Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Artrite Reumatóide
É uma doença inflamatória crônica, relativamente comum, que afeta homens e mulheres de
todas as idades, no entanto, mais mulheres que homens e numa faixa etária de 35-50 anos.
Pode envolver diversos órgãos e sistema, mas particularmente afeta as articulações, em um
processo insidioso que frequentemente resulta em deformidades.
Seu curso é tipicamente intermitente, marcado por períodos de remissão e exacerbação, mas
sempre seguindo um processo continuo de lesão tecidual.
A lesão básica da AR que inicia o processo é a inflamação das membranas sinoviais, sinovite. a
proliferação inflamatória dessas membranas acaba determinando por contigüidade, a erosão da
cartilagem articular e do osso subcondral. O tecido inflamatório sinovial em proliferação é
conhecido como “pannus”.
Uma vez iniciado o processo inflamatório, a hiperativação imunológica não para mais. Ela
começa pela ativação e migração para a sinóvia de linfócitos CD4+ que atraem e ativam
macrófagos e linfócitos B. o resultado é a produção e liberação desordenada de citoquinas
(TNF-afa). Essas substancias são responsáveis pela auto-perpetuação do processo inflamatório.
A artrite reumatóide costuma se instalar de forma insidiosa com sintomas de dor articular e
rigidez, sintomas constitucionais, como fadiga, mal-estar, anorexia e desconforto muscular. A
forma clássica é caracterizada por artrite simétrica das pequenas articulações de mãos e punhos.
Os pés são afetados particularmente nas articulações metatarsofalangeanas. A doença tende a
preservar as articulações interfalangeanas distais e as pequenas articulações dos pés.
Cerca de 30 - 50% dos pacientes com AR apresentam osteoporose e maior risco de queda e
fratura de quadril.
O diagnostico diferencial pode ser feito com colagenoses (LES), artrites virais (parvovírus,
hepatite B e C, rubéola e mononucleose infecciosa), osteoartrites, fibromialgia, artrite psoriásica
e artrite reativa.
O fator reumatóide é encontrado em 70-80% dos pacientes, sendo um exame pouco sensível.
O anti-CCP quando encontrado é altamente específico (98%) para AR, no entanto é pouco
sensível. Está relacionado às manifestações extra-articulares, e portanto, a um pior
prognóstico.
As principais alterações radiográficas na AR são: Aumento dos tecidos moles e derrame
articular, osteopenia justarticular, destruição da cartilagem e diminuição do espaço articular,
erosões ósseas marginasis, anquiloses e subluxações.
Tratamento:
Objetivo: controle da dor, redução da inflamação, proteção das estruturas
periarticulares, manutenção da função e controle do envolvimento sistêmico.
Medidas gerais: Repouso articular, uso de talas, uso preventivo de colar cervical,
fisioterapia.
AINES: Apesar de não alterarem o curso da doença são sempre indicados no inicio da
terapia.
Síndrome de Felty
Essa associação ocorre geralmente numa fase tardia de uma artrite reumatóide
destrutiva, com altos títulos de fator reumatóide, sendo mais comuns em
caucasianos.
O tratamento é realizado com DARMD como o metotrexato e os sais de ouro. Nos casos
graves indica-se a esplenectomia.
Artrite Idiopática Juvenil
A etiologia ainda não foi esclarecida. Os fatores genéticos e ambientais podem ser os gatilhos.
O resultado é a inflamação articular auto-sustentada que leva à formação do pannus, sendo
capaz de invadir o espaço articular, determinando erosões osteocondrais.
Formas clínicas:
Artrite sistêmica (Doença de Stil)
o Representa 10-15% de todos os casos de AIJ. É “rara”.
o Tem como característica além do quadro articular (joelhos, tornozelos e punho),
o aparecimento de febre ata intermitente, acompanhada de: rash (axilas e
cintura) que desaparece quando a febre regride, linfadenopatia, serosite ou
hepatoesplenomegalia. O pico de incidência é entre 2 e 4 anos, afetando
ambos os sexos.
o A coagulação intravascular disseminada e a síndrome de ativação de
macrófagos ou Sind. de Evans (febre + leucopenia + anemia + plaquetopenia)
são as complicações mais temidas.
o O diagnostico é dado com a presença de quadro articular associado à febre >
38,5°C presente por mais de 2 semanas. O diagnostico geralmente é de
exclusão.
o Os exames complementares mostram: anemia importante, leucocitose e
trombocitose (importante para o diagnostico). Ferritina está elevada.
o FAN positivo e FR negativo.
o Ocorre também elevação da VHS (> 100mm/h), PCR, das aminotransferases,
hipergamaglobulinemia e hipoalbuminemia.
o A proteinuria quando na faixa nefrótica sugere amioloidose.
