SEMIOLOGIA EM OTORRINOLARINGOLOGIA
UNESP
2
SEMIOLOGIA EM OTORRINOLARINGOLOGIA
necessária boa iluminação para que a fonte de luz atinja cavidades. Para essa finalidade o
especialista deve utilizar um espelho frontal (Figura 1) e um foco de luz acessória. Outro
1 2
1
observar posição dos mesmos, tônus muscular, lesões orgânicas e competência do selo
No paciente respirador bucal ou naquele com grave alteração de oclusão dentária, o selo
inferior flácido e alargado. Nestas condições, as crianças podem apresentar sialorréia diurna
e também durante o sono. As mães costumam reclamar que a criança baba no travesseiro
extrema dificuldade na mímica facial e a criança permanece o tempo todo com a boca
aberta e com sialorréia, dificultando até mesmo a fala, especialmente a emissão de alguns
fonemas que são produzidos as custas da oclusão labial, como ocorre, por exemplo, com os
implantação mais baixa, entre os dentes incisivos superiores, o que provoca afastamento
dos mesmos, condição esta denominada de diastema dos incisivos (Figura 3). É causa
das mais freqüentes é a dermatite esfoliativa, que corresponde à descamação das lâminas
superficiais da mucosa dos lábios. Pode decorrer da exposição excessiva ao frio ou aos
salivação, como em crianças que chupam chupeta durante horas seguidas e em crianças
presente em pacientes portadores de próteses dentárias mal adaptadas, sendo que nestes, é
5
inferior, havendo perda da coloração uniforme dos lábios. A ulceração da região é alerta
em pacientes fumantes. Assim, todo paciente de pele clara e tabagista, deve ser orientado a
tabagismo.
Uma das lesões mais freqüente da face interna dos lábios é a afta. Trata-se
de uma erosão superficial, recoberta por exsudato fibrinoso, apresentando bordas bem
palpação.
salivares intramucosas. Podem adquirir grande volume e incomodar o paciente para falar e
Uma das lesões infecciosas mais freqüentes dos lábios é o herpes simples.
lesões são dolorosas e não deixam cicatrizes. Entre os fatores predisponentes para a
6
climáticas bruscas.
inferior, sendo mais freqüente em indivíduos do sexo masculino e da raça branca. É menos
freqüente em negros e em mulheres. O tratamento cirúrgico, nas fases iniciais, cursa com
bom prognóstico. Nos casos mais avançados, extensas ressecções cirúrgicas podem ser
Região jugal: a região jugal deve ser examinada com o auxílio de duas
orifícios das glândulas parótidas (os ductos de Stenon), os quais se situam defronte ao 2o
molar superior. Esses orifícios de drenagem devem ser examinados com cautela em
epidêmica, ocasião em que poderá ser observada saída de secreção espessa e leitosa por
falhas, tártaros, formato, número, etc.) bem como as alterações na oclusão das arcadas
dentárias. Os dentes da arcada superior devem se sobrepor aos da arcada inferior como a
“tampa da caixa de sapatos”, mantendo sempre relação oclusal entre eles. Devem-se
bucal. Denomina-se mordida aberta a falta de contato entre os dentes (Figuras 4 e 5).
Ocorre, normalmente, nos dentes anteriores, sendo observada em pacientes com respiração
neoplásicos. Nas neoplasias que envolvam as gengivas, deve-se sempre realizar estudo
radiológico das condições ósseas adjacentes, pela proximidade das estruturas e para
programação cirúrgica.
extrínsecos. A língua é inervada pelo n. hipoglosso. Pode ser dividida em: superfície dorsal,
bordas laterais, superfície ventral e ponta ou ápice. Apresenta em seu dorso as papilas
estão dispostas no V lingual em número variável, entre 5 a 14, contém também canalículos
A língua pilosa negra corresponde à língua com as papilas do seu dorso com
superfície é lisa, e apresenta o frênulo lingual em sua linha mediana. A ponta da língua
anquiloglossia e exige correção cirúrgica. Como a criança passa a usar o dorso da língua
com maior freqüência, pode-se observar, a partir dos quatro anos, prognatismo.
