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Curso de Semiologia e Propedêutica

SEMIOGÊNESE
DA CEFALEIA
Turma 132 - Grupo 2

Anna Giulia Borja


Fernanda Scalzilli
Bruna Maranhão
Georgea Campos
Clara Pontes
Juan Fraga
Felipe Rufino
Julia Barcaui
Fernanda Loyola

Novembro/2022
Cefaleia

“Define-se como uma dor em qualquer parte


da cabeça, incluindo o couro cabeludo,
pescoço superior, face e o interior da cabeça.”
Cefaleia
● 95% das pessoas têm ou terão um episódio de dor de cabeça ao longo da
vida.
● 52% da população sofre com a enfermidade, no mínimo, uma vez ao ano
(NTNU)
● Ambulatórios clínica médica - 3º queixa mais frequente, 10,3%, suplantado
apenas por infecções de vias aéreas e dispepsias.
● Unidades de emergência: 4,5% dos atendimentos sendo o 4º motivo mais
frequente de consulta nas unidades de urgência.
Epidemiologia

Cálculo indireto com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – PNAD (2007)
Tipos de Cefaleia
Primária Secundária
Ausência de alteração orgânica ou Há uma etiologia que justifica os sintomas.
estrutural que justifique os
sintomas. Ex.
Ex. ● Tumores Cerebrais
● Migrânea ● Hemorragia subaracnóidea.
● Tensional ● Infecções Neurológicas
● Cluster (em salvas) ● Dengue
● Sinusite
● TCE
Conceito de Dor
“Experiência sensitiva e emocional desagradável associada
a uma lesão tecidual atual ou potencial com componentes
sensoriais, emocionais, cognitivos e sociais"
Fisiopatologia da Dor
1) TRANSDUÇÃO: É o mecanismo de ativação dos nociceptores, fenômeno
que se dá pela transformação de um estímulo nocivo – mecânico, térmico
ou químico – em potencial de ação

térmicos e químicos
mecânicos

DOR AGUDA E BEM DOR CRÔNICA E DIFUSA


LOCALIZADA
Fisiopatologia da Dor

1) TRANSDUÇÃO

● Direto

● Sensibilização

● Produção de extravasamento do
plasma
Fisiopatologia da Dor
2) TRANSMISSÃO: É o conjunto de vias e mecanismos que permite que o impulso
nervoso, originado ao nível dos nociceptores, seja conduzido para estruturas do SNC
relacionadas ao reconhecimento da dor

● Estruturas somáticas → nn. sensoriais/ mistos → dermatomérico Mapa dermatomérico


● Vísceras → nn. autônomos
Fisiopatologia da Dor
2) TRANSMISSÃO
Vias ascendentes:

1. Grupo lateral: afetivo-emocional


a. Trato neoespinotalâmico (TNET)
b. Trato neotrigeminotalâmico
c. Trato espinocervicotalâmico
d. Sistema pós-sináptico da coluna dorsal

2. Grupo medial: sensorial-discriminativo


a. Trato paleoespinotalâmico (TPET)
b. Trato paleotrigeminotalâmico
c. Trato espinorreticular (TER)
d. Trato espinomesencefálico
e. Sistema ascendente multissináptico proprioespinal
Fisiopatologia da Dor
3) MODULAÇÃO: Vias responsáveis pela
supressão da dor

● Ativadas pelas vias nociceptivas -


Teoria do Portão da Dor
Fisiopatologia da Dor
3) MODULAÇÃO: Vias responsáveis pela supressão da dor

● Circuito modulatório prosencéfalo-mesencefálico

● Controle descendente inibitório da dor

○ Substância cinzenta periaquedutal (PAG)

○ Substância cinzenta periventricular (PVG)

■ Bulbo rostroventral (BRV): núcleos da rafe magno,


magnocelular e reticular paragigantocelular lateral

■ Segmento pontino dorsolateral (TPDL): locus


coeruleus e sub ceruleus
Fisiopatologia da Dor
Mecanismos da Dor
- Estruturas cranianas sensíveis à dor: pele e tecido celular subcutâneo;
músculos extracranianos; artérias e veias extracranianas; periósteo exocraniano;
artéria meníngea média; duramáter ; face superior e inferior do tentório do
cerebelo; seios venosos ; recobrimento piaaracnóideo das artérias da base;
polígono de Willis e grandes artérias cerebrais ; nervos cranianos sensitivos.

