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Conceito: É o quadro de disfunção renal que possui uma evolução rápida, ao longo de horas ou
dias. É a queda da taxa de filtração glomerular. Entretanto, a azotemia (Cr > 1,5mg/dl) costuma
aparecer somente quando a TFG está < 50% do normal. Ou seja, mesmo um paciente sem
azotemia, poderá estar no curso de uma IRA.
Definição de Injuria Renal Aguda:
o Aumento absoluto > ou = 0,3 mg/dl da creatinina sérica, ou > ou = 50% do
valor basal, dentro de 48h.
o Débito urinário inferior a 0,5 ml/kg/h, durante 6 horas consecutivas.
Funções do Rim:
o Excreção de toxinas
o Regulação hidroeletrolítica e Ácido-Básica
o Função endócrina
*A TFG é o parâmetro que quantifica a FUNÇÃO renal. Seu valor normal depende da
idade, sexo e do tamanho do individuo. Seu valor normal médio é de 120 ml/min.
Etiopatogenia:
I) Azotemia Pré-Renal:
É a elevação das escórias nitrogenadas causada diretamente pela redução do fluxo
sanguíneo renal. É o tipo mais comum de injuria renal aguda (55-60% dos casos).
Caracteriza-se clinicamente pela reversibilidade, uma vez restaurado o fluxo renal.
As principais causas são: Hipovolemia, estados de choque, insuficiência cardíaca,
cirrose hepática com ascite. Queda do VOLUME CIRCULANTE EFETIVO
Fisiopatologia:
Queda da PAM até 80 mmHg Arteríolas aferentes vasodilatam Evitam o
hipofluxo renal
Queda da PAM abaixo de 80 mmHg Perda da autorregulação renal
Mecanismos:
o Estimulo direto dos barorreceptores e liberação intrarrenal de
vasodilatadores (prostaglandina E2, óxido nítrico) Vasodilatação da a.
aferente.
o Angiotensina II Vasoconstricção da a. eferente, reabsorção de sódio é
água no TCP.
o Aldosternona Aumento da reabsorção de sódio é água no TCD.
o Resultado = Oligúria, Urina hiperconcentrada e pobre em sódio.
Etiologia:
o Necrose Tubular Aguda
o Fases: Iniciação Manutenção Poliúria (tempo de recuperação =
15 dias em média)
o Isquêmica (choque, sepse, SIRS, pós-operatório)
o Rabdomiólise
o Hemólise intravascular
o Medicamentos (Aminoglicosídeos)
IRA não-oligúrica e hipocalêmica
o Venenos
o Síndrome da lise tumoral
o Leptospirose
o Nefrite intersticial aguda “alérgica”
o GN difusa aguda
o GNRP
o Nefroesclerose hipertensiva maligna
o Ateroembolismo por colesterol
o Síndrome hemolítico-urêmica
o Crise renal da Esclerodermia
o Trombose de veia renal bilateral
Quadro Clínico:
Distúrbios envolvidos:
o Acúmulo de toxinas nitrogenadas dialisáveis
o Hipervolemia
o Desequilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico
Tratamento:
IRA Pré-Renal: Otimização do fluxo sanguineo. Suspensão de drogas como AINE, IECA
e BRAII. Reposição de cristalóides é o tratamento inicial de escolha.
IRA Pós-Renal: Descompressão do trato urinário por cateter de foley, citostomia,
cateter duplo J ou nefrostomia.
IRA intrínseca:
o Vasculites sistêmicas e GNRP = Pulsoterapia com corticóides
o Síndrome de GoodPasture = Plasmaférese
o HAS = Controle vigoroso da PA
o Diabetes:
PA < 130 – 80 mmHg
Hb glicada < 7%
Uso de IECA ou BRAII
Restrição protéica na dieta
Controle dos níveis séricos de potássio e fósforo
Controle da acidose metabólica e da hipervolemia
Controle da anemia com Eritropoietina
o Sd. Lise Tumoral = Alopurinol + Bicarbonato de sódio + Hidratação
o Crise renal esclerodérmica = IECA
o Venenos = Antídotos específicos
o NTA = Prevenção (manutenção do estado euvolêmico e normo-hidratado do
paciente).
Contraste iodado: Hidratação vigorosa com solução bicarbonatada e n-
acetilcisteína oral antes e depois do uso do contraste.
Rabdomiólise: Hidratação com SF 0,9% + Manitol com Bicarbonato
NÃO FAZER Dopamina em dose renal!!!
Possui potencial arritmogênico
Diuréticos de Alça = Controverso
Suporte nutricional: restrição modesta de proteínas, sódio, potássio e
fosfato.
Indicações de Diálise de urgência:
o Sindrome Urêmica inquestionável
o Hipervolemia grave refratária (HAS, EAP)
o Hipercalemia grave refratária ou recorrente
o Acidose metabólica grave refratária ou recorrente
o Azotemia grave = Ureia > 200 ou Creatinina > 8-10
*Doença Renal em Fase Terminal: queda irreversível da função renal para níveis
residuais ( < 15% do normal ). Principais alterações: fibrose glomerular e intersticial, associada
à degeneração e atrofia dos túbulos.