11
a b
a
tumoração na região do V lingual deve ser avaliada com muita cautela, pois pode
A língua bífida, embora descrita em algumas síndromes, é rara. O tamanho da língua pode
estar alterado de forma congênita, como ocorre na síndrome de Down, ou frente a algum
Figura 9. Neurofibromatose.
paracoccidiodomicose, cancro sifilítico, entre outras lesões infecciosas podem também ser
predispõe à formação de cálculos (Figura 10). Assim, na semiologia da cavidade oral deve-
se incluir a palpação das estruturas intra-orais e dos trajetos canaliculares das glândulas
salivares.
palatos duro e mole. No palato duro devem-se observar alterações na mucosa (lesões
formato ósseo do palato duro encontra-se alterado devido às alterações pressóricas do fluxo
osteomas, facilmente detectáveis pela própria consistência óssea. Nessa região são também
Inicialmente, solicita-se ao paciente que emita o fonema /a/ por várias vezes, enquanto o
examinador inspeciona a contração do palato mole. A contração do palato mole deve ser
hipernasal (“fanhoso”) pode-se observar palato duro e/ou mole fissurados (fissura palatal
competência velofaríngea pode também ser avaliada solicitando-se ao paciente que repita
uma frase constituída, unicamente, por fonemas orais (e não nasais); ao mesmo tempo
encosta-se uma superfície metálica e polida na face inferior das narinas, observando-se
observada nos quadros gripais, nas grandes hipertrofias de tecido adenoideano ou nos
quadros exacerbados de rinite alérgica. Ressalta-se que, nos primeiros dias do pós
O aspecto da úvula também é importante uma vez que, a úvula bífida pode
nos primeiros anos de vida, pela participação tanto na imunidade celular como na humoral.
No exame das amídalas deve-se também notar o tamanho das mesmas (se
a b
b a
a
O exame das fossas nasais inicia-se pela inspeção da pirâmide nasal. Pode-se
malformação do dorso nasal (saliências ósseas, depressões), simetria das aberturas das
narinas, dimensões da columela, etc. Sobre a pele da pirâmide nasal pode-se observar
piriforme.
com auxílio de um espéculo nasal, de um espelho frontal e de um foco de luz. Para o exame
da fossa nasal direita o espéculo deve estar na mão direita do examinador e não deve ser
e o espéculo é paulatinamente aberto, tendo como apoio o dedo indicador da mão direita,
Pode ser usada uma fonte de luz, como o do otoscópio para o exame da fossa
nasal.
18
lateral, a qual corresponde a região das conchas nasais (inferior, média e superior; figura
14). As conchas nasais inferior e média são facilmente identificadas. A concha nasal
superior não é visualizada nessas condições do exame. Deve-se prestar atenção quanto ao
tamanho das conchas nasais e sua morfologia (normotrófica, atrófica, hipertrófica) e nas
edemaciada nos casos de rinites virais e/ou bacterianas; com superfície irregular nos casos
de rinites crônicas degenerativas, etc). A presença de secreção sobre os cornetos deve ser
também avaliada.
Seio
frontal
Conchas
nasais
Seio esfenoidal
Superior
Média
Inferior
Ósteo faríngeo
da tuba auditiva
19
recoberta por secreção que varia de acordo com a etiologia. Nas rinites bacterianas chama a
atenção a presença de secreção amarelada que se origina dos ósteos de drenagem dos seios
paranasais que ao exame podem estar na fossa nasal ou na nasofaringe de acordo com o
seio comprometido (em especial do meato médio). É importante recordar que o ducto
nasolacrimal abre-se abaixo da concha nasal inferior patologias nasais podem comprometer
lacrimais.
anteriores, ou seja, seio maxilar, etmoidal anterior e frontal. Na concha nasal superior
bem como os ósteos de drenagem. Em alguns casos, quando houver grande congestão de
produzirão retração da mucosa e, conseqüente, abertura dos ósteos de drenagem dos seios
sintomas de cefaléia em peso, causados pelo bloqueio dos ósteos de drenagem dos seios da
face.
