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Dor – Abordagens e perspetivas

Princípios a considerar:
✓ A dor só se torna visível se a avaliarmos;
✓ A dor deve ser aceite como uma vivência pessoal;
✓ Devemos sempre acreditar no que o utente diz;
✓ O enfermeiro é responsável por observar outros comportamentos associados à presença
da dor;
✓ As intervenções de enfermagem visam atenuar a dor.
Dor: É uma sensação desagradável (…) é uma experiência emocional associada a uma
lesão tecidular, efetiva e potencial ou descrita em termos de tal lesão. É uma experiência
individual subjetiva e multidimensional.
É aquilo que a pessoa diz que é, existindo sempre que ela diz que existe.
Dor aguda (NANDA): Experiência sensorial e emocional desagradável que surge de
lesão tecidular, real ou potencial, ou descrita em termos de tal lesão. Início súbito ou lento,
de intensidade leve a intensa, com término antecipado ou previsível e duração de menos
de seis meses.
Dor crónica (NANDA): Experiência sensorial e emocional desagradável que surge de
lesão tecidular, real ou potencial, ou descrita em termos de tal lesão. Início súbito ou lento,
de intensidade leve a intensa, constante ou recorrente, sem um término antecipado ou
previsível e com uma duração de mais de seis meses.

→ Se o doente refere uma dor excruciante é necessário:

• Avaliar a situação;
• Administrar um analgésico (verificar o resultado da intervenção);
• E só depois interagir… Diagnóstico da dor.

→ Nunca se deve dar placebos

• Revela avaliação ineficaz;


• Revela uma atitude de pouca valorização da dor
Como devemos avaliar a dor?

• Escalas
→ A escala deve adequar-se à população.
Dor Aguda: Início recente e normalmente associada a lesão recente específica.

 Dura até 3-6 meses

 A dor diminui ou cessa de acordo com o progresso da cicatrização ou da Resolução do


problema/Lesão orgânica/Patologia.

Inês Rodrigues 42ºCLE Nº:30008716


Dor aguda irradiada (Apendicite)
Dor Crónica: Pode ter origem numa dor aguda ou desenvolver-se sem lesão aparente.

 Dura mais de 3-6 meses

 Persiste para além do tempo de cicatrização e não responde aos tratamentos. Pode
trazer outros distúrbios.
Dor aguda recorrente
Tipologia da dor de acordo com o seu mecanismo:
❖ Nociceptiva
o Resulta da ativação dos recetores nociceptivos;
o Estímulos que provocam a ativação dos nociceptores = nociceptivos ou
nóxicos;
o Podem classificar-se em mecânicos, térmicos ou químicos.
o Tipos de Fibras:
- Fibras ´A´ Delta: Via rápida
- Fibras ´C´: Via lenta
❖ Neuropática
o Resulta da lesão ou disfunção do sistema nervoso central ou periférico;
o O processo inflamatório local leva à produção e libertação de substâncias
que podem ativar os nervos que enervam o tronco nervoso, provocando
uma dor referida ao território enervado.

Tipo Nociceptiva Neuropática


Definição Causada por estimulação Causada por disfunção do
de nociceptores sistema nervoso.
periféricos.
Mecanismo Transdução fisiológica Geração ectópica de
natural: Processo pelo qual impulsos (impulsos que
o estímulo do ambiente ocorrem fora do lugar),
(Luz, Compostos entre outros, lesão ou
químicos, Temperatura, disfunção do sistema
Pressão, etc) ativa um nervoso.
recetor.
Localização dos sintomas Dor local (+ referida) Território da via nervosa
afetada.
Qualidade dos sintomas Sensação dolorosa comum Novas sensações
desconhecidas, aberrantes
Tratamento Eficaz (analgesia Parcialmente eficaz
convencional)

Inês Rodrigues 42ºCLE Nº:30008716


Classificação/Duração

Aguda Crónica
Curso de Tempo Transitória Permanente
Significado Positivo Negativo
Positivo
Sinais Concomitantes Dilatação pupilar Perturbações do sono
Sudorese Anorexia
Taquipneia Sem prazer para a vida
Taquicardia Obstipação
Alterações da personalidade

