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Mariana Caeran 1

Atm 2024/2

Avaliação de dor de cabeça em adultos


CLASSIFICAÇÃO
● Até 90% de todas as cefaleias primárias se enquadram em algumas categorias, incluindo enxaqueca,
tensional e salvas.
● A cefaleia do tipo tensional episódica é a mais comum.
● Enxaqueca é o diagnóstico mais comum em pacientes que se apresentam aos médicos com cefaléia.

CEFALEIAS PRIMÁRIAS

SINTOMAS ENXAQUECA TENSIONAL (+comum) SALVAS/CLUSTER

LOCAL Adultos: unilateral Bilateral Sempre unilateral, às vezes periorbital


Crianças: bilateral

Pulsátil, gradual, agrava Pressão que aumenta e diminui Início abrupto, contínua, intensa e profunda
CARACTERÍSTICAS com atividades físicas Melhora com analgésico e anti- Melhora com O2 e sumatriptano
inflamatório

DURAÇÃO 4-72 horas 30 min - 7 dias 15 min - 3 horas

Fotofobia, náusea, vômito, Sintomas relacionados ao trigêmeo


SINTOMAS pode ter aura Nenhum (rinorreia, olhos vermelhos, inchados,
ASSOCIADOS lacrimejando)

PACIENTE Paciente prefere descansar Paciente pode precisar Paciente continua ativo
no escuro e no silêncio descansar ou não

ENXAQUECA
● Distúrbio de ataques recorrentes.
● Geralmente unilateral (na maioria das vezes, mas pode ser bilateral), latejante e pulsátil.
● Pode incluir náuseas, vômitos, fotofobia, fonofobia e osmofobia.

FATORES DESENCADEANTES  gatilhos!


Não são a causa!
● Estresse
● Menstruação
● Estímulos visuais
● Mudanças climáticas
● Jejum
● Vinho
● Distúrbios do sono
● Hormônios

Quem tem enxaqueca


Critério diagnóstico, precisacom aura não
ter um deles!

pode usar estrogênio (alto risco para


trombose).

CEFALEIA DO TIPO TENSIONAL  não tem


as “coisas”
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● Cefaleia bilateral
● De intensidade leve a moderada
● Não latejante sem outras características associadas
● Pelo menos 10 episódios

SALVAS/CLUSTER
● Cefaleia trigêmino autonômica
● Ataques de cefaleia unilateral, frequentemente graves e sintomas autonômicos típicos associados
● Os sintomas autonômicos unilaterais são ipsilaterais à dor e podem incluir ptose, miose,
lacrimejamento,
● injeção conjuntival, rinorreia, edema periorbital, sudorese facial e congestão nasal.
● A inquietação também pode ser uma característica típica de um ataque de cefaleia em salvas
● Pode ter ataques de dor orbital, supraorbital ou temporal unilateral severa acompanhada por
fenômenos autonômicos
● Mais comuns em homens
● Inquietação:
○ Também pode ser uma característica típica de um ataque de cefaleia em salvas

OUTROS SINTOMAS IPSILATERAIS


● Ptose. ● Edema periorbital.
● Miose. ● Sudorese facial.
● Lacrimejamento. ● Congestão nasal
● Injeção conjuntival.
● Rinorreia.
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CEFALEIA SECUNDÁRIA
● Uma cefaleia causada por uma condição subjacente é denominada cefaleia secundária.
● Os médicos que avaliam pacientes com cefaleia devem estar alertas aos sinais que sugerem um
distúrbio subjacente grave.

AVALIAÇÃO
● Exclua patologia subjacente séria e procure outras causas secundárias de cefaleia.
● Determine o tipo de cefaleia primária usando o histórico do paciente como principal ferramenta de
diagnóstico.
● Um diário de dor de cabeça pode ser útil para esclarecer melhor o diagnóstico de dor de cabeça, a
frequência da dor de cabeça, os gatilhos potenciais e a incapacidade da dor de cabeça.

ANAMNESE E EXAME FÍSICO


● Uma história completa pode enfocar o exame físico e determinar a necessidade de mais
investigações e exames de imagem.

SNOOP 10
● O SNOOP 10 é um lembrete dos sinais de perigo para a presença de distúrbios subjacentes graves
que podem causar dor de cabeça aguda ou subaguda.
● Qualquer um desses achados deve exigir investigação adicional, incluindo imagens do
● cérebro com ressonância magnética (MRI)
ou tomografia computadorizada (TC).