*Causas de VHS > 100mm/h = Osteomielite, Tuberculose, Doença de Still e
LES
o Diagnostico diferencial: Leucemia aguda, PAN, artrite pós-infecciosa, artrite
reativa, LES, malignidades, malária e febre reumática.
o AINES nos casos leves (Indometacina)
o Glicocorticóides nas fases iniciais sem resposta aos AINE
o O metotrexato é a droga de escolha para o tratamento da doença a longo prazo.
Oligoarticular ou Pauciarticular
o É a forma mais comum de apresentação de AIJ (50%), afetando mais as
meninas, com pico de incidência antes dos 6 anos, sendo definida pelo
acometimento menor ou igual a 4 articulações nos primeiros 6 meses de
doença.
o O quadro clínico é mais comum nas grandes articulações periféricas dos
membros inferiores, como joelhos e tornozelos, com referencia à dor e rigidez
articular.
o Como complicação cita-se a uveíte anterior (iridociclite) presente em 20%
dos pacientes, associada ao FAN. Pode evoluir para cegueira permanente.
o Diagnostico: inflamação de uma ou mais articulações, duração da doença por
mais de 6 meses, idade inferior a 16 anos, exclusão de outras causas de artrite,
acometimento de poucas articulações.
o O FAN é encontrado é positivo em 85% dos casos enquanto o fator
reumatóide e o HLA-B27 são caracteristicamente negativos.
o O uso de AINE controla os sintomas, mas não afeta o curso da doença. Nos
casos resistentes ao tratamento o uso de metotrexato ou agentes neutralizadores
de TNF-alfa se faz necessário.
o O curso da doença é muito favorável, com 70% das crianças apresentando
remissão.
o Nos casos de risco para o surgimento de uveíte anterior, indica-se
acompanhamento oftalmológico a cada 3 meses durante o primeiro ano da
doença.
Poliarticular:
FR positivo: Definida pelo acometimento de 5 ou mais articulações durante os
6 primeiros meses de doença, associada a positividade do FR. É muito mais
comum em meninas e guarda relação com a AR do adulto. A artrite é
tipicamente simétrica e agressiva, afetando as pequenas articulações da Mao
(IFP e MCP) e punho. O FR deve ser positivo em pelo menos 2 ocasiões. O
FAN geralmente é negativo. O tratamento requer o uso de DARMD já no
inicio do diagnostico. Apresenta pior prognostico a longo prazo.
Forma Psoriásica:
É definida pela combinação de artrite com psoríase ou com: dactilite, alterações
ungueais, historia familiar de psoríase em parente de primeiro grau. É mais
comum em brancos e meninas, com idade entre 7-10 anos. A artrite é
tipicamente assimétrica, envolvendo pequenas e grandes articulações e
dactilite. As articulações distais são acometidas. O FR é negativo enquanto
o FAN é positivo em 50% dos casos.
Relacionada à entesite:
Mais comum em meninos, definida pela presença de entesite ou artrite com o
acometimento doloroso das articulações sacroiliacas, dor lombar
inflamatória, HLA-B27 positivo, uveite anterior aguda, historia familiar de
espondilite anquilosante. A artrite tipicamente afeta o quadril, os joelhos e os
tornozelos de forma simétrica ou não. A entesite acomete principalmente o
tendão aquileu, patelar e a fáscia plantar. O FR é negativo e o FAN pode
estar positivo.
Espondiloartropatias
Acometimento das articulações axiais e periféricas, lesão proeminentes das enteses, associação
a determinadas lesões sistêmicas, superposição entre suas formas clínicas, tendência à
hereditariedade, ausência do fator reumatóide (Soronegativas) e associação com o HLA-B27.
Ênteses: É o ponto de junção, de transição, entre o osso e estruturas como tendões, ligamentos,
aponeuroses e capsulas fibrosas articulares. As enteses estão em todos os tipos de articulação.
Espondilite Anquilosante
É uma doença inflamatória crônica que acomete basicamente as articulações do esqueleto axial,
sendo a lesão das articulações sacroilíacas seu marco fundamental. É o protótipo das condições
que causam entesite. Se caracteriza pelo comprometimento das articulações sacroilíacas
(principalmente) e vertebrais, de forma ascendente e com eventual ossificação destas
articulações, em um processo denominado anquilose óssea.
A manifestação clínica ocorre em homens jovens, com dor lombar persistente, insidiosa,
associada à rigidez matinal, caracteristicamente aliviada pela atividade física, com
duração maior que 3 meses.