medida obrigatória. Devemos lembrar que o septo nasal possui, em sua constituição
porção posterior desta insere-se a lâmina etmoidal óssea que irá constituir a porção óssea
20
posterior do septo nasal. O soalho do septo é ósseo, composto pelo vômer. Assim, na
descrição dos desvios septais diz-se que os mesmos são anteriores e cartilaginosos,
sinusites, cefaléia em peso constante, etc). Ainda com relação aos desvios septais, é
importante observar a relação do desvio com as conchas nasais e seus ósteos de drenagem,
especial do médio. Assim, nem todo desvio septal merece correção cirúrgica. Nessa
carótida externa como da interna, principalmente em sua região mais anterior (zona de
Kisselback). Para se ter idéia do grau dessa vascularização basta observarmos que, quando
hipertensos, cardíacos e crianças abaixo de quatro anos é contra indicado o uso dos
mesmos, orientação esta que vale também para os atletas. Outro exemplo são os efeitos
sistêmicos alucinantes imediatos observados nos usuários de cocaína por via inalatória.
calibrosos, localizados na região posterior das fossas nasais, correspondendo aos ramos das
21
adultos, muitas vezes idosos, e exigem condutas mais radicais e imediatas como
arteriais endonasais.
grau de obstrução nasal e a assimetria do fluxo, a qual pode ser avaliada através da
expiração sobre uma placa metálica e polida, ocorrendo condensação do ar expirado. Vale a
pena salientar que a avaliação mais precisa do fluxo nasal é feita com o método de
rinomanometria.
fossas nasais é a nasofibroscopia rígida ou flexível. Com o auxílio das lentes de endoscopia
nasosinusais, pois permite avaliação mais detalhada das estruturas dos seios paranasais e é
rinossinusite aguda.
dentária podem se estender para os seios maxilares. Isso ocorre em infecções das raízes, em
dos túneis dos implantes de titânio. O paciente passa a se queixar de dores faciais e
das fossas nasais, passando desapercebido pela maioria dos pais. Sendo assim, os pais
desinformados, passam a notar que seu filho tem apresentado odor fétido proveniente das
fossas nasais, juntamente com saída de secreção espessa e amarelada por um dos lados.
Diversos tipos de corpos estranhos têm sido descritos na literatura, sendo que os mais
freqüentes são, grãos (milho, feijão, pipoca), borracha, papel, contas de colar, pedra,
fossa nasal com a rinofaringe. Em alguns casos, pode se apresentar ocluída (total ou
estreitamento posterior pode ter consistência membranácea ou óssea, podendo ser uni ou
a b c
b a a
a b b
a a
Figura 15. Corpo estranho em rinofaringe de criança de 3 anos. Em A RX cavum, am
b, RX em incidência de Waters e em c, gancho de cortina após ser removido.
deverá deprimir a região central da língua para expor a região da orofaringe, por onde será
introduzido o espelho de rinoscopia posterior voltado para cima, para refletir a luz do
lamparina à álcool supre o lado do espelho, para que não embace com a respiração do
precisar o tamanho e o grau de oclusão que o mesmo está promovendo. Tal relação pode
muito difícil o clínico deve aprender a clínica do paciente com patologias da rinofaringe.
degenerações da mucosa.
faríngea e faz parte do conjunto de órgãos linfóides do anel linfático de Waldeyer. Quando
cavum pode-se observar estreitamento da coluna aérea na região da rinofaringe (Figura 18)
como ocorre quando descemos a serra ou estamos ao nível do mar, as tubas auditivas
comprometer a ventilação do ouvido médio que se dá através dos ósteos faríngeos das tubas
auditivas. A oclusão destes, faz com que se forme um ambiente pouco ventilado na orelha
mucosas do epitélio respiratório que reveste a orelha média, não são drenadas, acumulando-
se na orelha média.
a b
b a
a b
a
Figura 18. Em a, RX de cavum normal. Em b, seta indicando região de hipertrofia
adenoideana.
