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Ribeirão Preto
2006
UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM MUSICOTERAPIA
DEPARTAMENTO DE MÚSICA
Ribeirão Preto
2006
Musicoterapia no Tratamento da Dor
O presente trabalho foi avaliado pela banca examinadora tendo obtido média
_______________ .
Banca Examinadora:
_______________________________________
Noemi Lang
_______________________________________
Angela Bataglion
_______________________________________
Roger Naji El Khouri
Resumo
Resumo
saúde”.
essencialmente dor”.
Shoppenhauer
“A dor não surge apenas por estimulação periférica, mas também por uma experiência
Platão
“Estar a sós com nossa própria dor pode aumentar a concentração em sentimentos
INTRODUÇÃO 2
CAPÍTULO 3: A MUSICOTERAPIA
3.1 Música e Dor
3.2 Definição de Música em Musicoterapia
3.3 História e Definição da Musicoterapia
3.4 Tipos de Experiência Musical: “Os Quatro Métodos de Musicoterapia”
3.5 Áreas e Níveis de Prática
3.6 Processo Musicoterapêutico
3.8 O Papel do Musicoterapeuta
DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
das pessoas relacionadas às suas dores. Entretanto, o sofrimento como experiência subjetiva,
É sabido que a dor tem uma função sinalizadora no nosso organismo e a maneira pela
qual lidamos com ela é subjetiva, pois tanto os aspectos físicos quanto emocionais são
A partir do pressuposto de que existe uma relação psíquica com a manifestação da dor,
tolerância a dor e menor necessidade de uso de medicação, promovendo assim, bem estar. A
conceitos levantados por diversos autores que falam sobre a emoção e a dor, ilustrando com
medicamentos.
Neurofisiologia da Dor
1. NEUROFISIOLOGIA DA DOR
ou da eminência disto ocorrer e, promove uma reação para a remoção do estímulo nocivo.
todo o corpo. São eles que se sensibilizam frente aos estímulos nocivos e iniciam uma cadeia
Entender a dor continua sendo uma das grandes preocupações da humanidade. Desde
da dor varia não somente de um indivíduo para outro, mas também de acordo com as
diferentes culturas.
A raiz latina da palavra dor é dolor que significa sofrimento. Em nosso cotidiano, dor
esta relacionada ao sofrimento físico e/ou mental. Outras definições referem-se a dor como
desconforto existente, a função inicial da dor é informar sobre um perigo potencial ou real,
acordo com o mesmo autor, a psicologia está, há séculos, buscando uma explicação para a
Neurofisiologia da Dor
mil anos atrás, já tentava estabelecer uma relação com os padrões psicológicos,
relacionava os tipos de humor com a cor da bile. Para ele, a dor era uma antítese à experiência
do prazer, uma sensação de falta de satisfação. No final do século XIX e, ao longo do século
estabelecidas como uma área de pesquisa e de clínica. Todavia, apenas a partir de meados do
de acordo com Melzack (1965 apud CRUZ et al., 2001), descrevia a presença de dois
ele, uma função da personalidade, dos fatores sociais e emocionais (CRUZ et al., 2001, p. 34-
35).
real ou potencial dos tecidos. (...) Cada indivíduo aprende a utilizar esse termo através das
SBED, 2005).
Neurofisiologia da Dor
Melzack e Wal (1965 apud Cruz et al., 2001), desenvolveram a Teoria de Controle
dos Portais (Gate Control Theory), a qual apresenta um mecanismo do Sistema de Controle
permeiam a dor. A teoria se consiste num mecanismo fisiológico de bloqueio da dor antes que
ela seja retransmitida ao córtex cerebral. Isso ocorre devido à secreção e liberação de
(tronco cerebral); nas colunas dorsais medula espinhal e provavelmente nos núcleos
estímulo não prossegue para as áreas encefálicas corticais, ou seja fecha-se o portão e o
espinha medular, pelo sistema nervoso central e hipotálamo. Assim, os aspectos cognitivos
dolorosa é composta pela percepção da dor, associada às reações emocionais, estados afetivos
conceituam a dor como uma “experiência sensorial e emocional desagradável, a qual está
Neurofisiologia da Dor
É uma qualidade perceptual complexa, podendo ser modificada pelos aspectos
culturais, sociais, raciais, sexuais, etários e mentais dos indivíduos. A Neurofisiologia explica
à dor experimental no nível clínico, os aspectos da experiência dolorosa, tais como: limiar
(ponto em que todo estímulo alcança tal intensidade, que não pode ser aceitavelmente
tolerado) e a resistência à dor (diferença entre os dois limiares, que expressa a amplitude de
Para a SBED (2005), os mecanismos da dor que podem ocorrer após um traumatismo,
conduzem o estímulo doloroso por nervos (como se fossem fios telefônicos) até a medula
espinhal. Deste local, o estímulo (a mensagem) é levado até diferentes regiões do cérebro,
onde é percebido como dor e transformado em respostas a este estímulo inicial. Esse
mecanismo tem sua atividade regulada por um conjunto de substâncias, produzidas no sistema
nervoso, que se constitui no chamado sistema modulador de dor. Algumas dessas substâncias,
Neurofisiologia da Dor
estímulo percebido pelas terminações nervosas livres são transmitidos através de impulsos
pelos nervos periféricos pelas fibras tipo A – 6, a uma velocidade de 30m/s, até chegar as
raízes dorsais da medula espinhal. A partir daí os impulsos caminham para o tronco cerebral,
tálamo e áreas sensoriais somáticas, local onde a dor é reconhecida de maneira consciente;
