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FISIOLOGIA DA

DOR
PLÍNIO REGINO MAGALHÃES
CONCEITO

Experiência sensorial e emocional


desagradável
associada com lesão tecidual real ou potencial
ou descrita em termos de tal lesão
CONCEITO

“Experiência subjetiva, aversiva, a um estímulo


nocivo, externo ou interno, relacionada a uma
lesão tecidual real ou potencial, e caracterizada por
respostas voluntárias, reflexas e psicológicas”
(Merskey)
CONCEITO

Sensação :
Processo pelo qual um estímulo externo ou
interno provoca uma reação específica,
produzindo uma percepção
CONCEITO

Percepção :
A interpretação consciente das sensações
Compreensão do significado da sensação
COMPONENTES DA DOR

comportamento
de dor
sofrimento

dor

nocicepção

• Loeser, J.D. Concepts of pain, 1982


DOR COMO SINTOMA
Sinais e sintomas

Patologia
primária
DOR COMO DOENÇA

Sinais e sintomas da doença primária e secundária

Doença
secundária(dor)
Doença
primária
DOR TOTAL
Sinais e sintomas da doença primária e secundária
fatores internos fatores
externos

Doença
secundária(dor)
Doença
primária

Fatores genéticos, inibição espinhal, estado psicológico,


HISTÓRICO DA ATENÇÃO À DOR

Civilizações Antigas

A dor sem causa aparente era atribuída à invasão do


corpo por maus espíritos e como punição dos deuses.
HISTÓRICO DA ATENÇÃO À DOR

Pain – Poena – Castigo - latim Neolítico (9.000 a.C.) – amenizavam a


dor com plantas, sangue de animais, frio e calor. (Ritos mágicos e
comunicação com os deuses)

Período mesopotâmico (3.000 a.C.) – orações para conseguir


perdão dos deuses

Síria – circuncisão – compressão das artérias carótidas – isquemia


HISTÓRICO DA ATENÇÃO À DOR

Egito antigo – castigo dos deuses – consideravam o orifício nasal


esquerdo e os ouvidos como a via de entrada de efermidades e
da morte.

1550 a.C. – Papiro de Ebers – ópio para o tratamento da cefaléia

1000-1500 a.C. – uso de narcóticos vegetais, papoula, cannabis


– davam aos filhos papoula + insetos + cevada
HISTÓRICO DA ATENÇÃO À DOR

Indígenas americanos – 400-700 a.C. incas peruanos – coca –


regalo do filho do Deus Sol em compensação ao sofrimento
humano. Folhas da coca + cinza + saliva = anestesia local

China - A dor era atribuída ao excesso ou deficiência de


certos fluídos no interior do organismo. Perda do equilíbrio
ying/yang Huang Ti (2.600 a.C.) - acupuntura
HISTÓRICO DA ATENÇÃO À DOR

Grécia
Exército grego (1200 a.C.) – ópio - guerras troianas

Hipócrates (460-377 a.C.)


– alteração do equilíbrio do organismo

Aristóteles (384-322 a.C.) - A estimulação dolorosa viajava


pela pele e era conduzida pelo sangue ao coração
HISTÓRICO DA ATENÇÃO À DOR

JOHN BONICA (1917-1994)

Bloqueio ► dor aguda → melhora


(2ª guerra) ► dor crônica → não

1º programa interdisciplinar – clínica de bloqueios – 1945

1970 → Difusão conceito de centro de dor


HISTÓRICO DA ATENÇÃO À DOR

Clínicas de Dor no Brasil

1958 ►Dr. Bento Gonçalves (HUPE)

1983 ►Dr. Peter Spigel (HUCFF)


EPIDEMIOLOGIA DA DOR

Dor Crônica acomete 20-30% da população.

Em 60% dos casos a dor está mal controlada.

