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Analgésicos Opioides

e
Anestésicos Locais

Professor Davi Campos La Gatta


Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Campo Grande
2021
Definição de dor

Experiência sensorial e/ou emocional desagradável


associada à dano tecidual potencial ou real

Associação Internacional para Estudos da Dor- IASP


Fisiologia do Sistema Nociceptivo

Nocicepção: mecanismo de transmissão de estímulos


nocivos periféricos para o SNC

1) Neurônio aferente primário


2) Neurônio aferente secundário
3) Tálamo
4) Córtex somatosensorial

Via ascendente da dor


Nervos Sensitivos

Nervo aferente
primário

Fibras Aβ Fibras Aδ Fibras C


Mielínicas: condução rápida Mielínicas: condução rápida Amielínicas: condução lenta
Baixo limiar de disparo Alto limiar de disparo Alto limiar de disparo
Estímulos táteis Estímulos dolorosos Estímulos dolorosos
Dor fisiológica
ou Dor patológica
nociceptiva
Fisiologia do Sistema Nociceptivo
Via ascendente da dor

Percepção da dor
D

D- Córtex somatosensorial
Via ascendente da dor

C-Tálamo
(região de integração no SNC)

B- Neurônio aferente secundário Fibras Aδ e C


(corno dorsal da medula espinhal)

A-Neurônio aferente primário


(nociceptores – Fibras C e Aδ) Neurônio
aferente secundário
(Nociceptor)

1) Estímulo doloroso

Potencial de ação no nociceptor

2) Despolarização do nociceptor

3) Abertura de canais de Ca no
terminal nervoso: liberação de
glutamato

4) Estímulo do neurônio aferente


secundário
Resumindo

Percepção da dor

Córtex somatosensorial

Tálamo

Liberação de glutamato no
neurônio secundário (corno dorsal da medula)

Estímulo Neurônio aferente primário


nociceptivo (nociceptores – Fibras C e Aδ)
Dor patológica

Sensibilização dos nociceptores


Redução do limiar das fibras C

Dependente da produção de mediadores


inflamatórios no local do estímulo doloroso

Citocinas
Bradicinina
Prostaglandinas

Alodinia
Ativação da via da dor
Dor patológica

Dor inflamatória Dor neuropática

-Caracterizada por lesão de tecido -Caracterizada por lesão de


ósseo, muscular e ligamentar nervos nociceptivos ou no SNC

Formação de “neuromas”
-Ausência de lesão em tecido nervoso

Dor mista
Dor disfuncional
-Caracterizada por lesão de tecido
-Ausência de lesão tecidual ou nervosa
ósseo, muscular, ligamentar,
aparente
nervos nociceptivos ou no SNC
Mecanismos endógenos de analgesia
Via descendente da dor

Córtex somatosensorial

Mesencéfalo

Tronco encefálico

Medula espinhal

Neurotransmissores???

Inibição dos neurônios Fibras Aδ e C


de 1ª e 2ª ordem

Controle da dor: analgesia


Mecanismos endógenos de analgesia
Via descendente da dor

Neurotransmissores envolvidos na via descendente da dor

Noradrenalina

Serotonina

Endorfinas
Opióides
Dinorfinas
endógenos
Encefalinas
Receptores de opióides endógenos
Papel dos receptores de opióides na analgesia

Neurônios da
via descendente
Localização dos receptores μ

1) Terminação do neurônio
aferente primário
Opióides
2) Corpo celular do neurônio endógenos
de segunda ordem μ

Ações celulares

Inibem canais de Ca
Estimulam canais de K μ

Inibição da transmissão
nos neurônios da via ascendente
Fármacos analgésicos opióides

Fármacos analgésicos opioides

Mimetizam a ação dos opioides endógenos

São substâncias agonistas de receptores opioides µ


Fármacos analgésicos opióides
Ópio: palavra derivada do grego  suco

Analgésicos opióides: produtos naturais obtidos do suco da papoula


Papaver somniferum

3400 anos a.C.: sumérios  assírios, babilônicos e egípcios: propriedades euforizantes do ópio

1550 anos a.C.: Papiro de Ebers: tratamento de cefaleia e sedação


Fármacos analgésicos opióides
Fármacos analgésicos opióides
Exemplos

1-Opióides fortes
Morfina, hidromorfona, oximorfona, Fentanila, Sulfentanila,
Remifentanila, Petidina, Metadona, Meperidina

2-Opióides leves a moderados


Codeína, hidrocodona, oxicodona, tramadol

3-Opióides com baixa atividade analgésica


Difenoxilato, loperamida
Fármacos analgésicos opióides
Farmacocinética
Vias de administração: intravenosa, intramuscular, subcutânea,
transdérmica (adesivos)
Via oral

Metabolismo de primeira passagem

Baixa biodisponibilidade por via oral


Dose oral >>>>>>>>>> Dose parenteral

Exceções: codeína, oxicodona


Mecanismo de ação μ Reduzem a liberação de
transmissores do neurônio
aferente primário

