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Cefaleias

Prezado aluno,

Desenvolvemos uma apostila interativa para


oferecer um material inovador e, ainda melhor,
focado na metodologia Aristo.

Para uma experiência completa, sugerimos


que realize os seus estudos pelo computador,
possibilitando abrir os comentários das
questões, respondê-las de forma interativa
e até mesmo pular o conteúdo da questão
respondida, em caso de acerto, para o tópico
seguinte, de forma opcional.

A interatividade traz novas possibilidades, mas


você continua podendo abrir os seus materiais
em tablets e celulares, além de poder imprimi-lo
para usar em seus estudos e revisões.
Cefaleias

1. Cefaleias 5

2. Cefaleias secundárias ⚠ 6

Questão 01  6

3. Cefaleias primárias 10

3.1 Migrânea ou enxaqueca ⚠ 10

Questão 02  10

3.1.1 Classificação 11

3.1.2 Critérios diagnósticos 12

3.1.3 Tratamento ⚠ 14

Questão 03  14

3.2 Cefaleia tensional  15

3.2.1 Diagnóstico 15

3.3 Cefaleias trigêmino-autonômicas 17

Questão 04  17

3.3.1.1 Critérios diagnósticos 18

3.3.1.2 Tratamento 18

3.3.2 Cefaleia hemicraniana paroxística 18

3.3.3 SUNCT e SUNA 19

4. Outras cefaleias cobradas com frequência nas provas 19

4.1 Neuralgia do trigêmeo 19

4.2 Hipertensão intracraniana idiopática ou pseudotumor cerebral 20

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Cefaleias

4.3 Cefaleia por abuso de analgésico ⚠ 21

Questão 05  21

TOP FIVE 23

4
Cefaleias

As cefaleias aparecem bastante nas provas, portanto, não esqueça de complementar seu estudo
com flashcards e questões! O diagnóstico diferencial e a conduta médica são os pontos que
mais caem. Vamos nessa?

1. Cefaleias
Dor de cabeça ou cefaleia é uma das queixas médicas mais comuns no mundo. Iniciaremos
este tópico falando sobre os pontos que devem chamar sua atenção na anamnese ou no exame
físico (presentes, geralmente, no enunciado da questão). Podemos dividir as cefaleias em
primárias ou secundárias.
Ah, mas o que são cefaleias primárias e secundárias?
A cefaleia secundária, segundo a International Headache Society, é aquela que tem nexo
temporal com algum distúrbio que sabidamente causa cefaleia ou preencha critérios para ser
relacionada a essa causa. Logo, as demais cefaleias sem outra causa com nexo temporal são
chamadas de cefaleias primárias.
Tá bom, entendi! Porém, quais são as cefaleias primárias?
As cefaleias primárias são a migrânea (ou enxaqueca), a cefaleia do tipo tensão (antiga
tensional), as cefaleias trigêmino-autonômicas e outras cefaleias que explicaremos aqui
em nosso material. O ponto principal neste grupo é a recorrência! Mas como diferenciar as
cefaleias primárias das secundárias nas provas e na vida? Vamos ver.

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Cefaleias

2. Cefaleias secundárias ⚠
Questão 01
(UFMT-Revalida - MT - 2021) Mulher, 51 anos, chega ao pronto atendimento com queixa de
cefaleia forte, início abrupto, que já dura 10 horas, dor difusa e latejante, piora com exposição
ao sol, nega febre, vômitos, alterações visuais ou fraqueza. Nega história prévia de dor tão
forte, nega tabagismo, uso ou abuso de álcool ou drogas. História familiar sem relevância.
Ao exame físico, PA: 136/72; T. ax: 36,9 °C; FC: 88 bpm; FR: 16 irpm e apresenta incômodo
ao fletir o pescoço. Exame neurológico normal. Qual o provável diagnóstico e conduta inicial?
a) Crise de enxaqueca sem aura; em função do tipo de dor, intensidade, duração
e ausência de sinais neurológicos focais. Iniciar medicação abortiva de crises


de enxaqueca.
b) Cefaleia secundária; devido à faixa etária, presença de sinal neurológico focal,
início súbito, dor intensa e inexistência de cefaleia prévia são sinais de alerta.


Solicitar exame de imagem.
c) Meningite; por apresentar rigidez de nuca, pela faixa etária, paciente pode não
apresentar febre e tipo de dor difusa. Punção lombar e iniciar antibioticoterapia


empiricamente.
d) Cefaleia em salva, pois em paciente mulher é mais comum, início abrupto, duração
e intensidade da dor e presença de fotofobia. Uso de oxigenioterapia nasal - O₂


a 100% de 6 L/min e analgesia venosa.
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CCQ: Reconhecer as red flags para cefaleia secundária

Existem condições que funcionam como red flags e que devem aumentar a nossa suspeita
para uma etiologia secundária de cefaleia. Elas formam o acrônimo SNOOP:
S - Sinais sistêmicos (perda de peso, febre, rigidez de nuca, mialgia, rash cutâneo…), doenças
ou condições prévias (câncer, HIV, uso de quimioterápicos, uso de drogas imunossupressoras,
gravidez, entre outras).
N - Neurológico anormal (alterações no exame físico com sinais e sintomas como confusão
mental, rebaixamento do nível de consciência, meningismo, convulsões, papiledema, paresia,
hipoestesia, ataxia ou outros sinais focais).
O - Onset (surgimento) é novo (principalmente quando em maiores de 50 anos) ou abrupto/
súbito (intensidade máxima em até uma hora).
O - Outras condições associadas: trauma, esporte de contato, uso de drogas ilícitas, exposição
a tóxicos, cefaleia que acorda o paciente, piora ou alívio ao assumir ortostase ou ao deitar-se
em posição supina, piora com Valsalva (tosse, espirro, esforço), relacionada a atividade sexual.
P - Padrão com progressão (geralmente considera-se um período evolutivo de 3 meses),
mudança na frequência, gravidade ou clínica.