Dor Aguda está presente em 30-57% dos


pacientes no hospital.
RESULTADOS HUCFF/UFRJ

Distribuição por Internação


57%
43%

clínica cirurgia
RESULTADOS HUCFF/UFRJ

Dor na Internação
51%

49%

dor presente dor ausente


RESULTADOS HUCFF/UFRJ

Distribuição por sexo


54%

46%

masculino feminino
RESULTADOS HUCFF/UFRJ

Dor há 24 h
Dor na Internação
55,2%
51%

49%
45%
dor presente dor ausente
dor presente dor ausente
RESULTADOS HUCFF/UFRJ
Dor agora
58,6%

41,4%

dor presente dor ausente


CLASSIFICAÇÃO DOS NEURÔNIOS
Neurônio aferente ou sensitivo
Conduzem à medula impulsos originados nos receptores
situados na superfície (pele) ou no interior (vísceras, músculos
e tendões)

Neurônios eferente ou motor


São responsáveis por levar uma informação do sistema
nervoso central para os músculos e/ou glândulas
CLASSIFICAÇÃO DOS NEURÔNIOS

Neurônio de associação ou interneurônios


Constituem a maior parte dos neurônios. São todos
aqueles que estão entre um neurônio aferente e
eferente. Corpos estão dentro do SNC (transmitem
impulsos de um neurônio ao outro).
ANATOMIA DOS CORNOS MEDULARES
QUATRO TIPOS DE NEURÔNIOS DE 1ª
ORDEM:
QUATRO TIPOS DE NEURÔNIOS DE 1ª
ORDEM:
QUATRO TIPOS DE NEURÔNIOS DE 1ª
ORDEM:
TIPOS DE NEURÔNIOS E TRANSMISSÃO
DA DOR

As fibras A-delta e C transmitem sensações de dor e


temperatura e pressão (as fibras A-delta são mais grossas)

Os neurônios A-delta originam-se dos receptores localizados


na pele e transmitem “dor rápida”

Os neurônios C originam-se dos tecidos superficiais (pele) e


profundos (ligamentos e músculos) e transmitem “dor lenta”
TIPOS DE NEURÔNIOS E TRANSMISSÃO
DA DOR
As fibras A-beta transmitem estímulos proprioceptivos e de tato

Sendo acionada quando o indivíduo tem um estímulo na pele. Esta


informação chega rapidamente ao SNC, a qual, tem preferência na
percepção pelo SNC, inibindo / desligando a transmissão enviada pela
Fibra C

Por consequência diminuindo ou abolindo a sensação dolorosa,


momentaneamente
TRANSMISSÃO E MODULAÇÃO DA DOR
TEORIA DAS COMPORTAS

A transmissão de temperatura e tato chegam mais rápido ao


sistema nervoso central, devido ao diâmetro maior de suas
fibras e serem mielinizadas, em relação a fibra C, que
transmite a dor lenta

Chegando no sistema nervoso central a informação da


temperatura e do tato tem preferência na percepção pelo SNC,
inibindo / desligando a dor
TRANSMISSÃO E MODULAÇÃO DA DOR

A Dor estará momentaneamente não sendo PERCEBIDA pelo


sistema nervoso central, mas a lesão e os fatores bioquímicos
acionadores e estimuladores neuronal estarão presentes

A modulação da dor pela Teoria das Comportas, amenizará a


Sensação desagradável do paciente enquanto a lesão / doença
seja resolvida
ATENÇÃO / PROGRAMA
MULTIDISCIPLINAR/INTERDISCIPLINAR

Abordagem Integrada
Fisiológica / Psicológica / Comportamental

Síndromes complexas
Dor Dor Dores
Dor por excesso de Neuropática « Disfuncionais"
fisiológica nocicepção

Fibromialgia
Estímulo Lesão Lesão SII
nociceptivo inflamatória nervosa Cefaléias

Dor é:
“Experiência sensitiva e emocional desagradável associada ou
descrita em termos de lesão tecidual“ IASP (1994)
SINTOMAS CONCOMITANTES SIGNIFICATIVOS
Dificuldade para
dormir

Falta de energia

Sonolência

Dificuldades em
concentração

Depressão

Ansiedade

Apetite diminuído

0 10 20 30 40 50 60 70

% de pacientes com anormalidade moderada ou muito intensa (n= 126)

