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CEFALEIA

• Drª: Bruna Nunes Fernando


• Atual: Fellowship Singular Controle de Dor
• TEA pelo CET do IASMPE
• Pós-graduação em Dor e Intervenção pelo Albert Einstein
C E FA L E I A
História

• Referências de cefaleia foram encontradas 1200 a.C

• Primeiro tratamento : Trepanação

• Sintomas visuais descrito por Hipócrates em 400 a.C


Anos Vividos com incapacidade
CEFALEIA

É a dor que ocorre na cabeça, entre a linha dos olhos e a


região occipital e posteriormente aos pavilhões auriculares.

Ocorre em 80 a 90 % das pessoas ao longo da vida.


MAIS DE 150 TIPOS CEFALEIA
terciária
CEFALEIA
9%

Secundária
32%
Primária
59%
Primárias Secundárias Terciárias

Desordens Vasculares

Tensional Tumor / neoplasias Neuropatias cranianas

Migrâneas Cefaleia Autonômicas Pós AVC

Cefaleia Autonômicas Trauma

Cefaleia Cervicogênica
CLASSIFICAÇÃO DAS CEFALEIAS

Cefaleia primária
• Segundo a classificação da Sociedade Internacional de Cefaleias são dores de cabeça que não apresenta
nenhum fator causal identificável, não apresenta nenhuma lesão estrutural
• Não apresenta nenhum outro transtorno como causa.

Cefaleia secundaria:
• São dores que acontecem em decorrência de um fator causal ou etiológico provavelmente bem
definido.
• Pode haver lesão ou uma causa subjacente definida.
CEFALEIAS PRIMÁRIAS

Classificação da Sociedade internacional de Cefaleia:

• Migrânea.
• Cefaleia do tipo tensional.
• Cefaleia trigeminoautonômicas.
• Estudo com 415 pcts
• Média de idade 43,32 anos
• Cefaleia primaria foi
diagnosticada em 45,3% dos
pcts, sendo o diagnostico
mais enxaqueca.
• Cefaleia secundária com
risco de vida: menos 2%
• HISTÓRIA CLÍNICA

Elementos fundamentais da
• EXAME FÍSICO avaliação do doente com
cefaleia.

• EXAME NEUROLÓGICO
Na anamnese atentar
SEMPRE para os RED FLAGS

Exame físico geral

Exame neurológico

Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-NC-ND


SINAIS DE ALERTA

Mudança de padrão
Inicio súbito ou Idade avançada, após
Febre História de neoplasia Déficit neurológico ou inicio recente de
abrupto 50 anos
nova cefaleia

Precipitada por Cefaleia progressiva Dor ocular com


Dor de cabeça Gravidez ou
espirro tosse ou Papiledema e apresentações características
posicional puerpério
exercício atípicas autonômicas

uso excessivo de
Patologias que
analgésicos ou de
Início pós TCE comprometam a
novos medicamentos
imunidade
no inico da cefaleia
Dados Vitais : PA, Temp, FC, IMC

Estado geral

Posição da cabeça : antálgica, má postura, inclinada...

Assimetria de face
EXAME FÍSICO
GERAL Presença de lesões cutâneas e/ou oculares

Presença de sinais autonômicos

Discurso e coerência da fala

Marcha
EXAME NEUROLÓGICO

Nervos cranianos:

Acuidade visual

Fundoscopia

Campimetria

Motricidade ocular
Força Função Sensibilidade
motora cerebelar tátil

- prova de Index-nas-index - Comparar direito e esquerdo


- prova calcanhar – joelho - testar ramos do nervo trigêmeo
SINAIS DE IRRITAÇÃO MENÍNGEA

Sinal de Kernig

Rigidez de nuca

Sinal de
Brudzinsk
• A resolução dos sintomas de cefaléia na
rede básica, é muito baixo.
• Grande inseguranças entre os não
especialistas.
• Dificuldade nos diagnósticos.
• Necessidade de divulgação dos critérios
(ISI) .
• Na maioria dos casos, o dx pode ser feito
sem uso de exames lab
CEFALEIAIS PRIMÁRIAS
CASO CLÍNICO

