Você está na página 1de 30

Unidade II - Estudo da Dor

Unidade II
Entendendo os diversos tipos de dor:
● Avaliação da dor,
● Percepção da Dor;
● Transmissão Neural;
● Manejo da dor.
Definição
A dor é uma sensação desagradável que sinaliza lesões reais ou possíveis
e imaginárias. Tem relação sensorial e emotiva, estando intimamente
ligadas. A dor é o motivo mais comum pelo qual as pessoas procuram
assistência médica.

SENSORIAL DOR EMOCIONAL

A dor pode ser aguda ou leve, constante ou intermitente, latejante ou


estável. Às vezes, pode ser muito difícil descrever a dor, mas
normalmente está associada ao sofrimento. É um assunto tão extenso
que se tornou uma especialidade médica: clínica da dor.
Sensorial: (percepção da dor)
● Intensidade
● Localização
● Duração DOR AGUDA

● Padrão temporal
● Qualidade
Emocional:
Reações comportamentais perante a dor, cultura.

DOR CRÔNICA
Nociceptores
Tipos de dor
Dor aguda está frequentemente associada a ansiedade e hiperatividade do
sistema nervoso simpático (p. ex., taquicardia, aumento de frequência
respiratória e pressão arterial, sudorese, dilatação das pupilas). Geralmente
ocorre em resposta à lesão tecidual, resulta da ativação de receptores
periféricos de dor (nociceptores).

Dor crônica não envolve hiperatividade simpática, mas pode estar associada
a sinais vegetativos (p. ex., fadiga, perda de libido, perda de apetite) e
depressão. Resulta de lesão contínua ou disfunção do sistema nervoso central
ou periférico
Dor crônica
Dor crônica é aquela que persiste ou recorre por > de 3 meses,
persiste por > de 1 mês após a resolução de uma lesão tecidual aguda
ou acompanha uma lesão que não se cura.
As causas incluem doenças crônicas (p. ex., câncer, artrite, diabetes),
lesões (p. ex., hérnia de disco, ligamento rompido) e várias doenças
primárias (p. ex., dor neuropática, fibromialgia, cefaleia crônica).
Vários fármacos e tratamentos psicológicos são utilizados, além da
fisioterapia.
Avaliação da Dor
Tipos de Dor
Dor nociceptiva: ocorre devido a estímulo químico/físico de
terminações nervosas. Pode ser somática quando ocorre no
sistema osteomuscular, pele ou mucosas, ou visceral, que é
uma dor referida e mal localizada numa região e há outros
sintomas como náuseas, vômitos, palidez, etc.
Dor neuropática ocorre após uma lesão das vias do sistema
nervoso periférico (nervo, plexo ou raiz nervosa) ou central
(medula ou encéfalo). A dor se irradia pelo nervo lesado,
podendo ser percebida superficial ou profundamente (o
paciente pode referir parestesias, queimação, hiperalgesia ou
até mesmo alodinia quando a dor decorre de um estímulo
não nocivo).
Dor referida
A dor sentida numa área do corpo nem sempre representa exatamente o
local do problema, pois a dor pode ser referida de outra área do corpo. Por
exemplo, a dor provocada por um infarto do miocárdio pode parecer
originária do braço, visto que as informações sensoriais do coração e do braço
convergem nas mesmas células nervosas da medula espinhal.
Dor neuropática
Dor neuropática resulta de lesão ou disfunção do cérebro ou da medula espinhal
(sistema nervoso central) ou de nervos que estão fora do cérebro ou da medula
espinhal (sistema nervoso periférico). Ela pode ocorrer quando éÉ feita pressão em
determinado nervo — por exemplo, por um tumor ou um disco que sofreu ruptura
na coluna vertebral, causando dor na região lombar e/ou dor irradiada para a perna.
A pressão em um nervo pode causar a síndrome do túnel do carpo.
Os nervos são lesionados, como ocorre no diabetes mellitus ou na neuralgia
pós-herpética (dor após herpes zóster).
O cérebro e a medula espinhal não processam os sinais de dor normalmente ou
algo interrompe esse processamento, como ocorre na dor do membro fantasma e
na síndrome de dor regional complexa. No diabetes, os nervos fora do cérebro e da
medula espinhal (nervos periféricos) são danificados. Os sintomas incluem
dormência, formigamento e dor nos dedos dos pés, nos pés e, às vezes, nas mãos.
Como avaliar a dor
● Onde dói?
● Como é a dor (por exemplo, ela é aguda, surda, em cólicas)?
● Quando começou? Houve alguma lesão?
● Como a dor começou? Começou de forma repentina ou gradual?
● A dor sempre está presente, ou é do tipo vem e vai?
● Ela ocorre de forma previsível, após atividades específicas (como
refeições ou esforço físico) ou em algumas posições corporais? O que a
piora?
● Há algo que ajuda a aliviar a dor? O quê?
● Ela afeta a capacidade de fazer suas atividades diárias ou interagir com
outras pessoas? Ela afeta o sono, o apetite e o funcionamento do
intestino e da bexiga? Nesse caso, como ela afeta?
● A dor influencia seu humor e a sensação de bem-estar? Ela é
acompanhada por sentimentos de depressão ou ansiedade?
Como medir a dor
A história deve incluir as seguintes informações sobre a dor:

