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DEFICIÊNCIA
AUDITIVA E SURDEZ
2
3 UNIDADE 1 - Introdução
5 UNIDADE 2 - A audição e o aparelho auditivo
8 UNIDADE 3 - Deficiência auditiva / surdez
8 3.1 Diagnóstico da deficiência auditiva
SUMÁRIO
23 5.2 As salas de recursos
UNIDADE 1 - Introdução
A orelha é uma obra de arte de enge- Na face interna do tímpano, está a ore-
nharia que consiste em três partes: ore- lha média, que é uma câmara cheia de ar
lha externa, orelha média e orelha interna com três pequenos ossos (os menores do
(HONORA; FRIZANCO, 2008). corpo humano), os quais estão conecta-
dos entre si. São eles: martelo,
bigorna e estribo. Os ossos re-
cebem esses nomes pela se-
melhança que têm com esses
objetos. Os ossículos unem o
tímpano à janela oval, uma aber-
tura no revestimento ósseo da
cóclea. Ainda na orelha média,
está localizada a tuba auditiva
que é a nossa ligação entre o
ouvido, o nariz e a garganta. É o
que nos dá a sensação de sen-
tir o gosto de alguns remédios
quando os pingamos no nariz.
A orelha externa é composta de duas
estruturas: a orelha, também conhecida Em razão de termos essa tuba auditiva
como ouvido, ou pavilhão auricular, que é que liga nossa garganta à orelha média,
uma estrutura externa semelhante a um pode-se acumular pus nessa região, devi-
funil, feita de cartilagem e pele que tem do às infecções de ouvido (otites), por uso
a função de captar as ondas sonoras e as indevido de mamadeiras e amamentação
desviar para dentro do conduto auditivo dada para o bebê enquanto ele está deita-
externo, que é o corredor que encaminha, do. Por este motivo, também podem ocor-
amplificando, a onda sonora ate o tímpa- rer lesões no tímpano devido ao seu rom-
no, o qual vibra como se fosse o couro de pimento para a saída desse líquido. Muitas
um tambor. crianças em idade escolar apresentam
esse problema, o que pode diminuir sua
No conduto auditivo externo, temos a
atenção auditiva e consequentemente
presença de pelos e de certas glândulas
causar deficiência auditiva.
que produzem cera para proteger a ore-
lha; portanto, a limpeza exagerada desse A cóclea é a estrutura do ouvido pela qual
local pode causar danos e até lesões sé- ouvimos. Ela é do tamanho de uma ervilha
rias na audição. Vale lembrar também que, e é nela que estão localizados os recepto-
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res auditivos. Quando as ondas sonoras fa- (2008), toda vez que formos a um show
zem o tímpano vibrar, essas vibrações são de heavy metal e, ao chegarmos em casa,
transmitidas para os ossículos que, por sua escutarmos nosso ouvido apitar, significa
vez, produzem uma ação semelhante à de que algumas de nossas células ciliadas es-
uma alavanca, transmitindo e amplificando tão morrendo.
as vibrações para a membrana que reveste
a janela oval da cóclea.
O som tem três dimensões físicas:
frequência, amplitude e complexida-
A cóclea, que tem esse nome porque pa- de, como demonstra a tabela abaixo.
rece um caracol, é uma estrutu-
ra oca e os compartimentos des-
se espaço são preenchidos por
líquido, onde há uma membrana
fina denominada membrana ba-
silar, na qual estão inseridas as
células ciliadas (cílios), que são
nossos receptores auditivos.
apontam que somente 4% ou 5% das tes toda vez que se põem a interagir” fa-
crianças surdas são filhas de pais também zendo com que a interpretação da língua
surdos, tendo, então, um acesso natural seja uma atividade humana, uma intera-
a esse bilinguismo pelo contato com a lín- ção social (BAGNO, 2003, p.19).
gua de sinais, sendo esse acesso efetua-
Nesta visão linguística interacionista,
do por meio das interações comunicativas
alicerçado em um resgate histórico, te-
com os seus pais surdos, mesmo estando
mos hoje, juridicamente, o conceito da
inseridos em uma comunidade majoritária
Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, como
que é ouvinte.
a forma de comunicação e expres-
A maioria das crianças surdas, portanto
são, com o sistema linguístico de
– de 95% a 96% –, não tem a mesma pos-
natureza visual-motora, e estrutura
sibilidade que as que são filhas de surdos.
gramatical própria que constituem
Elas crescem e se desenvolvem dentro de
um sistema linguístico de transmis-
uma família formada em sua totalidade
são de ideias e fatos, oriundos de
por ouvintes, que geralmente desconhe-
comunidades de pessoas surdas do
cem ou rejeitam o uso da língua de sinais.
