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Avaliação da dor

Profª. Ma. Ana Paula Machado Silva


Dor

A dor é conceituada, segundo a Internacional Association


for the Study of Pain (IASP)1 como uma experiência
sensorial e emocional desagradável associada a uma
lesão real ou potencial dos tecidos, ou descrita em termos
de tal dano.

Quando o indivíduo não consegue se comunicar


verbalmente, isto não nega a sua possibilidade de estar
sentindo dor e a sua necessidade de tratamento
adequado de alívio da dor.
A expressão da dor varia não somente de um
indivíduo para outro, mas também de acordo
com fatores neurofisiológicos e hormonais,
estratégias de enfrentamento situacionais e
psicológicas e diferentes culturas, o que, de certa
forma, pode afetar a sua magnitude.
Classificação da dor quanto ao tempo
de duração
Dor aguda

É aquela que em geral inicia-se com uma lesão ou injúria,


associada a afecções traumáticas ou inflamatórias, com
duração curta e limitada, que muda constantemente e
tem impacto na vida diária.
A dor aguda tem um tempo de vigência de um a
três meses, e quando não aliviada, possui muitas
repercussões tais como: taquicardia, arritmias,
diminuição da saturação de oxigênio e da oferta
de oxigênio aos tecidos, agitação, sudorese,
aumento do trabalho cardíaco, aumento da
pressão arterial, risco de sangramento, aumento
da contração muscular, ansiedade e medo.
Dor crônica

Ocorre quando o próprio mecanismo para dor


não funciona adequadamente, ativando muitas
vias neuronais por um período prolongado,
levando a cronificação da dor.

A dor crônica persiste além do período esperado


de uma doença ou injúria. A literatura aponta um
tempo igual ou superior a três meses da vigência
da dor.
A dor pode modificar seu caráter de aguda para crônica
devido a alguns fatores desencadeante, tais como:

 o subtratamento da dor,
 a subavaliação,
 o reduzido uso de opióides,
 a inadequada formação de profissionais de saúde,
crenças e valores errôneos diante do quadro de dor e
analgesia,
 a dificuldade em mensurar a dor
 ou a não sistematização da avaliação.
A ocorrência de dor, especialmente a crônica,
além de gerar estresses físicos e emocionais para
os doentes e para seus cuidadores, é
considerada um problema de saúde pública,
causador de morbidade, absenteísmo ao
trabalho e incapacidade temporária ou
permanente, gerando elevados custos aos
sistemas de saúde.
Classificação da dor quanto à origem

Dor nociceptiva

Ocorre por dano tecidual gerando estímulo e


sensibilização dos nociceptores (receptores
sensíveis a um estímulo nocivo), liberando
substâncias algiogênicas nos tecidos e
neurotransmissores excitatórios no sistema
nervoso central (SNC).
Pode ser somática ou visceral.

 A dor somática é bem localizada, contínua, afetando


tecidos cutâneos e profundos.

 A dor visceral tem sua localização difusa, afetando


vísceras torácicas, abdominais e pélvicas. Caracteriza-
se por aperto, cólica, pontadas, dependendo da
víscera acometida, como, por exemplo, na pancreatite
aguda.
Dor neuropática

É aplicada a lesões das vias sensitivas do


SNC e periférico (SNP), decorrente da
compressão óssea em câncer, diabete
melito, infecção, doenças autoimunes.
Dor mista

É o tipo de dor mais comum. É ocasionada por


componentes nociceptivos e neuropáticos associados, tal
como em queimaduras.

Dor psicogênica

Dor localizada em nível cortical. Dor sem causa aparente,


relacionada com fatores psicológicos e nenhum
mecanismo nociceptivo ou neuropático associado.
Classificação da dor quanto à intensidade

Sem dor, dor leve, dor moderada ou dor intensa.

As organizações de saúde, ao reconhecerem a importância do


tratamento da dor, organizaram cursos de treinamento e
estabeleceram padrões de avaliação e protocolos de
tratamento.

Uma das ações que têm sido popularmente empregadas para


alertar a classe profissional e chamar a atenção para a dor do
doente é a expressão conhecida como “Dor: o 5º Sinal Vital”
A dor considerada como o quinto sinal vital é a avaliação
sistematizada e rotineira do sintoma da dor, que deve ser realizada
juntamente com a mensuração dos sinais vitais.

Por ser subjetiva, não existe um instrumento, tal qual um termômetro


ou um esfigmomanômetro, para mensurá-la.

O relato pessoal é o padrão de medida válido para avaliar a dor do


indivíduo.

