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LIBRAS
Processos Psicológicos III
RECIFE
2021
LIBRAS E O SURDO COMO SUJEITO NA SOCIEDADE.
3. A libras como uma língua e Como ela garante ao Surdo que ele seja sujeito;
3.1. A história da libras
3.2. A oralização e suas problemáticas
3.3. Libras e a formação do sujeito
3.4. Libras como segundo idioma
3.5. Cego e surdo, e agora? (O milagre de Anne Sullivan)
3.6. Leis da inclusão
3.7. Surdo na escola
Surdez moderada:
Surdez severa:
Aparelhos auditivos
Intracanal (ITC):
Intra-auricular (ITE)
Retroauricular (BTE)
Esse aparelho auditivo é um dos mais utilizados, pois conseguimos com ele
todos os tipos de recursos e potência. Portanto, pode ser adaptado para a maioria
das perdas auditivas. Ele fica posicionado atrás da orelha e transmite um som até
próximo ao tímpano. Pode ser indicado para pessoas com perda auditiva leve à
profunda.
Diante de tudo que foi falado a respeito dos graus de surdez e dos aparelhos
auditivos indicados para a maioria dos graus, torna-se válido ressaltar também a
diferença entre o surdo e o deficiente auditivo. De acordo com os critérios
estabelecidos pela OMS, deficiência auditiva equivale à redução na capacidade de
ouvir sons em uma ou ambos os ouvidos. Assim, pessoas com perda auditiva que
varia de leve a severa se enquadram no grupo com deficiência auditiva.
Normalmente quem se inclui nesse espectro se comunica pela linguagem oral e faz
uso de aparelhos auditivos ou implantes cocleares – dispositivos eletrônicos
parcialmente implantados capazes de transformar sons em estímulos elétricos
enviados diretamente ao nervo auditivo. A surdez, por sua vez, é definida como a
ausência ou perda total da capacidade de ouvir em uma ou ambos os ouvidos. Já
de acordo com a Lei 13.146/2015, mais conhecida como Lei Brasileira de Inclusão,
desenvolvida com base na Convenção da ONU sobre os Direitos das pessoas com
Deficiência, o correto é usar pessoa com deficiência auditiva, seja ela oralizada (que
se comunica através da língua falada) ou sinalizada (que se comunica por uma
Língua de Sinais). Segundo o próprio Ministério da Saúde (2017), surdez é a
impossibilidade ou a dificuldade de ouvir, ou seja, sob uma perspectiva jurídica não
existe nada, no Brasil, que indique diferença entre esses dois termos.
2. O surdo na sociedade
Esse tópico tem como objetivo discutir sobre aspectos importantes da relação
entre a aquisição da língua de sinais e o desenvolvimento da linguagem em surdos,
e para fundamentar a discussão proposta, convencionou-se apoiá-la na perspectiva
sócio-histórica da linguagem, um dos assuntos abordados em aula, estabelecendo
assim uma relação entre os surdos e a perspectiva de Vygotsky, e também
considerando questões referentes à importância da língua de sinais para o
desenvolvimento linguístico, cognitivo e social do surdo.
Vygotsky em sua abordagem sócio-histórica buscou compreender os
mecanismos psicológicos mais complexos, como percepção e atenção, e dentre
esses mecanismos ele estudou o pensamento e a linguagem. O pensamento
subjacente à linguagem andam agrupados e constroem uma cadeia de símbolos
que dão origem aos significantes e significados, tanto internos: sensações,
sentimentos e opiniões, quanto externos, onde, simbolizamos os objetos reais:
cadeiras, lápis, escola e etc. Esses sistemas de códigos linguísticos são essenciais
para a expressão e comunicação. O processo que envolve a não separação do
pensamento e linguagem acontece simultaneamente de acordo com as práticas
estabelecidas pelo meio, e é pertinente para o desenvolvimento da interação
intersubjetiva, ou seja, a linguagem como um produto é fundamental para
identificação e organização do sistema endógeno e exógeno do homem, sua
aquisição é primordial à socialização do indivíduo.