Com o tempo, tornam-se mais espessas dificultando ainda mais sua remoção
(essa secreção é denominada de glue ear pela sua consistência semelhante à de cola).
Instala-se assim a chamada otite média serosa. Neste caso a membrana timpânica é íntegra,
escola, ouve televisão em volume muito elevado e apresenta piora do quadro auditivo em
fissura labiopalatal nos quais o comprometimento na fusão mediana dos músculos do palato
mole impede a abertura tubária durante a deglutição, o que faz com que a mesma
27
permaneça, na maior parte do tempo, fechada (por vezes colabada), trazendo repercussões
língua do paciente com o auxílio de uma gaze para expor a região da orofaringe, local onde
será posicionado, cautelosamente o espelho contra a úvula, voltado para a região da faringe
(recesso piriforme). Essa região pode ser sede de lesões neoplásicas em pacientes fumantes
29
região dos seios piriformes, achados estes que auxiliam no diagnóstico da disfagia.
agora, com a atenção voltada para a região da laringe. Deve-se examinar a borda livre da
crianças tem algumas particularidades, como a posição mais elevada da laringe, o formato
aritenóideas. Sendo assim, durante o exame ORL é comum observarmos a borda livre da
fonação de fonemas /e/ e /i/. Essas manobras permitem-nos avaliar mobilidade, simetria,
devemos esquecer que muitos diagnósticos de distúrbios da voz podem ser antecipados já
médico. Algumas alterações nas qualidades vocais são típicas de determinadas doenças,
como a voz grave e áspera do paciente com edema de Reinke e a voz baixa, fraca e soprosa
do paciente portador paralisia unilateral de pregas vocais. A laringe pode também ser
a b
b a
a b
a
Figura 21. Nasofibroscópio flexível (a) e telescópio rígido (b).
b
a
b
a
Figura 22. Em a, sistema de videolaringoscopia
a com captura de imagem; em b, técnica do exame de
b telelaringoscopia.
a
31
diagnóstico das lesões laríngeas, pois permitem a fonação espontânea do paciente, uma vez
que são introduzidos pelas fossas nasais deixando livre a língua para a fonação. Já os
das pregas vocais, entretanto, para sua realização é necessário segurar a língua do paciente,
lesões orgânicas.
ventriculares; a região glótica situa-se ao nível das pregas vocais verdadeiras; a região
subglótica estende-se da borda inferior das pregas vocais à borda inferior da cartilagem
cricóidea.
vocais, ou seja, região de inserção das pregas vocais na cartilagem tireóidea. A comissura
região das pregas vocais. A porção respiratória corresponde à região posterior, após a
inserção das cartilagens aritenóideas (figuras 23 e 24). Essa região encontra-se próxima ao
secundárias aos refluxos gastroesofágicos. Nos pacientes com esses sintomas podemos
Comissura
anterior
Comissura
posterior
a b
b a
a b
Figura 23. Pregas vocais em abdução durante a respiração (a); pregas vocais
a em
adução durante a fonação (b).
A laringe pode ser acometida por lesões congênitas (cistos, pontes, sulcos,
hemangiomas, etc) ou lesões. Estas podem ser inflamatórias (laringites virais, bacterianas,
ácidas, etc), lesões fonoatraumáticas (nódulos vocais, pólipos), lesões causadas pelo
A laringe pode ser acometida por lesões congênitas (cistos, pontes, sulcos,
hemangiomas, etc) ou lesões. Estas podem ser inflamatórias (laringites virais, bacterianas,
ácidas, etc), lesões fonoatraumáticas (nódulos vocais, pólipos), lesões causadas pelo
Região
interaritenóide
a
Cartilagem
aritenóidea
Prega
ventricular Pregas
vocais
Comissura
glótica
anterior
Epiglote
A seguir são ilustradas algumas das lesões mais freqüentes das pregas
vocais.
fraturas cartilaginosas com ou sem exposição. O pavilhão auricular pode também ser sede
pavilhão, parte-se para o exame do conduto auditivo externo o qual deve inicialmente ser
osteomas, etc.
com o auxílio de uma haste de metal ou cureta delicada. O sucesso dessa técnica depende
lavagem é realizada com irrigação do conduto auditivo com água morna, utilizando-se
comerciais não devem ser utilizados, pois são grossos demais e acabam empurrando a
dos pacientes é necessário o exame de otoscopia através de otoscópio à pilha (figura 30).