• C.L.S, 30 anos, sexo feminino, solteira, sem comorbidades


• Relata dor de cabeça desde os 12 anos, sempre no período menstrual.
• Chegou a PS com uma dor cabeça em pontadas, caráter pulsátil, lado esquerdo, associada a náuseas e fonofobia, dor
de forte intensidade.
• Faz uso irregular de dorflex, neosaldina, novalgina.
• HPP : nega
• Em uso de : vit D, pré-treino antes da academia
• Pratica atividade física regular a noite.
• Atualmente não tem qualidade do sono e está muito sobrecarregada no trabalho.
• Apresenta episódios similares pelo menos 15 x ao mês
• Ao exame Físico:
PA:150/95
Temp: 36º C
FC: 80 Bpm
Peso: 57 kg , ALT 1,65
BEG, LOTE, corada, hidratada, anictérica e acianótica
Exame cardiológico normal
Exame resp normal
Exame abdominal normal
Exame neurológico sem alterações
MIGRÂNEA OU ENXAQUECA

• Apresenta prevalência de 15 % da população mundial.


• Gera um grande déficit na qualidade de vida dos doentes.
• Surge geralmente na puberdade e afeta sobretudo a faixa etária entre 30 e 50 anos.
• Sexo feminino mais acometido.
• A migrânea é um resultado de uma disfunção do cérebro , com anormalidades vasculares
secundárias a um evento neuronal. Apresenta o componente genético importante,
envolvendo as vias glutaminergicas na patogênese.
• A enxaqueca envolve a alteração
simultânea em função de vários
componentes do SNC e periféricos
sistema nervoso.
• Cada um desses componentes
podendo ser responsável por
diferentes sintomas.
• Uma gama de fatores podem contribuir para o
início de um ataque, com mecanismos variáveis
que levam a um ataque de enxaqueca.

• As características clínicas de um ataque de


enxaqueca divergem com base em diversos
fatores

O CGRP parece mediar a transmissão de dor trigeminovascular de vasos


intracranianos para o SNC, bem como uma vasodilatação neurogênica. A
estimulação do gânglio trigêmeo induz a liberação de CGRP
Cortical spreading depression is a self-propagating wave of
neuronal and glial depolarization that spreads across the
cerebral cortex.

Núcleos trigeminal
Depressão
de Nervos periféricos MIGRANEA
disseminação Vias descendentes
cortical centrais

Aura
MIGRÂNEA

• Sem aura

• Com aura

❖ AURA: um conjunto de
sintomas neurológicos focais que
antecedem os eventos de cefaleia,
conduto podem ter início após o
início da dor. Tem evolução
gradual, dura 5min a 1 hora,
sofrem regressão completa.
• Visuais: manchas, pontos
luminosos, linhas ou perda de
visão
• Sensitivos: formigamento,
dormência.
• Linguagem: disfagia

Archhealthinvest.2021. 10(2) 307-314


Em um estudo retrospectivo de 1750 pacientes com enxaqueca, aproximadamente 75% relataram pelo
menos um gatilho de ataques agudos de enxaqueca :

• Estresse emocional (80%)


• Hormônios em fêmeas (65%)
• Não comer (57%)
• Tempo (53%)
• Distúrbios do sono (50%)
• Odores (44%)
• Dor no pescoço (38%)
• Luzes (38%)
• Álcool (38%)
• Cigarro (36%)
• Alimentos (27%)
MIGRÂNEA CRÔNICA

Processamento atípico da dor


Hiperexcitabilidade cortical
Inflamação neurogênica CRONIFICAÇÃO
Sensibilização central
• A enxaqueca crônica afeta aproximadamente 2% da população
mundial

• Os custos diretos e indiretos da enxaqueca são estimados em mais


de 20 bilhões de dólares anualmente (EUA)
TRATAMENTO PRINCIPAL:
T R ATA M E N TO M E D I C A M E N TO S O

Propranolol

Iniciar com dose baixa Terapia


eficaz
Continuar
tratamento
Aumentar progressivamente

Efeitos
adversos
10 – 40 mg 2x/dia

Máximo 160mg dia


T R ATA M E N TO M E D I C A M E N TO S O

TRICÍCLICOS

Não

Alteração do sono Imipramina

Sim

Amitriptilina

10 – 25 mg à noite até 75 mg
T R ATA M E N TO M E D I C A M E N TO S O

Bloqueio de canal de Na e Ca tipo L , potencialização


da transmissão de GABA, inibição de vias
neuroexcitatórias de glutamato através de
receptores AMPA e kainate
Topiramato