Patógenese

Tipos Mecanismo Características Exemplos


Nociceptiva Ativação dos - Constante - Mialgias
Somática recetores na pele, - Bem localizada - Infiltração dos tecidos moles
músculos e - Metástases ósseas
articulações
Nociceptiva Ativação dos - Profunda - Pancreatite
Visceral recetores viscerais
- Opressiva - Oclusão intestinal
- Mal localizada - Cólica renal
- Tipo cólica
Neuropática Lesão no sistema - Lacinante - Neuralgia pós-herpética
nervoso central ou - Queimadura - Invasão do plexo braquial
periférico - Tipo choque elétrico
Disfuncional Sem causa orgânica Clínica bizarra - Colón irritável
- Cefaleia tensional

Fisiologia da dor

Estímulo externo → Nociceptor (papel de defesa


e de recetor) → Corpo posterior da medula (dá-se
a modulação – decifrar o estímulo) → Tálamo →
Córtex.
Classificação das fibras sensitivas cutâneas
Tipo de Fibra Mielinização
A Beta Grossa
A Delta Fina
C Ausente

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Sistema Opioide Endógeno

• Constituído pelas endorfinas:


o Beta Endorfinas, Encefalinas e Dinorfina
• Modulam a transmissão das perceções da dor;
• Aumentam o limiar de tolerância à dor;
• Tem como função a Defesa;
• Permite-nos não sentir dor até a um certo nível;
• Está ativo enquanto não sentimos dor;
• Quando sentimos dor significa que o sistema opioide já não conseguiu defender e
teve de pedir ajuda.
Princípios de avaliação e controlo da dor:
Da pessoa e dos cuidadores/família

• A perceção e expressão da dor variam de pessoa para pessoa;


• Os cuidadores principais e a família são parceiros ativos no controlo da dor;
• A tomada de decisão sobre o controlo da dor requer a colaboração da pessoa, dos
cuidadores.
Do enfermeiro

• A avaliação da dor pressupõe a utilização de instrumentos;


• O controlo da dor requer uma abordagem multidisciplinar;
• A participação do enfermeiro na avaliação formal do processo e dos resultados do
controlo da dor.
Recomendações

→ Reconhecer que a pessoa é o melhor avaliador da sua própria dor;

→ Privilegiar o auto relato como fonte de informação da presença da pessoa com dor,
com capacidades de comunicação e com funções cognitivas mantidas;

→ Avaliar a dor de forma regular e sistemática.

Fatores influenciadores

• Físicos;
• Influências psicossociais;
• Influências culturais;
• Experiências dolorosas prévias.
Fatores influenciadores

➢ Desconforto ➢ Alívio de outros sintomas


➢ Insónia ➢ Sono
➢ Fadiga ➢ Compreensão
➢ Ansiedade ➢ Atividade criativa

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➢ Medo ➢ Relaxamento
➢ Cólera ➢ Redução da ansiedade
➢ Tristeza ➢ Elevação do humor
➢ Depressão ➢ Analgésicos, Ansiolíticos,
➢ Aborrecimento Antidepressivos
➢ Isolamento mental
➢ Abandono social

Porque é difícil avaliar a dor?

→ Porque não existe relação proporcional entre a importância da lesão e a dor


referida pela pessoa.
→ Porque não existem marcadores específicos para a dor.
Objetivos da avaliação da dor:
 Identificar e reconhecer pessoas que se queixam de dor através de um processo
estruturado, elaborado na unidade de cuidados e que integra a pessoa na equipa
de cuidados;
 Identificar os diferentes fatores responsáveis pela dor pela sua persistência e pelas
suas oscilações, de modo a ajustar a terapêutica à etiologia, por vezes complexa;
 Permitir a utilização de uma linguagem comum que facilite à equipa a
consonância na tomada de decisões (o doente deve poder ouvir a mesma resposta
seja qual for a pessoa que questione);
 Definir objetivos exequíveis (nem sempre é possível “controlar completamente”
ou “fazer desaparecer” uma dor, mas atenuá-la já é muito importante para a
pessoa);
 Melhorar a qualidade e a eficácia do acompanhamento do doente (a recolha de
dados, a análise e a síntese das informações permitem ajustar ou pôr em prática
uma estratégia antiálgica);
 Facilitar a circulação de informação entre a pessoa e os prestadores de cuidados e
igualmente entre os diferentes membros da equipa de saúde;
 Permitir uma argumentação mais racional na tomada de decisão terapêutica;
O que se considera na avaliação da dor
1. Determinar a natureza da dor (Nociceptiva, Somática, Visceral, Neuropática);
2. Determinar as causas da dor:
- Relacionada com patologia
- Relacionada com a terapêutica
- Relacionada com outras causas
3. Providenciar abordagem e avaliação multiprofissional;
4. Medir a intensidade da dor – Escalas;