Martelo Bigorna
Membrana Estribo
timpânica
brilhante e com reflexo de cone de luz em seu quadrante ântero-inferior. Por transparência
pode-se observar o ramo longo da bigorna. O manúbrio do martelo está inserido na MT.
Esta apresenta uma porção inferior tensa e outra superior flácida, assim denominadas
otites médias agudas pode-se notar abaulamento da parte flácida e/ou da parte tensa. Nos
Porção flácida da
membrana
timpânica
Martelo
Porção tensada
Triângulo membrana
luminoso- timpânica – região
região antero- postero-inferior
inferior
Fig. 33. Detalhes da membrana timpânica.
apófise do martelo e abaulamento dessa região. Ao contrário, quando a apófise está muito
tubárias.
constituição que permitem com que a mesma seja móvel e vibre ao receber a onda sonora,
que permite com que o mesmo capte a vibração da MT e a propague para os demais
cóclea.
espiral com 2 ½ voltas. Abriga, em seu interior, o ducto coclear o qual contém o
neuroepitélio (Órgão de Corti), composto por três camadas de células ciliadas externas e
uma de internas. A onda de propagação sonora provoca mobilização das estruturas do ducto
pelo nervo coclear. Uma vez estimulado, o 8 o par transmite os potenciais de ação para os
centros superiores através da transmissão pelos núcleos cocleares dorsal e ventral (soalho
40
Ducto
coclear
Nervo
auditivo
emocionais. A criança surda é desatenta, apresenta rendimento escolar pobre, é irritada, não
consegue se comunicar, é isolada das atividades em sala de aula, é rejeitada pelos colegas.
41
Da mesma forma, o idoso surdo não participa das discussões familiares, ouve televisão
muito em volume muito elevado, é rejeitado e torna-se isolado do mundo que o cerca.
uma bateria de testes de audição. Citaremos a seguir alguns dos mais utilizados
rotineiramente.
avaliação da mímica facial é conseguida pela simples inspeção do paciente. Nos casos de
paralisia facial, o paciente apresenta-se com assimetria facial marcante (desvios da rima
da hemiface).
permite avaliar a extensão do tumor, sua relação com os tecidos vizinhos, a presença de
atrás do paciente e com as duas mãos apoiadas nas fossas supraclaviculares, inicia-se o
submentoneanas.
A palpação deve ser realizada com as duas mãos, uma de cada lado da
ser palpadas apoiando-se uma das mãos sobre a cabeça do paciente e a outra mão trazendo-
levemente a cabeça para frente enquanto que o médico realiza a palpação submentoneana.
submandibulares.
43
A palpação da glândula tireóide (figura 36) deve ser feita com as duas mãos,
Deve-se pedir ao paciente que degluta várias vezes, manobra esta que permitirá o
carótida. A palpação dessas estruturas deve ser cautelosa para não desencadear bradicardia
crepitação laríngea, sensação esta obtida pelo deslocamento dos cornos maiores da
cartilagem tireóide contra a coluna cervical. Essa crepitação pode estar ausente ou
cefaléia, e sendo assim, devem receber também atenção especial durante o exame. Devem
ser palpadas durante a abertura e fechamento da boca, prestando-se atenção para desvios da
zigomático, nasal, maxilar e mandíbula) deve ser minuciosa. Devem-se valorizar desvios,
turva, diplopia), obstruções nasais, hipoestesia de face, hematomas, alterações oclusais, etc.
