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INSTITUTO MÉDIO TÉCNICO PROFISSIONAL NJERENJE

Curso Laboral De Técnicos De Medicina Geral

Cadeira: Primeiros Socorros

Tema: Dor

Chimoio, Abril de 2022

2
INSTITUTO MÉDIO TÉCNICO PROFISSIONAL NJERENJE

Curso Laboral de Técnicos de Medicina Geral

Cadeira: Primeiros Socorros

Tema: Dor

Discentes:
Adriano Fernando Augusto
Cesária Nicola Agostinho
Humilde José Basílio
José Alves
Landinha da Isabel Jacinto
Loiçe Manuel Azarias
Princesa Priscila

Docente:
Pinto

Chimoio, Abril de 2022

3
Índice

Introdução........................................................................................................................................5

Objetivos..........................................................................................................................................6

Conceito básico da dor.....................................................................................................................7

Dor...................................................................................................................................................7

Classificação fisiopatológica da dor................................................................................................8

Neuropática......................................................................................................................................9

Sintomas de dor neuropática............................................................................................................9

Mista..............................................................................................................................................10

Qual a classificação de dor mista...................................................................................................10

Dor Psicologica..............................................................................................................................10

Tipos de dor...................................................................................................................................12

Dor disruptiva................................................................................................................................12

Dor nociceptiva..............................................................................................................................13

Dor psicossomática........................................................................................................................13

Dor idiopática................................................................................................................................13

Principais Características Da Dor..................................................................................................14

Intensidade.....................................................................................................................................14

Evolução........................................................................................................................................15

Duração..........................................................................................................................................15

Localização....................................................................................................................................15

Qualidade ou auto-relato................................................................................................................16

Grau de incapacitação....................................................................................................................16

Factores agravantes e aliviantes.....................................................................................................16

4
Manifestações associadas..............................................................................................................16

Controlo Da Dor............................................................................................................................16

Princípios básicos para o controlo da dor......................................................................................17

Princípios básicos do tratamento não farmacológico....................................................................18

Princípios básicos da terapêutica analgésica.................................................................................18

Níveis de tratamento da dor...........................................................................................................19

Nível I............................................................................................................................................19

Nível II...........................................................................................................................................20

Nivel III.........................................................................................................................................20

Conclusão......................................................................................................................................22

Referencias Bibliográficas.............................................................................................................23

5
Introdução

A dor faz parte do cotidiano da maioria das pessoas desde os primórdios de sua existência, e
quando esta não aparece, constitui-se um fator relevante de disfunção fisiológica, com graves
consequências para a segurança do indivíduo. Desta forma, o assunto dor, suscita muito interesse
aos estudiosos, tanto no que se refere ao esclarecimento de suas etiologias, quanto no que diz
respeito aos procedimentos destinados a seu controle.

A sensação de dor é bem variada e particular, pois depende da reação de cada um em traduzir as
lesões reais ou potenciais. Ela é provocada por um determinado estímulo, que afeta receptores
especializados em dor, e emitem uma resposta. Desta forma, a interpretação da dor varia de
indivíduo a indivíduo, assim como no próprio indivíduo, em diferentes momentos de sua vida,
sob diferentes circunstâncias.

A avaliação da dor é uma actividade que faz parte das competências dos profissionais de saúde
(médicos e enfermeiros) por ser indispensável à excelência dos cuidados de saúde. Contudo,
ainda existe alguma resistência por parte de alguns profissionais (enfermeiros, médicos) a esta
mudança. A dor é um desafio quer para o doente, quer para os profissionais de saúde,
principalmente quando se trata de dor crónica. Portanto para Melzack (1987) refere que a dor é
um desafio para o doente, uma vez que se deve encontrar meios médicos, científicos e
financeiros para controlar ou prevenir, da melhor forma possível a sua dor.

6
Objetivos

Geral:
 Descrever a dor.
Específicos:
 Conceituar a dor.
 Identificar os tipos de dor e suas caraterísticas.
 Classificar a dor.