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Avaliação Multidimensional
Degraus da dor
➢ Produção (Nocicepção) da dor. (Ocorre no local afetado; Não pode ser
diretamente medida)
➢ Perceção. (Ocorre ao nível do Sistema Nervoso Central; Também não consegue
ser medida; Influenciada por processos de modulação)
➢ Expressão. (Maior alvo da nossa avaliação)
Componente: Síndroma doloroso
➢ Que tipo de dor é esta?
➢ Localização, Radiação, Intensidade, Resposta
➢ Dor óssea, visceral, neuropática
➢ Existem outros sintomas que precisam de controlo?
Componente: Fármaco
➢ Qual a dose?
➢ Existem sinais de tolerância?
➢ Existem sinais de toxicidade?
➢ Como será a resposta individual?
➢ Que outros tratamentos foram ou estão a ser realizados para a dor?
➢ Eficácia?
Componente: Pessoa
➢ Existem alterações metabólicas subjacentes
➢ Insuficiência renal, hipercalcemia, encefalopatia hepática
➢ Há sofrimento psicológico?
➢ Como é que o doente lidou com fatores de ansiedade?
➢ Alterações cognitivas?
➢ Problemas espirituais por abordar?
Componente: Social
➢ Qual a influência da dor no dia-a-dia?
➢ Quais os sistemas de suporte social e familiar?
➢ Há disfunção familiar?
➢ Há problemas financeiros?
➢ Há fatores culturais que afetam a experiência?
Instrumentos: critérios
➢ Pertinência, especificidade, coerência
➢ Fiabilidade, rigor e objetividade
➢ Simplicidade, facilidade, clareza
➢ Ser compreensível e utilizável
➢ Escalas de intensidade da dor ajustadas à população a avaliar

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➢ Escalas adequadas ao desenvolvimento cognitivo da pessoa
➢ Escalas de utilização e compreensão fácil
Escalas
Escala Visual Analógica
Vantagens:

• Simples de ser utilização pela maior parte das pessoas;


• Pode ser utilizada em crianças a partir dos cinco anos;
• Evita a subjetividade em relação aos descritores verbais;
• Permite escolher uma grande quantidade de pontos.
Desvantagens:

• Exige um funcionamento cognitivo adequado (capacidade de concentração, de


compreensão) e uma boa coordenação motora;
• Não deve ser utilizada em pessoas com alterações cognitivas ou do seu estado de
consciência.
Escala Numérica
Vantagens:

• De fácil utilização;
• Os resultados são conscientes e fiáveis;
• Tem uma boa correlação com a Escala Visual Analógica.
Escala Qualitativa
Vantagens:

• Fácil de utilização;
• Necessita de pouco treino;
• A escolha da população idosa.
Desvantagens:

• Número limitado de descritores;


• A escala não é contínua;
• Os descritores poderão aumentar a subjetividade da avaliação da dor.
Escala das Faces ou de Wong-Baker
- Usada em crianças com idade até aos 4 anos.
Barreiras ao controlo da dor
Profissionais
➢ Mitos
➢ Inadequado conhecimento do controlo da dor