impulsos são transmitidos pelos nervos periféricos pelas fibras tipo C, a uma velocidade de
O,5 a 2m/s. Também seguem pelas Raízes Dorsais da Medula Espinhal, mas ao chegarem no
tronco cerebral invadem várias regiões desta estrutura. A partir daí seguem não só para o
tálamo, mas também hipotálamo e outras estruturas encefálicas basais. Os estímulos desta via
multissináptica desta via, ocorre uma dificuldade de localização da dor pontual, o que não
Devido a este Duplo Sistema de Transmissão, pode ocorrer inicialmente uma sensação
rápida e aguda da dor, necessária a uma reação proteção, seguida (1s após) de uma sensação
de dor lenta necessária à identificação. Sabe-se também (RAHMAN et al., 2003), que a via
Neo-Espinotalâmica é responsável pelo aspecto sensorial, discriminativo da dor, visto que seu
Neurofisiologia da Dor
fúria e agressividade. Essas áreas têm papel crítico nos aspectos emocionais e
A dor pode ser a manifestação, um sintoma de uma doença ou afecção, mas também
pode ser parte de um quadro clínico mais complexo, podendo se apresentar como: um
resultado da estimulação das vias nociceptivas periféricas (dor aguda), uma hipofunção do
sistema supressor da dor (que é considerada como dor central – dor crônica), a coexistência de
manifestação da dor ela pode ser de quatro tipos: aguda, crônica, recorrente e psicogênica.
De acordo com Nelson et al. (2003), a dor aguda decorre de um trauma ou uma
inflamação ativa que está freqüentemente associada a respostas do sistema nervoso simpático
(“luta ou fuga”). Por exemplo, dor de dente, ocasionada por cáries. É denominada aguda num
A dor crônica, Ibid., pode estar associada a uma diminuição dos fatores autonômicos e
mais complexo e prolongado, por ser resultante de mecanismos multifatoriais que conduziram
o organismo afetado a esse ponto de cronicidade. Os tipos de dores crônicas são: lesão
Neurofisiologia da Dor
1
A ocorrência de dor, especialmente crônica, é crescente, talvez em decorrência de:
novos hábitos de vida; maior longevidade do indivíduo; prolongamento de sobrevida
dos doentes com afecções clínicas naturalmente fatais; modificações do ambiente
em que vivemos; e provavelmente, do reconhecimento de novos quadros dolorosos e
da aplicação de novos conceitos que traduzam seu significado. Além de gerar
estresses físicos e emocionais para os doentes e para os seus cuidadores, a dor é
razão de fardo econômico e social para a sociedade. (TEIXEIRA, 1995)
A dor recorrente se apresenta por curtos períodos de duração, que se repetem com
freqüência, sem a necessidade de estar ligada a um processo do indivíduo, porém pode durar a
A dor de ordem psicogênica é aquela em que nenhuma etiologia orgânica pode ser
Neurofisiologia da Dor
1
Disponível em: http://www.dor.org.br/dor_intro.asp
Picada
- Central
SNC)
- Psicogênica
Neurofisiologia da Dor
Aguda Crônica
Positivo:
Significado para o Positivo: indica lesão Negativo: sem propósito
obtenção de
Paciente ou doença útil
ganho secundário
Vegetativos
músculos. personalidade
Neurofisiologia da Dor
1.4 O diagnóstico e a avaliação da dor
saúde, tem como objetivo principal a identificação dos agentes causais, a origem, a
mais adequado para seu tratamento. São realizados os seguintes procedimentos: histórico ou
anamnese, que é elaborado por perguntas do profissional para o paciente, para saber sobre a
forma de como aconteceu essa dor, sua duração e periodicidade, a localização, como evoluiu,
fatores que podem ter contribuído para o seu agravamento ou alívio. O histórico pode ser
complementado por desenhos, que representam o corpo do paciente, a forma com que essa
dor se manifesta, escalas qualitativas (escala de faces) ou quantitativas (escala numérica com
preceder ao exame físico do paciente, para tornar mais precisa as informações do histórico,
visando detectar, de forma mais segura, a origem da dor, sua localização e um possível o
diagnóstico. Para isso, o profissional da saúde, deve estar atento às manifestações mais
comuns da dor, que podem se apresentar como: forma de choros ou gemidos, expressões no
defensivos contra a fonte da dor), principalmente na dor aguda, uma vez que, na dor crônica,
o organismo, muitas vezes, está “acostumado” com estas sensações. Deve-se também
observar a presença de “pontos gatilho”, que são pequenas áreas de dor intensa, localizadas
em músculos muito tensos. Quando essas áreas são pressionadas com os dedos, ou pela
Neurofisiologia da Dor
introdução de uma agulha, desencadeiam dor numa região distante. Os exames
complementares, para diagnóstico ou avaliação, podem ser classificados nos seguintes grupos:
imagem (auxiliam a identificar as anormalidades dos locais afetados e que ajudam a confirmar
Nos casos de dor crônica existem outros fatores que podem ter contribuído para o
aparecimento da dor, tais como: atividades físicas ou sobrecargas exercidas pelo paciente
DORT), bem como as posições do corpo ao deitar e sentar, alterações comportamentais, tipo
atividades de lazer e muitos outros, que devem ser investigadas durante uma avaliação
para detectar a existência de fatores emocionais e sociais, uma vez que a ansiedade, a
depressão e outros transtornos podem contribuir para os maus resultados do tratamento a ser
estabelecido.