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Cefaleias

Vamos nos atentar a um detalhe: a ausência de melhora com analgésicos não é um sinal de
alarme para cefaleias secundárias, pois é relativamente comum a cefaleia por uso crônico de
analgésicos!
É importante lembrar que existem situações que são quase como links mentais para a sua
prova, correlacionando achados de história e exame físico com a etiologia de uma cefaleia
secundária, veja:
• Neoplasia intracraniana → Piora da dor com mudança de posição ou exercícios + dor com
intensidade progressiva + melhora após vômitos + exame do liquor com altas pressões de
abertura (> 15 mmHg) + sinal focal. Vamos deixar aqui algumas observações epidemiológicas
sobre as neoplasias de SNC:
• A mais comum de todas: metástase.
• Primária maligna mais comum: glioma (astrocitoma e oligodendroglioma).
• Primária maligna mais comum na infância: astrocitoma e meduloblastoma.
• Benigna mais comum: meningioma.
• Pseudotumor cerebral → cefaleia em pacientes femininas, jovens, obesas ou com sobrepeso
associada à visão dupla, papiledema ou perda da coordenação + apresenta altas pressões
de abertura na punção liquórica.
• Hidrocefalia → cefaleia progressiva sem sinal focal + hipertensão intracraniana.
• Cefaleia liquórica/pós-punção/por baixo volume de líquido cerebroespinal → cefaleia
intensa e com componente postural importante, melhorando em decúbito dorsal e
apresentando piora em ortostatismo, pode haver sinais meníngeos associados.
• Trombose de seio venoso/dos seios durais → paciente jovem, com cefaleia + sinais de
hipertensão intracraniana + poder ter comprometimento de pares cranianos + imagem
tomográfica com o sinal do delta/triângulo vazio. É um dos principais diagnósticos diferenciais
do pseudotumor cerebral.

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Cefaleias

Imagens de TC após a administração de contraste iodado, nos planos axial (A) e coronal
(B), de uma jovem de 24 anos em uso de contraceptivo oral e história de cefaleia há 10
dias. Observa-se no seio sagital superior realce triangular externo (dura-máter) delimitando
uma área central que não sofre realce (setas). Tal achado representa o sinal do delta vazio,
característico de trombose dos seios venosos durais.

Sinal do delta vazio - achado de imagem sugestivo de trombose do seio venoso


Fonte: Radiologia Brasileira, vol. 44, nº 2, 2011.

• Hemorragia subaracnoidea → dor que surge muito rápido (é rápido mesmo, ok? Geralmente
com pico máximo em < 1 minuto) e paciente diz ser a pior de sua vida + rigidez de nuca
+ rebaixamento do nível de consciência. Lembre-se que TC normal não exclui o quadro,
portanto, nesse caso, devemos realizar uma punção lombar com análise do liquor (teste dos
3 tubos) e, posteriormente, uma angio-TC.

TC de crânio com hemorragia subaracnoidea - presença de sangue (hiperdenso) no espaço subaracnoide preenchendo
as cisternas da base do crânio
Fonte: CUETE, David. Subarachnoid hemorrhage. Case study (Radiopaedia.org). Disponível em: https://doi.org/10.53347/rID-22770.

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Cefaleias

• Hemorragia intraparenquimatosa → dor intensa que surge muito rápido + rebaixamento


de nível de consciência + sinal focal no exame físico neurológico.
• Dissecção carotídea → dor aguda ou subaguda em pescoço associada à síndrome de
Horner (ptose, miose e enoftalmia) ou déficit neurológico, geralmente com alguma história
de trauma (lutadores de jiu-jitsu, paraquedistas, entre outros).

Síndrome de Horner - note a presença de ptose, miose e enoftalmia à direita


Fonte: BIOUSSE, V. et al., 1998. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/9780102/.

• Glaucoma agudo → cefaleia com dor ocular intensa, unilateral, com hiperemia conjuntival,
lacrimejamento, fotofobia, halos em volta da luz e midríase.
• Feocromocitoma → cefaleia com sudorese, taquicardia, flushing e hipertensão sustentada
ou paroxística.
• Meningite e encefalite → paciente com cefaleia, febre, rigidez de nuca e sinais meníngeos –
pensar em meningite. Nos casos em que a rigidez de nuca estiver ausente, devemos pensar
em encefalite (geralmente há relato de crises convulsivas ou alteração do comportamento).
• Arterite temporal → mulher idosa (> 60 anos) com cefaleia, polimialgia reumática, claudicação
de mandíbula, amaurose fugaz, febre, perda de peso, dor à palpação da artéria temporal e,
geralmente, tem VHS aumentado.

Quando há presença de algum dos sinais citados anteriormente, devemos solicitar


prontamente um exame de imagem, como uma tomografia computadorizada (TC) de crânio
ou uma ressonância nuclear magnética (RNM). Às vezes nos perguntamos quanto ao uso de
contraste na tomografia, confere? Lembre o seguinte: TC sem contraste mostra sangramentos
e TC com contraste mostra tumores e abscessos.
Ainda é válido ressaltar que, de acordo com a suspeição clínica, outros exames complementares
podem ser necessários. Exemplos: cefaleias súbitas podem exigir exames de imagens de vasos
intra e extracranianos (angio-TC ou angio-RNM); se suspeita de infecção, a punção liquórica está
indicada, e assim por diante.

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Cefaleias

Antes do próximo assunto, vale lembrar que antes de uma punção lombar, é preciso avaliar a
existência de contraindicações, sendo as mais famosas: deficit neurológico focal, rebaixamento
do nível de consciência, papiledema, imunossuprimidos ou câncer, história de TCE recente e
infecção de pele no sítio de punção.

3. Cefaleias primárias
Bem, diante de um quadro recorrente e com exame físico normal, excluídas as causas
secundárias descritas anteriormente, podemos partir para o diagnóstico clínico das cefaleias
primárias. Elas são divididas nos seguintes grupos (pela classificação internacional de
cefaleias (ICHD-3):
• Enxaqueca ou migrânea
• Cefaleia do tipo tensão
• Cefaleias trigêmino-autonômicas
• Outras cefaleias primárias

3.1 Migrânea ou enxaqueca ⚠

Questão 02
(ENARE - DF - 2022) Paciente de 12 anos queixa-se de cefaleia recorrente, moderada, com
intervalos variáveis, de dias, semanas ou meses. A dor é bilateral e pulsátil e, por vezes,
acompanhada de irritabilidade, anorexia e náusea. Antes do quadro de dor, vê “bolinhas
coloridas” e sente formigamento na língua. Sobre o diagnóstico mais provável, assinale a
alternativa correta.
a) O paciente está na faixa etária de menor incidência em Pediatria. ✂ ✂
b) Podem fazer parte dos sintomas que precedem à dor: formigamento em hemicorpo,
disfasia e disartria.
c) O paciente apresenta o tipo de quadro mais comum, que é o de dor precedida

por sintomas visuais e sensitivos.


d) Para o diagnóstico adequado, é necessário investigar com tomografia de crânio

e exames laboratoriais.
e) Casos familiares semelhantes são a exceção.