Brasil (Lei nº 10.436, de 24 de abril
Precisamos entender que há uma dife- de 2002).
rença entre língua e linguagem!
De acordo com Felipe (2005), os si-
Lyons (1987 apud QUADROS, 2006) de- nais surgem da combinação dos se-
fine linguagem como sendo um sistema de guintes parâmetros:
comunicação natural ou artificial, humano
a) configuração das mãos – são for-
ou não. Nesta perspectiva, é qualquer for-
mas das mãos, que podem ser da datilo-
ma utilizada com algum tipo de intenção
logia (alfabeto manual) ou outras formas
comunicativa incluindo a própria língua.
feitas pela mão predominante, ou pelas
Tratada em uma ordem meramente lin- duas mãos do emissor ou sinalizador,
guística, pode-se compreender a língua
b) ponto de articulação – local em que
como um sistema linguístico de infinitas
se faz o sinal, podendo tocar alguma parte
frases de forma altamente criativa.
do corpo ou estar em um espaço neutro;
Em uma perspectiva de ordem social, a
c) movimento – os sinais podem ter um
língua é compreendida como parte consti-
movimento ou não;
tutiva da identidade individual e social dos
seres humanos (BAGNO, 2003, p.16-17). d) orientação/direção – os sinais têm
Nesta perspectiva, somos a língua que fa- uma direção com relação aos parâmetros
lamos e não somente usuários da mesma. acima;
Para tanto, faz-se necessário percor- e) expressão facial e/ou corporal –
rer uma análise do contexto histórico pelo as expressões faciais ou corporais são de
qual se processou a língua. Isto significa grande importância para o entendimento
dizer que é necessário considerá-la como real do sinal, sendo que a entonação em
uma atividade social, como “um trabalho Língua de Sinais é feita pela expressão
empreendido conjuntamente pelos falan- facial.
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outros países, foi fundada a Escola Con- Nessas instituições de ensino, a presen-
córdia, em Porto Alegre. Em 1957, foi ça de intérpretes, das salas de recursos
fundada a Escola de Surdos de Vitória do ou de monitores especializados auxilia o
Espírito Santo. Atualmente, há muitas estudante surdo na rotina escolar.
escolas municipais, como, por exemplo, a
Segundo Bernardino (2000), o indiví-
Escola Rompendo o Silêncio, em Rezende
duo surdo possui certas características
no Rio de Janeiro, a Escola Municipal Ann
que fazem dele uma pessoa diferente,
Sullivan, em São Caetano do Sul e a Es-
especial, que, embora viva no mesmo
cola Hellen Keller, em Caxias do Sul, uma
ambiente que os ouvintes, não parece
escola somente para surdos que vem
pertencer ao mundo destes.
implementando uma proposta bilíngue
para a educação dos surdos, ou seja: a Isso porque a língua natural dos sur-
aquisição da LIBRAS e aprendizado, com dos, a de sinais, na maioria das vezes
metodologia apropriada, da língua por- não é aceita pelos seus familiares, pelos
tuguesa e da língua de sinais brasileira. professores, pelos psicólogos e outros
profissionais que lidam com eles e, mui-
Percebe-se a luta dos surdos para
tas vezes, nem por eles próprios. Essa
terem escolas específicas para a Comu-
língua é tida como uma vilã, que impede
nidade Surda, porque acreditam que
a aprendizagem da língua oral, cujo uso
através de um ensino que atenda eficaz-
propicia ao surdo a oportunidade de se
mente suas necessidades linguísticas
tornar “igual” aos ouvintes.
