASAD@?

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• FORMA EXCLAMATIVA: sobrancelhas levantadas e um ligeiro movimento da
cabeça inclinando-se para cima e para baixo. Pode ainda vir também com um
intensificador representado pela boca fechada com um movimento para baixo.
• EU VIAJAR RECIFE, BO@I BONIT@ LÁ! CONHECER MUII@ SURD@
• CARRO BONIT@!

• FORMA NEGATIVA: a negação pode ser feita através de três processos:

A- com o acréscimo do sinal NÃO à frase afirmativa:


negação
• BLUSA FEI@ COMPRAR NÃO,
• EU OUVIR NÃO

negação
• PRECISAR /PRECISAR-NÃO

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B- com a incorporação de um movimento contrário ou diferente ao do sinal negado:
•GOSTAR / GOSTAR-NÃO

negação
• GOSTAR-NÃO CARNE, PREFERIR FRANGO, PEIXE;

C- com um aceno de cabeça que pode ser feito simultaneamente com a ação que
está sendo negada ou juntamente com os processos acima:
•PODER / PODER-NÃO

não
•EU VIAJAR PODER-NÃO

• FORMA NEGATIVA/INTERROGATIVA: Sobrancelhas franzidas e aceno da


cabeça negando.
•CASAD@ EU NÃO?

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• FORMA EXCLAMATIVA/INTERROGATIVA:
VOCÊ CASAR?!

3- Elabore frases com os sinais aprendidos e sinalize para turma.

Frase-1 (AFIRMATIVA)
________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

Frase-2 (INTERROGATIVA)
________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

Frase-3 (EXCLAMATIVA)
________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

Frase-4 (NEGATIVA)
________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

Frase-5 (INTERROGATIVA/NEGATIVA)
________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

Frase-6 (INTERROGATIVA/EXCLAMATIVA)
________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

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VOCABULÁRIO

FAMÍLIA – VOCABULÁRIO

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1- Preencha os parênteses com os nomes dos respectivos sinais1

( ________ ) ( ________ ) (________) ( ________)

( ________ ) ( ________) (________) (_________)

( ________ ) ( ________ ) (________) ( ________)

1
Sinais retirados da Apostila Pedagogia da Fundação Universidade do Tocantins (UNITINS)
EADCON. – Curitiba: EADCON, 2010.
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VOCABULÁRIO ADJETIVOS

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Diálogo “Aniversário”
(B chega na casa do amigo)
a - BO@ DIA?
b - BONIT@ FESTA!
a – CONHECER FAMILIA, VEM.
HOMEM VELH@ GORD@ ALI ME@ P-A-I,
MULHER ARRUMAR continuativo ALI ME@ ESPOS@;
b-MULHER BLUSA LISTRAD@ AZUL, SENTAD@ ALI
a-ME@ IRMÃ@, NOME M-A-R-C-I-L-I-A,
b- HOMEM BLUSA AZUL LISTRAD@ AMAREL@,
a-ME@ CUNHAD@;
b-MENIN@ BLUSA AZUL ESTAMPAD@ FLOR,
b-ME@ FILH@;
a-GAROTA SAIA AMAREL@, ME@ SOBRINH@
b- FAMÍLIA BONITA.

MATERIAL ESCOLAR

ADESIVO APONTADOR

BORRACHA CADERNO BROCHURA

CADERNO ESPIRAL CANETA

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COLA TESOURA

DICIONÁRIO GIZ

LÁPIS LÁPIS DE COR

LIVRO (1) MOCHILA

LOUSA PAPEL

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1- ATIVIDADE = Caça – sinais

SOLTEIR@ - TESOURA- TI@- SOBRINH@ - CASA- PRIM@ - CASAD@- GIZ-

LIVRO- PAPEL- AMIG@- FAMILIA - MASCULINO- FEMININO-FILH@- MAE

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LOCAIS DE ENSINO

BIBLIOTECA DIRETORIA

ESCOLA UNIVERSIDADE

FACULDADE ENSINAR

SALA DE AULA PROFESSOR

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NÍVEIS DE ENSINO

EDUCAÇÃO INFANTIL EDUCAÇÃO ESPECIAL

ENSINO MÉDIO ENSINO FUNDAMENTAL

PÓS GRADUAÇÃO ENSINO SUPERIOR

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CURSOS E DISCIPLINAS

CURSO ARTE

CIÊNCIAS BIOLOGIA

EDUCAÇÃO FÍSICA GEOGRAFIA

HISTÓRIA LETRAS

PEDAGOGIA MATEMÁTICA

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PORTUGUÊS QUÍMICA

EDUCAÇÃO ENSINAR

PROFESSOR REUNIÃO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAPOVILLA, Fernando César. RAPHAEL, Walquiria Duarte – Enciclopédia da


Língua de Sinais Brasileira: o mundo do surdo em libras, Fapesp. Editora da
Universidade de São Paulo, 2004.

FELIPE, Tanya A. Monteiro, Myrna S. - Libras em Contexto, curso básico, livro do


professor instrutor, – Brasília: Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos.
MEC: SEESP, 2001.

Gesser, Audrei, LIBRAS? : Que língua é essa? : crenças e preconceitos em torno da


língua de sinais e da realidade surda - São Paulo : Parábola Editorial, 2009.
(Estratégias de ensino ; 14) p. 11-44.

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INES. Instituto Nacional de Educação de Surdos . Categorias Gramáticais Disponível
em: http://www.ines.gov.br/ines_livros/37/37_005.HTM. Acesso em : 20 ago 2011.

INES. Instituto Nacional de Educação de Surdos. Sistema de Transcrição para


LIBRAS. Disponível em: http://www.ines.gov.br/ines_livros/37/37_005.HTM. Acesso
em : 20 ago 2011.

KOJIMA, Catarina Kigute. SEGALA, Sueli Ramalho. Dicionário Língua de Sinais: a


imagem do pensamento. São Paulo; Ed. Escala, 2003.

QUADROS, Ronice Muller de Língua de Sinais Brasileiras: estudos lingüísticos /


Ronice Muller de quadros e Lodenir Becker Karnopp – Porto Alegre: Artmed, 2004.

CURIOSIDADES

Sinalização com os pés

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