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➢ Pobre/inadequada avaliação e abordagem da dor
➢ Preocupações com a regulação de substâncias controlada
➢ Medo da tolerância e dependência
➢ Preocupação com efeitos secundários dos analgésicos e controlo não eficaz
➢ Ausência de trabalho em equipa
➢ Tratamento da dor com baixa prioridade
➢ Acompanhamento inadequado
➢ Comunicação não eficaz com outros cuidadores
Doentes
➢ Mitos
➢ Relutância em referir dor
➢ Preocupação de não distrair o médico do tratamento da doença principal
(prioridades)
➢ Medo de que a dor signifique que está pior da sua doença
➢ Preocupação em não ser considerado como um “bom doente”
➢ Relutância em tomar medicamentos para as dores
➢ Medo da dependência e de se tornar um toxicodependente
➢ Inquietação quanto aos efeitos secundários
➢ Pouca adesão ao regime analgésico prescrito
➢ Fatores culturais, religiosos, sociais e económicos
Sistema de saúde
➢ Ausência de protocolos
➢ Baixa prioridade ao tratamento da dor oncológica
➢ Comparticipações baixos
➢ Os tratamentos mais efetivos e adequados não são comparticipados e tornam-se
bastante onerosos para os doentes e suas famílias
➢ Controlo muito estrito dos analgésicos e adjuvantes mais potentes
➢ Problemas de disponibilidade ao tratamento e acesso (indisponibilidade dos
opiáceos nas farmácias de rua)
Dor total

• Dimensão física
o Outros sintomas
o Efeitos indesejáveis do tratamento
o Insónia e fadiga crónica
• Dimensão psíquica
o Cólera pelos atrasos de diagnóstico
o Cólera pelo insucesso terapêutico
o Medo da dor ou da morte
o Sentimento de desamparo
• Dimensão social
o Preocupações familiares e económicas

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o Perda do emprego
o Perda do prestígio
o Perda do rendimento
o Perda da posição social
o Sentimentos de abandono e isolamento
• Dimensão espiritual
o Porque me aconteceu isto?
o Porque permite deus que eu sofra assim?
o De que serve tudo isto?
o A vida tem algum significado ou finalidade?
o Poderão ser-me perdoados os meus erros passados?
Controlo da dor
Terapêutica Farmacológica (normas OMS)

→ Pela via menos invasiva – Permite mais autonomia


→ Pelo relógio – De acordo com horário fixo
→ Para a pessoa – Dose é necessária para casa pessoa
→ Atenção aos pormenores – Instruções escritas e efeitos secundários antecipados
→ Pela escada – Pela intensidade da dor mencionada pela pessoa
Analgésicos Clássicos:
o Analgésicos não opióides
o Analgésicos opióides
Analgésicos Adjuvantes:
o Antidepressivos
o Anticonvulsivantes
o Anestésicos locais
o Relaxantes musculares
Terapêutica concomitante:

• Para a profilaxia e tratamento da úlcera péptica e da obstipação;


• Para o tratamento de náuseas e vómitos.
Escala analgésica
➢ A – Dor ligeira (1-3):
o Não opióides – Adjuvantes analgésicos
➢ B – Dor ligeira e moderada (4-6)
o Opióides – Não opióides – Adjuvantes analgésicos
➢ C – Dor moderada e intensa (7-10)
o Opióides – Não opióides – Adjuvantes analgésicos

Não opióide → Ajuvante → Opióide fraco → Adjuvante → Opióide forte

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Vias de administração
A escolha depende:
 Situação física e mental da pessoa;
 Necessidade de um início de ação mais ou menos rápido;
 Características físico-químicas do fármaco.
Vias de administração:
▪ Não parentérica
- Oral – Sublingual – Transdérmica – Rectal
▪ Parentérica
- E/V – IM- Subcutânea – Epidural – Intratecal
Via Oral:

→ Mais simples e segura;


→ Boa eficácia e tolerância;
→ Aceite pela pessoa;
→ Via preferencial para administração da terapêutica farmacológica.
Via Sublingual:

→ Permite um rápido início de ação.