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CCQ: As formas mais comuns de aura na enxaqueca são os fenômenos visuais,


sensitivos e de fala

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Cefaleias

Inicialmente, vamos deixar claro que existem mais de 10 tipos de migrânea. Abordaremos o que
você precisa saber para acertar todas as questões sobre este assunto, sem nos aprofundarmos
muito.
A migrânea é uma cefaleia primária bastante comum e incapacitante. Tipicamente ocorre
em mulheres jovens abaixo dos 50 anos, sendo frequente o relato de algum familiar com
quadro semelhante (predisposição genética). Pode ser provocada por estresse emocional,
jejum, alterações hormonais, calor, odores, transtornos do sono, clima, dor no pescoço,
entre outros fatores.

3.1.1 Classificação
A migrânea pode ser dividida em dois tipos principais: migrânea sem aura (também chamada
de enxaqueca comum) ou migrânea com aura (também chamada de enxaqueca clássica).
Essa última tem por característica a presença de sintomas neurológicos focais transitórios,
que habitualmente precedem ou acompanham a cefaleia. As auras vistas são:
• Visual: aura mais comum, que ocorre em 90% dos casos. Aspecto de fortificação (teicopsia)
ou escotomas são os mais comuns.
• Sensorial: parestesias (maioria das vezes), hipoestesia e hipersensibilidade ao toque.
• Fala e/ou linguagem: em que o paciente fica afásico ou disártrico.

Outras auras também encontradas são: retinianas, motoras ou do tronco encefálico. Apesar
disso, sintomas não restritos à visão, linguagem e sensibilidade somestésica são incomuns,
portanto, a sua ocorrência constitui sempre um sinal de alarme.
Além disso, seu marco clínico é ser pulsátil/latejante e unilateral, de forte intensidade/
incapacitante, e com duração de 4 a 72h, além de intervalos de acalmia. Associam-se
fotofobia, fonofobia e náuseas/vômitos. O paciente busca permanecer em repouso na maioria
das vezes (diferentemente do que ocorre na cefaleia em salvas, em que o paciente apresenta
agitação psicomotora).
Além disso, é importante falar brevemente sobre as diferenças entre a migrânea em crianças:
as crises podem ter duração mais curta, a foto e fonofobia muitas vezes não são referidas
diretamente (devemos observar o padrão de comportamento) e pode haver dor abdominal
associada.
Se o exame físico e a anamnese forem condizentes com o diagnóstico de cefaleia primária,
não é necessária a realização de TC de crânio. Os seguintes critérios são correlacionados
com a presença de alterações na neuroimagem de crianças com enxaqueca:
• Rápido aumento da frequência de dor.
• Histórico de falta de coordenação.
• História de sinais localizatórios ou parestesias subjetivas.
• Histórico de dor acordando o paciente.

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Cefaleias

3.1.2 Critérios diagnósticos


Usamos o critério da International Classification of Headache Disorders (ICHD-3) para o
diagnóstico de migrânea, que é o seguinte:

Critérios para migrânea sem aura

A. Ao menos cinco crises: preenchendo os critérios de B a D.

B. Crises de cefaleia durando 4 a 72 horas (sem tratamento ou com tratamento ineficaz).

C. A cefaleia possui ao menos duas das seguintes características:


• Localização unilateral.

• Caráter pulsátil.

• Intensidade da dor é moderada ou forte.

• Exacerbada por ou levando o indivíduo a evitar atividades físicas rotineiras (por exemplo:
caminhar ou subir escadas).

D. Durante a cefaleia, ao menos um dos seguintes:


• Náusea e/ou vômito.

• Fotofobia e fonofobia.

E. Não melhor explicada por outro diagnóstico da ICHD-3.

Já na migrânea com aura, há os seguintes critérios:

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Cefaleias

Critérios para migrânea com aura

A. Ao menos duas crises preenchendo os critérios B e C.

B. Um ou mais dos seguintes sintomas de aura plenamente reversíveis:


• Visual.
• Sensorial.
• Fala e/ou linguagem.
• Motor.
• Tronco cerebral.
• Retiniano.

C. Ao menos três das seis seguintes características:


• Ao menos um sintoma de aura se alastra gradualmente por ≥ 5 minutos.
• Dois ou mais sintomas de aura ocorrem em sucessão.
• Cada sintoma de aura individual dura 5 a 60 minutos.
• Ao menos um sintoma de aura é unilateral.
• Ao menos um sintoma de aura é positivo (o paciente vê algo ou sente algo que não
existe. A perda de uma função é um sintoma considerado negativo).
• A aura é acompanhada ou seguida, dentro de 60 minutos, por cefaleia.

D. Não melhor explicada por outro diagnóstico da ICHD-3.

É importante lembrar que a aura pode ocorrer antes, durante ou após a crise, sendo mais
comum antes da crise e durando até 60 minutos.
Lembre-se que paciente com migrânea com aura não pode fazer uso de anticoncepcionais
orais (ACO). É contraindicação absoluta! Esse é outro CCQ muito cobrado em prova e que
você não pode esquecer.

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Cefaleias

3.1.3 Tratamento ⚠

Questão 03
(SCML - SP - 2021) Homem de 38 anos é avaliado para uma história de 6 meses de episódios
cada vez mais frequentes de migrânea com aura. Ele tem crises de enxaqueca desde os
23 anos, com episódios de aura durando 15 a 20 minutos, caracterizada por luzes cintilantes
e visão embaçada. A frequência dos episódios de enxaqueca é de uma a duas vezes por
mês. Dipirona, ibuprofeno e naproxeno têm se tornado pouco úteis. Sinais vitais, exame físico
e neurológico estão todos normais. Nesse momento, constitui a recomendação terapêutica
correta para a migrânea:
a) Codeína-paracetamol.

✂ ✂ ✂ ✂ ✂
b) Sumatriptano.

c) Tramadol.

d) Topiramato.

e) Verapamil.

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CCQ: O sumatriptano é a droga de escolha para o tratamento da crise de migrânea


moderada/grave

Dividiremos o tratamento em duas categorias: tratamento de crise e tratamento profilático.