● Tempo [início, persistência (se constante ou intermitente), padrão e grau


de flutuação e frequência das remissões, duração]
● Qualidade (p. ex., aguda, prolongada, com cólica, queimação, limitante,
lancinante)
● Gravidade
● Local (localizado, difuso, profundo, superficial)
● Padrões de dor referida
● Fatores exacerbantes e atenuantes.
Informações da história e do exame físico ajudam a orientar a escolha dos exames
laboratoriais e de imagem para identificar possíveis causas da dor.
Como medir a dor

Pacientes com demência ou afasia:


Avaliar a dor em pacientes com doenças que afetam a cognição, fala ou
linguagem (p. ex., demência e afasia) pode ser difícil. A dor é sugerida pelas
contrações faciais, enrugar a testa ou piscar os olhos repetidamente. Algumas
vezes, os cuidadores podem descrever comportamentos que sugerem dor (p.
ex., exclusão social súbita, irritabilidade, caretas). A dor deve ser considerada
em pacientes com dificuldade de comunicação e que apresentam alterações
súbitas de comportamento. Muitos pacientes com dificuldade de
comunicação podem se comunicar significativamente quando é utilizada a
escala de dor apropriada.
Exercícios
1. Como acontece o mecanismo da dor?
2. Como podemos avaliar/aliviar a dor?
3. Porque certas pessoas podem apresentar um quadro
exagerado de dor mesmo a pequenos estímulos, que
normalmente não causam dor?
Estratégias de combate à dor
Medicamentos:

Analgésicos indicados pelo clínico. Podem ser: Diclofenaco, Piroxicam,


Paracetamol, Ibuprofeno, Naproxeno, Ácido acetilsalicílico,..... O paracetamol
e os AINEs geralmente são eficazes para dor leve a moderada

Analgésicos opióides: Codeína, Hidrocodona, Metadona, Morfina… São mais


fortes e causam dependência. Analgésicos opióides têm eficácia comprovada
no tratamento da dor aguda, dor do câncer e dor no final da vida e como
parte do tratamento paliativo.
Recursos eletrofísicos no controle da dor
É possível utilizar o TENS portátil (estimulação elétrica nervosa
transcutânea), que age de duas formas: pela via aferente e pela via
eferente. Pela via aferente ou teoria da comporta da dor, em que a
estimulação do TENS chega ao cérebro via neurônio A-beta, que
possui um maior calibre e é mais mielinizado.
Com isso, o sinal do TENS chega antes ao cérebro e bloqueia o sinal
nociceptivo. Pela via eferente, em que o cérebro envia uma
mensagem para o hipotálamo mediar liberação de hormônios
responsáveis por diminuir a dor e causar bem-estar.
Recursos eletrofísicos no controle da dor
Ultrassom: Indicado para reduzir a sensação de dor após traumas e cirurgias,
por exemplo. Seu funcionamento é baseado na estimulação térmica, de
acordo com o princípio de vibração das moléculas do local afetado. Nele
ocorre um aquecimento controlado na parte interna da região em
tratamento, reduzindo desconfortos musculares e ósseos (inclusive os
causados por problemas de postura ou lesões). Ele também ajuda na
absorção de nutrientes, solta pequenas aderências e tem efeito
anti-inflamatório.
Recursos eletrofísicos no controle da dor
Laser: Por meio de uma luz amplificada, reduz-se o tempo de tratamento
e acelera-se a cicatrização de feridas, é muito importante para auxiliar no
fechamento de úlceras e feridas pós-cirúrgicas, bem como em doenças
degenerativas ou inflamatórias que atingem os membros. Na fisioterapia,
o laser promove o alívio de desconfortos ao ser aplicado em
pontos-gatilho, com efeitos positivos especialmente em tendões,
ligamentos e músculos.
Calor superficial e profundo
Possibilita a vasodilatação, o relaxamento muscular, a melhora do
metabolismo e circulação local, a extensibilidade dos tecidos moles, a
alteração de propriedades viscoelásticas teciduais e a redução da inflamação.
O calor superficial pode ser feito através de bolsas térmicas, banhos de
contraste, banhos de parafina, infravermelho, forno de Bier, hidroterapia de
turbilhão. NO calor profundo, os mais utilizados são o ultrassom, ondas
curtas, laser e microondas.
Atenção: Em caso de cancro poderá ter restrições quando se fala de calor do
tipo profundo mesmo com dor crônica. Neste caso, a termoterapia na forma
de ondas curtas, micro-ondas e ultrassom são contraindicados. Já com
para indicação de calor superficial como as bolsas de água quente ou gel
coloide, compressas e até mesmo equipamentos como infravermelho, há
indicação e excelentes resultados, mas um cuidado extremo para sua
continuidade pelo aumento do metabolismo oncológico.
Crioterapia no controle da dor
A temperatura baixa, frio ou crioterapia é, portanto, indicada por ter efeito
analgésico, reduz o metabolismo local, minimiza a condução dos estímulos
dolorosos e promove relaxamento muscular. Sua ação analgésica está
relacionada à diminuição do fluxo sanguíneo e diminuição de edema porque o
frio reduz a velocidade da condução nervosa e retarda a chegada dos
estímulos nociceptivos à medula.

Contraindicações: em algumas circunstâncias como alteração da integridade


sensorial, da rede arterial periférica ou até mesmo em situação de
intolerância ou reação alérgica ao frio, e ainda áreas de aplicação de
radioterapia
Exercícios
1. Explique como acontece o mecanismo da dor.
2. Como podemos avaliar o nível de dor de um utente?
3. Quais as diferenças entre dor nociceptiva e dor neuropática?
4. Cite as estratégias no combate à dor mais utilizadas.

Você também pode gostar