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Taricone Mateus, 2021.

SINAIS DE ALERTA PARA CEFALÉIA SECUNDÁRIA


São avaliados pelo mnemônico SNOOP:
● S: sinais sistêmicos de toxemia, rigidez de nuca, rash cutâneo (pacientes com
neoplasias, HIV ou em uso de imunossupressores + cefaleia = sinal de alerta
sistêmico).
● N: sinais neurológicos como déficit neurológico focal, edema de papila, convulsões.
● O: older (idade de início da dor) início da dor após 50 anos.
● O: onset (como a dor se manifesta temporalmente) dor de início súbito ou primeira
cefaleia da vida.
● P: pattern (padrão da dor) mudança no padrão da dor ou dor que aumenta a
intensidade, frequência e duração ou dor refratária.
O SNOOP SERVE PARA IDENTIFICAR CEFALEIAS PERIGOSAS: a presença desses
sintomas elencados no SNOOP levanta uma bandeira vermelha para problemas mais
graves como AVE, mudança na pressão intracraniana (PIC), malignidade, etc.

CEFALEIAS PRIMÁRIAS: as cefaléias primárias são (1) enxaqueca ou migrânea; (2)


cefaléia tensional; (3) cefaleias trigêmeo-autonômicas.
● (1) ENXAQUECA/MIGRÂNEA
● Definição: reação NEUROVASCULAR Anormal. É genética e multifatorial e tem
relação com gatilhos ambientais.
● Epidemiologia: história familiar (é genético), segunda causa de cefaléia no mundo
(perde para cefaleia tensional) e primeira no consultório (são os pacientes que mais
procuram o neurologista).
● Fisiopatologia: tem 4 etapas e está relacionada a VASODILATAÇÃO (é uma doença
NEUROVASCULAR). (1) vasodilatação e ativação do sistema trigeminal. (2)
liberação de neuropeptídeos. (3) ativação dos núcleos sensitivos no tronco cerebral.
(4) sensibilização central da dor no tálamo e córtex (a dor é sentida porque chega
nessas regiões).
● Fases: pródromo, aura,
fase álgica, fase de
recuperação.
● Desencadeantes:
estresse, cerveja, dieta, vinhos,
café.
● É dividida em SEM
AURA (precisa saber os
critérios da enxaqueca sem aura
- imagem) e COM AURA.
● AURA: é um sintoma
neurológico focal transitório,
evolui em 5 a 20 minutos e dura
cerca de 60 minutos. Precede ou acompanha a dor.
● Tratamento fase aguda: analgésicos, AINES, triptanos e ergóticos.
● Profilaxia: drogas: betabloqueadores, antidepressivos tricíclicos, anticonvulsivantes,
bloqueadores de canal de cálcio. Outras: botox e anticorpos monoclonais.
● (2) CEFALEIA TENSIONAL: baixa gravidade
● É a cefaleia primária mais comum. Piora no fim do dia e está relacionada ao
estresse e rigidez cervical. Características: é bilateral, em pressão ou aperto e não

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agrava com exercícios físicos. Dura de 30 minutos até 7 dias e não tem náuseas e
vômitos. O tratamento é medicamentoso é com analgésicos e AINEs (paracetamol,
dipirona, ibuprofeno, diclofenaco, cetoprofeno, naproxeno: qualquer um desses) +
relaxamento, eliminar estresse.
● Profilaxia: somente para cefaleia tensional crônica (> 15 episódios no mês por mais
de três meses). Drogas: antidepressivos tricíclicos (é a droga de preferência).
mirtazapina, topiramato e auxílio psicológico e psiquiátrico)
● (3) CEFALEIAS TRIGEMINO-AUTONÔMICAS: cefaleia + lacrimejamento, rinorragia,
hiperemia conjuntival, edema palpebral. NÃO MELHORA COM ANALGÉSICO E
OPIÓIDES.
● Tipos: (3.1) cefaleia em salvas; (3.2) cefaleia hemicrânia paroxística; (3.3) neuralgia
do trigêmeo.
● (3.1) cefaleia em salvas: dor intensa com intervalos sem dor > 14 dias. Se for
crônica, o intervalo entre as crises é < 14 dias. ATINGE MAIS HOMENS entre 20 e 0
anos. Pode ser sazonal e dura de 5 a 180 minutos. É desencadeada por
vasodilatadores periféricos, álcool, altitude, calor, frio e apneia do sono. É aliviada
por compressão da Temporal e exercícios físicos. Está relacionada com
desregulação dos marca-passos circadianos diencefálicos e alterações no
hipotálamo.
● Tratamento: OXIGÊNIO 100% (10 - 12 L/min por 20 minutos) OU sumatriptano 6mg
SC + evitar desencadeantes. Profilaxia: verapamil, lítio ou divalproato de sódio.
● (3.2) hemicrânia paroxística: parecida com a cefaléia em salvas, mas dura menos
tempo e os intervalos entre as crises é menor. ATINGE MAIS MULHERES. Melhora
com indometacina (PATOGNOMÔNICO).
● (3.3) neuralgia do trigêmeo: dor de curta duração no território de distribuição de um
ou mais ramos do trigêmeo. Começa após os 50 anos. A dor é muito forte, como um
choque elétrico, mas dura pouco tempo. Pode surgir do nada ou por estimulação em
zonas de gatilhos. Pode ser causada por compressão vascular.
● Tratamento: carbamazepina, baclofeno, gabapentina, pregabalina, fenitoína
(qualquer um desses).

CEFALEIAS SECUNDÁRIAS
● Relacionadas a (1) doenças cerebrovasculares, (2) reumatológicas-vasculares, (3)
pressão intracraniana e (4) trauma.
● (1) doenças cerebrovasculares: cefaleias causadas por AVEI ou AVEH (hemorragia
intracraniana e hemorragia subaracnóidea).
● (2) reumatológicas-vasculares: arterite temporal. A arterite temporal é uma doença
reumatológica que atinge mais idosos. A dor é frontotemporal latejante e persistente.
Dá para ver a artéria temporal ingurgitada. Ela é dolorosa à palpação, hipopulsátil e
nodulada. A doença também causa emagrecimento, anorexia, febre e dores

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articulares. Diagnóstico: VHS (vai estar elevado) e biópsia da artéria temporal. Trata
com MUITO corticóide.
● (3) pressão intracraniana: pode ser (3.1) hipertensão intracraniana ou (3.2)
hipotensão intracraniana.
● (3.1) cefaleia por hipertensão intracraniana: causada por tumores, abscessos,
hematomas, hidrocefalia, edema cerebral e HIC benigna. Manifestações clínicas:
cefaleia compressiva, vômitos em jato, papiledema e tríade de cushing (hipertensão,
bradipneia, bradicardia).
● (3.2) cefaleia por hipotensão intracraniana: causada após punlão lombar, por fístula
liquórica após TCE e desidratação severa. Clínica: cefaleia bilateral latejante ou em
pressão, desencadeada por fatores posturais e desaparecendo no decúbito com
cabeça baixa.
● (3.3) cefaleia por trauma: o trauma craniano e ou cervical causa cefaleia pelo próprio
trauma ósseo ou intracraniano.

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