7
Conceito básico da dor

Dor

A palavra dor deriva do latim da palavra “poena” e é definida como uma “sensação a qual
a pessoa experiencia desconforto, angústia, ou sofrimento devido a estímulos de nervos
sensitivos.” 1
A dor pode ser definida como “Efeito de um mal que o corpo experimenta.” Sendo assim, esta
definição pretende identificar três elementos presentes: uma sensação corporal, um mal-estar
emocional e uma actividade de evitamento. É uma sensação na medida em que a dor é
desencadeada por um sistema sensorial especializado de descodificação que informa o indivíduo
sobre o seu ambiente e sobre o estado do seu organismo.

A dor é uma emoção penosa e desagradável, que a partir do momento em que surge
suscita como primeira reacção a sua recusa. A componente comportamental da dor engloba um
conjunto de manifestações verbais e não verbais da pessoa, tais como queixas, gemidos,
mímicas, posturas anti-álgicas. A percepção da dor actual é influenciada pelo passado doloroso
do sujeito, pelas dores dos outros que ficaram na sua memória. 2

portanto é importante salientar a dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável


associada a lesão real ou potencial dos tecidos. A dor é experimentada por praticamente todas as
pessoas, e é geralmente o motivo de procura de cuidados de saúde, por parte dos utentes, pois
incapacita e angustia mais do que qualquer doença isolada.

Segundo a Internacional Association for the Study of Pain (1994), 7


dor é uma experiência
sensorial e emocional desagradável associada a uma lesão tecidular potencial ou real, ou cuja
descrição pode corresponder à existência de tal lesão. Esta definição significa que a dor pode
estar associada a uma lesão tecidual, ou a variáveis cognitivas ou emocionais onde a dor é

1
FREE, Mary Moore – Cross cultural conceptions of pain and pain control, Baylor

University Medical Center, Vol.15, Nº2, April 2002, p.143-145.

2
HACPILLE, Lucie – A Dor cancerosa e o seu tratamento, Instituto Piaget, Lisboa, 2000

8
independente de dano tecidual. 8A dor é um fenómeno somatopsíquico modulado pelo humor e
pelo moral do doente e pelo significado que a dor assume para o doente.

Classificação fisiopatológica da dor

Classifica-se em conformidade com os mecanismos fisiopatológicos que a originam, a dor pode


ser:
Nociceptiva
causada por lesão dos tecidos, mas a via nervosa está intacta (ex: furúnculo)

A dor nociceptiva pode ser somática ou visceral. Os receptores da dor somática estão localizados
na pele, tela subcutânea, fáscia, em outros tecidos conectivos, periósteo, endósteo e cápsulas
articulares. A estimulação desses receptores produz dor localizada aguda ou leve, mas a dor em
queimação não é rara se os tecidos cutâneos ou subcutâneos estiverem envolvidos. Os receptores
da dor visceral estão localizados na maioria das vísceras e no tecido conjuntivo circundante. A
dor visceral decorrente de obstrução de um órgão oco é mal localizada, profunda e espasmódica,
podendo ser referida a locais cutâneos distantes. A dor visceral decorrente de lesão em cápsulas
de órgãos ou outros tecidos conectivos profundos pode ser mais localizada e aguda.

Dor nociceptiva3 Os estímulos que provocam a activação dos nociceptores designam-se


nociceptivos ou nóxicos, e podem classificar-se em mecânicos, térmicos ou químicos. A
principal função dos nociceptores é transformar a energia patente nos estímulos nociceptivos em
impulsos nervosos, ou seja, potenciais de acção, e conduzi-los até à medula espinhal. Aquele
processo de conversão energética designa-se por transdução, e depende em grande parte de
propriedades específicas de canais iónicos e receptores presentes na membrana das terminações
periféricas dos nociceptores. Existem várias classificações dos nociceptores de acordo com a
modalidade de estímulo a que são sensíveis.

3
Castro-Lopes JM, Tölle TR, Pan B, Zieglgänsberger W. Expression of GAD mRNA in spinal cord neurons of normal
and monoarthritic rats. Mol Brain Res 1994;26:169-76

9
Neuropática

Neuropática: causada por lesão do sistema nervoso central ou periférico(ex: neuropatia


periférica)

A dor neuropática4 é causada por uma lesão ou disfunção dos nervos, da medula espinhal ou do
cérebro.