Reduzem a geração de impulsos


nos nociceptores

Agonistas de receptores
opióides μ

Potencialização dos efeitos
dos opióides endógenos
μ

Reduzem o disparo do neurônio


aferente secundário
Efeitos dos analgésicos opióides
Resumo

-Inibição da geração de impulsos periféricos nos neurônios aferentes primários

-Inibição da liberação de neurotransmissores excitatórios na medula

-Inibição do disparo de neurônios aferentes secundários

Elevada potência analgésica


Fármacos Analgésicos Opióides
Usos clínicos

Dor moderada a intensa: câncer e outras doenças terminais, traumatismos ósseos


Âmbito hospitalar: via intravenosa, subcutânea ou intramuscular
Âmbito ambulatorial: morfina, codeína (comprimidos), fentanila (adesivos)

Dor aguda e intensa: cólica renal, intestinal e biliar

Adjuvantes em anestesia geral

Tosse: codeína
Redução da atividade do centro da tosse

Diarreia: difenoxilato e loperamida


Ativação de receptores μ nos neurônios do TGI: diminuem a motilidade

Dor neuropática????
Fármacos Analgésicos Opióides
Efeitos adversos
1-Toxicidade com uso crônico

Diacetilmorfina
Heroína Tolerância farmacológica

Dependência  síndrome de abstinência

2-Toxicidade com uso agudo

Euforia, sedação

Depressão cardiorrespiratória: receptores opióides no bulbo

Náuseas e vômitos: receptores opióides no centro do vômito

Constipação

Prurido: aumento da liberação de histamina nos mastócitos


Fármacos Analgésicos Opióides
Tratamento de intoxicação por opioides

Mecanismo de ação: antagonista de receptores μ-opioides


Anestésicos Locais
Anestésicos locais
Histórico
-Final do século XIX:
Descoberta das propriedades anestésicas da cocaína

Índios dos Andes: mastigavam macerados das folhas da


Planta
 propriedades estimulantes e euforizantes
 produção de dormência na língua
Erythroxylum coca
-1860:
Albert Niemann: isolamento da cocaína

-1884:
Carl Koller: introduziu a cocaína como anestésico tópico para cirurgias oftalmológicas.
 Halstead: uso de cocaína injetada para outros procedimentos cirúrgicos.

-1892: toxicidade e potencial de abuso da cocaína


 Einhorn: síntese da procaína.
Anestesia local

Perda de sensibilidade em uma região limitada do corpo

Os anestésicos locais bloqueiam transitoriamente a


transmissão de impulsos nervosos em neurônios
sensitivos determinando a perda de sensações
Transmissão do impulso nervoso

3) Repolarização da membrana:
1)Potencial de repouso: abertura de canais de K→saída de
Membrana polarizada K  retorno ao potencial de
Lado externo: positivo repouso da membrana
Lado interno: negativo

2) Potencial de ação:
abertura de canais de Na sensíveis
à voltagem→ entrada de Na e
despolarização da membrana
Anestésicos locais
Mecanismo de ação

Abertura de canais de Na: essenciais à geração e transmissão


do impulso nervoso
Na+
Ext

++ ++ -- --

-- ++ ++
Int
Anestésico Local

Anestésicos locais: bloqueiam os canais de Na sensíveis à voltagem


Impedem a geração e a propagação de impulsos nervosos

Perda transitória de sensações mecânicas, térmicas e dolorosas


Anestésicos locais
Ação curta
Cocaína
Procaína
Tetracaína
Benzocaína
Altamente suscetíveis à hidrólise por esterases plasmáticas
e hepáticas  rapidamente inativados: ação curta

Anestésicos locais
Ação longa
Lidocaína
Mepivacaína
Bupivacaína
Ropivacaína

Mais estáveis: meia-vida maior


Metabolismo hepático  enzimas de Fase1
Anestésicos locais
Efeitos tóxicos
Neurotoxicidade Cardiotoxicidade

Efeitos estimulatórios

Bloqueio de neurônios inibitórios Arritmia cardíaca, diminuição da
Tremor, agitação e convulsões excitabilidade e contratilidade cardíaca,
Altas doses: depressão cardiorrespiratória parada cardíaca

Vasodilatação: bloqueio de neurônios simpáticos que inervam as arteríolas


Favorece a absorção e distribuição dos anestésicos locais  toxicidade

Associação com vasoconstritores: adrenalina, noradrenalina, fenilefrina


Reduz a absorção do anestésico  diminuição dos efeitos sistêmicos tóxicos
Anestésicos locais
Aplicações clínicas

-Procedimentos cirúrgicos de pequeno e médio porte


Colírios, anestesia epidural, raquianestesia, anestesia de mucosas,
procedimentos odontológicos

-Lidocaína em gel: cateterismo vesical, sondagem enteral e nasogástrica

-Arritmia cardíaca
(emergência-lidocaína)

-Remoção de pontos gatilhos (Síndrome Dolorosa Miofascial)


Mistura eutética de anestésicos locais (2,5%prilocaína/2,5%lidocaína)

-Dor neuropática (adesivos transdérmicos de lidocaína)

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