Neurofisiologia da Dor
Os tratamentos adequados dos processos dolorosos, fundamentam-se no diagnóstico
das causas que provocaram o seu aparecimento, baseando-se nos exames clínicos e
médica e, não somente quando o paciente considere necessário. Consiste na administração por
via oral, injetável ou uma outra mais apropriada, de produtos como os analgésicos e anti-
adjuvantes, que são auxiliares dos analgésicos, aumentando a sua eficiência no alívio da dor e,
outro lado, os tratamentos auxiliares utilizados além dos remédios são: a fisioterapia, a
físicos, massagens, exercícios e aparelhos) para auxiliar no tratamento da dor e para melhorar
a função das estruturas, que foram comprometidas pelo processo doloroso; a acupuntura
mecânicos de estímulo das estruturas da pele, subcutâneas e até nos músculos adjacentes,
Neurofisiologia da Dor
analgésicas, como a endorfina e a serotonina (já citadas anteriormente); a psicologia auxilia o
De acordo com a SBED (2005), existem outros recursos terapêuticos, sendo que um
deles é a atividade artística, que se apresenta como um meio auxiliar para combater a dor e
dor, enquanto o sofrimento leva ao isolamento social, a arte traz à tona uma atividade
crônica não tem como objetivo somente o desaparecimento da dor (que nem sempre é
a reintegração do indivíduo na sua atividade profissional ou outra atividade. Tudo isso leva,
outros, o que nos permite compreender o aspecto multifatorial da dor. É de vital importância
Neurofisiologia da Dor
que, além da equipe multidisciplinar, o próprio paciente, os familiares, e as pessoas que
2. SUBJETIVIDADE E DOR
se estabelece a nossa vivência de transcendência e como nos definimos como seres humanos
pensantes; é a subjetividade que caracteriza e difere uma pessoa da outra e, também através
das crenças do sujeito, de modo que cada um se torne um sujeito histórico, buscando a
concretização e a efetivação dos seus ideais e sonhos; é ela que faz com que as pessoas sintam
as coisas de maneira diferente uns dos outros, tanto na percepção quanto na conceituação dos
objetos ou fenômenos, e também faz com que os momentos e circunstâncias sejam percebidos
Segundo Castro (2006), embora a dor tenha uma importância existencial, ainda não se
já seria suficiente para explicar porquê não se produziu esse conceito, mas, as interpretações
Segundo a SBED (2005), a dor, por se tratar de uma experiência totalmente individual e
subjetiva, pode apresentar diferentes características que são descritas como: natureza,
freqüência, intensidade, qualidade, localização, duração e etiologia. Existem três fatores que
envolvem a experiência da dor, que são: os biológicos (lesão nos tecidos, condições físicas e
vulneráveis. O estresse e a ansiedade podem provocar dores físicas, mas isso não quer dizer
que a dor esteja na cabeça de quem as sente. Algumas pessoas culpam os “outros” pelos seus
dor não implica que desconheçamos a nossa situação, o que faz com que devamos buscar o
significado das coisas. Mesmo assim a dor não deixa de ser fisiológica, mas “o nível de
complexidade da dor ajuda a explicar porque ela é às vezes pior ou melhor. Isso quer dizer
que contribuímos para mitigar a dor quando refletimos nos nossos sentimentos mais
1991, p.).
De acordo com Cruz et al., (2001), a partir de meados do século XX, fundamentou-se,
relação a ela, os estados psicológicos e biológicos, e uma gama de tendências para agir. Para
ele existem centenas de emoções, junto com suas combinações, variações, mutações e
matizes; existem mais sutilezas na emoção do que palavras para definí-la. Os pesquisadores
buscam discutir sobre quais as emoções podem ser consideradas primárias, e propõem
famílias básicas. Por exemplo: Ira, Tristeza, Medo, Prazer, Amor, Surpresa, Nojo e Vergonha,
à força de sua existência nas questões humanas. Essa força é capaz de conter nossos instintos,
nosso racional, pois vem do coração. Cada tipo de emoção vivênciada nos predispõe a uma
ação imediata; cada uma aponta para uma direção a ser tomada nos desafios que o ser humano
coração.
De acordo com o mesmo autor, a maneira como avaliamos, quando nos deparamos em
situações complicadas e como respondemos a elas, são moldadas não apenas por nossos
julgamentos racionais ou nossa história pessoal, mas também por nosso passado ancestral.
Para ele, a empatia é um ato de compreensão, tão seguro quanto a apreensão do sentido das
palavras contidas numa página impressa. O ser humano tem duas mentes: uma racional que é
o modo de compreensão de que temos consciência e a outra emocional que é outro sistema
Mayer apud Goleman (1995), constata que as pessoas adotam estilos típicos para
manejar suas emoções, são eles: autoconsciente, que é uma pessoa consciente de seu estado
de espírito, no momento em que ele ocorre. São sofisticadas e positivas, no que diz respeito à
sua vida emocional; mergulhadas, são pessoas imersas em suas emoções, negativas e
incapazes de fugir à elas, como se aquele humor tivesse assumido suas vidas; resignadas, são
pessoas que tendem a aceitar seu estado de espírito, sem procurar mudá-lo.