Para abortar crises de migrânea, pode-se utilizar, de acordo com a intensidade:
• Leves: analgésicos simples e/ou AINES (anti-inflamatórios não esteroidais).
• Moderadas a graves: triptanos (é a medicação de escolha na sua prova - CCQ
importantíssimo!), podendo associar anti-inflamatórios, antieméticos (metoclopramida) ou
domperidona. Em casos refratários ou status migranosus, podemos associar neurolépticos
como clorpromazina, haloperidol e até mesmo dexametasona EV (capaz de reduzir a
recorrência de migrânea em 24 a 72 horas).

Sobre as crises, vale lembrar o seguinte CCQ: evite o uso de opioides! Já o tratamento
profilático é indicado para aqueles com crises frequentes (≥ 3x/mês) e/ou muito
incapacitantes, e pode ser feito com uso de antidepressivos (tricíclicos e venlafaxina),
betabloqueadores, bloqueadores do canal de cálcio, anticonvulsivantes (topiramato, valproato
e gabapentina) e anticorpos monoclonais contra CGRP (erenumabe, fremanezumabe e
galcanezumabe).

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Cefaleias

Os betabloqueadores são medicações com maior uso do que a maioria, levando-se sempre
em consideração a frequência cardíaca de base do/da paciente. A resposta à terapia
profilática é observada a partir de 4-8 semanas de uso regular. A dose deve ser ajustada
gradativamente. Em casos refratários, pode-se fazer associação de medicamentos. Uma vez
reconhecidos os fatores desencadeantes da crise, deve-se sugerir que o paciente os evite.

3.2 Cefaleia tensional


Este é o tipo mais prevalente na população mundial, mais frequente durante a idade
reprodutiva e com tendência de redução com a progressão da idade, sendo um pouco mais
comuns nas mulheres. A cefaleia tensional tem o seguinte quadro clínico: cefaleia bilateral,
comumente holocraniana/pericraniana, de leve a moderada intensidade, em aperto ou não
pulsátil, com presença de foto ou fonofobia e ausência de náuseas/vômitos. Sua duração é
de 30 minutos a 7 dias e pode-se observar, também, a presença de parestesia e hipertonia
da musculatura pericraniana.
Sua fisiopatologia é, aparentemente, multifatorial, entretanto, não há confirmação específica
do mecanismo até o momento. Há a possibilidade de estar correlacionada à disfunção das
vias de sensibilidade da dor.

3.2.1 Diagnóstico
O critério da ICHD-3 para cefaleia tensional se dá com base nos períodos de ocorrência,
divididos em:
• Episódica infrequente: menos 10 episódios de cefaleia ocorrendo em < 1 dia/mês em
média (< 12 dias/ano).
• Episódica frequente: ao menos 10 episódios de cefaleia ocorrendo em média em 1-14
dias/mês por > 3 meses (≥ 12 e < 180 dias por ano).
• Crônica: ocorre em média em ≥ 15 dias/mês, por > 3 meses (≥ 180 dias/ano).
Além de:
• O episódio dura de 30 minutos a 7 dias.
• Pelo menos dois dos seguintes:
• Localização bilateral.
• Em pressão ou em aperto (não pulsátil).
• De intensidade fraca a moderada.
• Não agravada por atividade física rotineira, como caminhar ou subir escadas.

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Cefaleias

• Presença destes dois itens:


• Ausência de náuseas moderada/intensa ou vômitos.
• Fotofobia ou fonofobia ou náusea leve (apenas uma destas pode estar presente).
• Não melhor explicada por outro diagnóstico da ICHD-3.

É importante lembrar que, caso essa cefaleia esteja associada a patologias que possam causá-
la (tumor cerebral, sinusite, cefaleia por abuso de analgésicos, etc.), ela será considerada
secundária.

3.2.2 Tratamento
Para tratamento de crises, podemos utilizar analgésicos simples (dipirona e paracetamol)
e/ou AINES.
Já o tratamento preventivo pode ser empregado nos casos de cefaleia do tipo tensional
episódica frequente ou crônica, sendo comumente indicado, por via de regra, quando o
paciente apresenta ≥ 15 dias de crise no mês. Os fármacos de escolha são os antidepressivos
tricíclicos (sendo a amitriptilina e nortriptilina os mais utilizados), mas podem ser utilizados
outros antidepressivos (mirtazapina e venlafaxina), anticonvulsivantes (gabapentina e
topiramato) e até mesmo tizanidina (relaxante muscular). A aplicação de botox e a injeção de
lidocaína nos pontos dolorosos do crânio também apresentam evidências satisfatórias.
Os tratamentos considerados não medicamentosos têm resultados satisfatórios, devendo ser
associados ao tratamento agudo e crônico. São exemplos: calor local, gelo local, alongamento,
descanso, massagens, biofeedback, terapia cognitivo-comportamental e estimulação elétrica
transcutânea.

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Cefaleias

3.3 Cefaleias trigêmino-autonômicas

Questão 04
(HSL - SP - 2022) Homem, relata que acordou a noite com cefaleia súbita, de grande
intensidade, em facada, na região retro-orbital unilateral, de curta duração e associada
à hiperemia conjuntival, rinorreia e fotofobia. O episódio se repetiu mais duas vezes ao
longo do dia. Durante os episódios tentou deambular e esfregar a cabeça para alívio dos
sintomas. Na noite do início dos sintomas refere consumo de álcool e cigarro. O diagnóstico
mais provável é:
a) Cefaleia em salvas.

✂ ✂ ✂ ✂
b) Hemicrania paroxística.

c) SUNCT/SUNA.

d) Cefaleia em facadas.

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CCQ: Cefaleia em salvas é a principal hipótese diagnóstica em um paciente com forte


dor em região retro-orbital unilateral com sintomas autonômicos associados

3.3.1 Cefaleia em salvas ⚠


A cefaleia em salvas é comum nos jovens, em que a idade de início geralmente é entre 20 e
40 anos, e os homens são 3 vezes mais afetados que as mulheres. Comumente essas crises
são desencadeadas pela ingestão de álcool (essa associação é muito comum em provas),
hipoxemia e agentes vasodilatadores.
Conhecida por aumentar a prevalência de suicídio devido ao quadro de agitação psicomotora
causada por essa tenebrosa dor, a cefaleia em salvas se caracteriza por: crises de dor
estritamente unilateral, que ocorrem sempre do mesmo lado - orbital, supraorbital, temporal
ou em qualquer combinação dessas áreas. Dura 15-180 minutos, podendo ocorrer de oito
vezes ao dia até uma a cada dois dias, preferencialmente à noite.
A dor está associada a sinais trigêmino-autonômicos, como injeção conjuntival,
lacrimejamento, congestão nasal, rinorreia, sudorese frontal e facial, miose, ptose e/ou edema
palpebral, ipsilaterais à dor, e/ou inquietude ou agitação.
Apesar de ser cobrada com frequência nas provas, é rara na vida real. As crises ocorrem em
séries que duram semanas a meses, separadas por períodos de remissão que duram meses
a anos. Devido à sua intensidade e aos sintomas associados, é comum ser solicitado exame
de imagem para afastar causas secundárias na primeira crise.