Norimar)
inicia-se com a anamnese. A anamnese inicia-se ouvindo do paciente a queixa que pode ser
“estou tendo labirintite” ou “estou com tontura desde...”. A primeira pergunta do médico
paciente uma ou mais das seguintes sensações: o ambiente gira em torno de mim, eu giro
45
em torno do ambiente, ao andar parece que estou flutuando, parece que estou sendo puxado
para frente ou empurrado, parece que caio pra um lado, minha cabeça parece estranha, algo
gira dentro da cabeça? Todas estas queixas podem ser denominadas alucinações de
movimento do corpo em relação ao espaço e são geradas por problemas labirínticos, isto é,
(raramente). Quanto à queixa de tontura, a palavra é usada, por um paciente para se referir
ou à sensação giratória, por outro, para se referir à sensação de redução do estado de vigília,
desmaiar) ou mesmo perda da consciência por algum tempo. Esta tontura com redução do
nível de consciência ainda que fugaz (“lipotimia” na linguagem médica), sugere desde
melhora e piora, fatores desencadeantes, etc, etc). A seguir, informação importante é aquela
pode ser gerada por lesão periférica ou central, pois estamos falando de sinais e sintomas
produzidos por estruturas nervosas, com sua parte periférica (labirinto ou ouvido interno),
seu nervo (oitavo par, cocleovestibular) e a parte central, vestibular com os com núcleos
das vias vestibulares estando totalmente separadas no Sistema Nervoso Central (S.N.C.).
46
Assim, uma queixa vestibular que se acompanhe de queixas auditivas tais como zumbido,
produzida perifericamente, no ouvido interno (labirinto) pois é ali que as funções auditivas
e vestibulares estão anatomicamente e fisiologicamente juntas e não no S.N.C. Por que isto
é importante? Porque, caso haja suspeita de lesão do S.N.C., o paciente deve ser
e ou vertigem são muito raras, entretanto. Procurando, ainda, adquirir mais informação
sobre indícios de lesão central, deve-se perguntar ao paciente sobre sinais e sintomas
neurológicos: visão dupla (diplopia), redução do campo visual, disfonia, dificuldade para
membros. Respostas negativas a estas questões e dados positivos para alteração auditiva
apontam para lesão periférica e podemos prosseguir a anamnese. Pergunta-se, então, sobre
sendo controladas freqüentemente (há quanto tempo foi ao clínico ver como está a
diabetes?). Por que perguntar sobre estas doenças? Porque elas são causas muito freqüentes
paciente come pela manhã, no almoço, jantar, bebidas alcoólicas, consumo de açúcar na
forma de doces, bolos e sorvete, assim como no suco, café, refrigerantes e, particularmente,
se consome pelo menos 500 ml de café por dia (café é estimulante labiríntico e junto com
ele, vai o açúcar refinado). Erros alimentares fornecem pistas de doenças. Faz-se, na
47
no trabalho e na família, que podem gerar ansiedade, depressão e estresse, que, por sua vez
podem provocar vertigem. Por fim, procura-se saber se o paciente tem atividade física
regular (caminhada, natação, etc). Antecedentes pessoais: Fornece pista sobre trauma
passado. Antecedentes familiares informam, entre outras causas, sobre doenças familiares.
realiza-se exame dos 12 pares craneanos em busca de alguma alteração que possa reforçar
equilíbrio e de coordenação.
PROVAS DE EQUILÍBRIO
Teste de Romberg
considerado alterado se houver muita oscilação do corpo, queda para os lados ou para traz
ou para frente. Paciente pode relatar, vertigem ou sensação de queda. Romberg Barre
fechados. Pode haver dificuldade de se posicionar, o que já é uma alteração do teste. Com
olhos fechados, espera-se que uma pessoa jovem, sem problemas vestibulares, permaneça
pelo menos 30 segundos na posição. Queda para os lados pode ocorrer Idosos e obesos tem
paciente cruza os braços, levanta a perna projetando o joelho para cima, não
muito elevado, fecha os olhos. Deve permanecer equilibrado por 30 segundos. Repetir com
outra perna. Teste difícil para pessoas normais sedentárias, obesas e com mais de 50 anos.