Via Transdérmica:

→ Libertação contínua da terapêutica;


→ Adesão pela pessoa e cuidadores.
Via Rectal:

→ Absorção rápida dos fármacos;


→ Utilizada em pessoas não cooperantes ou com alterações do estado de consciência.
Via Endovenosa – EV

→ Efeito terapêutico rápido;


→ Requer vigilância;
→ Custos mais elevados.
Via Intramuscular – I/M

→ Pouco utilizada na dor crónica;


→ Efeito relativamente rápido;
→ Provoca dor.
Via Subcutânea

→ Absorção lenta e constante;


→ Acessível no domicílio;

Inês Rodrigues 42ºCLE Nº:30008716


→ Sensível a soluções irritantes;
→ Pode fazer quistos de retenção e/ou abcessos.
Hipodermoclise: Técnica para administração de líquidos, eletrólitos e fármacos por via
sub-cutânea.
Indicações:

• Pessoas com dificuldades na via oral;


• Pessoas em cuidados paliativos;
• Dificuldades no acesso venoso.
Via Espinhal: Epidural

→ Usada para anestésicos locais e opióides;


→ Permite bloqueio analgésico;
→ Utilizada na dor multifatorial.
Neurólises: Indicado em pessoas em cuidados paliativos.
Agentes mais utilizados:

• Álcool etílico a 90º


• Glicerina fenolada
Bloqueios Neurolíticos mais utilizados:

• Gânglio celíaco;
• Simpático lombar;
• Plexo hipogástrico.

 Estimulação elétrica nervosa transcutânea;

 Estimulação dos nervos periféricos através de elétrodos acoplados à pele com


objetivos terapêuticos;

 Diminui o impulso dos nociceptores à medula e ao cérebro.

Neuroestimulação Medular: Criação de um campo elétrico no interior do espaço


epidural, que leva à modulação ou ao bloqueio da transmissão do estímulo doloroso.
Administração contínua de fármacos:
➢ PCA – Analgesia controlada pelo paciente
➢ Vias endovenosa – subcutânea – epidural
➢ Bomba implantável
Analgésicos Não Opióides
❖ Paracetamol
• Analgésico de eleição para a dor ligeira;
• Pico plasmático entre 30 a 60 minutos;

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• Dose máxima – 4000mg/dia – Efeito de Teto;
• Efeito adverso mais importante: Hepatotoxidade.
❖ AINE´s
❖ Salicílico
❖ Enólicos
❖ Acético
❖ Propiónico
❖ Ácidos
• Ácido acetilsalicílico
• Metamizol (Dipirona)
• Diclofenac
• Ibuprofeno
AINE´s

→ Usados na dor nociceptiva


→ São excretados pela urina
→ Pouco tempo, pouca dose
✓ Todos os analgésicos não opióides apresentam um efeito teto, isto é, não é possível
aumentar indefinidamente o efeito analgésico com o aumento da dose.
✓ Pessoas que não respondem a um AINE podem responder a outro.
Efeitos adversos AINE´s:

• Perturbações gastrointestinais (hemorragia, úlceras, gastrite)


• Perturbações da função renal (insuficiência renal aguda)
• Perturbações cardiovasculares (hipertensão arterial)
Analgésicos Opióides
Classificação:

→ Dor moderada – Opióides fracos (tramadol – codeína)


→ Dor grave – Opióides fortes (morfina – buprenorfina)
Definições:
Potencia – Dose necessária para produzir um determinado efeito.
Potencia Analgésica Relativa – Razão das doses necessárias para que dois fármacos
analgésicos produzam o mesmo efeito analgésico.
Dose Equianalgésica – Dose que aproximadamente produz o mesmo efeito analgésico.
Efeito Analgésico
❖ Ação Supraespinal: Ativação de vias inibitórias descendentes.
Inibição da atividade neuronal (Tálamo e Sistema Límbico).

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❖ Ação Espinal: Inibição pré e pós-sináptica da transmissão das fibras
predominantemente aferentes na medula espinal.
❖ Ação periférica: Ligação a recetores dos opióides em tecidos inflamados.
Efeitos adversos dos analgésicos opióides:

• Depressão Respiratória;
• Hipotensão (Ortostática).
→ Toxicidade
→ Se bradipneia – Naloxona
→ Se outros efeitos – Redução a 30%
→ Na agonia reduzir as doses ou optar pelo aumento dos intervalos da administração
da terapêutica.
Antagonismo dos Opióides:

• Naloxona – 1 ampola (1ml = 0,4mg) em 10ml de solução salina a 0,9%


Analgésicos Opióides Fracos:
➢ Tramadol
➢ Codeína
➢ Dihidrocodeína
➢ Tramadol + Paracetamol
➢ Tapentadel
Tramadol