Os aspectos que envolvem essas experiências podem variar de acordo com a severidade que
lidam com seus problemas, podendo ser desagradável ou penalizada pelos próprios
sentimentos.
pacientes com queixas de dores crônicas, devem ser considerados, pois seu estado afetivo é
psíquicas, são os que mais se queixam de dor e, seus aspectos psicológicos, demonstram que a
dor aguda está associada à ansiedade. Pacientes com dor crônica, apresentam mais sintomas
depressivos, pois a vivência desses pode produzir sentimentos de desânimo e tristeza frente a
Ainda segundo o mesmo autor, a dor aguda é interpretada como uma ameaça à
integridade, a qual gera atitudes de escape, proteção, busca de apoio, medo e ansiedade. É um
sintoma de alerta, que apresenta uma fisiologia clara e, quando persistente, pode alterar a
A dor crônica está associada às afecções crônicas ou que persistem há um longo prazo para a
cura. Gera depressão e é vivida como perda, choro, lamento e comportamentos que visam a
significantes. Doentes com dor crônica apresentam prevalência mais elevada nos mais
concomitante da dor crônica. A dor usada com função de linguagem do inconsciente, é uma
verbal seria mais simples e o que a impede é a “resistência inconsciente”, que não permite a
básicos, mas aumenta a cronicidade emocional; à passividade, onde o paciente deixa de ser
agente no seu tratamento, entregando sua vida nas mãos dos outros; à dependência onde o
típico do doente crônico e, por esse funcionamento, a pessoa se torna mais vulnerável a
qualquer afecção ou lesão que lhes atinja o corpo e/ou a auto-estima. A qualquer momento
psicológicas não são as maiores preocupações. Para Brewster, (1982), citado em Coelho in
Angerami-Camon, et al., (2001), de maneira didática, para a compreensão das reações
emocionais dos pacientes, a primeira tarefa psicológica, que o indivíduo deve realizar, é
reconhecer que está enfermo, sem ficar arrasado. A segunda, é permitir, a si mesmo, depender
dos outros para a assistência (o que pode ser um problema para muitas pessoas. A terceira, é
ter que reassumir o seu funcionamento normal, à medida que a sua condição melhorar, apesar
de alguns pacientes sucumbirem emocionalmente após passarem por uma enfermidade clínica
aguda, com ou sem seqüela orgânica. As pessoas podem apresentar dificuldades em qualquer
De acordo com Goleman (1995, p.), “quando as emoções são sufocadas, geram
patológicas, tal como ocorre na depressão paralisante, na ansiedade que aniquila, na raiva
entendermos os sentimentos dos outros, precisamos interpretar canais não verbais: o tom da
voz, gestos, expressão facial e outros sinais. “Na terra dos doentes, as emoções reinam
doentes, porque nosso bem estar mental repousa, em parte, na ilusão de que somos
invulneráveis”. Para Ader apud Goleman (1995), que resultou sua investigação, na descoberta
intimamente interligadas.
autoconsciência, que tem por objetivo reconhecer sentimentos, montar um vocabulário para
eles e ver as ligações entre pensamentos, sentimentos e reações; tomar decisões, examinando
consigo mesmo”, compreender o que esta por trás de um sentimento, encontrando meios para
lidar com o medo, a ansiedade, a raiva e a tristeza; lidar com a tensão, o aprender o valor dos
como as pessoas sentem e lidam com seus sentimentos; comunicação com o outro, falando de
seus sentimentos e se interessando pelos dos outros; auto revelação, valorizando a franqueza,
sabendo liderar e cooperar; solução de conflitos, lutando limpo pelas coisa e estabelecendo
acordos.
Queiroz (1997), afirma que a música é uma vibração sonora que modifica o estado
emocional por meio das modificações no estado do corpo físico, e estas modificações estão
emocionais.
Segundo Campadello (1995), a música afeta o corpo de forma direta, quando o som
atua nas células e órgãos, e de forma indireta, quando o som atua sobre as emoções, influindo
comportamento humano, esta sempre no íntimo do homem, nasceu da sua mente, das suas
emoções, e por isso pode atingi-lo. Ela intensifica tudo o que já existia no homem como uma
espécie de ressonador.
experiências necessitam de saída para que o indivíduo possa manter o equilíbrio, pois a
pode satisfazer essas necessidades como meio de expressão, trazendo para a consciência,
singulares”. É uma manifestação direta da singularidade do ser humano, a maneira como ela
faz ou ouve a música, refletindo como a pessoa é, e a forma como ela lida com as situações
exemplificadas pela música. Mesmo quando duas pessoas fazem músicas juntas, a maneira
como elas compartilham a experiência musical, é singular. Por isso, o musicoterapeuta deve
utilizar música para seu cliente explorar os aspectos e formas de se relacionar com o mundo,
experênciar e transformar vários aspectos do eu, dos outros e/ou a relação eu-outro. Ela é o
próprio processo da mudança terapêutica, , sendo que o objetivo principal não é direcionar
esteticamente, mas utilizar a música como reflexo ou expressão extremamente pessoal de cada
de tudo o que aconteceu durante o processo. O produto musical fornece uma imagem, um
símbolo, uma metáfora ou uma projeção musical de cada pessoa envolvida no processo.