Sabendo portanto que a linguagem é um processo que se desenvolve no
plano das interações sociais e que a mesma é essencial para identificação e
organização do sistema endógeno e exógeno do indivíduo, compreende-se que a
criança ouvinte desde seu nascimento, é exposta à língua oral, e que tal língua
propiciará as trocas comunicativas, a interação social e o desenvolvimento da
cognição. Porém, e a criança surda? Como se dá o desenvolvimento de sua
cognição se a mesma não escuta? No que se refere à audição como um dos
importantes fatores para a aquisição da linguagem, habilidades cognitivas e
interação, o homem sem ela tem suas capacidades delimitadas, porém, existem
outras formas para que o surdo obtenha um bom desenvolvimento cognitivo. Na
realidade “a surdez não torna a pessoa com menos possibilidades ou
impossibilitada, mas com possibilidades diferentes” (RODRIGUERO, 2000, p.1). No
caso da criança surda, o processo de desenvolvimento cognitivo pode ser efetivado
mediante a aquisição da língua de sinais, que constitui a língua natural dos surdos,
na qual prevalece o campo gesto-visual, em detrimento do oral-auditivo. Portanto, a
linguagem que o surdo obtém é uma forma definida ao pensamento possibilitando o
aparecimento da imaginação, uso de memória e planejamento de ação.
Diante disso, a verbalização é de fato um instrumento orálico que
proporciona praticidade mediadora para uma comunicação mais prática, porém,
existem outras formas de comunicação sem usar a fala, como é a comunicação da
pessoa surda, que é feita, basicamente, por sinais. Pesquisadores interessados na
área de neurolinguística e neuropsicologia afirmam que o surdo tem todas as
condições para o desenvolvimento cognitivo e intelectual, ou seja, embora não haja
o intercâmbio oral entre os surdos, isso não os incapacitam de viverem
normalmente em sociedade. Embora a audição seja de grande importância para o
desenvolvimento humano, principalmente nos processos que envolvem pensamento
intelectual e da linguagem, o surdo não deixa de ter outras maneiras de viver em
sociedade sem objeções com a comunicação.
Portanto a língua de sinais, assim como a verbal propicia a comunicação e
praticidade para qualquer que seja o objetivo do indivíduo e da comunidade em que
se vive; porém como a linguagem verbal é tida como legítima, no sentido
transcultural, muitas vezes não dá espaço para outras formas de comunicação, e
essa falta de espaço, não apresentar a língua de sinais como língua mãe a criança
surda traz consequências para sua constituição enquanto sujeito, tendo em vista
que quando a língua de sinais é adquirida aos primeiros anos de vida, tal ação
fornece a criança surda um desenvolvimento pleno como sujeito, garantindo uma
boa abstração simbólica, graças à plasticidade do cérebro, que ainda está em
desenvolvimento quando criança. Porém quando essa aquisição é tardia o surdo
encontra algumas dificuldades, tanto cerebral, tanto psíquica, não que seja
impossível a sua desenvoltura na aprendizagem, mas suas estruturas
neuropsíquicas estarão sedimentadas devido à falta de atividades nas regiões
cerebrais responsáveis pela linguagem no período propício (DALGALARRONDO,
2008).
