Você está na página 1de 58

Avaliação da

Dor
Dor: 5º Sinal Vital
Dor - Definição
 Uma sensação corporal desconfortável, referência subjetiva
de sofrimento, expressão facial característica, alteração do
tónus muscular, comportamento de autoproteção, limitação
do foco de atenção, alteração da perceção do tempo, fuga
do contacto social, comportamento de distração,
inquietação e perda de apetite, compromisso do processo
de pensamento.

(CIPE) , 2006, p.210


Dor - Definição
 Dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável
associada a lesão tecidual real ou potencial;

 Nos últimos anos, a dor tem sido contextualizada como uma


experiência individual subjectiva e multidimensional.

 Factores fisiológicos, sensoriais, afectivos, cognitivos,


comportamentais e socioculturais intervêm e contribuem
para a sua subjectividade

Ordem dos Enfermeiros


Dor - Definição
 European Pain Federation (2016) define a dor como uma perceção
particular que surge no cérebro consciente, normalmente em
resposta a um estímulo nocivo, mas, por vezes, na ausência desse
estímulo.

 A relação da perceção ao estímulo é variável e depende de


expectativas e crenças prévias do indivíduo, bem como do seu
estado cognitivo e emocional e não apenas sobre a natureza do
próprio estímulo.
Anatomia e Fisiologia da Dor
Anatomia e Fisiologia da Dor
Dor - Definição

 A dor é um fenómeno comunicacional, subjetivo.

 Há que acreditar no doente!

 Não acreditar condiciona um sub-tratamento.


Dor: 5º Sinal Vital

Papel do Enfermeiro
 Os enfermeiros deparam-se constantemente com múltiplas situações de
doença em que a dor é uma resposta frequente.

 O seu controlo inadequado poderá influenciar o sucesso de todo o


processo de tratamento e transição do estado saúde-doença, pelo
sofrimento provocado, tendo um impacto negativo na vida da pessoa.
Dor: 5º Sinal Vital

Papel do Enfermeiro
 No âmbito das suas competências nos domínios da prática profissional,
ética e legal e do desenvolvimento profissional, o enfermeiro toma por
foco de atenção a dor contribuindo para a satisfação do doente, o bem-
estar e o autocuidado.

 Enquanto profissionais privilegiados pela proximidade e tempo de


contacto, os enfermeiros encontram-se numa posição relevante para
promover e intervir no controlo da dor. (Regulamento n.º 190/2015)
Classificação da Dor

Aguda
Temporal

Crónica

Dor
Nociceptiva

Fisiopatológica Neuropática

DGS 2008, Grunenthal,sd; Lopes 2003 Psicogénica


Classificação da dor
Dor Aguda
 É designada por aquela que se manifesta durante um período de tempo
relativamente curto.

 Pode durar minutos a algumas semanas e, em geral esta associada a lesões


em tecidos ou órgãos, ocasionadas por inflamação, infeção, traumatismo
ou outras causas.

 A dor aguda não controlada a tempo pode trazer várias complicações,


podendo mesmo passar de dor aguda a dor crónica.
Classificação da dor
Dor Crónica
 De acordo com a DGS (2001, pág. 5) dor crónica define-se como quando a
sua duração seja igual ou superior a 6 meses.

 As queixas dolorosas podem ocorrer em qualquer parte do corpo e muitas


vezes o doente não consegue identificar o local da dor, e muitas vezes não
conseguem identificar quando começou a vivenciar esta sensação/
desconforto.
Classificação da dor
Dor Nociceptiva
 Resulta de situações em que ocorre lesão tecidular e/ou alterações
inflamatórias evidentes.

 Ocorre uma excitação direta dos nociceptores periféricos somáticos ou


viscerais, sem que exista uma lesão das estruturas nervosas.

 Este tipo de dor pode ter a sua origem na pele e no tecido subcutâneo (dor
superficial), nos músculos e nos ossos (dor somática profunda) e nos órgãos
(dor visceral). Direção-Geral da Saúde, 2001; International Association for the Study of Pain citado por Magalhães, 2015
Classificação da dor
Dor Neuropática
 É causada por um compromisso neurológico, sem lesão tecidular ativa
(Direção-Geral da Saúde, 2001).

 Esta dor é consequência da lesão ou disfunção do SNC ou periférico e pode


ser uma dor esporádica, crónica ou intermitente (International Association
for the Study of Pain como referido por Magalhães, 2015).
Classificação da dor
Dor Psicogénica
 Também designada como psicossomática, é um tipo de dor sem lesão
tecidular ativa e de origem psicossocial (Direção-Geral da Saúde, 2001).