e culturais, eles poderão se integrar e
estar em condições de igualdade com os É importante ressaltar neste resgate
ouvintes, o que refletirá, por exemplo, histórico que, assim como o Cristianismo,
na conquista de cargos públicos. há mais de dois mil anos, trouxe o desen-
volvimento do entendimento a respeito
Assim, uma política educacional que
da necessidade de implementar na so-
leve em conta a realidade e tradição dos
ciedade princípios que garantam a digni-
surdos no Brasil poderá reverter o atu-
dade humana e os direitos das minorias,
al quadro de insatisfação, em relação
o trabalho assistencial, de caráter reli-
à qualidade da educação para surdos,
gioso e social, realizado de forma pio-
que prevalece nas comunidades surdas
neira e contínua, a partir da década de
(FELlPE, 2005).
70, em Campinas, e notadamente pelas
Na prática, a educação bilíngue é vi- igrejas batistas brasileiras da Convenção
venciada de maneiras diferentes pelas Batista Brasileira, trouxe a atenção dos
escolas. Há aquelas chamadas especiais, órgãos públicos e da sociedade civil em
que possuem professores especializados geral para com os surdos e seus direitos
em ensinar em LIBRAS e que são exclusi- intrínsecos de comunicação, por meio de
vas para alunos surdos. Há aquelas cha- sua língua natural, notadamente no âm-
madas regulares, ou comuns, que mes- bito de discussões de políticas públicas
clam surdos e ouvintes nas salas, ou que educacionais tidas como especiais.
montam salas exclusivas para surdos,
Para além do pioneirismo, Silva (2006,
mas dentro do mesmo ambiente escolar.
p. 49) afirma que a experiência batista
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se destaca também por uma série de ou- BRAS, que teve sua primeira edição pro-
tras razões. Segundo o autor, movida por meio de um projeto realiza-
do pela Universidade Federal de Santa
Foi, sobretudo, essa experiência
Catarina em parceira com o MEC no ano
que fez da atividade missionária
de 2006, aprovando 1.349 profissionais
com surdos, sinônimo de interpre-
em tradução/interpretação da LIBRAS
tação e liderança de Ministério.
em todo o Brasil, sendo considerados,
Por conta disso, embora o objetivo
portanto, qualificados para exercerem a
fundamental do trabalho missio-
atividade dentro da sala de aula nos di-
nário seja “converter” surdos para
ferentes níveis de ensino.
o cristianismo, indiretamente, essa
instituição se tornou uma grande Entretanto, o reconhecimento ofi-
formadora de intérpretes em dife- cialmente da Língua Brasileira de Sinais
rentes regiões do Brasil (...) As ex- como meio de comunicação objetiva e de
periências protestantes com surdos uso corrente das comunidades surdas,
citadas são formadas por excelên- ocorreu muitos anos antes em vários Es-
cia de um modelo de intérprete que tados do Brasil.
parece ter se desdobrado para es-
Vale saber...
fera secular.
a) Em Minas Gerais, pela Lei Estadual
Com a captação desses “missionários
nº10.379, de 10/01/1991.
batistas” aptos na tradução/interpreta-
ção da Língua Brasileira de Sinais pelo b) Em Alagoas, por meio da Lei Esta-
mercado de trabalho, foi possível a luta, dual nº 6.060, de 15/0911998.
juntamente com a Comunidade Surda,
por políticas linguísticas, dentre outras,
c) No Ceará, com a Lei Estadual nº
13.100, de 12/01/2001.
da Língua Brasileira de Sinais, o que ocor-
reu com a promulgação da Lei nº 10.436, d) No Distrito Federal, pela Lei nº
de 24 de abril de 2002, reconhecendo a 2.532, de 02/03/2000.
LIBRAS como meio legal de comunicação
dos surdos, bem como obrigou o ensino e) No Espírito Santo, pela Lei nº
da mesma nos cursos de Educação Es- 5.198/1999.
pecial, Fonoaudiologia e de Magistério f) Em Goiás, pela Lei Estadual nº
como parte dos Parâmetros Curriculares 12.081, de 30/08/1993.