1 x por dia 25 mg

Aumento progressivo
Efeito adversos : tontura, sonolência, fadiga,
perturbação na atenção, prejuízo de memória,
problemas linguísticos, parestesia
TOXINA BOTULÍNACA
ANTAGONISTA DOS RECEPTORS CGRP
TRATA ME N TO NA
CRIS E

• O tratamento se baseia na
gravidade da DOR
• Os opioides geralmente não
indicados.
• Analgesicos simples, AINES,
triptanos.
• Triptanos: via intranasal e
sublingual. Contraindicado
em pct com insuficiência
coronariana
MÉDICO INTERVENCIONISTA DA DOR
Nervo Supraorbital
Nervo
Auriculotemporal
Nervo Infraorbital
NERVOS OCCIPITAIS
OUTROS TRATAMENTOS
INTERVENCIONISTAS ...
CASO CLÍNICO

• S.L.A, sexo masculino, 41 anos, HAS, veio ao PS com uma dor MUITO INTENSA, retrorbitária
Direita, duração de 30 min.
• Essa dor já vem se repetindo, principalmente a noite
• Relata tb : lacrimejamento, congestão nasal e hiperemia conjuntival tb a Direita
• Esposa relata que o pct fica mto agitado, durante a noite e isso vem interferindo o seu sono
• Faz uso de losartana 50mg/dia
• Exame físico e neurológico: normal
• Pct obeso
• Sinais vitais: normais
CEFALEIAS TRIGEMINO-AUTONÔMICAS

• Cefaleia em salvas
• Hemicrânia paroxística
• SUNCT / SUNA
CEFALEIA EM SALVAS

• Afeta 0,1% da população


• Forma episódica e crônica
• Ciclo circadiano – ataques noturnos
• Pode não haver períodos de remissão – crônica – rara - 20%
• →Reflexo trigêmino-facial 
• Aumento de peptídeo relacionado ao gene da falcitonia e
polipeptideo intestinal vasoativo na v. jugular ipsilateral
• Como o reflexo é ativado?
• Disfunção hipotalâmica? Anormalidades hormonais (melatonina)?
CEFALEIA EM SALVAS

Prevalência na população é baixa : 0,1%

Idade típica de inicio : 30 anos

Mais frequente em homens

A fisiopatologia ainda não é muito elucidada, mas para que a


salvas ocorra é necessária a interação do: sistema
trigeminovascular, fibras nervosas parassimpáticas e o
hipotálamo.
• UNILATERAL
• Surge em crises
• Duração de 15 a 180 min
CLASSIFIC AÇÃO - • Periorbitária, frontal ou temporal
ICHD • Acompanhada de pelo menos um sintoma
autonômico
• Os episódios de cefaleia se repete por dias a meses,
para então remitir espontaneamente e retornar (
padrão em salvas)
CEFALEIA EM SALVAS
CEFALEIA EM SALVAS

• Triptano
• Oxigênio 100% - 12lts/min - máscara
• Lidocaína nasal
• Ergotamina
• Prednisona
• Verapamil 240-960mg/dia – (bloqueio, constipação, tontura)
• Melatonina 8-15mg/dia
CEFALEIA EM SALVAS

• Toxina botulínica

• Bloqueio do n. occiptal maior

• Estimulação nervos periféricos

• G. Esfenopalatino – reposta 70%


HEMICRÂNIA
PAROXÍSTICA

• Hemicrânia contínua: >3 meses, com


exacerbações moderadas e graves

• 65-88% forma crônica


HEMICRÂNIA PAROXÍSTICA

• Resposta à indometacina → pode demorar 2 semanas


• Até 300-500mg/dia

• AINE´s, acetazolamida

• Verapamil, topiramato, melatonina

• Bloqueio do n. occiptal maior


CEFALEIA DE CURTA DURAÇÃO, UNILATERAL,
NEURALGIFORME (SUNCT)