 A International Association for the Study of Pain citado por Magalhães


(2015), considera esta dor de origem emocional, podendo ser
incapacitante e de difícil tratamento e, existir sem se identificar um
mecanismo nociceptivo ou neuropático.
Dor: 5º Sinal Vital

 Surgiu há cerca de 20 anos a ideia de tornar a dor visível,


valorizando-a como 5º SINAL VITAL.

Tensão Frequência Frequência


Arterial Cardíaca Respiratória
Temperatura Dor
Dor: 5º Sinal Vital

 Aprovado por despacho Ministerial de 26/03/2001, criou o Plano


Nacional de Luta contra a Dor.

 Foi o modelo organizacional definido para desenvolver nos


serviços de saúde.

 Continha orientações técnicas na promoção de boas praticas na


abordagem da dor.

 Com o objetivo das organizações de saúde


proporcionarem, ao maior número possível de
doentes, o alívio da dor aguda ou crónica de
qualquer causa.
Dor: 5º Sinal Vital

 Circular Normativa nº 09 de 14.06.2003 (Direção Geral de Saúde)

Implementação da dor como 5º sinal vital em todos os serviços prestadores de


cuidados de saúde e o registo sistemático da intensidade da Dor.
Dor: 5º Sinal Vital
 A Dor é um sintoma que acompanha, de forma transversal,
a generalidade das situações patológicas que requerem
cuidados de saúde.

 O controlo eficaz da Dor é um dever dos profissionais de


saúde, um direito dos doentes que dela padecem e um
passo fundamental para a efectiva humanização das
Unidades de Saúde.

 O sucesso da estratégia terapêutica analgésica planeada


depende da monitorização da Dor em todas as suas
vertentes.
Dor: 5º Sinal Vital

 O registo sistemático da intensidade da Dor.

 A utilização para mensuração da intensidade da


Dor, de uma das seguintes escalas validadas
internacionalmente: “Escala Visual Analógica”
(convertida em escala numérica para efeitos de
registo), “Escala Numérica”, “Escala Qualitativa”
ou “Escala de Faces”.
Avaliação da Dor

 A avaliação é fundamental para o controlo da dor;


 Dor é aquilo que a pessoa que a experiencia diz que é, existindo sempre que
ela diz que existe;
 Assim, recomenda-se:
1. Reconhecer que a pessoa é o melhor avaliador da sua própria dor;
2. Acreditar sempre na pessoa que sente dor;
3. Privilegiar o auto-relato como fonte de informação da presença de dor na pessoa
com capacidades de comunicação e com funções cognitivas mantidas
Avaliação da Dor

f) Impacto emocional, sócio-económico e espiritual da dor;


g) Sintomas associados;
h) Descrição do uso e efeito das medidas farmacológicas e não farmacológicas.
6) Escolher os instrumentos de avaliação de dor atendendo a: tipo de dor;
idade; situação clínica; propriedades psicométricas; critérios de
interpretação; escala de quantificação comparável; facilidade de aplicação;
experiência de utilização em outros locais;
7) Avaliar a intensidade da dor privilegiando instrumentos de auto-avaliação,
considerando a ordem de prioridade: • Escala Visual Analógica (EVA); •
Escala Numérica (EN); • Escala de Faces (EF); • Escala Qualitativa (EQ).
8) Assegurar a compreensão das escalas de auto-relato pela pessoa / cuidador
principal / família, após ensino.
Dor: 5º Sinal Vital

Papel do profissional de saúde

Tornar a dor visível

 Observar e dialogar com o doente (história clínica específica da


dor)

 Utilizar instrumentos de avaliação da dor

 Registar os dados colhidos


Dor: 5º Sinal Vital

 A avaliação da intensidade da Dor pode efetuar-se com recurso a


qualquer das escalas propostas:
 Escala Numérica

 Escala Qualitativa

 Escala Visual Analógica

 Escala de Faces
Dor: 5º Sinal Vital
Dor: 5º Sinal Vital
Dor: 5º Sinal Vital

 Escala Numérica
Dor: 5º Sinal Vital

 Escala Numérica - Ensinos

 Enfermeiro deve questionar o doente quanto ao seu grau de dor


sendo que:

0 significa ausência total de dor

 10 o nível de dor máxima suportável pelo doente.


Dor: 5º Sinal Vital
 Escala Numérica - Ensinos
 Dicas sobre como interrogar o doente:
• Tem dor?
• Como classifica a sua dor? (deixe o doente
falar livremente).