A dor neuropática pode resultar de Compressão de um nervo - por exemplo, por um tumor, um
disco que sofreu ruptura na coluna vertebral (causando dor lombar e/ou dor irradiada para a
perna) ou pressão sobre um nervo no pulso (causando síndrome do túnel do carpo)

Lesão dos nervos - como ocorre em doenças que afetam todo o corpo (como diabetes mellitus)
ou apenas uma ou algumas partes (como herpes zóster)

Processamento anormal ou interrompido de sinais da dor pelo cérebro e medula espinhal

O processamento da dor é anormal no caso de dor do membro fantasma, neuralgia pós-herpética


(dor após herpes zóster) e síndrome de dor regional complexa.

A dor neuropática pode contribuir para a ansiedade e/ou depressão. Ansiedade e depressão
também podem contribuir para a dor. A dor neuropática também pode desenvolver-se após uma
cirurgia, como a remoção de uma mama (mastectomia) ou cirurgia pulmonar (toracotomia).

Sintomas de dor neuropática

A dor neuropática parece uma sensação de formigamento, queimadura ou uma hipersensibilidade


ao toque ou ao frio. A hipersensibilidade ao toque é chamada alodinia. Até mesmo um toque leve
pode causar dor.

Algumas vezes, a dor neuropática é profunda e intensa.

Se o movimento é doloroso, as pessoas podem se tornar relutantes em movimentar a parte


dolorosa de seu corpo. Em tais casos, os músculos que controlam a parte dolorosa podem se
atrofiar e o movimento pode se tornar mais limitado.

4
BARROS, Newton – Manifestações clínicas da dor crónica e princípios do tratamento, Vol., Nº3, Out./Nov./Dez, In:
Dor diagnóstico e tratamento, Lisboa, 2004.

10
As pessoas continuam a sentir dor depois de resolvida a causa, uma vez que as estruturas no
sistema nervoso foram alteradas, tornando-as mais sensíveis à dor

Mista
Mista: causada por lesão dos tecidos e do sistema nervoso (ex: traumatismo)

A dor mista5, caracterizada pela combinação de dois ou mais mecanismos de dor (nociceptiva,
inflamatória ou neuropática) em uma mesma área do corpo, afeta a qualidade de vida de diversos
UTENTE.

“dor mista é a combinação de dois ou mais mecanismos de dor (nociceptiva,


neuropática ou nociplástica) em uma mesma área do corpo”

Dor mista – ocorre em pacientes que apresentam clinicamente uma sobreposição substancial de
sintomas nociceptivos e neuropáticos na mesma área do corpo. É uma dor persistente, que
apresenta outros sintomas em conjunto, como formigamento ou dormência.

Qual a classificação de dor mista


A dor pode ser classificada em aguda ou crônica, quando esta persiste por mais de três a seis
meses. E a dor mista pode ser um exemplo claro de dor crônica, caso não seja bem tratada em
sua fase aguda. Daí a importância do reconhecimento dos diferentes componentes da dor no
momento do diagnóstico com consequente tratamento dos mesmos para evitar a cronificação.

Dor Psicologica

 Psicogénica: a dor é gerada por processos psíquicos, não há nenhum componente orgânico
associado. (ex: relatos de dor num paciente psicótico)

A dor psicogénica é difícil de compreender e assim de tratar. Este tipo de dor não tem uma base
fisiológica, parece ser originada no estado psicológico do doente. Pode estar associada a
depressão ou de origem hipocondríaca ou histérica.6

5
AGUALUSA, Luís – Anti-inflamatórios não esteróides, a sua utilização na oncologia;
Cadernos de Anestesia e Terapêutica da Dor, editado por Duarte Correia; Clube de Anestesia Regional, Nº 3, 2006.
6
METZER, christiane (et al) – Cuidados de enfermagem e dor, Lusociência, Loures, 2002.