Nacionais.
g) No Mato Grosso, pela Lei Estadual
O Decreto nº 5.626, de 22 de dezem- nº 7.831, de 13/12/2002.
bro de 2005, regulamentou a Lei nº
10.436/2002, determinando a realiza- h) No Mato Grosso do Sul, pela Lei nº
ção do Exame Nacional de Certificação 1.693, de 12/09/1996.
de Proficiência em LIBRAS e o Exame i) Em Pernambuco, pela Lei Estadual
Nacional de Certificação de Proficiência nº 11.686, de 18/10/1999.
em Tradução e Interpretação da LIBRAS/
Língua Portuguesa, denominado PROLl- j) Em Santa Catarina, pela Lei Estadual
nº11.869, de 6/09/2001.
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tratégias em sala de aula, ou fora da sala sional para atuar na sala de recursos, o
de aula no contraturno da escolarização, professor da sala de recursos deverá ter
no caso para atendimento do aluno. curso de graduação, pós-graduação e/ou
formação continuada que o habilite para
Segundo Silva e Maciel (2005), o AEE
atuar em áreas da educação especial para
na forma de complementação represen-
o atendimento às necessidades educacio-
ta um trabalho pedagógico complemen-
nais especiais dos alunos. Essa formação
tar necessário ao desenvolvimento de
é específica para cada deficiência ou con-
competências e habilidades próprias nos
dutas típicas (OLIVEIRA; ARAÚJO, 2010).
diferentes níveis de ensino, deve ser rea-
lizado no contraturno da escolarização do Portanto, o AEE se valida, de acordo
aluno e se efetiva por meio dos seguintes com Fávero (2007), por ser um tratamen-
serviços: salas de recursos; oficinas peda- to diferenciado, que tem sede constitu-
gógicas de formação e capacitação profis- cional, e que não exclui as pessoas com
sional. deficiência dos demais princípios e garan-
tias relativos à educação. Assim, o Aten-
Em linhas gerais, o objetivo do AEE, é o
dimento Educacional Especializado será
de oferecer o que não é próprio dos currí-
válido somente se de fato levar o direito
culos da base nacional comum, possuindo
à educação.
outros objetivos, metas e procedimen-
tos educacionais. Segundo Silva; Maciel
(2005, p. 5),
5.2 As salas de recursos
Lócus privilegiado do atendimento edu-
suas ações são definidas conforme
cacional especializado, a sala de recursos
o tipo de deficiência ou condutas tí-
multifuncionais torna palpáveis e concre-
picas que se propõe a atender, bem
tos, em nível de escola, os objetivos da po-
como deve contemplar as necessida-
lítica nacional de educação especial, seja
des educacionais especiais de cada
pelo conjunto de meios e recursos que
aluno, as quais devem estar funda-
nela são colocados à disposição do aluno
mentadas na avaliação pedagógica.
com deficiências, seja, sobretudo, pelo
De todo modo, o Atendimento Educa- fato de que é na escola comum que a sala
cional Especializado não deve ser con- de recursos multifuncionais deve funcio-
fundido com o reforço escolar nem como nar (SARTORETTO; SARTORETTO, 2010).
atendimento clínico, ou como substituto
As salas de recursos são espaços da
dos serviços educacionais comuns.
escola onde se realiza o atendimento
Ressalta-se que a escolarização dos educacional especializado de alunos com
alunos com deficiências e condutas típi- necessidades educacionais especiais, ma-
cas deve ser um compromisso da escola triculados na escola comum. O atendimen-
e compete à classe comum, que deve res- to em salas de recursos constitui um ser-
ponder às necessidades dos educandos viço educacional de natureza pedagógica,
com práticas que respeitem as diferenças feito por professor especializado, num
(SILVA; MACIEL, 2005). espaço dotado de materiais, equipamen-
tos e recursos pedagógicos adequados às
No que se refere à formação do profis-
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balho com alunos com surdez no ensino é indicado para a execução do Aten-
regular, deve ser desenvolvido num am- dimento Educacional Especializado.