Atualmente, existem ferramentas consolidadas na literatura que


podem ser aplicadas, permitindo sua mensuração.
DOR AGUDA DOR CRÔNICA
Possui intenção de cura Não possui intenção de cura
Possui função de alerta Perdeu a característica de função de alerta

Pode produzir alterações O indivíduo sofre adaptação


neurovegetativas e humorais neurovegetativas e humorais
Envolve fatores emocionais, culturais,
psicossocioculturais, entre outros.
O tratamento da dor deve ser O tratamento é progressivo, pois esse tipo
agressivo, buscando o maior alívio de dor já não se relaciona a uma lesão
possível. propriamente dita a ser reparada (exceto
dor oncológica ou agudização de uma
dor); a abordagem exige atenção
multiprofissional.
A dor tende a diminuir sua A dor persiste com o tempo, podendo durar
intensidade dolorosa com o tempo, meses ou anos; a dor transforma-se na
de acordo com a cicatrização da própria doença e gera incapacidades.
lesão.
Padrões mínimos necessários para a
avaliação da dor
 Quando iniciou a dor? De que forma ela apareceu?
 A dor é contínua? Ou intermitente?
 Qual o período do dia em que ela piora?
 Como é sua dor?
 Qual é a intensidade da dor?
 Onde dói?
 Que fatores aliviam a dor?
 Que fatores pioram a dor?
Escalas de mensuração da dor

Escala de categoria numérica: é uma das escalas mais utilizadas na prática


clínica para avaliar a intensidade da dor. O paciente estima sua dor em uma
escala de 0 a 10, sendo 0 (zero) representando “sem dor” e 10 representando
“a pior dor imaginável”.

Essa avaliação deve ser realizada na consulta inicial e durante todo o


processo de tratamento. A classificação utilizada é a seguinte:
 0 = sem dor
 1-3 = dor leve
 4-6 = dor moderada
 7-10 = dor intensa
Escala com descritores verbais: esta escala possui cinco
descritores verbais: sem dor, dor leve, dor moderada, dor
intensa e dor insuportável, em que o paciente indica a
intensidade de sua dor.

Sem dor Dor Dor Dor


Dor Leve moderada intensa insuportável
Escala com descritores visuais (Escala Facial de Dor [Face
Pain Scale], Escala de Faces de Wong-Baker: estas escalas
utilizam de 6 a 8 expressões faciais para refletir a
magnitude da intensidade da dor.

O paciente seleciona a expressão facial que é consistente


com seu atual nível de dor. São mais utilizadas para
crianças em idade pré-escolar e escolar.
Escala para doentes com dificuldade
de comunicação

Nestes casos, a dor pode ser identificada


por meio de sinais comportamentais ou
fisiológicos.
Sinais que podem sugerir a presença de dor
COMPORTAMENTAIS FISIOLÓGICOS
Expressão facial de sofrimento (observar faces de Taquicardia
dor)
Gemidos, choro, agitação/inquietação, Hipertensão arterial
movimentação dos membros (mesmo após
medidas de conforto)
Dificuldade ou diminuição da ventilação Taquipneia
mecânica
Alteração do padrão do sono e do apetite Queda na saturação de
oxigênio
Imobilidade ou diminuição da mobilidade, Arritmias cardíacas
postura de proteção
(evitando movimentação mesmo durante os
cuidados), reflexo de retirada da área dolorosa
com a manipulação
Escala comportamental de dor
Útil para observar a presença de dor e quantificá- la para aqueles doentes
críticos sob ventilação mecânica, inconscientes ou sedados.

A escala possui três domínios, que consistem em: expressão facial, movimento
de membros superiores e aceitação da ventilação mecânica.

Sua pontuação varia de 3 (ausência de dor) a 12 (pior dor imaginada).Na


prática, considera-se presença de dor quando se obtém uma pontuação ≥ 6,
embora não haja evidência científica suficiente para tal informação ou para
realizar a estratificação da dor (leve, moderada ou intensa).

Esta escala foi traduzida para a língua portuguesa, mas não validada para a
nossa realidade até o momento.
ITEM DESCRIÇÃO ESCORE
Expressão facial Relaxada 1
Parcialmente franzida (p. ex., testa 2
franzida)
Totalmente franzida (p. ex., 3
pálpebras firmemente fechadas)
Semblante fechado ou caretas 4
Movimentos Imóveis 1
dos membros Parcialmente tensos, curvados ou 2
superiores inclinados
Totalmente tensos, com flexão dos 3
dedos
Permanentemente retraídos 4
Conformidade Boa tolerância à ventilação 1
com o ventilador mecânica
Tosse aos movimentos respiratórios 2
Assincronia com o ventilador 3
Intolerância à ventilação mecânica 4

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