Os 10P são: mudança no padrão; cefaleia posicional; precipitada por espirros, tosse ou exercício;
papiledema; progressiva ou com apresentações atípicas; puerpério ou gravidez (pregnancy); dor ocular com
sintomas autonômicos (painful); pós-traumática; patologia do sistema imunológico, como HIV; uso excessivo
de analgésico, medicação para dor (painkiller overuse).
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Início após 50 anos


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EMERGÊNCIAS
CEFALEIA EM TROVOADA/ THUNDERCLAP HEADACHE
● Cefaléia intensa de início súbito.
● Avaliação urgente, uma vez que essas cefaleias podem sugerir HSA e outras doenças graves.
*Dica: thunderclap = trovão (dor súbita e intensa igual um trovão).

CEFALÉIA + DÉFICIT NEUROLÓGICO FOCAL


● A dissecção arterial é geralmente associada a sintomas locais, dor de cabeça e frequentemente resulta
em AVC isquêmico ou AIT.

MENINGITE/ENCEFALITE
● Febre, estado mental alterado, com ou sem rigidez da nuca pode indicar infecção do SNC.

CEFALÉIA + DÉFICIT NEUROLÓGICO + PAPILEDEMA


● Cefaleia é o sintoma primário de aumento da PIC, que deve ser suspeitado quando acompanhado por
papiledema bilateral, déficit neurológico focal ou episódios repetidos de náuseas e vômitos.

CEFALEIA + SINTOMAS ORBITAIS/PERIORBITAIS


● Cefaleia com deficiência visual, dor periorbital ou oftalmoplegia pode indicar glaucoma de ângulo fechado
agudo, infecção, inflamação, congestão vascular de uma trombose do seio cavernoso ou MAV ou tumor
envolvendo as órbitas.

EXAMES DE IMAGEM
● TC ou RM são as modalidades comuns usadas para diagnosticar muitas causas de cefaleia secundária.
● Indicações para exames de imagem: pacientes com sinais de perigo ou outras características que sugiram
uma fonte secundária de dor de cabeça exigirão exames de imagem.
● Em emergência, a TC tem várias vantagens em comparação com a RM.
● A RM como exame inicial geralmente é reservada para cefaleia com papiledema, cefaleia crônica com
novas características ou cefaleia no contexto de sinais de alerta.

SINAIS DE ALARME
● Em pacientes com início recente de dor de cabeça, as características de alto risco incluem:
1) Idade avançada.
2) Câncer.
3) Febre.
4) Imunossupressão.

ARTERITE TEMPORAL
● Raramente ocorre < 50 anos.
● Os exames laboratoriais podem revelar uma elevada VHS e / ou proteína C reativa sérica ou
trombocitose, mas não são específicos.
● O diagnóstico é baseado na histopatologia ou em exames de imagem.

NEURALGIA DO TRIGÊMEO
● Episódios recorrentes de dor repentinos, geralmente unilaterais, graves, breves, penetrantes ou
lancinantes na distribuição de um ou mais ramos do nervo
● trigêmeo.
● Pacientes com suspeita de neuralgia do trigêmeo devem ser submetidos a exames de imagem para
ajudar a distinguir a neuralgia do trigêmeo clássica de causas secundárias.
○ qualquer dor que envolve trigêmeo pesquisar por aneurisma e outras causas!
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HSD (HEMATOMA SUBDURAL)


● O HSD crônico pode se manifestar com o início insidioso de dores de cabeça, tontura, comprometimento
cognitivo, apatia, sonolência e, ocasionalmente, convulsões.
● Comum em idosos que vivem caindo -> quedas frequentes.
● Imagens com TC ou RM sem contraste são essenciais para confirmar o diagnóstico.

HERPES ZOSTER
● Os principais fatores de risco para neuralgia pós herpética são idade avançada, maior dor aguda e maior
gravidade da erupção cutânea.
● O diagnóstico de neuralgia pós-herpética é feito quando a dor persiste por mais de 4 meses na mesma
distribuição de um episódio anterior documentado de herpes-zóster agudo.
○ Baseado na história do paciente.
● Paciente chega com a dor em local de herpes prévia, não precisa fazer exames nesse caso, mas pode
tratar diretamente com medicação para casos crônicos

TUMOR
● O tumor cerebral deve ser considerado uma possível causa de novas cefaleias em adultos com mais de
50 anos.
● Pode ser primário do SNC ou metástase.

CEFALEIA HÍPNICA
● primaria, mas ocorre à noite, parece secundária, mas não é
● Ocorre quase exclusivamente após os 50 anos de idade e é caracterizada por episódios de dor de cabeça
incômoda, frequentemente bilateral, que desperta o paciente do sono.
● A imagem do cérebro, de preferência por ressonância magnética com contraste, deve ser obtida para
procurar uma causa estrutural.
● Dor exclusiva do período noturno.