Teste de Unterberger
procurando não deixar o corpo girar (dar estas instruções) e pede-se para elevar os joelhos
simulando a marcha, dando cerca de 90 passos. O indivíduo não deve sair mais que 10 –
20cm do lugar e não deve girar o corpo mais que 45º para o exame ser considerado não
alterado.
caminha em linha reta, dando 6 a 7 passos para frente e para traz e se estiver bem (sem
quedas) passa a fazer o teste com os olhos fechados, por 1 minuto. Ele recebe instrução
para caminhar para frente e para traz sem parar, procurando manter-se em uma reta
pode ocorrer desvio por um lado de tal forma que o sentido da marcha chega a inverter-se
(em estrela). Na lesão vestibular periférica, a marcha é cuidadosa, com pequenos passos,
coordenação perfeita dos passos; na lesão cerebelar (central) costuma haver aumento da
irregulares).
informação visual, das três fontes sensoriais para o equilíbrio que o cérebro se utiliza para
alterações nos testes, porque um vestíbulo apenas não dá conta da manutenção da postura
estática ou dinâmica. Destaque-se que a marcha é um teste que provoca um grande desafio
para o equilíbrio porque, durante a marcha (assim como nos testes de Fournier e de
Unterberger) estamos apoiados em uma única perna e, ainda mais, estamos deslocando
nosso centro de gravidade ou de massa para a frente, além do limite de segurança para o
voluntariamente. A perna que está na frente deve ter força muscular, resistência, extensão
com doenças neurológicas, com vestibulopatias, idosos frágeis, com problemas ortopédicos
e pessoas sob efeito de drogas depressoras do SNC não conseguem dar a passada adequada
frágeis.
tocam ou não. Também observa-se se ocorre decomposição dos movimentos dos dedos
durante a tentativa de aproximação, o que é indicativo de uma lesão do cerebelo (que não
4 vezes e, em seguida, realiza-se o teste com olhos fechados. No indivíduo normal, tanto
com olhos abertos quanto com olhos fechados o teste é realizado sem problemas, apenas
que, com os olhos fechados, é um pouco mais lenta a realização do mesmo. De forma
lisa.
Diadococinesia
com olhos abertos e depois, fechados mais lentos no início e depois, mais rápidos (5 a 6
vezes).
51
tarefas que o indivíduo realiza e que simulam situações da vida diária, por isto são
chamados de testes clínicos funcionais. Serve para avaliar indivíduos com lesões
olhos e cabeça conjugados, depois, movimentos do tronco, marcha, que são executados ao
ORL, porém resumido nesta apostila para dar enfoque aos principais achados dos exames
colaboração do sujeito para a obtenção da resposta e por testes subjetivos, ou seja, estes
audição ocorre tanto pela condução por via aérea (VA) que é a passagem do som pela
orelha externa, orelha média até a orelha interna, quanto pela condução por via óssea (VO)
que é dada pelas estruturas cocleares, ou seja, a estimulação ocorre diretamente na orelha
cadeira confortável onde receberá os fones auriculares (Figura 38), por meio dos quais
serão fornecidos os estímulos sonoros gerados pelo audiômetro (figura 37). Na VA serão
avaliadas as freqüências de 250Hz, 500 Hz, 1000Hz, 2000Hz, 3000Hz, 4000Hz, 6000Hz e
8000Hz. O paciente deverá informar ao avaliador todas as vezes que perceber o som até a
constituída por: SRT (speech reception threshold-limiar de recepção da fala); IRF (índice
ou trissílabas ou responder pergunta. A cada acerto a intensidade irá diminuir até uma
porcentagem de 50% de acerto e este limiar deverá ser uma intensidade igual ou 10dB
maior que a média dos limiares obtidos por VA nas freqüências de 500Hz, 1000Hz e
2000Hz. Este teste é realizado para confirmar os limiares aéreos. Resultados discrepantes
500Hz, 1000Hz e 2000Hz. Se o resultado obtido for inferior a 88%, uma nova lista de 25
palavras, agora dissílabas, será fornecida e se o resultado ainda for inferior a 88% , será
fornecida uma lista de 25 palavras trissílabas para finalização. Indivíduos com audição
normal ou com perda auditiva condutiva deverão apresentar um índice de acerto ≥ 92%, já
54
os indivíduos com perda auditiva mista ou neurossensorial esses valores serão inferiores a
92%.