Segundo o mesmo autor, nesse modelo dinâmico: “o papel do terapeuta é utilizar seu
próprio eu subjetivo para se relacionar com o cliente de uma forma terapêutica, utilizando a
música tanto como terapia quanto na terapia” (BRUSCIA, 2000, p.). Para isso o terapeuta
3. A MUSICOTERAPIA
por mais que a ciência tenha avançado, a compreensão de como ela exerce influência sobre os
seres humanos constitui, ainda, um desafio e um campo a ser explorado. Sabemos que a
espiritual. Entretanto, muitos dos caminhos, pelos quais esses fatores ocorrem, ainda nos são
que quando as pessoas ouvem música, uma série de imagens é produzida, independentemente
de sua preferência musical, ou seja, a música contém um potencial para evocá-la, que não
constitui unidade de medida em si, mas possibilita a comparação quantitativa. Isso acontece
porque nosso cérebro transforma quase todas as experiências que temos em imagens mentais.
A música, por meio da sua linguagem de ritmo, melodia, forma, tom, harmonia, timbre,
instrumentação e vozes, toca todos os níveis do nosso ser e, as nuances da estrutura musical,
afetam o fluxo de imagens, conduzindo-nos à idéia de que músicas diferentes, com diferentes
2
nono
estruturas musicais podem apresentar, também, diferentes potenciais para evocar a
imaginação.
A audição musical pode ter um efeito positivo em pacientes que sofrem com dor,
Clinic Foundantion4, envolvendo 60 pacientes. Segundo esse estudo, a redução dos níveis de
dor dos pacientes que ouviam música foi 21% superior aos que não ouviam. O índice de
pacientes que sofriam com a depressão, em decorrência da dor crônica, também diminuiu
25%, enquanto que, o índice dos que não escutavam música, com regularidade, permaneceu
haviam recorrido a todo tipo de terapia para combater dores provocadas pela osteoartrite,
problemas de disco e artrite reumática. A maior parte dos pesquisados relatou que a dor
atingia mais de uma parte de seus corpos e era contínua. Dentre eles, alguns ouviam música
com fones de ouvido durante uma hora por dia, enquanto que o restante não compartilhava do
mesmo hábito. Entre os que ouviam música, metade era capaz de escolher suas músicas
favoritas e os demais podiam escolher a partir de uma lista de cinco fitas relaxantes,
oferecidas pelos pesquisadores. A conclusão da pesquisa mostrou que ouvir música tem efeito
revelado que ouvir música suave durante 45 minutos, antes de dormir, pode aumentar o sono
4
5
nono
McCaffery (1990 apud DOBBRO 1998), “indica a utilização da música como uma
abordagem não farmacológica, efetiva para o controle da dor, caracterizando-se num método
de distração e estar entre as estratégias mais eficazes, além de apresentar um alto nível de
aceitabilidade pelos pacientes”. Hicks (1992 apud DOBBRO 1998), afirma que a música,
além de reduzir a tensão e diminuir a dor , pode melhorar o sono e além de ser num método de
distração. Para Owens e Ehrenreich (1991 apud DOBBRO 1998), um dos métodos não
farmacológicos para o tratamento da dor crônica relatados pelas pesquisas é o uso da música
musicoterapia em estudos com pacientes com dor aguda, citando o estudo de Herth que em
seus achados identificou uma diminuição de 30% do uso de medicações analgésicas quando a
diagnóstico de fibromialgia (embora seja dor crônica não oncológica) demonstrou que a
audição musical ocasiona redução significativa da dor crônica, referida por essas pacientes
além de proporcionar uma experiência rica, pois além do alívio da dor, diversos aspectos
subjetivos emergem, tais como alterações nos estados de ânimo, facilitação da introspecção,
Segundo Todres (2006), o homem se relaciona com a música há muito tempo, devido
aos seus benefícios para o corpo, mente e espírito. Há séculos, os benefícios da música, para
aqueles que se encontram doentes, têm sido reconhecidos, mas apenas em anos mais recentes,
esses benefícios tem sido estudados de forma mais sistematizada. A música afeta as
ela beneficia pacientes com dor, alivia a ansiedade pré-operatória, age sobre o sistema
controle da dor. A música age como um estímulo em competição com a dor, distrai o
paciente e desvia sua atenção da dor, modulando, desta forma, o estímulo doloroso.
O estudo de Hatem et al. (apud TODRES, 2006)6, trata dos efeitos terapêuticos da
música em pacientes após cirurgia cardíaca, o que contribui para a apreciação dos benefícios
suportar o estresse da doença. Em estudos que compararam a audição passiva com a audição
mais vantajosa.