biente que utiliza a Língua de Sinais e a Nele destacam-se três momentos di-
Língua Portuguesa”, assim, para a autora, dático-pedagógicos:
o AEE deve se caracterizar como um perí-
odo adicional de horas diárias de estudo. momento do Atendimento Educacio-
nal Especializado em LIBRAS na escola
Para alunos com surdez, o espaço do comum, em que todos os conhecimentos
AEE deve oferecer um instrutor de LIBRAS dos diferentes conteúdos curriculares são
(de preferência surdo) para os alunos que explicados nessa língua por um professor,
ainda não aprenderam essa língua, e cujos sendo o mesmo preferencialmente surdo.
pais tenham optado pelo seu uso. É ne- Esse trabalho é realizado todos os dias, e
cessário que o professor de Português e destina-se aos alunos com surdez;
o professor de AEE em LIBRAS trabalhem
momento do Atendimento Educacio-
em parceria com o professor da sala de
nal Especializado para o ensino de LIBRAS
aula, para que o aprendizado do portu-
na escola comum, no qual os alunos com
guês escrito e de LIBRAS por esses alunos
surdez terão aulas de LIBRAS, favorecen-
sejam contextualizados.
do o conhecimento e a aquisição, princi-
Damázio (2007, p. 26) afirma que palmente de termos científicos. Este tra-
balhado é realizado pelo professor e/ou
[...] o planejamento do Atendimento
instrutor de LIBRAS (preferencialmente
Educacional Especializado é elabo-
surdo), de acordo com o estágio de desen-
rado e desenvolvido conjuntamente
volvimento da Língua de Sinais em que o
pelos professores que ministram au-
aluno se encontra. O atendimento deve
las em LIBRAS, professor de classe
ser planejado a partir do diagnóstico do
comum e professor de Língua Portu-
conhecimento que o aluno tem a respeito
guesa para pessoas com surdez.
da Língua de Sinais;
Ainda diz que o planejamento coletivo
momento do Atendimento Educacional
inicia-se com a definição do conteúdo cur-
Especializado para o ensino da Língua Por-
ricular, o que implica que os professores
tuguesa, no qual são trabalhadas as espe-
pesquisem sobre o assunto a ser ensina-
cificidades dessa língua para pessoas com
do. O trabalho dos professores deve estar
surdez. Este trabalho é realizado todos os
inter-relacionados, para promover a auto-
dias para os alunos com surdez, à parte das
nomia do aluno, perante os ensinamentos
aulas da turma comum, por uma professo-
apresentados.
ra de Língua Portuguesa, graduada nesta
O trabalho pedagógico com os alu- área, preferencialmente. O atendimento
nos com surdez nas escolas comuns, deve ser planejado a partir do diagnóstico
deve ser desenvolvido em um am- do conhecimento que o aluno tem a respei-
biente bilíngue, ou seja, em um espa- to da Língua Portuguesa.
ço em que se utilize a Língua de Sinais
O planejamento do Atendimento Edu-
e a Língua Portuguesa. Um período
cacional Especializado é elaborado e de-
adicional de horas diárias de estudo
senvolvido conjuntamente pelos profes-
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e ouvintes. Ele deverá saber o valor e li- evitando interferir na construção da Lín-
mites de sua interferência no ambiente gua Portuguesa, como segunda língua dos
escolar, para dar esclarecimentos e orien- alunos com surdez. A sala de aula comum
tação aos que necessitam de seus conhe- é um dos locais de aprendizado da Língua
cimentos específicos. Portuguesa para os alunos com surdez.