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Cefaleias

3.3.1.1 Critérios diagnósticos


Os critérios diagnósticos para a cefaleia em salvas são:

Critérios diagnósticos: cefaleia em salvas

A. Ao menos cinco crises preenchendo os critérios B a D.


B. Dor forte ou muito forte unilateral, orbital, supraorbital e/ou temporal, durando
15 a 180 minutos (quando não for tratada).
C. Um dos ou ambos os seguintes:
• Ao menos um dos seguintes sintomas ou sinais, ipsilaterais à cefaleia:
• Injeção conjuntival e/ou lacrimejamento.
• Congestão nasal e/ou rinorreia.
• Edema palpebral.
• Sudorese frontal e facial.
• Miose e/ou ptose.
• Sensação de inquietude ou de agitação.

D. Ocorrer com uma frequência entre um a cada dois dias e oito vezes por dia.

E. Não melhor explicada por outro diagnóstico da ICHD-3.

3.3.1.2 Tratamento
Mantendo a linha de divisão entre tratamento das crises e profilaxia, temos a seguinte divisão:
• Para crise: oxigênio a 100% em máscara não reinalante 12 L/min é o padrão-ouro. Podemos
também utilizar triptanos (sumatriptano 6 mg SC) e injeção intranasal de lidocaína.
• Para profilaxia: verapamil, carbonato de lítio, valproato de sódio ou topiramato (o último
com menos evidências científicas), devendo ser indicado já a partir da primeira crise.

3.3.2 Cefaleia hemicraniana paroxística


A hemicrania paroxística faz parte do grupo das cefaleias trigêmino-autonômicas, assim como
a cefaleia em salvas. Entretanto, essa cefaleia é muito mais rara do que todas as citadas
anteriormente. É igual entre os sexos e surge por volta dos 27 aos 41 anos. Apesar disso, nas
provas, quando as bancas querem indicar essa cefaleia, geralmente apresentam um quadro
de cefaleia em salvas, porém em uma paciente do sexo feminino. Grave esse macete!

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Cefaleias

Seu quadro clínico é composto por crises de dor estritamente unilateral, forte, orbital,
supraorbital, temporal ou em qualquer combinação dessas áreas, durando de 2 a 30 minutos
e ocorrendo várias vezes ao dia. Inclusive este é o diferencial em relação à cefaleia em salvas:
a hemicrania paroxística ocorre mais do que 5 episódios por dia! As crises são habitualmente
associadas a sinais trigêmino-autonômicos, como a injeção conjuntival, lacrimejamento,
congestão nasal, rinorreia, sudorese frontal e facial, miose, ptose e/ou edema palpebral,
ipsilaterais à dor.
Elas respondem de forma absoluta à indometacina! E esse é o ponto-chave que você deve
gravar desta cefaleia. Tanto é que, se você suspeita de hemicrania, inicia o tratamento com
indometacina e o paciente não responde, deve-se buscar outro diagnóstico!

3.3.3 SUNCT e SUNA


As crises de cefaleia neuralgiforme, unilateral, breve e com hiperemia conjuntival e lacrimejamento
(SUNCT) e as crises de cefaleia neuralgiforme, unilateral, breve e com sintomas autonômicos
cranianos (SUNA) são formas pouco cobradas nas provas. De maneira geral, apresentam entre 3
e 200 episódios ao dia e a duração é muito curta → entre 1 a 600 segundos. Por ser do grupo das
trigêmino-autonômicas, a dor cefálica é unilateral, moderada ou forte, orbital/supraorbital/temporal/
trigeminal, ocorrendo em padrão de “dente de serra”.
Pode ser deflagrada por mastigação, escovação dentária e até mesmo ao toque do vento na
pele. Porém, é geralmente desencadeada sem período refratário, ao contrário do que ocorre
com a neuralgia trigeminal.
As principais diferenças são:
• SUNCT: lacrimejamento E hiperemia conjuntival ipsilaterais à dor.
• SUNA: lacrimejamento OU hiperemia conjuntival ipsilateral à dor.
São cefaleias tipicamente refratárias à maioria dos medicamentos usados, sendo a primeira
escolha a lamotrigina.

4. Outras cefaleias cobradas com frequência nas provas


4.1 Neuralgia do trigêmeo
Este tipo de cefaleia é típica de pacientes idosos, com sua prevalência aumentando conforme
a idade, sendo mais comum em mulheres.
O quadro é causado, na maioria das vezes, por compressões do nervo trigêmeo após a sua
saída no tronco encefálico. A compressão por alça vascular pode ser considerada responsável
por 80% a 90% dos casos.
É caracterizada por episódios breves de dores lancinantes unilaterais de aspecto em choque
e muito fortes, de surgimento abrupto na distribuição de um ou mais segmentos do nervo
trigêmeo. Geralmente, tem por gatilho algum estímulo inócuo, como a mastigação.

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Cefaleias

Podem ocorrer espasmos faciais associados à dor (por isso, acabou por ganhar seu antigo
nome, o tic doloreux). O padrão-ouro para o seu tratamento é a carbamazepina. A abordagem
cirúrgica também pode ser uma alternativa terapêutica.

Anatomia do nervo trigêmeo


Fonte: Gray’s Anatomy: The Anatomical Basis of Clinical Practice, 42 ed., 2020.

4.2 Hipertensão intracraniana idiopática ou pseudotumor cerebral


A hipertensão intracraniana é mais comum em mulheres obesas ou com sobrepeso, em período
fértil, e que se queixam de cefaleia, redução da acuidade visual, tinnitus (zumbidos agudos) e
fotopsia (percepção de flashes de luz). Diplopia (visão dupla) e náuseas são queixas comuns.
O exame físico pode apresentar perda de campo visual, papiledema e paresia do VI nervo
craniano (abducente).
O diagnóstico é feito mediante RNM (ressonância magnética), principalmente para excluir causas
secundárias e possibilitar o próximo passo, que é a punção lombar. Esta, por sua vez, apresenta
pressão de abertura elevada, sendo esse critério bastante importante para o diagnóstico dessa
condição.
O tratamento pode ser feito com perda de peso (questiona-se que seus resultados sejam ainda
mais consistentes do que o tratamento medicamentoso), uso de inibidores da anidrase carbônica
(acetazolamida/topiramato) e diuréticos de alça. Além disso, pode-se empregar a colocação de
derivações liquóricas, como a derivação ventrículo-peritoneal ou lomboperitoneal.