Estágios:
1 – TFG >90ml/min Existe lesão renal estrutural, mas ainda não há insuficiência renal
2 – TFG = 60-89 ml/min IRC Leve
3 – TFG = 30-59 ml/min IRC Moderada
4 – TFG = 15-29 ml/min IRC Grave (Sintoma urêmicos iniciais)
5 – TFG < 15 ml/min DRFT (Uremia grave Diálise)
Etiologia:
Nefroesclerose Hipertensiva e Glomerulopatia diabética = 70% dos casos
Outras: Glomerulopatias primárias, Doença renal policística, uropatias obstrutivas.
Fisiopatologia:
Acúmulo de toxinas nitrogenadas dializáveis
Retenção de líquido (HAS, Hipervolemia, EAP, Hiponatremia)
Retenção de eletrólitos (Potássio, sódio, fosfato, ácido úrico)
Acidose metabólica (déficit na produção de amônia)
Deficiência de Eritropoietina (Anemia)
Deficiência de Calcitriol (Vit. D ativa)
Hiperparatireoidismo secundário ou terciário (Osteodistrofia renal)
Aspectos clínicos:
Manifestações que respondem à diálise:
o Desequilíbrio Hidroeletrolítico Hipervolemia, Hipercalemia e Hiponatremia,
Hiperfosfatemia, Hipermagnesemia, Hipocalcemia
o Desequilíbrio ácido-básico Acidose Metabólica Hiperclorêmica (retenção de
H+) / (Compensar a queda do bicarbonato) Acidose Metabólica com Anion
Gap Aumentado (Normoclorêmica) quando a TFG < 5-10 ml/min
o Sintomas gastrointestinais Nauseas, vômitos, diarréia e anorexia
o Sintomas neurológicos Encefalopatia, dificuldades cognitivas, neuropatia
periférica (em bota e em luva), síndrome das pernas inquietas
o Hipertensão arterial sistêmica (associada à complicações cardiovasculares)
o Sintomas cardíacos ICC, Pericardite Constritiva, Edema Pulmonar
Cardiogênico, Tamponamento cardiaco
o Sintomas pulmonares EAP, derrame pleural
o Disfunção plaquetária Predisposição à hemorragia (TS aumentado,
Diminuição do fator de Von Willebrand) Eritropoietina ou DDAVP ou
Crioprecipitado
o Intolerância à glicose Resistência à Insulina
Alterações cutâneas
o Prurido
o Pele seca (deficiência de vit. A)
o Hiperpigmentação em áreas expostas ao sol
o Porfiria cutânea tarda
o Unhas “meio-a-meio”
Alterações articulares: artrites, tenossinovites
Aterosclerose acelerada (doença corornariana – angina, IAM, cardiomiopatia
isquêmica)
o Causa mais comum de óbito no doente renal crônico
Dislipidemia (Hipertrigliceridemia com HDL-C baixo)
Estado de hipercatabolismo (desnutrição proteicocalórica)
o Hiper-Homocisteinemia (aminoácido) Fator de risco para
aterosclerose acelerada
Depressão imunológica (predisposição à infecções)
Diferenciação entre IRA e IRC:
Avaliação do tamanho renal na USG = Rim < 8,5cm de diâmetro sugere IRC e perda da
Dissociação Córtico-Medular.
Tratamento:
Fases precoces: Hipertensão arterial e Proteinúria (Estágios I e II)
o Controle da PA para níveis < 130X80 mmHg
o Drogas: IECA e BRAII
Corticóides e Imunossupressores = GN e Vasculites
o Restrição de proteínas na dieta
Fase Inicial da Síndrome Urêmica (Estágio IV)
o Controle da hipertensão arterial (Furosemida), da anemia (Eritropoietina
recombinante) e da osteodistrofia renal.
Agudização da IRC:
o Principais causas: Hipovolemia, Drogas nefrotóxicas, Contraste iodado,
IECA e BRAII, Pielonefrite aguda, Nefropatia obstrutiva
DRFT (Estágio V):
o TFG < 15 ml/min, Uréia > 120-180 mg/dl e Creatinina > 6-8 mg/dl
o Diálise
IECA ou BRAII
Restrição de proteínas, fosfato, sódio, água e potássio
Carbonato de cálcio / Sevelamer
Eritropoietina recombinante
Vitamina D oral (Calcitriol)
o Transplante renal
Diálise
Aspectos fisiológicos:
Remoção de toxinas: Escórias nitrogenadas com peso molecular abaixo de 200
daltons.
Controle eletrolítico e ácido-básico: A solução de diálise contém sódio, cálcio, cloro,
potássio, magnésio, glicose e acetato.
Ultrafiltração: É a remoção de líquido durante a diálise.
Hemodiálise:
Acessos:
o Urgência: Acesso venoso profundo (subclávia, jugular ou femoral) com cateter
de dupla luz.