Dessa forma, é imprescindível que a criança surda seja exposta à língua de
sinais identificando-a como sua língua “natural”; a criança surda deve aprender a
língua da sua comunidade ouvinte, mas deve ter como originária a linguagem de
sinais, pois a língua de sinais traz consigo significados específicos, sua forma de
significação e interação, proporcionando assim a formação da linguagem,da
subjetividade, identidade e do seu desenvolvimento em sociedade. É a partir do
momento que o sujeito surdo começa a ter participação integral entre o oralismo e a
LIBRAS, língua de sinais Brasileira, tornando-se bilíngue, estará sendo capacitado
ulteriormente, como qualquer sujeito, interagindo diretamente com o meio de forma
totalmente individualizada, sem a dependência de um responsável, tornando-o de
fato um indivíduo inserido no mundo da linguagem, um indivíduo que tem
consciência de si enquanto sujeito social e enquanto detentor de direitos, enquanto
cidadão, tendo acesso a cultura. Nader (2011), uma das autoras contribuintes do
artigo que o grupo usou como base para esse tópico referente a perspectiva sócio
histórica, afirma que é preciso existir políticas linguísticas educacionais que
garantam a língua o quanto antes para obtenção de emergência no seu
engajamento ao âmbito social. Um dos depoimentos registrados por ela diz o
seguinte: "depois que aprendi a língua de sinais, percebi que eu podia ter o meu
próprio pensamento”. Descreve uma entrevistada. “Ela quer dizer que não precisa
mais só repetir pensamentos, ideais, criatividade. A dissertação me permitiu fazer
este tipo de reflexão e ver a gravidade e as implicações de uma pessoa não ter uma
língua’’ (NADER, 2011)
Diante do exposto, conclui-se que a língua de sinais assume um papel
expressivo na vida do sujeito surdo. A referida língua propicia à criança surda a
interação com o outro, a troca comunicativa, a elaboração do pensamento, a
expressão de ideias e sentimentos, o planejamento das ações, o conhecimento do
mundo físico e simbólico. Assim sendo, compreende-se que a língua de sinais
exerce para os surdos as mesmas funções que a língua oral exerce para os
ouvintes, conduzindo-os ao desenvolvimento pleno.
3. A libras como uma língua e como ela garante ao Surdo que ele seja
sujeito
O Art. 2 da Lei 10.436/2002 refere que o poder público deverá apoiar o uso e
difusão da LIBRAS. No entanto, o que mudou a partir daí? Após a publicação da
desta lei, os profissionais da educação ficaram confusos, por não saberem como
viabilizar a comunicação em LIBRAS e quem seriam os profissionais que atuariam
na educação dos surdos. De forma a regulamentar a Lei 10.436/2002, foi
sancionado o Decreto governamental 5.626/2005, tornando obrigatória a LIBRAS
não só para a comunidade surda, mas também para os professores e presença do
intérprete em sala de aulas inclusivas. Com base no decreto, todas os currículos
precisaram ser alterados, de forma a inserir a disciplina LIBRAS, obrigatória para
alguns cursos e optativas para outros. O importante é que essa língua de
modalidade visuoespacial ganha espaço dentro da academia e, a longo prazo,
formará profissionais que entendam o que é a surdez, as singularidades da pessoa
surda e dominem o básico da LIBRAS.
Os para os cargos de professor de LIBRAS e intérprete de LIBRAS- Língua
Portuguesa, no nível médio e superior. A proficiência foi criada no decreto
5.626/2005 e deveria ter a vigência do mesmo, ou seja, dez (10) anos. No entanto,
tivemos sete (7) edições e o número de aprovados foi muito abaixo do esperado,
enquanto o mercado de trabalho crescia gradativamente. Atualmente, para você
trabalhar como professor de LIBRAS precisa da formação no ensino superior, a
graduação na licenciatura em Letras/LIBRAS. Para o cargo de intérprete, o estado
de Pernambuco conta com o curso técnico oferecido pelo governo do Estado.
Lei n° 8069/1990 – Estatuto da criança e do adolescente – Educação
especial. Lei n° 10.098/1994 – Estabelece normas gerais e critérios básicos para a
promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com
mobilidade reduzida. Decreto n° 5. 296/2004 – Regulamenta a lei n° 10.098/1994 –
com ênfase na promoção da acessibilidade. Decreto n° 6.571/2008 – Dispõe sobre
o atendimento educacional especializado. Portarias Portaria n° 976/2006 –
Determina critérios de acessibilidade a eventos do MEC.