→ Útil na dor nociceptiva músculo-esquelética;


→ Útil na dor neuropática;
→ Efeitos adversos: Típicos dos opióides;
→ Cerca de 20% dos doentes em ensaios clínicos não tolera o tramadol.
→ Tramadol/Paracetamol (37,5mg/325mg) – Rápido início de ação devido ao
paracetamol.
Analgésicos Opióides Fortes:
Morfina

→ Duração da ação – 4h – Libertação imediata


→ Duração de ação – 12h – Libertação prolongada
→ Excreção renal
→ Vias de administração – Todas
Hidromorfona

→ Opióide semi-sintético derivado da morfina


→ Analgesia sustentada ao longo de 24 horas
→ Metabolização hepática

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Fentanil

→ Período de ação de 72 horas para aplicação transdérmica


→ Pico analgésico entre as 24 e as 48 horas
→ 100 a 150 vezes mais potente do que a morfina
Buprenorfina

→ Menos depressão respiratória do que os outros opióides


→ Duração de ação – 96 horas (4 dias)
Oxicodona

→ Comercializado em Portugal com associação com a naloxona


→ Apresenta uma menor incidência de obstipação pela ação da naloxona no sistema
gastrointestinal
Sistemas terapêuticos transdérmicos de opióides:
➢ Garantem a libertação constante de uma quantidade definida da substância ativa
por unidade de tempo;
➢ Melhoram a qualidade de vida das pessoas com terapêutica para a dor crónica;
➢ Após a aplicação do sistema, existe a necessidade de uma acumulação de um
depósito da substância na pele por baixo do sistema;
➢ Por esse motivo, o início do efeito da substância apenas ocorre horas depois (10 a
12);
➢ Após a remoção do sistema transdérmico a substância continua a ser libertada a
partir do depósito cutâneo durante algum tempo, o que leva a continuidade do
efeito após a sua remoção.
Tipologia:

• Sistema de reservatório
➢ Existe o risco de danos na câmara do reservatório, podendo provocar uma
libertação rápida da substância ativa, com uma sobredosagem (libertação
na pele) ou perda de substância ativa (libertação no ambiente).
• Sistema de matriz
➢ D – Trans
➢ TDS
➢ A substância ativa está dispersa na matriz e mesmo que o sistema
transdérmico esteja danificado não existe um esvaziamento súbito da
substância.
Vantagens:
✓ Elevada adesão da pessoa;
✓ Baixo risco de efeitos adversos;
✓ Não é utilizado o tubo digestivo;

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✓ Libertação da substância por períodos longos (72 a 96h) de forma controlada e
contínua.
Desvantagens:
✓ Risco de irritação cutânea;
✓ Sistema relativamente lento.
Formas de evitar a reações cutâneas:

• Tricotomia com tesoura antes da aplicação do sistema (adesivo);


• Aplicar em zonas menos sensíveis (Braço – Coxa);
• Não aplicar na mesma zona antes de 8 a 12 dias;
• Cuidados regulares com a pele na zona de remoção do adesivo.
Analgésicos Adjuvantes

→ Não exercem um efeito analgésico direto, mas podem influenciar a dor através do
seu mecanismo de ação.
o Anti-depressivos;
o Anti-convulsivantes;
o Anestésicos locais;
o Relaxantes musculares;
o Ansiolíticos;
o Corticosteróides.
Anti-depressivos
➢ Substâncias com efeito positivo sobre o humor.
➢ Indicações:
o Dor neuropática – Cefaleia tipo tensão
o Fibromialgia
Exemplo:
➢ Tricíclicos (ADT) – Amitriptilina
➢ Nortriptilina – ADT de 2ª geração
➢ Não tricíclicos
➢ Duloxetina
Anti-Convulsivantes
Indicações:
• Dor neuropática paroxística
• Nevralgia do trigémeo
• Nevralgia Pós-herpética
Exemplos:
➢ Carbamazepina