 Questione-o:
 a) Se não tiver dor, a classificação é zero.
 b) Se a dor for moderada, o nível de
referência é cinco.
 c) Se for intensa, o nível de referência é
dez.
Dor: 5º Sinal Vital

 Escala Visual Analógica


Dor: 5º Sinal Vital

 Escala Visual Analógica

 A Escala Visual Analógica consiste numa linha horizontal, ou vertical,


com 10 centímetros de comprimento, que tem assinalada numa
extremidade a classificação “Sem Dor” e, na outra, a classificação
“Dor Máxima”.
Dor: 5º Sinal Vital
 Escala Visual Analógica
 O doente terá que fazer uma cruz, ou um traço perpendicular à linha, no
ponto que representa a intensidade da sua Dor.

 Há, por isso, uma equivalência entre a intensidade da Dor e a posição


assinalada na linha recta.

 Mede-se, posteriormente e em centímetros, a distância entre o início da


linha, que corresponde a zero e o local assinalado, obtendo-se, assim,
uma classificação numérica que será assinalada na folha de registo.
Dor: 5º Sinal Vital
 Escala Visual Analógica
Dor: 5º Sinal Vital
 Escala de Faces
Dor: 5º Sinal Vital
 Escala de Faces
 Na Escala de Faces é solicitado ao doente que classifique a intensidade da
sua Dor de acordo com a mímica representada em cada face desenhada,
sendo que:
• À expressão de felicidade corresponde a classificação “Sem Dor”

• À expressão de máxima tristeza corresponde a classificação “Dor Máxima”.

 Regista-se o número equivalente.


Dor: 5º Sinal Vital
 Escala Qualitativa
Dor: 5º Sinal Vital
 Escala Qualitativa
 Solicita-se ao doente que classifique a intensidade da sua Dor de acordo
com os seguintes adjetivos:
• Sem Dor
• Dor Ligeira
• Dor Moderada
• Dor Intensa
• Dor Máxima
• Estes adjetivos devem ser registados na folha de registo.
Dor: 5º Sinal Vital
 Escala numérica/Escala qualitativa (Proposta pela circular normativa nº 09 da
DGS de 14.06.2003

O modelo mais consensual:

 Fácil aplicabilidade

 Fácil perceção pelo doente e pela equipa interdisciplinar


Dor: 5º Sinal Vital

O grande desafio de combate à dor

AVALIAÇÃO DA DOR

Estabelecimento de uma linguagem própria entre o profissional de saúde


e o doente que possibilite a descodificação da experiência subjetiva da dor,
numa informação objetiva e visível com o objetivo do seu controlo.
Dor: 5º Sinal Vital

Ainda que a dor É mensurável e


seja sempre passível de ser
subjetiva registada
Dor: 5º Sinal Vital

 Embora raramente se morra de dor, muitos são os que morrem com ela,
sobretudo, os que com ela convivem diariamente.

 É imprescindível a colaboração e o empenho dos profissionais de saúde


para que a implementação da dor como 5º sinal vital torne-se realidade
Ações de enfermagem

 Providenciar os recurso para junto do cliente


 Lavar as mãos
 Instruir o cliente sobre o procedimento
 Posicionar o cliente ou assisti-lo a posicionar-se se necessário;
 Providenciar a escala de avaliação da dor ao cliente
 Solicitar ao cliente para assinalar a intensidae da dor na escala
 Assinalar no suporte de registo o nível de dor obtido
 Posicionar o cliente ou assisti-lo a posicionar-se, se necessário
 Lavar as mãos
 Registar na folha de sinais vitais ou no sistema informático
Registos

 Data e hora
 Diagnósticos de Enfermagem
 Intervenções de enfermagem
 Resultados obtidos
 Educação para a Saúde
Monitorização da
temperatura corporal
Temperatura Corporal

 A temperatura corporal é a produção de calor e os mecanismos de regulação e


manutenção da temperatura interna do organismo (termorregulação), que são
essenciais para manter a hemóstase (estabilidade fisiológica) sistémica.
 Valores abaixo de 35 ºC (hipotermia) ou acima de 38 ºC (hipertermia)
 A temperatura corporal normal situa-se entre os 36 e os 37º C. Contudo
depende:
 da pessoa e da sua idade
 da atividade desempenhada
 da altura do dia
 da parte do corpo em que está a ser avaliada a temperatura
Temperatura Corporal

 O controle da temperatura corporal humana é realizado pelo hipotálamo,


conhecido como termóstato biológico, uma porção pequena do encéfalo que
também está relacionado com o emocional, respostas sexuais, apetite e
regulação hídrica.
 Sinais enviados pelos termorreceptores localizados por toda a pele e a
temperatura do sangue que passa pelo hipotálamo descrevem a condição de
aquecimento do corpo.
 Se hipotermia, o centro de produção de calor do hipotálamo é ativado,
enviando estímulos elétricos através dos nervos simpáticos que causam a
vasoconstrição dos capilares da pele, reduzindo o fluxo de sangue superficial
e mantendo o calor do corpo nos órgãos localizados mais profundamente.
 Esse estímulo também contrai os músculos eretores dos pelos para criar uma
camada de ar que gera isolamento térmico. Também ocorrem estímulos
nervosos para a contração da musculatura, os chamados tremores, que
auxiliam a gerar calor no corpo.