A hipersensibilidade das articulações sacroilíacas pode ser percebida pela palpação local e
manobras que as tencionem (Manobra de Volkmann, Lewin e Patrick), enquanto a limitação
da mobilidade lombar pode ser avaliada pelo teste de Schober.
As articulações periféricas são acometidas em menos de 30% dos casos, manifestando-se
geralmente como oligoartrite assimétrica.
As complicações mais temidas da EA são as fraturas vertebrais, que podem ocorrer após
traumas mínimos. Os pacientes costumam apresentar osteoporose ou osteopenia. As fraturas
cervicais são as mais comuns, podem gerar lesão medular.
Manifestações extra-articulares:
Uveíte anterior – 25-40% (Mais comum) – Principalmente em pctes HLA-B27+
o Autolimitada, unilateral, dolorosa, lacrimejamento, fotofobia e turvação
visual, podendo ser recorrente.
o Complicação: catarata e glaucoma
o TT°: colírios de corticóides e atropina
Fibrose pulmonar dos lobos superiores
Insuficiência aórtica – 10%
Amiloidose secundária
Síndrome da cauda eqüina
Inflamação do colón ou íleo
Critérios:
1. Dor lombar que perdura por mais de 3 meses (melhorando com o exercício)
2. Limitação funcional da coluna lombar
3. Redução da capacidade de expansão do tórax
4. Presença de sacroileíte (achado radiográfico)
Tratamento:
Objetivo: alivio dos sintomas, melhora da capacidade funcional, minimizar as
manifestações extra-articulares e prevenir as deformidades articulares e complicações.
Medidas gerais: postura ereta, dormir em decúbito dorsal em colchão firme, praticar
exercícios físicos como natação e fisioterapia.
Os AINE são efetivos no controle da dor e da rigidez. São terapia de primeira linha
(Indometacina).
Os glicocorticóides sistêmicos (Prednisona) NÃO devem ser prescritos. Não
melhoram os sintomas e pioram a osteoporose vertebral.
Podem ser usados ainda: sufassalazina, inbidores do TNF-alfa.
Artrite Reativa
São as formas de inflamação articular, não supurativas (estéril), que tem origem em um
processo infeccioso à distancia. Na maioria das vezes a infecção está no trato digestivo ou
genitourinário. É um distúrbio reumático crônico, certamente relacionado à fatores genéticos
(HLA-B27) e a uma infecção específica. É uma das principais causas de artrite aguda em
adultos jovens (18 – 47 anos).
A maioria dos pacientes desenvolve artrite 1 – 4 semanas após o relato da infecção (diarréia) ou
da relação sexual que transmitiu a doença venérea.
A artrite reativa e a síndrome de reiter podem ser persistentes e recidivantes em 30-60% dos
casos.
Manifestações associadas:
Balanite circinada
Ulcera orais superficiais e indolores
Ceratoderma blenorrágico
Uveíte anterior
Tratamento:
Sintomas agudos devem ser tratados com AINE em doses máximas (Indometacina).
Corticóides sistêmicos raramente são usados.
O uso de sulfassalazina está reservado para os casos refratários.
Os neutralizadores do TNF-alfa estão reservados para os casos graves e resistentes.
A antibioticoterapia é feita para os pacientes em vigência do quadro infeccioso.
(Azitromicina VO 1g DU)
Artrite Psoriásica
É uma artrite inflamatória crônica. Apresenta igual predomínio entre os sexos, afetando
geralmente a faixa etária entre 30 e 55 anos.
Difere da AR por apresentar entesite importante.
Em 60-70% dos casos observa-se que a psoríase precede a doença articular.
Formas de apresentação:
Oligoartrite periférica assimétrica Lembra a Sind. de Reiter
o Corresponde a 30% dos casos de AP
Poliartrite periférica simétrica Lembra Artrite Reumatóide
o O quando clínico é indiferenciável da AR.
o Corresponde a 40% dos casos de AP
Envolvimento do esqueleto axial Lembra Espondilite Anquilosante
o Corresponde a 5% dos casos
Envolvimento das interfalangeanas distais Quadro Típico
o O envolvimento das articulações IFD das mãos e dos pés é quase sempre
acompanhado ao comprometimento da unha adjacente (90%).
o Corresponde a 15% dos casos de AP.
Artrite Mutilante Pouco comum
o Apresenta anquilose das articulações, dissolução óssea e encaixe dos dedos nas
mãos. Tal deformidade é conhecida como “deformidade em telescópio”.
o Corresponde a 5% dos casos de AP.
Os DARMD devem ser utilizados nos pacientes que não responderam aos AINE.