Meyer-Rosberg et al. Eur J Pain. 2001; 5: 379-389


DOR NOCICEPTIVA

Dor causada pela ativação das terminações livres dos


nervos periféricos

• Lesão tissular
• Ativação das terminações livres dos nervos periféricos
• Condução e processamento sinaptico do impulso
• Dor
IASP (1994)
FOSFOLIPÍDIOS DA MEMBRANA
Traumatismo Fosfolipases Corticosteroides

Ativação de receptores
por substâncias algiogênicas
ou traumatismo Ácido araquidônico

Ciclooxigenase
NDGA

Endoperóxidos
5 lipooxigenase 5 lipooxigenase
5 lipooxigenase

PGE2 PGI2 PGD2 PGF2a Tx


LTB4 8R 15SDHIETE
Leucotrienos Prostaglandinas
CASCATA DO ÁCIDO ARAQUIDÔNICO
Ácido araquidônico

Inibidores
COX-1 AINEs COX-2
especificos da
(Constitutiva) (Induzivel) COX-2

X X
Estômago Doenças – alvo
Intestino Atrite
Rins Dor
Plaquetas Câncer de Cólon
D.de Alzeimer
AÇÃO PERIFÉRICA E CENTRAL DAS
PROSTAGLANDINAS E COX-2
Periféria Central

Trauma/inflamação Interleucina -1b

Liberação de acido araquidonico Expressão da COX-2


COX-2
 Prostaglandinas na periféria
 Prostaglandinas na medula
espinal
 Sensibilidade do nociceptor periférico
(hiperalgesia primaria) Sensibilização central

Sensibilidade anormal a dor


Dor
Baba H, et al. J Neurosci. 2001;21:1750-1756.
Ek M, et al. Nature. 2001;410:430-431.
DOR NEUROPÁTICA
Dor que surge como uma consequência direta de uma lesão
ou doença que afeta o sistema somatosensitivo
IASP NeuPSIG (2011)

- Lesão do sistema nervoso

- Perda da função

- Atividade ectópica dentro


do sistema de nocicepção

- Dor
ESCALA DE DOR
Escala de Faces

0 1 2 3 4

Escala Análogo Visual de Dor

Mínima Máxima
ESCALA DE DOR
Escala numérica verbal
_________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Escala categórica

( ) sem dor ( ) dor leve ( ) dor moderada ( ) dor intensa


ESCALAS MULTIDIMENSIONAIS

Questionário de McGill (McGill Pain


Questionnaire - MPQ)

Inventário Multidimensional de Dor


(Multidimensional Pain Inventory - MPI)
ESCALA COMPORTAMENTAL
Dor ausente ou sem dor

Dor presente, havendo períodos em que é esquecida

A dor não é esquecida, mas não impede exercer atividades da vida diária

A dor não é esquecida, e atrapalha todas as atividades da vida diária, exceto


alimentação e higiene

A dor persiste mesmo em repouso, está presente e não pode ser ignorada, sendo o
repouso imperativo
AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL E
FISIOLÓGICA
Agitação, vocalização, fácies

Sudorese, lacrimejamento, dilatação de pupila

Hipertensão, taquicardia

Mudança padrão respiratório


TRATAMENTO DA DOR
Comunicação
Medicamentoso
Psicológico
Fisioterápico
Bloqueios anestésicos
Acupuntura
Neurocirúrgico
Radioterapia
Cirurgia
Radiofármaco
TRATAMENTO DA DOR
Remoção das causas

Melhora do sofrimento: físico /mental


Melhora da qualidade de vida: física / mental / social Bloqueios Anestésicos
Profilaxia de complicações: NC funcional
Morfínicos, AINEs
Adjuvantes, MF, Pq
Opiáceos - morfínicos potentes
AINES
Adjuvantes, MF, Pq
Opiáceos - morfínicos
fracos
AINEs
Adjuvantes, MF, Pq
AINEs
Adjuvantes
Medicina física (MF)
Psiquiatria (Pq)

Reabilitação bio-psico-social

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