ou nos casos que por algum motivo o paciente não consegue realizar o SRT ou IRF. Este
teste é mais simples porque o paciente deverá apenas identificar, por gesto, a sílaba emitida
pelo avaliador. O resultado deverá ser compatível com o melhor limiar de VA obtido entre
demonstrar: exame normal (VA e VO com limiares audiométricos menores que 25dB),
com limiar audiométrico menor que 25 dB, caracterizando GAP aéreo-ósseo, figura 41),
dB, porém ambas no mesmo nível de perda, sem GAP, figura 42) ou perda auditiva do
tipo mista (VA e VO com limiares audiométricos maiores que 25 dB, com VA pior que a
sons a intensidades pré determinadas e observa-se as reações desta frente aos estímulos. Os
sino (89 dBNPS), tambor (85 dBNPS), além de palma e voz (figura 44). O tipo de resposta
Atualmente este exame vem sendo pouco utilizado devido aos exames
dos exames objetivos é um procedimento útil para descartar perdas auditivas severa e
III - Imitanciometria
este teste, uma sonda auricular acoplada a uma oliva, é introduzida e adaptada ao meato
acústico externo, garantindo total vedação do mesmo, momento em que é fornecida uma
normais (figura 47). Nas retrações da membrana timpânica, como observado nos casos de
obstrução tubária, têm-se a curva do tipo C, na qual o pico de complacência está em valores
59
negativos, inferiores a -100daPa (figura 48). Nas otites serosas em que há represamento de
timpanométrica é do tipo B, ou seja, sem pico (Figura 49). Nas disjunções de cadeia
Para este teste a membrana deverá estar íntegra e o conduto auditivo não
ml
1,2
ml
1,2
ml
1,2
0,3
sistema eferente olivo-coclear medial e auxilia no prognóstico das perdas auditivas súbitas.
espontâneas. As EOA evocadas podem ser classificadas de acordo com a sua latência e
amplificar de forma linear dois estímulos diferentes, ocorrendo uma intermodulação que
apresentadas, outros sons de freqüências diferentes. Elas são, portanto, evocadas por dois
tons puros (f1 e f2) apresentados simultaneamente com freqüências sonoras muito
próximas.
45 ou 50 dBNA.
que de certa maneira limita o seu uso em pacientes com perdas auditivas leves e moderadas.
por isso, é essencial garantir que o ruído de fundo, tanto ambiental quanto fisiológico, seja
controlado e que haja integridade do percurso percorrido pelo estímulo (orelha externa,
O sinal em
azul indica a
presença das
emissões
otoacústicas
Amplitude
da resposta
eletrofisiológica do sistema auditivo periférico até o tronco encefálico, que surge nos
primeiros 10-12ms após a estimulação sonora. As cinco primeiras ondas são as de maior
64
encefálico do nervo audtivo), onda III (núcleo coclear), onda IV (complexo olivar superior)
auditiva em neonatos, indicado em pacientes difíceis de serem testados por meio dos
encefálica.
objetivo. São fixados na pele eletrodos de superfície nos seguintes pontos: eletrodos
positivos (ativos) fixados à fronte (Cz), negativos (de referência) às regiões das mastóides
(M1 e M2) e eletrodo terra na região frontal. O estimulo é apresentado por meio de fone
São fornecidos 2.000 clicks, com tempo de análise de 15 ms, repetidos para confirmação da
reprodução das ondas. De uma forma simples, podemos resumir dizer que nas doenças
retrococleares estão alterados os valores absolutos das ondas (P) bem como de suas
65
latências (L). Já nas doenças periféricas, observam-se alterações apenas nos valores