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Cefaleias

4.3 Cefaleia por abuso de analgésico ⚠

Questão 05
(USP - SP - 2022) Homem de 28 anos apresenta há dois anos cefaleia uma vez por semana
de forte intensidade, unilateral, pulsátil, com foto e fonofobia e acompanhada por náuseas.
Nega fenômenos visuais ou somestésicos. Há 6 meses associou outro tipo de cefaleia quase
diariamente: bilateral, de fraca a moderada intensidade, em aperto, sem outros sintomas. Faz
uso diário de dipirona e cetoprofeno e nos momentos de exacerbação da dor usa sumatriptano.
Quais são os diagnósticos desse paciente?
a) Cefaleia tensional e enxaqueca com aura.

✂ ✂ ✂ ✂
b) Enxaqueca com aura e cefaleia por abuso de medicações.

c) Enxaqueca sem aura e cefaleia por abuso de medicações.

d) Cefaleia tensional e enxaqueca sem aura.

Responder Comentário

CCQ: O uso diário de analgésicos pode levar à cefaleia por abuso de medicações

Sem padrão definido de cefaleia, esse quadro pode se associar a qualquer cefaleia crônica,
desde que o paciente recorra a AINES ou abortivos de crises mais do que duas vezes por
semana, além de ser do tipo secundária. O diagnóstico deve ser aventado em pacientes
que apresentem cefaleias com mudança do padrão e consumo exagerado de medicações.
O tratamento consiste em educar o paciente a utilizar medicamentos abortivos de crises
no máximo duas vezes por semana e verificar a terapêutica profilática que está sendo
observada, fazendo possíveis ajustes quando for necessário.
Para facilitar seu estudo, fizemos a tabela a seguir com as principais cefaleias primárias:

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Cefaleias

Cefaleias primárias

Cefaleias
Quadro clínico Tratamento
primárias

Abortivo: AINES, dipirona


Enxaqueca (migrânea) ⚠

Mais prevalente em mulheres com histórico ou triptanos, como


familiar positivo em boa parte dos casos. Além sumatriptano, naratriptano e
disso, seu marco clínico é ser pulsátil/latejante zolmitriptano.
e unilateral, de forte intensidade/ incapacitante, Profilaxia: betabloqueadores,
e que dura de 4 a 72h. Associam-se fotofobia, tricíclicos, anticonvulsivantes,
fonofobia e náuseas. O paciente busca anti-hipertensivos e
permanecer em repouso na maioria das vezes. monoclonais.
Com ou sem aura. OBS.: ACO é contraindicado
em mulheres com AURA

Crise: AINES, dipirona ou


acetaminofeno (paracetamol).
Profilaxia: antidepressivos
Tipo de cefaleia mais prevalente na população
Cefaleia tensional

tricíclicos (sendo a
mundial, com cefaleia bilateral, comumente
amitriptilina e a nortriptilina
holocraniana, de leve a moderada intensidade,
as mais utilizadas),
em aperto ou não pulsátil, com duração de 30
outros antidepressivos
minutos até 7 dias. Epidemiologicamente, ocorre
(mirtazapina e venlafaxina),
tanto em homens quanto mulheres, porém, é um
anticonvulsivantes
pouco mais comum em mulheres.
(gabapentina e topiramato)
e tizanidina (relaxante
muscular).

A cefaleia em salvas se caracteriza por crises


de dor estritamente unilateral e ocorrendo
Crise: oxigenioterapia
sempre do mesmo lado, forte, a qual é orbital,
(12 L/min) por 15 minutos
supraorbital, temporal ou ocorre em qualquer
Cefaleia em salvas ⚠

é o padrão-ouro. Podemos
combinação dessas áreas, durando 15-180
utilizar triptanos e injeção
minutos e ocorrendo desde dias alternados
intranasal de lidocaína.
a oito vezes por dia. A dor está associada à
injeção conjuntival, lacrimejamento, congestão
Profilaxia: verapamil
nasal, rinorreia, sudorese frontal e facial,
e topiramato (o último
miose, ptose e/ ou edema palpebral, ipsilaterais
com menos evidências
à dor, e/ou à inquietude ou agitação.
científicas), devendo ser
Apesar de ser cobrada frequentemente nas
indicado já a partir da
provas, é rara na vida real, sendo mais comum
primeira crise!
em homens e com forte associação ao etilismo -
dois importantes CCQs.

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Cefaleias

TOP FIVE
As formas mais comuns de aura na enxaqueca são os fenômenos visuais,
➀ sensitivos e de fala

➁ Reconhecer as red flags para cefaleia secundária

➂ O uso diário de analgésicos pode levar à cefaleia por abuso de medicações

O sumatriptano é a droga de escolha para o tratamento da crise de migrânea


➃ moderada/grave

Cefaleia em salvas é a principal hipótese diagnóstica em um paciente com forte


➄ dor em região retro-orbital unilateral com sintomas autonômicos associados

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Referências:
1. FAVARATO, Maria Helena Sampaio et al. Manual do Residente de Clínica Médica. 3. ed. São Paulo: Manole,
2023.
2. Headache Classification Committee of the International Headache Society (IHS). The International Classification
of Headache Disorders, 3rd edition. Cephalalgia: an international journal of headache, vol. 38, 2018.
3. LOSCALZO, J. et al. Medicina Interna de Harrison. 21. ed. McGraw-Hill Education/Medical, 2022.