- Mecanismo
periférico Cefaleia tensional

- Mecanismo central

- Origem da dor
Cefaleia em salva

Cefaleia primária
Cefaleia secundária
Neurofisiologia das Cefaleias

- Depressão alastrante

- Sistema trigeminovascular

- Inflamação neurogênica

Então qual o mecanismo geral


da ocorrência de uma cefaleia?
Características Clínicas da Dor
Anamnese
Características Clínicas da Dor
Exame Físico
- Avaliar se pressão arterial e/ou temperatura estão elevadas

- Avaliar couro cabeludo - identificação de edemas ou sensibilidade

- Inspecionar lacrimejamento
- Exame Neurológico: avaliar tônus, motricidade, coordenação, sensibilidade e equilíbrio
- Exame do estado mental: nível de consciência normal, deprimida ou hiperalerta
- Exame dos pares cranianos: I) Olfatório e II) Óptico: acuidade visual - III) Oculomotor e IV) Troclear:
reflexo pupilar - V) Trigêmeo: sensibilidade facial
- Exame motor: dedo-nariz
- Exame sensorial: manobra de Romberg
- Exame de reflexos: buscar sinal de Babinski
- Sinais de irritação meníngea: rigidez da nuca pode estar associada à meningite
Características Clínicas da Dor
Exame Físico
- Fundo de olho - buscar sinais de hipertensão intracraniana (no caso de ausência de pulso venoso e
borramento da papila do nervo óptico) e retinopatia hipertensiva
- Tamanho das pupilas e resposta fotomotora

- Palpação das articulações temporomandibulares e oclusão dentária - buscar crepitação e deslocamento

- Palpação cervical e do crânio em busca de hipertonia muscular cervical e pontos dolorosos

- Funcionalidade da coluna cervical- buscar crepitação

- - Manobra de Spurling - avalia radiculopatia

- - Manobra de Roger-Bikelas - pode evidenciar neuralgia cervicobraquial

- Ausculta da órbita , do crânio e das carótidas - buscar sopros


Classificações e Tipos
- Primária - Secundária - Critério Snoop
- Enxaqueca - Intracraniana
- Tensional - Extracraniana
- Cefaleia em Salva - Sistêmica
Cefaleia Primária

- As cefaleias são classificadas em


primárias, quando não há outra
condição clínica subjacente à dor.
- Existem inúmeros tipos de
cefaleias primárias. Os mais
frequentes são a cefaléia
tensional, a cefaléia em salvas e a
enxaqueca.
Cefaleia Primária
ENXAQUECA OU MIGRÂNEA

- Afeta mais as mulheres


- Dor de cabeça unilateral e latejante, de intensidade média ou forte, que pode
ser precedida por uma aura premonitória
Cefaleia Primária
ENXAQUECA OU MIGRÂNEA

Critérios diagnósticos de migrânea (enxaqueca) sem Critérios diagnósticos de migrânea (enxaqueca) com aura
aura A. Pelo menos duas crises que preenchem os critérios de B a D
A. Pelo menos cinco crises preenchendo os critérios de B a D B. Aura consistindo em pelo menos um dos seguintes:
B. Cefaleia durando de 4 a 72 horas (sem tratamento ou com 1. Sintomas visuais completamente reversíveis, incluindo características
tratamento ineficaz) positivas (p. ex.luzes tremulantes, manchas ou linhas) e/ou características
C. Cefaleia preenche ao menos duas das seguintes negativas (p. ex., perda visual)
características: 2. Sintomas sensitivos completamente reversíveis, incluindo
1. Localização unilateral características positivas (p. ex. formigamento) e/ou características
2. Caráter pulsátil negativas (p. ex., adormecimento)
3. Intensidade moderada ou forte 3. Alteração da linguagem (afasia) completamente reversível
4. Exacerbada por, ou levando o indivíduo a evitar C. Pelo menos dois dos seguintes:
atividades físicas rotineiras 1. Sintomas visuais homônimos e/ou sintomas sensitivos unilaterais
D. Durante a cefaleia, pelo menos um dos seguintes sintomas: 2. Pelo menos um sintoma de aura desenvolve-se gradualmente em
1. Náusea e/ou vômitos cinco minutos e/ou
2. Fotofobia e fonofobia diferentes sintomas de aura ocorrem em sucessão de cinco minutos
E. Não atribuída a outro transtorno 3. Cada sintoma dura entre 5 e 60 minutos
D. Cefaleia que preenche os critérios de B a D para migrânea sem aura começa
durante a
aura ou dentro de 60 minutos do início dela
E. Não atribuída a outro transtorno
Cefaleia Primária
TENSIONAL
- Mais prevalente e pode ser aguda ou crônica
- Dor em peso ou aperto, bilateral, de intensidade leve ou moderada, que se
manifesta na testa, na nuca ou na parte de cima da cabeça.
- A duração da crise varia bastante. No entanto, em geral não impede que a
pessoa exerça suas atividades rotineiras.
Cefaleia Primária
TENSIONAL
Critérios diagnósticos para cefaleia tipo tensão
A. Cefaleia tem pelo menos duas das seguintes características:
1. Localização bilateral
2. Caráter em pressão/aperto (não pulsátil)
3. Intensidade fraca a moderada
4. Não é agravada por atividades físicas rotineiras como
caminhar ou subir escadas.
B. Ambos os seguintes
1. Ausência de náusea ou vômitos (anorexia pode ocorrer)
2. Fotofobia ou fonofobia (apenas uma delas pode estar
presente)
C. Não atribuída a outros transtornos
Cefaleia Primária
EM SALVAS
- Manifesta mais nos homens do que nas mulheres, durante a segunda e
terceira décadas da vida.
- A dor é pulsátil, muito forte, de um lado só, na região têmporo-frontal, na
face e na órbita ou no fundo de um dos olhos
- As crises vêm agrupadas, são diárias (de uma a oito por dia), muitas vezes
ocorrem durante a noite, e podem repetir-se por dias ou meses, tendo
duração média entre 15 e 180 minutos
Cefaleia Secundária
- As cefaleias secundárias são aquelas causadas por distúrbios exógenos