• Predomínio em homens, com média de idade de 50 anos

• Geralmente dores em paroxisismos com duração de 10 a 120 segundos

• Congestão nasal e/ou rinorréia são frequentes

• Dores podem surgir espontâneas ou por estímulos em áreas inervadas pelo


trigêmeo

• Até 100 crises/dia


CEFALEIA DE CURTA
DURAÇÃO, UNILATERAL,
NEURALGIFORME (SUN)

• Short duration (1-600’’), Unilateral,


Neuralgiform
• SUNCT: + Conjuntival injection + Tearing
SUNCT

• Tratamento desafiador
• Falta de benefícios duradouros e convicentes com drogas ou bloqueios
(diferentes da cefaléia em Salvas)

• Lamotrigina → escolha → 75% dos pacientes respondem

• Lidocaína intravenosa, topiramato, gabapentina


CASO CLÍNICO

• B.C.S, 49 anos, sexo masculino, apresenta cefaleia de moderada intensidade,


• Dor em aperto, bilateral, apresenta sempre esses episódios, mas dessa vez com uma duração maior ( 3 dias).
• Nega náuseas e vômitos, mas relata fotofobia.
• Pct com sobrepeso, sedentário.
• Dorme em 5 hras/dia, acorda sempre muito indisposto.
• HPP: HAS, faz uso irregular da medicação
• Nega alergias
• Refere fazer uso de dipirona para a cefaleia
CEFALEIA TIPO TENSIONAL

É a cefaleia primária mais frequente.

Na maioria dos casos, não incapacitante.

Aproximadamente 3% dos pacientes com CTT, procuram o PS

Mais prevalente em mulheres.

Acomete todas as faixa etárias, com o pico na 5ª década de vida.

Origina-se da combinação de fatores: DISFUNÇÃO MIOFASCIAL e DISFUNÇÃO NOCICEPTICA


CENTRAL
• Analgésicos: Dipirona ou Paracetamol
• AINH
• Relaxante muscular: ciclobenzaprida (miosan)

TRATAMENTO
CTT
• Se a dor ocorrer mais de 15 dias ao mês é
importante encaminhar aos especialista para iniciar o
tto profilático.
CEFALEIA TERCIÁRIA
NEURALGIA DO TRIGÊMEO

• Incidência: 4 a 13 casos/ 100000 hab


• Prevalência aumentada nas mulheres
• Faixa etária: sexta e a oitava década de vida.
• Ramos mais acometidos maxilar e mandibular.
• Dor restrita ao território de uma ou mais divisões
do nervo trigêmeo.
NEURALGIA • Inicio súbito, dor intensa, duração de 1s a 2 min.
DO • Geralmente unilateral, afeta mais o lado direito
TRIGÊMEO • A Dor desencadeada por estímulos não dolorosos
na face ou no território do nervo.
Secondary TN Due to major neurological disease

- Tumor
-Herpes zoster
-Multiple Sclerosis

TN Idiopathic No NVC

Classic NVC
ETIOLOGIA

• Intracranial vascular compression - until 90%

- Classical type - Most common—> Morphologic changes in the adjacent trigeminal nerve
root

• Secondary trigeminal neuralgia - 15% of cases

- Benign neoplasms of the posterior fossa - acoustic neuroma, meningioma, and epidermoid
cysts

- Multiple Esclerosis

• Idiopathic trigeminal neuralgia -10% of cases.


FISIOPATOLOGIA

Desmielinização
Compression or not

Atividade Ectópica

Sensibilização
TRATAMENTO
NA CRISE

• FENITOÍNA: 10mg/kg com


duração de pelo menos 60 min
→10 a 15mg/min
Tratamento fora da crise:

Carbamazepina

Oxacarbazepina
TRATAMENTO INTERVENCIONISTA

Imagens : Dr Fabricio Assis


Imagens : Dr Charles Amaral
CEFALEIA X COVID

• Sintoma frequente da COVID-19


• Pode ser o único sintoma manifesto
• A maioria dos pcts descreve:
- Bilateral
- Predominio frontal
- Intensidade forte e opressiva.
- Pode estar associado a febre, astenia,
mialgia.
MUITO OBRIGADA!!

• Email: brunanunesfernando@gmail.com
• Telefone: 27 995229133
• Rede social: @brunanunesfernando

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