11
Os factores psicológicos7 na percepção e resposta à dor alcançam uma base cultural, experiência
prévia, ambiente social e crenças, atitudes e expectativas dos doentes perante a dor, sexo,
personalidade e estado emocional, bem como o profissional de saúde que administra o
tratamento.8
Um doente com um tumor na fase mais avançada da sua doença sofre e afecta-o
psicologicamente. Não passa só por um mal físico, mas de uma panóplia de circunstâncias que
acompanham a doença (perda da capacidade de trabalho, preocupações familiares, a incerteza do
futuro e angústia, o isolamento psicológico) percebe-se então, que mais útil que a “morfina”,
talvez seja uma explicação que elimine o medo, uma presença e atenção modere a pressão
emocional e não se sintam desamparados.
Na verdade um indivíduo recebe informação sobre a possibilidade de ter uma doença reage como
sendo um problema de modo a ficar motivado para a resolução desse problema e restabelecer o
seu estado de normalidade. Inicialmente surge a interpretação do problema e a sua resolução
depende da cognição que o indivíduo tem da doença. A identificação do problema de doença
também resultará em mudanças no estado emocional. A fase seguinte consta na identificação das
estratégias adequadas de coping.
Os processos psicológicos, assim como as experiências passadas e
cultura, influenciam na percepção e resposta à dor. Em alguns casos, a
mera verbalização assegura o término do processo doloroso e propicia 
alívio total. Portanto, a presença da dor pode ser determinada por
necessidades psicológicas pessoais específicas. Esse modelo sugere que a
ocorrência de dor seja modificada por processos psicológicos que agem
no sentido  modulador Filho (1992, p.170):

7
PIMENTA, Cibele Andrucioli de Mattos – Dor crónica, terapia cognitiva comportamental e o Enfermeiro, Nº 28, In
Revista Psiquiatria Clínica, São Paulo, 2001. p. 288-294.
8
ADAMS, Nicola; FIELD, Linda – Aspectos psicológicos e sociais, Nº169, In: Nursing, Setembro 2002

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Tipos de dor

Embora nalgumas vezes não seja possível a distinção entre os tipos da dor num mesmo paciente,
os principais tipos da dor são:

Dor somática: é a forma de dor nociceptiva decorrente da lesão dos tecidos da periferia do
corpo (pele, músculos, articulações, tendões, tecidos de revestimento das vísceras,
periósteo). Tende a ser bem localizada e a apresentar qualidade bem distinta (ex:
rasgadura, pontada, queimadura, aperto). Pode ser superficial ou profunda (menos distinta
que a superficial), dependendo das áreas afectadas. Exemplos: dor da artrite, queimadura,
feridas na pele, abcessos cutâneos.

Dor visceral: é a forma de dor nociceptiva decorrente da lesão visceral (ex:intestinos,


coração, pulmões). Também chamada de dor surda, é profunda, difusa, difícil de
caracterizar, e geralmente se acentua com o funcionamento da víscera afectada (ex:dor
que aumenta com a ingestão de alimentos). Alguns tipos de dor visceral se relacionam com
órgãos e processos patológicos específicos (ex:dor surda abdominal-lesão de órgãos
maciços ou processos não obstrutivos de órgãos ocos, dor tipo cólica abdominal- processos
obstrutivos de órgãos ocos).
A dor visceral pode ser verdadeira (que se manifesta nas proximidades do órgão
afectado), ou referida (que se manifesta distante do local afectado através da
transmissão nervosa).

Dor disruptiva

A dor disruptiva geralmente tem a mesma causa que a dor crônica, mas se apresenta de maneira
mais intensa. Seu nome está relacionado ao fato de que ela rompe o alívio que um analgésico
normalmente traz à pessoa com dor. 
Pode se apresentar várias vezes durante o dia, às vezes relacionada a uma determinada atividade,
como andar ou se vestir. 