- O diagnóstico diferencial entre cefaleia primária ou secundária é essencial

Intracraniana Extracraniana Sistêmica

Hemorragia subaracnóidea Glaucoma Uso crônico de analgésicos


Meningite Arterite Temporal Febre de qualquer causa
AVC Alterações na coluna cervical Hipertensão arterial em especial na
Hematoma subdural Alterações da articulação temporomandibular crise hipertensiva
Hipertensão intracraniana Neuralgia do trigêmeo Anemia
Encefalite Sinusite Uso de substâncias vasoativas
Abscesso cerebral Alterações Dentárias Hipercapnia
Hidrocefalia obstrutiva etc… etc…
Malformações arteriovenosas
etc…
Causa
Causa Intracraniana
Intracraniana
Hemorragia Subaracnóidea Meningite
Início explosivo Dor aguda e intensa
Dor severa, holocraniana Rigidez de nuca
Não melhora com analgésicos Febre alta com calafrios
Sinais neurológicos (rigidez nucal, hemiparesia, Dor na movimentação dos olhos
assimetria de reflexos, outros) Mais forte e incapacitante do que a habitual
Hipertermia
Causa Extracraniana
Glaucoma Arterite Temporal
Cefaléia debilitante com a presença de: Distúrbio inflamatório das artérias que frequentemente
envolve a circulação carotídea extracraniana
Náuseas e vômitos
- Uni ou bilateral localizada temporalmente
Dor ocular intensa - Gradual
Olho avermelhado com pupila fixa e - Maçante e incômoda, com episódios de dores
lancinantes
moderadamente dilatada
- Superficial
- Hipersensibilidade no couro cabeludo
- Piora a noite e com exposição ao frio
Causa Sistêmica
Uso crônico de analgésicos

Paciente apresenta cefaleia em 15 dias ou mais ao mês, por mais de 3 meses, em um paciente com
cefaléia primária preexistente e se desenvolve como consequência do uso excessivo de medicamentos
para tratamento agudo ou sintomático da cefaléia.

Usualmente decorrente de um quadro de migrânea ou cefaleia tipo tensional


Associada ao uso de analgésicos (> 100 comp. ao mês)
Critérios de Snoop
Exames de Imagem
Quais?
-TC de crânio
-Ressonância Magnética

Quando solicitar?
-A primeira ou a pior cefaléia, especialmente se for de início súbito

- Mudança na frequência, gravidade ou características dos episódios de cefaleia

-Cefaleia progressiva ou nova e persistente desde o início

-Exame neurológico anormal

-Sintomas neurológicos distintos daqueles de aura ou merecedores de investigação

-Déficits neurológicos persistentes

- Hemicrania fixa com sintomas neurológicos contralaterais

-Falta de resposta ao tratamento


Identificação dos fatores de alarme

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