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➢ Gabapentina
➢ Clonazepan
➢ Pregabalina
Corticosteróides
Indicações:
➢ Compressão de nervos, plexos e tecidos moles;
➢ Metástases (ósseas)
➢ Edema cerebral
Exemplo:
➢ Dexametasona
➢ Prednisolona
➢ Metilprednisolona
Reguladores do mecanismo de cálcio
Indicadores:
➢ Metástases ósseas
➢ Dor no membro fantasma
Exemplo:
➢ Bifosfonatos
➢ Calcitonina
Relaxantes musculares de ação central
Exemplo:
➢ Benzodiazepinas (Associadas a risco de dependência)
• Diazepan
• Lorazepan
• Alpazolan
• Midazolan
➢ Baclofeno
➢ Ciclobenzapina
➢ Flupirtina
Indicações:
➢ Tensão/espasmos musculares com aumento da dor.
Anti-Espasmódicos
Indicações:
➢ Espasmos de músculos lisos de órgãos ocos – Dor tipo cólica da árvore biliar,
aparelho urinário ou tubo digestivo.

Inês Rodrigues 42ºCLE Nº:30008716


Exemplos:
➢ Butilescopolamina
➢ Metamizol
Anestésico Locais
Indicações:
➢ Dor neuropática
➢ Analgesia Loco-regional
Exemplo:
➢ Lidocaína
➢ Ropivacaína
➢ Levobupivacaína
Terapêutica Concomitante
▪ Para a profilaxia e tratamento da úlcera péptica
• Ranitidina
• Omeprazole
• Misoprostal
▪ Para a profilaxia e tratamento da obstipação
• Laxantes expansores do volume fecal
- Linhaça, farelo de trigo
- Laxantes osmóticos
- Lactulose
- Leite de Magnésio
• Laxantes anti-absorção e secretagogos
- Bisacodil (Dulcolax)
- Lubrificantes (Parafina)
- Enemas
▪ Para o tratamento de náuseas e vómitos
• Antagonistas dos recetores da dopamina
- Metaclopramida
- Haloperidol
• Antagonistas dos recetores da histamina
- Dimenidrinato
• Antagonistas dos recetores muscarínicos
- Escopolamina
→ Relacionado com os opióides, o Antiemético deve ser administrado cerca de 20
minutos antes do opióide.
Técnicas invasivas para controlo da dor:

→ Bloqueio de nervos periféricos (supra-escapular e intercostal)


→ Bloqueios centrais (epidural)

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→ Bloqueios neurolíticos (plexo celíaco e sagrado)
→ Colocação de seringas infusoras (PCA por via s/c)
Controlo da Dor – Intervenções Não-Farmacológicas
➢ Físicas
• Calor
- Envolver a fonte numa proteção para evitar queimaduras.
• Frio
- Aplicar menos de 15 minutos;
- Diminui o edema e proporciona maior tempo de alívio.
• Massagem
- Proporciona relaxamento.
• Exercício
- Fortalece os músculos, mobiliza articulações, restaura a coordenação e o
equilíbrio e melhora o funcionamento cardiovascular;
- Durante a dor aguda devem ser limitados em intensidade e amplitude.
• Posicionamentos
- Reposicionar frequentemente o doente para manter alinhamento
corporal;
- Previne e alivia a dor.
• Imobilização
- Restringir movimentos para aliviar dor aguda ou estabilizar fraturas,
compromissos dos membros ou articulações; sempre em posições
anátomo-funcionais.
- Evitar imobilizações prolongadas.
• Acupunctura
- TENS (Estimulação Elétrica Transcutânea);
- Aplicação de corrente de baixa intensidade através da colocação de
elétrodos na pele, provocando estimulação seletiva dos recetores
sensitivos cutâneos e um estímulo mecânico.
➢ Cognitivo – Comportamentais
o Combinação de intervenções terapêuticas cognitivas (ex: diversão), com
intervenções comportamentais (ex: relaxamento).
o Objetivos:
- Ajudar a pessoa a alterar as suas perceções ou padrões de dor;
- A aumentar a sensação de controlo;
- Diminuir comportamentos não adaptativos.
• Reestruturação Cognitiva
- Ensino de monitorizar e avaliar pensamentos negativos;
- Objetivos: Gerar pensamentos adaptativos.
• Treino de habilidades de coping