13
Dor nociceptiva
A maioria das dores é do tipo nociceptivo. Elas são o resultado da estimulação dos receptores da
dor no caso de lesões no tecido (nociceptores) que estão localizados na pele ou nos órgãos
internos. 
Os tipos de lesão que estimulam esses receptores são feridas, contusões, fratura óssea,
esmagamento ou queimadura. No geral, esse tipo de dor é intensa, aguda ou latejante. Existem
casos também em que ela se apresenta de maneira leve.  
A dor que resulta de uma intervenção cirúrgica também é do tipo nociceptivo. Ela se apresenta
de maneira constante ou intermitente e piora quando existem movimentos, mesmo que simples,
como tosse, risadas ou respirações profundas.
Dor psicossomática
A dor psicossomática se apresenta de maneira física, porém sua origem está ligada a questões
psicológicas e emocionais. Suas manifestações podem ser puramente funcionais, sem lesão
orgânica subjacente. 
Em um sentido mais amplo, são uma das formas como o corpo expressa as emoções e também
distúrbios de humor. 
Dor idiopática
Uma dor é chamada de idiopática quando não se pode indicar sua causa. Nesses casos, o médico
não encontra provas de que ela foi causada por uma doença ou causa psicológica. Ou seja, sua
origem é completamente desconhecida.
Aguda  manifesta-se por um período de tempo curto, menos de 1 mês, e é facilmente
identificada. Funciona para o corpo como um sinal de alerta para inflamações, lesões, doenças,
como cólicas menstruais e extração de dentes.
Crônica manifesta-se por um período de tempo muito longo, mais de 3 meses, e pode debilitar,
exigindo maior atenção por parte de quem a está sentindo. Artrite, gota, câncer são exemplos de
doenças que causam esse tipo de dor.
Cutâneas localizadas e de curta duração, como queimaduras de primeiro grau e cortes
superficiais.

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Principais Características Da Dor

Para se poder fazer o controlo da dor, é importante saber como avaliar e mensurar a dor. A
avaliação da dor inicia ao observar cuidadosamente o paciente quanto aos seguintes aspectos:
postura geral e presença ou ausência de comportamento que manifesta a dor. Ao colher a
anamnese, deve-se solicitar dos pacientes uma descrição dos seguintes aspectos:

presença ou ausência de comportamento que manifesta a dor. Ao colher a anamnese, deve-se


solicitar dos pacientes uma descrição dos seguintes aspectos:

 Intensidade
 Evolução;
 Duração;
 Localização;
 Qualidade;
 Grau de incapacitação;
 Factores agravantes e aliviantes;
 Manifestações associadas.

Intensidade
A intensidade da dor deve ser avaliada antes e após intervenções potencialmente dolorosas. Em
pacientes capazes de verbalizar, o autorrelato é o padrão-ouro e os sinais externos de dor (p. ex.,
chorar, estremecer, balançar) são secundários. Para pacientes com dificuldades de comunicação e
em crianças pequenas, os indicadores não verbais (comportamentais e algumas vezes
psicológicos) podem ser a fonte primária de informação.

Para avaliar a intensidade da dor são usados instrumentos que podem servir para documentar a
necessidade de intervenção, avaliar a eficácia da intervenção anterior, e identificar a necessidade
de outras intervenções caso a primeira tenha sido ineficaz no alívio da dor.

Exemplos de escalas de avaliação da dor:Escala descritiva simples da


intensidade da dor.
Exemplo: ausência de dor, dor leve, dor moderada, dor intensa e dor

15
insuportável. Escala numérica de 0-10 de intensidade da dor. Nesta escala 0
significa ausência de dor e 10 dor insuportável. O paciente é solicitado a indicar
o número correspondente à sua dor num intervalo de 0 a 10.

Escala analógica visual: é uma linha recta com 10 cm de comprimento em que a


extremidade da esquerda refere-se à expressão ausência de dor e da direita a dor
insuportável. O paciente é solicitado a indicar o ponto a que corresponde dor, com base no
conhecimento do significado dos extremos (ausência de dor/dor insuportável).

Escala de dor de faces: este instrumento possui seis (6) faces que demonstram expressões que
variam desde o sofrimento do paciente até o óbvio. Nesta escala o paciente aponta a face que
mais se identifica ou se assemelha com a intensidade da dor.

Evolução

É variável, quanto a forma de instalação (brusca ou gradual); factores desencadeantes (evocada


por estímulos específicos ou espontânea); ritmicidade (constante, intermitente, períodos
específicos do dia, a qualquer momento). Estes dados podem ser obtidos com base na anamnese
e nalgumas vezes, através da observação dos doentes.