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Cefaleias
Comentário da Questão 01

Perceba que a questão nos mostra uma mulher de 51 anos com cefaleia de início abrupto,
sem história prévia de cefaleia com mesmo padrão e que apresenta sinais meníngeos ao
exame físico. Diante desse caso, devemos identificar algumas red flags que nos levem a
pensar em uma cefaleia secundária. Como fazemos isso?
Para todo paciente que chega no departamento de emergência queixando-se de cefaleia,
devemos perguntar sobre os sinais que nos alertem para uma investigação complementar:
• Padrão: mudança de padrão, piora progressiva, refratariedade ao tratamento clínico.
• Início: súbito, pico de intensidade em segundos, primeiro episódio de cefaleia intensa.
• Sistêmicos: febre, toxemia, rash cutâneo, rigidez nucal, doenças reumatológicas, rigidez
nucal, emagrecimento, imunossupressão, neoplasia.
• Idade: início após os 50 anos.
• Neurológicos: deficit focal, papiledema, rebaixamento do nível de consciência e
convulsão.
Portanto, vamos aos itens:
Alternativa A - Incorreta: A enxaqueca com aura manifesta-se com dor unilateral, pulsátil,
associada à fono/fotofobia e com náuseas e vômitos.
Alternativa B - Correta: Nossa paciente apresenta sinais de alarme: início súbito da dor
com cefaleia de forte intensidade, começou após os 50 anos e há sinal de rigidez de nuca.
Nesses casos, devemos obrigatoriamente solicitar um exame de imagem para descartar
causas secundárias de cefaleia.
Alternativa C - Incorreta: A meningite normalmente nessa faixa etária se manifesta com
febre, alteração comportamental, sinais meníngeos e vômitos.
Alternativa D - Incorreta: A cefaleia em salva predomina no sexo masculino, entre a terceira
e quinta década de vida, com duração entre 15 e 180 minutos. Trata-se de um quadro típico
de cefaleia de forte intensidade, unilateral, em região periorbitária e temporal, acompanhada
de sintomas autonômicos ipsilaterais à dor (hiperemia conjuntival, lacrimejamento, ptose e
congestão nasal unilateral).
Portanto, o gabarito é a alternativa B.

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Cefaleias
Comentário da Questão 02

Temos no caso uma adolescente que apresenta cefaleia recorrente, moderada, com intervalos
variáveis, de dias, semanas ou meses. A dor é bilateral e pulsátil e, por vezes, acompanhada
de irritabilidade, anorexia e náusea. Antes do quadro de dor, vê “bolinhas coloridas” e sente
formigamento na língua. Ou seja, temos pródromos. Isso te lembrou alguma coisa? Veja bem.
A migrânea ou famosa enxaqueca é uma cefaleia primária que gera essa dor recorrente.
Na infância, atinge principalmente os adolescentes e o quadro costuma ser familiar. A dor
geralmente é bilateral, pulsátil e acompanhada de sinais e sintomas como a irritabilidade e
os vômitos.
Podemos ter uma migrânea sem aura ou com aura, sendo a aura esses sinais e sintomas
que estão atrelados à crise, podendo ocorrer antes ou durante essas. A sem aura é mais
frequente e a com aura pode trazer consigo:
• Fenômenos visuais (bolinhas coloridas, flashes de luz, linhas interrompidas, redução ou
escurecimento de campo visual, macro ou micropsia).
• Fenômenos sensitivos (formigamento na boca, língua, hemicorpo).
• Alterações da fala do tipo disfasia ou disartria.
Outras auras também encontradas são: retinianas, motoras ou do tronco encefálico. Apesar
disso, sintomas não restritos à visão, linguagem e sensibilidade somestésica são incomuns,
portanto, a sua ocorrência constitui sempre um sinal de alarme.
O diagnóstico da migrânea é clínico. Os exames laboratoriais ou por imagem são feitos somente
com indicações específicas.
Vamos ver as alternativas:
Alternativa A - Incorreta: Está na maior faixa de incidência, já que na infância costuma atingir
mais aos adolescentes.
Alternativa B - Correta: Sim, como vimos, essas alterações citadas podem fazer parte da
migrânea com aura.
Alternativa C - Incorreta: O mais comum é a migrânea sem aura, em que não há esses
sintomas antecedendo o quadro.
Alternativa D - Incorreta: Não, o diagnóstico da condição é essencialmente clínico.
Alternativa E - Incorreta: Não, a história familiar positiva é bem frequente nesses casos.
Dessa forma, o gabarito é a alternativa B.

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Cefaleias
Comentário da Questão 03

Saber o tratamento da crise de enxaqueca é algo útil para a vida médica e para as provas.
Geralmente a banca descreve um caso clínico e pede a conduta terapêutica mais adequada.
Nesse sentido, vamos revisar o quadro clássico da migrânea?
• Dor unilateral com localização frontotemporal.
• Pulsátil.
• De intensidade moderada a intensa.
• Duração de 4 até 72h.
• Presença de: náuseas e vômitos, fotofobia e fonofobia.
• Piora com atividade física e melhora com o repouso.
A classe de escolha para tratar a crise de enxaqueca moderada/grave são os triptanos,
agonistas serotoninérgicos. O mais disponível em nosso meio é o sumatriptano.
Para crises leves, podemos usar analgésicos simples e/ou AINES.
Caso o paciente apresente mais de 3 crises por mês, podemos usar uma droga para profilaxia
de novas crises. A classe de primeira escolha são os betabloqueadores, especialmente o
propranolol por sua alta penetração no SNC.
Alternativa A - Incorreta: Os opioides não são utilizados no tratamento da crise de enxaqueca.
Isso é uma pergunta comum nas provas.
Alternativa B - Correta: Os triptanos são a classe de escolha para tratar a crise de enxaqueca.
Alternativa C - Incorreta: Os opioides não são utilizados no tratamento da crise de enxaqueca.
Isso é uma pergunta comum nas provas.
Alternativa D - Incorreta: O Topiramato é um anticonvulsivante que pode ser utilizado como
tratamento profilático, embora não seja a droga de primeira escolha.
Alternativa E - Incorreta: O Verapamil é um bloqueador de canal de cálcio que pode ser
utilizado como tratamento profilático, embora não seja a droga de primeira escolha.
Portanto, o gabarito é a alternativa B.