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- Ajuda a pessoa a desenvolver estratégias de coping, que incluem
relaxamento e técnicas de imaginação e psicoterapia de grupo.
• Relaxamento com imaginação
- Diminuição de tensão muscular através da imaginação, visualização e
meditação.
• Hipnose
- Técnicas de hipnose podem ser usadas para induzir relaxamento e
também em associação com outros métodos;
- É efetiva no alívio da dor em pessoas que se conseguem concentrar, usam
imagens orientadas, ou estão motivados para tal.
• Psicoterapias
- Visam estabelecer e construir um processo de transferência da dor;
- A associação entre o mau controlo da dor, depressão e ideias suicidas
não deve ser ignorada.
• Distração cognitiva
- Focalização da atenção noutros estímulos que não a dor ou emoções
cognitivas;
- Pode ser interna (contar, cantar, rezar,…) ou externa (rádio, televisão,
conversa);
- Ajudar o doente a monitorizar os fatores negativos e substituí-los por
imagens e aspetos positivos.
➢ Suporte Emocional
• Toque terapêutico
- Promover o apoio e a segurança através do contacto pele a pele.
• Estratégias de conforto
- Sensação de tranquilidade física e bem-estar corporal.
Registo da dor e atividades:

→ Incentivar a pessoa a registar as tarefas realizadas e os sentimentos/pensamentos


associados;
→ No mesmo documento registar a intensidade da dor.
Alterações secundárias à presença de Dor:
o Mobilidade física prejudicada;
o Fadiga;
o Risco de síndroma de desuso;
o Ansiedade;
o Dor aguda;
o Dor crónica.
Intervenções de Enfermagem:
• Avaliação multidimensional;
• Abordagem multidimensional;
• Relacionamento de ajuda com doente/família;

Inês Rodrigues 42ºCLE Nº:30008716


• Orientação/Ensino;
• Apoio e controlo das pessoas que o rodeiam;
• Usar e promover as medidas não invasivas;
• Administração de fármacos;
• Diminuir os estímulos nocivos;
• Trabalhar em equipa;
• Ficar com o doente;
• Ajudar na assimilação de experiência dolorosa;
• Registos adequados.
• Educação para a saúde:
❖ Mobilização
- Não a forçar, quando dolorosa, reduzindo-a ao mínimo;
- Optar por posições confortáveis;
- Cuidados inerentes à mobilização prolongada, e que mesmo a massagem
pode induzir Dor;
- Planear o reforço de analgesia, sempre que possível, ao efetuar
movimentos desencadeadores.
❖ Compressão
- Procurar evitá-la ou reduzi-la através de vestuário ou posicionamentos
adequados;
❖ Comunicação
- Incentivar o uso de escrita ou o uso de comunicação não-verbal,
sobretudo quando a verbal lhes provoca grande sofrimento.
❖ Astenia
- Informar que o sintoma pode ser inerente à patologia ou à analgesia, e
pode persistir;
- Não fazer mais do que o seu estado físico permitir;
- Elaborar um esquema de atividades que respeite as suas capacidades,
preferências e necessidades.
❖ Anorexia, Náuseas e Vómitos
- Preferência para alimentos do agrado do doente e de fácil digestão;
- Pequenas refeições e frequentes;
- Não forçar a ingestão alimentar quando nauseado;
- Evitar roupas apertadas e que comprimam o abdómen;
- Necessidade de higiene oral antes e após as refeições (refresca a mucosa
e alivia xerostomia e hálito).
❖ Obstipação
- Ingestão abundante de água (+/- 2 litros por dia);
- Utilização de laxantes perante persistência da obstipação;
- Enema de limpeza, como recurso dos sintomas.
❖ Labilidade Emocional ou Depressão
- Ajudar o doente a conhecer-se melhor a si próprio, autoidentificando
assim, com maior facilidade, estes sinais no seu comportamento;
- Acompanhamento psicológico na evidência.

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❖ Analgesia
- Necessidade de uma administração regular de analgésicos;
- Habilitar o doente/família com conhecimentos sobre a medicação
prescrita;
- Desmistificar o problema da dependência da morfina.

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