Duração

Dependendo da sua duração, a dor pode ser aguda ou crónica.

Dor aguda – a dor aguda tem início abrupto, e muitas vezes é reversível. Pode durar de uns

segundos até 3 meses, no entanto, este tempo nem sempre é determinante porque muitas lesões
agudas curam dentro de algumas semanas e a maioria em torno de 6 semanas.

Manifesta-se de forma variável, geralmente com choros, queixas e posição antálgica (que evita a
dor).Serve como sinal de alarme e acompanha-se de ansiedade Dor crónica - tem início mal
definido, persiste após o tempo determinado para a cura de uma lesão ou está associada a
processos patológicos crónicos que causam dor contínua ou recorrente, ou ainda a lesão do
sistema nervoso. A forma mais frequente de manifestação é a depressão e o cansaço.

Localização

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Pode ter localização específica num único ponto ou em vários pontos; pode ser de fácil
localização ou difusa (difícil de localizar); pode ter ou não ter irradiação para locais diferentes da
fonte principal. Para obter estes dados, deve-se pedir ao paciente que aponte o local afectado do
corpo, ou seja, onde sente a dor. Esta avaliação pode ser reforçada com o uso de desenhos de
figuras humanas em que se solicita que o paciente aponte ou sombreie a área da dor.

Qualidade ou auto-relato

É a descrição das características da dor dada pelo paciente, usando as próprias palavras, sem que
lhe ofereça ajuda durante a descrição. Deve-se deixar o tempo suficiente para que os pacientes
descrevam a dor. Este tipo de avaliação é indicado para pacientes com capacidades de
compreensão e verbalização. Exemplo: ‘’ sinto um peso na cabeça’’, ‘’sinto como se a minha
barriga estivesse a queimar por dentro’’, ‘’sinto que algo se está a rasgar no meu peito’’.

Grau de incapacitação

É importante saber do paciente em que medida a dor o afectou na sua vida quotidiana, tendo em
consideração que há pessoas que conseguem trabalhar, estudar mesmo com dor, enquanto outras
ficam incapacitadas de realizar qualquer que seja a actividade.

Factores agravantes e aliviantes

Deve-se colocar as questões relativas a factores que agravam ou que aliviam a dor. Nestes casos
deve-se proporcionar ambientes agradáveis ou eliminar os factores agravantes de dor e oferecer
ambientes que ajudam o paciente.

Manifestações associadas

Importante pesquisar acerca de outras manifestações, e sua relação com a dor. Ex: se a dor é
acompanhada de incapacidade de movimento.

Controlo Da Dor

Ao longo da nossa vida toda já sentimos dor e sabemos, por experiência própria, o quão
desagradável é, e o quanto pode condicionar o nosso bem-estar e a nossa qualidade de vida. A
sua influência negativa atinge tanto a nossa saúde física, como a nossa vida emocional e social.9
9
BANNWARTH B, Pehourcq F. – Pharmacologic basis for using paracetamol: pharmacokinetic and
pharmacodynamic issues, Drugs, 2003.

17
A dor é uma “experiência sensorial e emocional desagradável” . Varia de
pessoa para pessoa, e é determinada pelas características individuais de
cada um. A sua história de vida, o seu processo de doença e o próprio
contexto onde está inserido também influenciam a forma como se vivencia
e experiencia a dor

No tratamento da dor são considerados alguns factores tais como:

 Gravidade da dor;
 Efeitos lesivos previstos da dor;
 Previsão da duração da dor.

Após a avaliação da dor são estabelecidas condutas terapêuticas de controlo e alívio da dor.

O tratamento da dor pode ser farmacológico e não farmacológico.

O tratamento farmacológico consiste na utilização de medicamentos analgésicos (fármacos que


aliviam

a dor) que devem ser administrados conforme a prescrição. Os mais usados ao nível de TM são:

Aspirina e o Paracetamol.

Princípios básicos para o controlo da dor

 A relação médico-paciente-família deve ser baseada em confiança mútua.