A veia de escolha é a jugular interna, de preferência à direita. Na
maioria das pessoas ela é mais calibrosa que a esquerda. A veia
femoral é sujeita à infecções da pele do individuo. A taxa de estenose
na veia subclávia após 15 dias chega em 50%, dificultando a confecção
de fístulas arteriovenosas ipsilateral.
Complicações: pneumotórax, enfisema subcutâneo, hemotórax, lesão
arterial, embolia gasosa, embolia por ponta de cateter,
posicionamento errado do cateter.
Diálise Peritoneal:
Acessos:
o Uremia aguda: Instala-se um cateter próprio dentro da cavidade peritoneal,
por punção percutânea, geralmente na linha mediana, 2 cm abaixo da cicatriz
umbilical.
o IRC: O acesso à cavidade peritoneal deve ser permanente com a colocação de
um cateter de Tenckoff.
Métodos:
Pode ser realizada em hospital ou em caráter ambulatorial. O método de DP
realizado no hospital é feito para pacientes com IRA ou IRC agudizada e para
pacientes com IRC que não tem condições socioeconômicas ou educação
adequada para controlar uma DP ambulatorial.
Uremia aguda:
o Pode levar ao óbito por encefalopatia, sangramento, tamponamento cardíaco,
edema agudo de pulmão, hipercalemia e acidose metabólica.
o Nos casos de IRA com piora progressiva da função renal, a diálise deve ser
indicada antes do aparecimento destas situações, geralmente quando há
oligoanúria ou um rápido aumento da uréia e creatinina (> 10 mg/dl).
o O método dialítico de escolha pode ser a HD ou a DP. A HD convencional não é
bem tolerada em pacientes com instabilidade hemodinâmica. A DP é mais bem
tolerada nesses pacientes, mas perde eficácia nos casos em que a perfusão
peritoneal está comprometida. Atualmente o método escolhido é a HD
continua.
Uremia crônica:
o O ideal é que a diálise seja iniciada antes dos sintomas urêmicos.
o Nos pacientes diabéticos, a diálise precoce diminui a progressão das
complicações da doença como retinopatia, neuropatia, gastropatia e
microangiopatia.
o Atualmente coloca-se o paciente em diálise quando a TFG está abaixo de 10-
15 ml/min ou a cretinina plasmática em torno de 10 mg/dl.
O transplante renal é melhor que a diálise. Pacientes transplantados, mesmo os de maior idade,
apresentam maior sobrevida e melhor qualidade de vida que pacientes com perfil semelhante que
permanecem em programa de diálise.
Não há diferença na incidência de rejeição quando o doador é uma pessoa viva ou cadáver, devido ao
uso de imunossupressores eficazes.
Há diferença na durabilidade do enxerto quando o doador é vivo ou cadáver. Os rins de cadáver tem
probabilidade de sofrer períodos mais prolongados de isquemia, o que tende a causar lesões
parenquimatosas irreversíveis.
O transplante renal não é considerado como sendo uma “grande cirurgia”. O enxerto é colocado na
fossa ilíaca direita. As anastomoses vasculares são feitas com artéria e veia ilíacas externas, e o ureter é
diretamente anastomosado na bexiga. Os pacientes costumam receber alta em 5 dias.
Os principais critérios de elegibilidade para receber um transplante renal são: expectativa de vida > 5
anos e ausência de contra-indicações absolutas. Idade, transplante renal prévio e doença renal de base
não são contraindicações.
São contra-indicações absolutas: Expectativa de vida reduzida, câncer, infecção ativa sem tratamento,
psicose grave, abuso e dependência de álcool ou drogas ilícitas.
São contra-indicações relativas: infecção ativa em tratamento, doença coronariana, hepatite crônica,
infecção pelo HIV, ulcera péptica em atividade, doença cerebrovascular e má aderência ao tratamento.
A tipagem sanguinea ABO, HLA classes I e II e a prova cruzada entre o soro do receptor e linfócitos do
doador são testes que podem ser feitos para avaliar a compatibilidade tecidual entre receptor e
doador.
Os pré-requisitos para ser um doador vivo são: exame físico normal, mesmo grupo ABO, HLA
compatível, arteriografia renal sem anormalidades.
Os pré-requisitos para ser um doador cadáver são: ausência de câncer, hepatite crônica, HIV, pacientes
idosos e com IRC.
O tratamento imunossupressor após o transplante aumenta o risco de câncer em cerca de 100 vezes o
da população geral. Cerca de 5% dos transplantados renais desenvolvem alguma neoplasia. As
principais são: pele, lábios, CA de colo uterino e linfoma na-Hodgikin.
Complicações:
Peritransplante(1° mês): Infecção da ferida cirúrgica, reativação de herpes simples, candidíase
orofaríngea, ITU.
Precoces (do 1° ao 6° mês): Pneumocistose, Citomegalovirose, Legionelose, Hepatites B e C.
Tardias ( após o 6° mês): Aspergilose, Reativação de herpes zoster e Hepatites B e C.