Com o fracasso do Oralismo, surge a Comunicação Total, abordagem
educativa que durou por volta de dez (10) anos. Também não obteve sucesso, pois
como seu princípio era o uso de qualquer recurso linguístico, não focou na aquisição
de uma língua, por isso, o seu princípio também foi o motivo do seu fracasso. A
Comunicação Total teve dois pontos positivos: a mudança de visão da pessoa surda
de “deficiente” para “diferente” e o uso das Línguas de Sinais como um dos recursos
linguísticos.
O uso das Línguas de Sinais na Comunicação Total serviu para que a
sociedade pudesse perceber a importância de uma língua sinalizada no
desenvolvimento cognitivo e educacional da pessoa surda. Assim, surge o
bilinguismo, orientando o uso da LIBRAS, como primeira língua e a língua
portuguesa como segunda língua. Com isso, temos o reconhecimento da LIBRAS
como meio de comunicação e expressão das comunidades surdas brasileiras,
através da Lei n° 10.436/2002 e a regulamentação com o Decreto n° 5.626/2005. O
decreto apresenta pontos importantes que fortalecem a inclusão educacional da
pessoa surda, como: inserir a disciplina LIBRAS no ensino superior; a
obrigatoriedade do intérprete/tradutor de LIBRAS; professores bilíngues; formação
dos professores de LIBRAS através do Letras/LIBRAS.
Ter leis que significa reconhecer a libras como uma língua e que precisa ter
um reconhecimento para que se der a devida prioridade para os sujeitos surdos
Lei 9394/1996:
Art. 26-B: Será garantida às pessoas surdas em todas as
etapas e modalidades da educação básica, nas redes
públicas e privadas de ensino, a oferta da Língua Brasileira
de Sinais – LIBRAS, na condição nativa das pessoas
surdas.
Apesar da LDB trazer a LIBRAS para dentro das escolas garantindo o acesso
aos conteúdos da comunidade surda, a partir da sua língua materna, na prática, sua
implementação foi muito difícil, pois se tratava de uma língua que não era
reconhecida e desconhecida por parte da comunidade escolar. Assim, em 24 de
abril de 2002, a lei federal 10.436 foi homologada,garantindo o direito da pessoa
surda de usar a LIBRAS em qualquer ambiente que ele frequente, tanto na escola,
quanto na sociedade. Que na realidade é uma conquista da comunidade surda que
sofreu no período Oralista, pela proibição do uso das Línguas de Sinais e a falta de
representatividade de uma identidade e cultura surda.
O Art. 2 da Lei 10.436/2002 refere que o poder público deverá apoiar o uso e
difusão da LIBRAS. No entanto, o que mudou a partir daí?
Após a publicação da desta lei, os profissionais da educação ficaram
confusos, por não saberem como viabilizar a comunicação em LIBRAS e quem
seriam os profissionais que atuariam na educação dos surdos. De forma a
regulamentar a Lei 10.436/2002, foi sancionado o Decreto governamental
5.626/2005, tornando obrigatória a LIBRAS não só para a comunidade surda, mas
também para os professores e presença do intérprete em sala de aulas inclusivas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
FERREIRA BRITO, Lucinda. Integração social & educação de surdos. Rio de Janeiro: Babel,
1993.
RAMOS, Clélia Regina. "LIBRAS: a língua de sinais dos surdos brasileiros." Disponível para
download na página da Editora Arara Azul: < http://www. editora-arara-azul. com. br/pdf/artigo2. pdf
>(2004).
SOUZA MAIA, Maria Inez. “A importância da história dos surdos para o avanço da educação".
Universidade Federal do Tocantins
STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: UFSC, 2008
OUTRAS REFERÊNCIAS:
Conheça o INES. INES. Disponível em: <https://www.ines.gov.br/conheca-o-ines>. Acesso em: 02
dez. 2021.
LINGUAGEM: Introdução – o que é linguagem?, com Cristina Altman. [S. l.: s. n.], 2019.
Disponível em: https://youtu.be/ulvQKZn95yg. Acesso em: 2 dez. 2021.