De acordo com Leão e Silva (2004), foi realizado um estudo realizado no Ambulatório
2001, com noventa mulheres voluntárias com dor crônica músculoesquelética. Segundo a
etiologia da dor, o grupo de noventa foi dividido em três grupos: trinta mulheres com
mulheres com afecções da coluna vertebral. Foi utilizado um formulário para caracterizar a
6
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jped/v82n3/v82n3a02.pdf
amostra quanto à idade, grau de instrução, estado civil, religião, situação profissional,
preferência e formação musicais. Foi avaliada a intensidade álgica antes e após a audição de
cada peça musical, com uma escala verbal numérica de zero a dez, na qual zero corresponde à
ausência de dor e dez à pior dor imaginável. Foram avaliadas, ainda, as seguintes variáveis:
selecionar duas composições eruditas de alto teor artístico, bastante diferenciadas quanto à sua
proposta musical, e uma terceira possibilidade como controle, que foi denominado Mix, por se
Leinig (1977, p. 18) define a música, “por sua própria essência, é beleza, ordem,
regularidade, coesão, equilíbrio, proporção”. Por outro lado, Bruscia (2000, p. 111), define
como:
Para Ruud (1990), a música é um fenômeno obtido através da cultura, onde, pela
suas funções são elas: A música propicia meios de sublimação canalizando os impulsos de
música fortalece o ego do paciente. Esse fortalecimento da estrutura do ego conduz à técnicas
mais eficientes para enfrentar problemas; a música é capaz de se desviar do ego e atingir a
Segundo Bruscia (2000), existem alguns fatores que influenciam na forma como
aquisições dos clientes são sempre aceitos sem julgamento; os padrões estéticos são mais
música; as superposições e relações entre a música e outras artes, contribuindo para tornar as
não exige que eles tenham habilidades musicais especiais, pois a prioridade é alcançar os
música e seus efeitos biológicos e psicológicos no homem, que podem ser encontrados nas
citações de Pitágoras que investigou a física do som e prescreveu intervalos musicais e modos
específicos para promover saúde. Platão descreve a força de pensamento e emoção da música
como medicina da alma, pois recomendava a música para a saúde da mente e do corpo, para
vencer as angústias fóbicas. Para Aristóteles, a música poderia ser compreendida como uma
experiência catártica emocional. Por outro lado, Caelius Aurelianus alertou-nos que o uso
indiscriminado da música poderia levar uma pessoa a loucura. De acordo com a Bíblia o Rei
Saul se acalmava com o som da harpa tocada por Davi. E, finalmente Esquirol, discípulo de
Pinéu, dizia que ainda que a música não curasse, ela distraia e aliviava (LEINIG, 1977)
Primeira e Segunda Guerra Mundial. De acordo com Leinig Ibid., em 1950, criou-se a
Antes disso, músicos amadores e profissionais passaram a tocar nos hospitais, em vários
países da Europa e Estados Unidos, para milhares de soldados veteranos. Logo os médicos e
enfermeiros puderam notar melhoras no bem-estar dos pacientes. Desde então, a música vem
sendo cada vez mais incorporada às práticas alternativas e terapêuticas. No Brasil, foram
Federal do Rio Grande do Sul. Hoje, no mundo, existem mais de 127 cursos que vão da
graduação ao doutorado.
Apresenta-se, a seguir, algumas definições de musicoterapia.
musicais e as relações que se desenvolvem através delas como forças dinâmicas de mudança”
De acordo com Hadsell (apud Costa 1989), a musicoterapia tem se baseado em quatro
suportes teóricos: Psicanálise - a música usada para liberar pulsões sexuais e agressivas
reprimidas; Behaviorismo – a música usada para ajudar a “eliminar associações inapropriadas
humanista- a música é usada para ajudar o indivíduo a desenvolver seu maior potencial
de relacionamento e comunicação.
Segundo Bruscia (2000), a musicoterapia não é apenas a utilização da música, mas sim
das experiências musicais. Ela é uma forma de terapia que se apóia na experiência como
dividem em cinco níveis: o nível pré-musical pode ser compreendido como tudo aquilo que
não faz parte, mas que pode ser convertido em música; o nível não-musical deriva de um
comportamento não possui intenção ou significação musical, não deriva nem sequer afeta a
atividade musical; o nível extramusical engloba todos os elementos que podem ser derivam da
música, que podem ser referentes a aspectos não-musicais que retiram significação ou a
afetam; por último, o nível musical provém de respostas intencionais que derivam de algum
som ou qualquer outro elemento musical significativo, que pode estar contido em uma
experiências musicais, quanto mais perto o cliente estiver do nível puramente musical mais
culturais.
foco primário é a promoção da saúde, entre a pessoa com o ambiente e a pessoa com seu
interior. Isto se dá através dos vários estratos sócio-culturais da comunidade e de seu ambiente
físico.
De acordo com o mesmo autor, cada área abrange práticas clínicas que variam de
(BRUSCIA, 2000).
3.7 Tipos de Experiência Musical: Os Quatro Métodos de Musicoterapia
também evoca diferentes tipos de emoções e engaja o paciente num processo interpessoal
diferente. Para entender como a musicoterapia opera é necessário compreender cada tipo de
Nessa experiência o cliente faz música tocando ou cantando, criando uma melodia, um ritmo,
para compor. O terapeuta ajuda o cliente a escrever canções, letras ou peças instrumentais, ou
ajuda criar qualquer tipo de produto musical movendo recursos como vídeos e fitas de áudio.
irá depender do objetivo proposto para o processo terapêutico. Antes de iniciar o tratamento, o
paciente deve passar por algumas etapas de diagnóstico como: entrevista inicial, ficha
indivíduo, desde sua vida intra-uterina, suas preferências e recusas sonoras e musicais.
paciente (o paciente irá tocar ou manipular o instrumento como desejar e qual desejar).
sustenta. Do ponto de vista dos procedimentos, envolve três etapas: avaliação diagnóstica,
tratamento e alta. De acordo com Barcellos (1999), a alta deverá ser dado quando a avaliação
mostrar que os objetivos foram atingidos e o paciente deverá estar apto para viver em
sociedade.
que o cliente traz para a terapia. Os objetivos podem ser interpretativos, descritivos,
prescritivos e avaliativos.