 Avaliação multidisciplinar e multifatorial completa em relação a causa da dor.
 Tratamento precoce em todos os estadios da doença.
 O controlo da dor é parte integrante da assistência médica ao paciente. O paciente deverá
ser avaliado e reavaliado sob aspecto álgico (postura, face), sempre que
 se achar necessário.
 Em princípio, sempre acreditar que o paciente que sofre de dor, realmente sente dor.

18
Princípios básicos do tratamento não farmacológico

O tratamento farmacológico10, consiste em controlar a dor através de técnicas de distracção como


assistir um filme, praticar exercícios leves a moderados, fazer massagens, aplicação de calor ou
frio com compressas, banhos, entre outros.

Após o início da terapia é necessário avaliar se as intervenções realizadas foram eficazes com o
uso de escalas de avaliação da dor, caso seja necessário uma possível modificação da terapia.

Princípios básicos da terapêutica analgésica

Para administração dos analgésicos são observados os seguintes princípios:

 Via oral: sempre que possível, deve-se optar pela via oral para administração da
medicação

analgésica, uma vez que é mais confortável do que a via injectável, e que permite ao utente

maior controlo sobre a situação e mais autonomia no auto-cuidado.

 Controle pelo relógio: dado que a medicação de uma dor moderada a intensa deve ser

administrada observando intervalos fixos de tempo. Isto permite assegurar que a dose

seguinte a ser administrada aconteça antes que o efeito da dose anterior tenha passado.

 Deste modo evita-se que o utente experimente dor que pode levar à tolerância e necessite

de doses maiores de analgésicos.

 Controle pelos níveis de tratamento da dor: os 3 níveis de tratamento da dor que guiam o

uso sequencial dos medicamentos. (veja abaixo)

 Características pessoais do indivíduo: a dosagem e escolha do analgésico devem ser

definidas de acordo como estado geral e as características da dor de cada utente. Ex: num

paciente com vómito, deve-se optar pela via injectável.


10
JOINT FORMULARY COMMITTEE: British National Formulary, London United
Kingdom, British Medical Association and Royal Pharmaceutical Society of Great Britain, 2002.

19
 Uso de adjuvantes: adjuvantes podem ser usados para aumentar o efeito do tratamento,

para controlar os efeitos adversos e controlar sintomas que contribuem para a dor do utente,

como por exemplo: ansiedade, depressão, etc.

 Informação sobre o medicamento: deve-se fornecer aos utentes informações precisas


sobre

nomes dos medicamentos, dose, intervalos das medicações, efeitos colaterais, etc.

Níveis de tratamento da dor

O controlo da dor nos doentes oncológicos exige a utilização de diversos fármacos e outros
métodos de tratamento complementares (radioterapia, quimioterapia). O sucesso da estratégia
terapêutica analgésica planeada depende da monitorização da dor em todas as suas vertentes. O
alívio da dor deverá ter uma sequência: alívio durante a noite, alívio em repouso durante o dia, e
alívio durante o movimento (nem sempre é totalmente possível). Por vezes o alívio da dor pode
demorar três a quatro semanas se existir relação com ansiedade ou depressão. A reavaliação é
uma necessidade permanente, porque as dores antigas podem piorar e aparecer dores novas.

A Organização Mundial de Saúde seleccionou um regime analgésico baseado na intensidade da


dor, descrita como a escada analgésica. A escada analgésica é constituída por três degraus

Nível I

No primeiro degrau os analgésicos 11 são não opióides, que incluem o paracetamol e os fármacos
anti-inflamatórios não esteróides (AINES) e salicilatos. Neste degrau a dor é considerada ligeira,
os analgésicos têm acção analgésica, antipirética e anti-inflamatória. Quando existe dor quase
sempre existe um processo inflamatório associado, podendo este condicionar propriedades
reparadoras quando integradas no contexto de uma situação aguda ou por outro lado evoluir para
um processo prolongado crónico com destruição associada.

Exemplo contém analgésicos convencionais, menos potentes ou não opiáceos. aspirina e


paracetamol associados com medicamentos adjuvantes que podem ser fármacos anti-
inflamatórios (ex:diclofenac), ou conforme a necessidade.
11
MOORE A. (et al) – Single dose paracetamol (acetaminophen), with and without codeine, for postoperative pain,
Cochrane Database Syst, Rev. 2000.