CEFALEIA PRIMÁRIA DA TOSSE


● > 40 anos.
● Provocada por tosse ou esforço na ausência de qualquer distúrbio intracraniano.
● Os pacientes que se apresentam com cefaleia precipitada por tosse devem fazer exames de imagem,
preferencialmente RNM do cérebro com contraste, para excluir uma lesão estrutural

GRAVIDEZ
● Nova cefaleia ou mudança na cefaleia durante a gravidez pode ser devida a enxaqueca ou outra cefaleia
primária, mas muitas outras condições podem apresentar cefaleia neste momento, particularmente pré-
eclâmpsia, cefaleia pós-punção dural e trombose venosa cerebral.
● Não é doença, mas requer cuidados.
● Cefaleia pós punção: repouso, hidratação e analgesia.

FEBRE
● A febre associada à cefaleia pode ser causada por infecção intracraniana, sistêmica ou local, bem como
por outras etiologias.
● A avaliação de emergência é indicada se a febre for acompanhada por sintomas sugestivos de meningite
ou encefalite.
● Cefaleia e febre não é igual a punção. Primeiro descarta qualquer outra patologia, para então solicitar
punção lombar.
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SINTOMA OTO/MAXILO/FACIAL
● Sintoma otomaxilo facial pode representar dor, mas de origem de cefaleia secundária,
● Distúrbios da ATM, neuralgia do trigêmeo e condições odontogênicas podem se apresentar como
cefaléia com dor facial.
● Imagens personalizadas para o local anatômico de interesse geralmente são indicadas.
● Pesquisa questão odontogênica, mas se odonto é igual a secundário!

TRAUMA
● Estima-se que a cefaléia ocorra em 25 a 78% das pessoas após TCE leve.
● Paradoxalmente, a prevalência, a duração e a gravidade da cefaleia são maiores naqueles com
traumatismo craniano leve em comparação com aqueles com trauma mais grave
● Quanto mais leve o trauma mais dor, quanto pior o trauma menos dor de cabeça pois quanto mais grave
mais comprometido estará o sistema nervoso.

SEIOS DA FACE
● Descrita como uma sensação tipo pressão, geralmente bilateral e periorbital.
○ Sintomas em seio da face ⇨ Diagnóstico fácil e clínico.
○ Pode acontecer de aparecer a sinusite em um exame de investigação para outra origem de
cefaleia, nesse caso se trata com ATB apenas em casos sintomáticos ⇨ não se trata exame, se
trata paciente.
○ Além disso, a dor relacionada aos seios da face geralmente está associada à obstrução ou
congestão nasal, dura vários dias e geralmente não está associada a náuseas, vômitos, fotofobia
ou fonofobia.

CEFALEIA CRÔNICA
● É considerada se uma frequência de cefaléia de 15 ou mais dias por mês por >3 meses na ausência de
patologia orgânica.

TRATAMENTO
CRISE EMERGÊNCIA
● Em emergência
○ AINE (cetoprofeno, dipirona) + corticoide + triptano + antipsicóticos (em casos selecionados).
● Dipirona 6/6h + antiinflamatório 8/8h + triptano (altera fluxo sanguíneo cerebral).

PROFILAXIA CLUSTER AGUDO


CEFALEIA EM SALVAS
● O2 + sumatriptano.
● Enxaqueca e cluster tem a via trigêmeo autonômica em comum → responde ao triptano e ao anti cgrp.

DIÁRIO DA ENXAQUECA
● Define se daqui para frente vai só tratar as crises ou realizar a profilaxia.
● < 15 dias = episódica
● > 15 dias = crônica

PROFILAXIA ENXAQUECA:
● MEV
● Metoprolol e propranolol
● Amitriptilina e venlafaxina
● Valproato e topiramato
● Alternativas
○ Bloqueadores dos canais de cálcio verapamil e flunarizina (efeitos adversos consideráveis).
○ Antagonistas do peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP)
■ Injeção de alto custo
■ Enxaqueca crônica.
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PROFILAXIA TENSIONAL:
● A evidência sobre drogas profiláticas para TTH é limitada e inconsistente, mas talvez seja mais forte para
os antidepressivos tricíclicos como a amitriptilina, nortriptiliva.
● Venlafaxina pode ajudar também
● Associar tricíclicos + venlaflaxina = cobre dois tipos de cefaleia (tensional + enxaqueca).
● alternativas
○ acupuntura.
○ fisioterapia.
○ psicoterapia

QUESTÕES

● Resposta: letra C)

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