O tratamento é a parte do processo onde o terapeuta engaja o cliente nas experiências
experiências musicais, relevantes para o cliente e para o plano terapêutico. Para isso, utilizar
O processo musicoterapêutico para ser sistemático deve ser baseado num corpo
específico de conhecimento e regulado nos padrões clínicos e éticos que orientam e regulam a
conduta dos membros. Esses padrões podem ser considerados códigos oficiais de ética e de
prática clínica, entre eles as áreas de interesse comum são: competência, direitos dos clientes,
A Musicoterapia não pode ser feita de forma aleatória, pois se busca uma organização
e controle do que se é desejado ou pretendido. Ela é um processo que requer tempo, ou seja,
uma seqüência de experiências que conduzem para um estado desejado. Com relação ao
processo propriamente dito, Bruscia (2000) define seis tipos: desenvolvimentista, quando a
interpessoal quando se baseia em relacionamentos com outras pessoas; artístico quando visa
o fazer musical, engajando o cliente na interação musical, na escuta, ou até mesmo através de
De acordo com o mesmo autor, a musicoterapia não é uma prática estanque de eventos
adequar a melhor forma de abordar seu trabalho, com conhecimento para auxiliar seu cliente
subjetiva do paciente à sua saúde. De acordo com Bloch (1982 apud BRUSCIA 2000, p. 52-
53) “a pessoa que está disponível como terapeuta é de fato um curandeiro sancionado
terapeuta é um profissional que tem o compromisso de ajudar os outros que necessitam de sua
especialização”.
Para Bruscia (2000, p. 54), por definição, “um terapeuta é um especialista que utiliza
princípios éticos pessoais e profissionais para orientarem seu trabalho para com os clientes.
Será apresentado um estudo de caso de uma paciente, atendida em uma clínica escola,
a 07 de junho de 2006 foram realizadas dez sessões ao todo, sendo que os atendimentos
semanais eram com duração cinqüenta minutos. O pseudônimo Alda será utilizado a fim de se
preservar a sua integridade. Sua principal queixa era de dor nas mãos e tensão no corpo todo.
Em cada sessão foi aplicada uma escala de avaliação numérica (EAN) da dor, com
qual o grau de intensidade da dor, de um a dez, do mais fraco para o mais forte, preenchendo
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dor nos membros superiores, com queixa de grande incapacidade funcional, causada
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Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/LER
primariamente pelo próprio uso das extremidades superiores em tarefas que envolvem
movimentos repetitivos ou posturas forçadas. Também é conhecido por L.T.C. (Lesão por
Como o nome LER se tornou popular, esta tem sido a denominação adotada no Brasil
e, apesar de bastante imprópria, relaciona sempre tais manifestações com certas atividades no
CLASSIFICAÇÃO
permanente).
ESTRESSE
se, em termos médicos, a um vasto conjunto de fortes estímulos externos, tanto fisiológicos
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Retirado do site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Stress
como psicológicos, responsáveis por uma resposta fisiológica designada como síndrome geral
de adaptação, tal como foi designado em 1936 por Hans Selye na revista científica Nature.
psicológico de uma pessoa”. Ele não é um evento específico, mas é um processo que depende
de como a pessoa reage às situações as quais ela é exposta. Para o autor, os principais
Algumas estratégias para lidar com o estresse são: objetividade, análise lógica, concentração,
emoções.
São Paulo há 28 anos, com os pais. Procurou a clínica-escola com a queixa de LER (Lesão
por Esforço Repetitivo) e estresse. Buscou a musicoterapia com intuito de ficar mais
tranqüila, relaxada, podendo assim, diminuir seus focos de tensão, melhorando e, na medida
do possível, curando o seu problema (LER e estresse). Ela esperava que a musicoterapia
pudesse lhe oferecer relaxamento, e o aprendizado de como fazê-lo nos momentos de conflito.
Os sintomas apresentados por Alda foram: tremor e dor nas mãos, insegurança,
nervosismo e um sentimento nostálgico e saudoso relacionado à infância. Ela não faz uso de
medicação, porém buscou tratamentos e atividades, como a natação, fisioterapia, homeopatia,
Alda relatou que a sua infância foi muito feliz, pois ia sempre passear com a família
para a praia, cinema, e muitos outros lugares. Após seus 10 anos de idade, ficou mais agitada
e nervosa. Ela acha que foi devido a uma possível repressão materna na menarca.
A passagem mais relevante de sua vida foi a sua mudança de cidade, quando tinha 15
anos, ocasionada pela transferência do emprego do pai, que era militar (da parte
administrativa). Ela sentiu-se revoltada e mudou-se contra a vontade. Seus pais, e seu irmão
ficaram muito satisfeitos com a mudança e devido a esse fator ela decidiu “sofrer sozinha”,
como relatado. Todo o restante da família, tios primos e avós residem na cidade de origem.