ALFABETO EM LIBRAS
36
Portuguesa;
a organização do ambiente de
aprendizagem e as explicações do pro-
fessor em LIBRAS propiciam uma com-
preensão das ideias complexas, contidas
nos conhecimentos curriculares;
dessa Língua, bem como, metodologias leitor e o autor mediados pelo texto, num
de ensino de segunda língua; movimento que estimula seus mecanis-
mos perceptivos, do todo para as partes
o uso de recursos visuais é funda-
e vice-versa, resultando nos percursos
mental para a compreensão da Língua
de contextualização, descontextualiza-
Portuguesa, seguidos de uma exploração
ção e recontextualização. No percurso de
contextual do conteúdo em estudo;
contextualização, o aluno parte do todo
o atendimento diário em Língua Por- textual para formar o sentido inicial da
tuguesa, garante a aprendizagem dessa produção de significados o percurso de
língua pelos alunos; descontextualização, há o reconhecimen-
to das partes do texto, das suas estrutu-
para a aquisição da Língua Portugue-
ras em palavras e frases, sílabas e grafe-
sa, é preciso que o professor estimule,
mas. No percurso da recontextualização,
permanentemente, o aluno, provocando-
o aluno realiza o processo de montagem
-o a enfrentar desafios;
de outros sentidos e a produção de novas
o atendimento em Língua Portugue- palavras ou textos;
sa é de extrema importância para o de-
aluno com surdez e ato de escre-
senvolvimento e a aprendizagem do aluno
ver – o texto é uma tessitura de palavras,
com surdez na sala comum;
ideias e concepções articuladas de forma
a avaliação do desenvolvimento da coerente e coesa. Ensinar aos alunos com
Língua Portuguesa deve ocorrer continu- surdez, assim como aos demais alunos, a
amente para assegurar que se conheçam produzir textos em Português objetiva
os avanços do aluno com surdez e para torná-los competentes em seus discur-
que se possa redefinir o planejamento, se sos, oferecendo-lhes oportunidades de
for necessário (DAMÁZIO, 2007) interagir nas práticas da língua oficial e de
transformar-se em sujeitos de saber e po-
Alvez, Ferreira e Damásio (2010) der com criatividade e arte. Para que essa
ressaltam que para o ensino da Lín- aprendizagem ocorra, a educação escolar
gua Portuguesa escrita no AEE é im- deve apresentar aos alunos com surdez a
portante considerar: diversidade textual circulante em nossas
alunos com surdez e o ato de ler práticas sociais. Essa apropriação dos gê-
– além da atribuição de significados à neros e discursos é essencial para que os
imagem gráfica, Martins (1982) define a alunos façam uso da língua portuguesa.
leitura como a relação que o leitor estabe- As mesmas autoras listam exemplos de
lece com a própria experiência, por meio atividades pedagógicas envolvendo lin-
do texto. Envolve aspectos sensoriais, guagens e vivências no AEE que valem a
emocionais e racionais. Ler não é dizer o já pena ser elencadas.
dito, mas falar do outro sentido, é impos-
sível uma leitura do consenso, as diferen- Para fases iniciais de aprendizado
tes interpretações revelam a riqueza pre- da Língua Portuguesa:
sentes no texto. A leitura se dá por meio
expressão corporal;
de um processo de interlocução entre o
41
Para a escrita:
do desenho à palavra - da palavra ao
desenho;
brincadeiras;
jogos interativos;
testes-problema;
jogos eletrônicos;
informática;
livros.
42
REFERÊNCIAS
LACERDA, Cristina B. F. A Inclusão Escolar OLIVEIRA, P.; CASTRO, F.; RIBEIRO, A. Sur-
de Alunos Surdos: o que dizem alunos, pro- dez Infantil. Revista Brasileira de Otorrino-
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cia. Cadernos do CEDES (UNICAMP). Campi- 2002. Disponível em: <http://vAvw.scielo.
nas, v. 26, n. 69, p. 163-184, 2006. br/scielo>
SANTOS, M.F.C, et al. Avaliação do pro- VIEIRA, Andreza Batista Cheloni; MA-
cessamento auditivo central em crianças CEDO, Luciana Resende de; GONÇALVES,
com e sem antecedentes de otite média. Denise Utsch. O diagnóstico da perda au-
Rev Bras Otorrinolaringol 2001;67: 448- ditiva na infância. Pediatria (Sao Paulo)
54. 2007;29(1):43-49. Disponível em: http://
www.pediatriasaopaulo.usp.br/upload/
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO
pdf/1201.pdf
DE SÃO PAULO. Coordenadoria de Estudos
a Normas Pedagógicas, O Que Você Sabe
Sobre Deficiência Auditiva; Guia de Orien-
tação aos Pais, São Paulo, SE/ CENP, 1985.
ANEXOS
contribuições no desenvolvimento
cognitivo e social;
6- Reestruturação do plano:
O plano de AEE será reestruturado
caso os objetivos não tenham sido atin-
gidos, realizando novas pesquisas, in-
formações e implementação de novos
recursos e atividade.
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