 A exposição prolongada ao frio pode levar a uma regulação hormonal


controlada pelo hipotálamo, que induz a hipófise a secretar o hormónio
tireoestimulante (TSH) fazendo com que a taxa metabólica aumente e mais
calor seja produzido pelo corpo.
Temperatura Corporal

 Se hipertermia, o sangue que passa pelo hipotálamo está mais quente que o
normal, ativa-se o centro de perda de calor.
 Esta região inibe o centro de produção de calor, levando a vasodilatação dos
capilares superficiais da pele aumentando o fluxo sanguíneo, o que por muitas
vezes pode ser o suficiente para regular a temperatura.
 Caso o corpo continue quente, um sinal através dos nervos simpáticos
estimula as glândulas sudoríparas do corpo, causando sudorese.
 O suor tem a função de carrear água para fora do corpo e como este líquido é
um bom condutor de calor, a sua evaporação causa o arrefecimento do
organismo.
Febre

 A febre consiste na subida da temperatura de, pelo menos, 1º C acima da média da


temperatura habitual da pessoa. É uma resposta normal do organismo a várias
condições, sendo a mais frequente a infeção por vírus ou bactérias.
 A febre geralmente é uma resposta normal do organismo a uma infeção por vírus ou
bactérias.

 Existem outras causas comuns de febre, como:


 exposição a temperatura ambiente alta
 uso de roupas excessivamente grossas
 insolação (excesso de exposição ao sol)
 queimaduras solares
 prática de exercício físico excessivo para a condição física da pessoa

 A febre pode ainda surgir como reação a medicamentos/vacinas ou, mais raramente,
ser causada por doenças não-infecciosas.
Febre
 Nos adultos a febre provoca:
 suores
 arrepios
 dor de cabeça
 dores musculares
 perda de apetite
 desidratação
 fraqueza geral
 A febre mais alta pode ainda provocar:
 alucinações
 confusão
 irritabilidade
 convulsões
 desidratação
Termómetros
Digital
Termómetros
Mercúrio
Termómetros
Timpânico ou auricular
Ações de Enfermagem
 Providenciar os recursos para junto do cliente
 Lavar as mãos
 Instruir o cliente sobre o procedimento
 Posicionar o cliente ou assisti-lo a posicionar, se necessário
 Aplicar o termómetro de acordo com o local de avaliação e o tipo de
dispositivo
 Manter o termómetro aplicado durante o tempo recomendado para o tipo de
dispositivo utilizado
 Remover cuidadosamente o termómetro
 Descartar a cobertura, se necessário
 Limpar secreções remanescentes
Ações de Enfermagem
 Posicionar o cliente ou assisti-lo a posicionar-se, se necessário
 Apreciar o bem estar do cliente
 Assegurar a recolha e lavagem do material
 Lavar as mãos

Registos
 Data e hora
 Diagnóstico de enfermagem
 Intervenções de enfermagem
 Resultados obtidos
 Educação para a Saúde
Bibliografia

 Direção Geral da Saúde. A Dor como 5º sinal vital. Registo sistemático da


intensidade da dor. Circular normativa nº 9/DGCG. 14 de Junho de 2003.

 Ordem dos Enfermeiros. Guia Orientador de Boa Prática. Princípios da avaliação e


controlo da dor. 2008. Disponível em
http://www.ordemenfermeiros.pt/publicacoes/ Documents/cadernosoe-dor.pdf

 Cleeland C. Brief Pain Inventory. 1991.

 Dalal S, Del Fabbro E, Bruera E. J Palliat Med 2006;9:391-408


Bibliografia
 Direção Geral da Saúde | DGS, Programa Nacional para a Prevenção e Controlo da Dor Lisboa:
Direção-Geral da Saúde, (2017)

 file:///C:/Users/Utilizador/Desktop/Fundamentos%201%C2%BA/cadernosoe-dor.pdf

 https://www.infoescola.com/fisiologia/temperatura-corporal/

 https://www.sns24.gov.pt/tema/sintomas/febre/

Você também pode gostar