20
Nível II

No segundo degrau12 são utilizados opióides fracos, sendo incluídos o tramadol e a codeína.
Estes também estão limitados por doses-tecto. A codeína é um opióide natural, mais fraco que a
morfina e produz analgesia em parte pela sua ligação aos receptores opióides u e em parte por
bio transformação em morfina. A dose inicial apropriada da codeína é de 15mg por via oral de 4
em 4 horas e 15mg por hora se houver necessidade de um analgésico de resgate.

O tramadol, um análogo sintético da codeína é recomendado como um analgésico seguro e eficaz


no degrau 2 nas situações de dor moderada, incluindo a dor neuropática. O tramadol é um
agonista fraco dos receptores opióides e um inibidor da recaptação da noradrenalina e da
serotonina. Como efeitos secundários são: náuseas, tonturas. Deve ser evitado ou usado com
cuidado em epilépticos ou em doentes que estão a receber substâncias anti-parkinsónicas.

Exemplo engloba os analgésicos de potência intermédia ou também designados opiáceos fracos:


codeína. Estes medicamentos são administrados em casos de dormoderada e também em caso de
não se registar alívio da dor na administração dos fármacos do nível I.

Nivel III

No terceiro13 degrau da escada analgésica utiliza-se opióides fortes com ou sem analgésicos
adjuvantes, é usado para controlar a dor moderada a intensa em doentes que não respondam a
doses máximas dos tratamentos do degrau dois. Existe uma variedade de opióides fortes como a
morfina, buprenorfina, hidromorfona, oxicodona, fentanil e metadona estão incluídos no degrau
A administração dos opióides deve ser preferencialmente por via oral. 58A morfina por via oral é
o analgésico forte de escolha para a dor oncológica. Contudo, em mais de 60% dos casos, os
doentes são incapazes de tomar medicamentos por via oral. Nas vias alternativas de
administração incluem-se as seguintes: subcutânea, intravenosa, transdérmica, transmucosa oral,
rectal e intraespinal. Está recomendada nos doentes com dor que não responde ao uso combinado
e optimizado de um não opiáceo e de um opiáceo fraco. 3 Geralmente é estimado que entre 71% e

12
HILL, C. Stratton – New information about opioid pharmacology learned from cancer patients in pain - in “Dor: do
neurónio à pessoa”, editado por Toscano Rico e António Barbosa, Departamento de Educação Médica da
Faculdade de Medicina de Lisboa/
13
YANG (et al) – Recent advances in opioid therapy, Vol. 2, Nº 4, Hong Kong, December 1996. p. 397- 400.

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100% dos doentes obtêm analgesia adequada na dor oncológica. Quando a escada analgésica é
usada de forma apropriada, uma pequena percentagem (10% a 30%) não responde à morfina,
ainda que, recebam baixa analgesia respondem à intolerância dos efeitos secundários.

exemplo contém analgésicos mais fortes ou também opiáceos fortes. Exemplo: morfina. São
administrados opiáceos fortes se a combinação dos fármacos dos níveis I e II não forefectiva no
alívio da dor.

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Conclusão

A dor é uma emoção penosa e desagradável, que a partir do momento em que surge suscita como
primeira reação a sua recusa. A componente comportamental da dor engloba um conjunto de
manifestações verbais e não verbais da pessoa, tais como queixas, gemidos, mímicas, posturas
anti-álgicas. A percepção da dor actual é influenciada pelo passado doloroso do sujeito, pelas
dores dos outros que ficaram na sua memória. Dor é uma experiência sensorial e emocional
desagradável associada a uma lesão tecidular potencial ou real, ou cuja descrição pode
corresponder à existência de tal lesão. Esta definição significa que a dor pode estar associada a
uma lesão tecidual, ou a variáveis cognitivas ou emocionais onde a dor é independente de dano
tecidual. A dor é um fenómeno somatopsíquico modulado pelo humor e pelo moral do doente e
pelo significado que a dor assume para o doente.

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