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Cefaleias
Comentário da Questão 04

Este é um tipo de questão comum para sua prova. A banca descreve um caso clínico e espera
que você saiba reconhecer qual é o diagnóstico do paciente. Neste caso, temos um quadro
clássico de cefaleia em salvas. Vamos revisar juntos?
A cefaleia em salvas é uma forma de cefaleia primária que tem como sinais clínicos os
seguintes achados:
• Dor periorbitária unilateral.
• Muito intensa (geralmente a pior dor da vida do paciente).
• Duração de 15-180 minutos, tipicamente à noite.
• Acompanhada de sintomas autonômicos ipsilaterais:
• Hiperemia conjuntival.
• Lacrimejamento.
• Sudorese facial.
• Rinorreia.
Essa forma de cefaleia é mais comum em homens, e um desencadeante da crise de dor,
geralmente citado pelas bancas no enunciado, é a ingestão de álcool.
O tratamento da crise aguda da cefaleia em salvas é com oxigênio a 100%, 12 litros/minuto, em
máscara com reservatório e com o paciente sentado inclinado para frente + uso de triptanos.
A cefaleia em salvas é a forma mais comum das cefaleias trigêmino-autonômicas e de longe
a mais cobrada em provas. Os outros dois tipos são:
Hemicrania paroxística: marcado pela ocorrência de cerca de 1-20 episódios de dor por dia,
com duração que varia entre 5 e 30 minutos! Tipicamente em mulheres. O tratamento agudo
e profilático é feito com indometacina.
SUNC/SUNA: nessa forma de cefaleia o paciente tem entre 3 e 200 episódios ao dia e a
duração é muito curta → entre 5 e 240 segundos!
É através dessas características (frequência e duração das crises) que diferenciamos as
formas de cefaleia trigêmino-autonômicas!
Algo a mais: todos os pacientes com essa forma de cefaleia em salvas têm indicação de
tratamento profilático, o qual é feito preferencialmente com o bloqueador de canal de cálcio
verapamil! Há opção de uso de ciclos de prednisona.
Alternativa A - Correta: Isso mesmo. Repare que no paciente a apresentação é clássica da
cefaleia em salvas, inclusive os seus fatores de risco!
Alternativa B - Incorreta: Na imensa maioria das vezes a hemicrania paroxística cursa com
pelo menos 5 episódios dolorosos por dia. Assim, esse não é o diagnóstico provável. Além
disso, ocorre predominantemente em mulheres.
Alternativa C - Incorreta: Nessas formas de cefaleias trigêmino-autonômicas (bastante
raras) vemos, na maioria das vezes, mais de 20 episódios de dor durante um dia. Assim,
esse não é o diagnóstico provável.
Alternativa D - Incorreta: Essa não é uma forma de cefaleia descrita.
Portanto, o gabarito é a alternativa A.

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Cefaleias
Comentário da Questão 05

As cefaleias são uma queixa muito comum na população em geral e um dos pontos mais
importantes aqui é sabermos quando pensaremos em etiologias secundárias:
• S - Sinais sistêmicos (perda de peso, febre, rigidez de nuca, mialgia, rash cutâneo…),
doenças ou condições prévias (câncer, HIV, uso de quimioterápicos, uso de drogas
imunossupressoras, gravidez).
• N - Neurológico anormal (alterações no exame físico com sinais e sintomas como confusão
mental, rebaixamento do nível de consciência, meningismo, convulsões, papiledema,
paresia, hipoestesia, ataxia ou outros sinais focais).
• O - Onset (surgimento) é novo (principalmente quando em maiores de 50 anos) ou
abrupto/súbito (intensidade máxima em até uma hora).
• O - Outras condições associadas: trauma, esporte de contato, uso de drogas ilícitas,
exposição a tóxicos, cefaleia que acorda o paciente, piora ou alívio ao assumir ortostase ou
ao deitar-se em posição supina, piora com Valsalva (tosse, espirro, esforço), relacionada a
atividade sexual.
• P - Padrão com progressão (geralmente considera-se um período evolutivo de 3 meses),
mudança na frequência, gravidade ou clínica.

Quais as red flags mais comuns nas provas? Pior dor da vida, iniciou após os 50 anos, dor
progressiva, acompanhada de sintomas focais, febre associada, acorda o paciente à noite.
Devemos conhecer também os sinais e sintomas que diferenciam as cefaleias primárias.
• Enxaqueca: dor moderada-grave, que dura de 3-72 horas, pulsátil, unilateral, acompanhada
de foto e fonofobia, podendo apresentar aura.
• Cefaleia tensional: dor leve-moderada, opressiva, pode durar de 30 minutos até 7 dias,
holocraniana, aparece ao entardecer, associada ao estresse.
• Cefaleia em salvas: dor lancinante, grave, em pontada (facada), dura poucos minutos,
associada a sintomas trigeminais (lacrimejo, rinorreia, ptose). O principal CCQ aqui é
lembrar que o tratamento é feito com oxigenoterapia.

Estas são as três principais, e também as que mais aparecem nas provas. No entanto, temos
uma outra condição que é a cefaleia associada ao uso/abuso de analgésicos. Condição hoje
bem conhecida, inclusive com critérios diagnósticos bem definidos.
O diagnóstico da cefaleia por uso excessivo de medicamento é clínico e baseia-se na
frequência da cefaleia e no uso de fármacos para aliviá-la. De acordo com a International
Classification of Headache Disorders, os critérios para o diagnóstico da cefaleia por uso
excessivo de medicação são:
• Cefaleia que ocorre ≥ 15 dias/mês em um paciente com cefaleia pré-existente.
• Uso excessivo regular de um ou mais fármacos para tratamento agudo ou preventivo da
cefaleia por > 3 meses (os fármacos incluem ergotamina, triptanos, opioides ou analgésicos
combinados tomados ≥ 10 dias/mês ou um único analgésico como paracetamol, aspirina ou
outro AINE tomado ≥ 15 dias/mês).
• Nenhum outro tipo de cefaleia que explique melhor as manifestações clínicas.

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Cefaleias
Comentário da Questão 05

Deve-se diferenciar a cefaleia por uso excessivo de medicamento da cefaleia primária, que
normalmente provoca sintomas concomitantes. Raramente, realiza-se TC ou RM para excluir
outras doenças. Neuroimagem de rotina é desnecessária.
Note que é exatamente o que acontece com o nosso paciente do caso. Ele apresentava
enxaqueca e fazia uso diário de dipirona. Agora, começou a apresentar outra dor de cabeça
quase que diária também. Isso é clássico de cefaleia causada por medicamento. Guarde
este caso com carinho!
O tratamento envolve a suspensão do uso inadequado da medicação, no entanto, para tal é
necessário otimizar e fazer bem feito o tratamento crônico e profilático da cefaleia primária
de base.
Vamos às alternativas:
Alternativa A - Incorreta: Não é o caso de cefaleia tensional, além disso, a enxaqueca é
sem aura.
Alternativa B - Incorreta: Como vimos, a enxaqueca é sem aura.
Alternativa C - Correta: Exato! Trata-se de uma enxaqueca sem aura, e pelo uso crônico
de analgésicos, ele veio a desenvolver um quadro de cefaleia pelo uso destas medicações.
Alternativa D - Incorreta: Não se trata de cefaleia tensional.
Portanto, o gabarito é a alternativa C.

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