Foi relatado, durante as sessões que ela tinha um primeiro “paquerinha”, na cidade natal, e
quando se mudou, ele passou a namorar uma de suas amigas. Desde então ela perdeu o
contato com todos seus amigos da cidade de origem, e isso lhe causou, segundo ela, um
grande transtorno.
Alda disse que ainda não havia se recuperado do trauma, e quando começou a aceitar
Trabalhou durante mais ou menos 8 anos, depois foi demitida junto com outros colegas. Em
seguida, prestou um concurso público e, desde então, está empregada como técnica
administrativa, onde trabalha há 15 anos. Relatou que sua expectativa com relação ao seu
novo trabalho foi “fantasiosa”, e depois que começou a trabalhar, se decepcionou, sentindo-se
muito frustrada.
As recordações de músicas da infância relatadas na entrevista foram: “Se esta rua
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Reflete sobre a sua infância, associa com a história de Beethoven, no qual diz que ele
Durante uma improvisação musical na sessão, foi constatado que Alda repetia diversas
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Nesta sessão, com o intuito de aplicar um teste projetivo sonoro-musical, foram
utilizadas seis músicas baseadas na entrevista inicial. Ao término de cada música, ela fez
algum comentário. Entre uma música e outra, foi perguntado se estava tudo bem.
por três vezes a música “Dancing Days”. No final, com um sorriso nos lábios, disse que havia
descarregado, que estava relaxada e adorou a experiência. Comenta que antes saia bastante
Relatou sobre a sua experiência com biodança, com a mãe, quando tinha quinze anos.
“A professora pediu que formasse uma roda e olhassem um para o outro, e que dissessem algo
Quando todos pararam, continuei falando Kana Kabana forte, caminhando na direção de uma
forte. Me senti muito constrangida e nunca mais fiz aula de dança, de nenhum tipo.”
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Improvisa repetidamente;
Diz gostar das notas fá e sol, mas não as toca na improvisação;
Relatou ter raiva da chefe, queria matá-la, mas como não podia, o faria com palavras;
conscientiza”;
Foi utilizada música de relaxamento (Dream bird: sons da natureza) para relaxamento,
Chorou e pediu desculpas, tem um sentimento nostálgico pela avó, que fazia sentir-se
especial;
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Alda traz três álbuns de fotos (um antigo de família, um da formatura, um recente, de
viagens);
Nas fotos que tinham o pai, circulava e batia os dedos sobre a sua figura;
Foi solicitado que Alda escolhesse a foto que mais gosta e a que menos gosta;
A que mais gosta é a que está com o pai, no baile de formatura da oitava série,
dançando, com uma rosa na vermelha mão. Diz ser um momento alegre e feliz;
A que menos gosta é a foto que contém toda a família. Ela tem quatorze anos na foto,
Foi solicitado dedicar uma música para a foto que mais gosta e para a que menos
gosta;
A música escolhida para a foto que mais gosta é “Amanhã” do Guilherme Arantes;
A música escolhida para a foto que menos gosta é “Polícia” dos Titãs. Diz ser um caso
de polícia.
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revoltados”;
Terapeuta toca junto com Alda, mais forte, mas ela volta a tocar suave;
Quando acaba de ouvir a música diz: “O sol brilha todos os dias para nós”;
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SESSÃO 6
Trás um cd, que em audição musical, foi ouvida “Essas mulheres” de Joana;
Canta “Digo que você me ama, quem sabe um dia acontece, viver sem amor ninguém
merece”;
Acredita que se não houver educação em um amor entre um homem e uma mulher,
não dura;
Foi solicitado que dedicasse uma música para o paquera, dedicou “Felicidade” do
Fabio Junior;
Canta: “Se o amor vem, não é por acaso”, “Sinto muito, mas assim é o amor”, “Se
acontece uma chance, você tem que pegar, não aparece duas vezes, dessa vez não dá”, “Se
existir até o fim, seu tempo acabou”, “Sinto muito, mas assim é o amor”.
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Foi gravado por cerca de cinco minutos a sua improvisação, após terapeuta e paciente
ouviram juntas;
Achou a gravação longa, teve a impressão de ter durado 20 minutos, achou o som
Na faixa um relata: “Não gostei, curta”, “sem saída”, “muito rápida”, nenhum
“floresta”, “verde”, “caminho”, “mar”, “bosque”, “sem fim”, “lost”, “começa fraca e vai
Sente-se nervosa;
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Ao tocar, diz que a mãe era pianista, que gostaria de tocar, mas não toca porque a sua
Permaneceu introspectiva;
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SESSÃO 10
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Chega nervosa, pois teria que fazer outra cirurgia na mão, fala por durante 20 minutos;
carrilhão;
Terapeuta para de tocar e Alda continua, com uma batida constante e expressão séria;
vigor;
Relata que estava pensando em crianças doentes, no pai, amizade, sinceridade e saúde;
Relata: “Eu estou fazendo musicoterapia para desabafar um pouco”, “gostei de tocar
bumbo”, “minha mão doeu um pouco, por isso toquei com a outra”, “tenho vontade de socar
isso aqui”, “ele tem força, barulho ensurdecedor”, “eu adoro o dia das mães, eu não sou mãe,
mas é um dia maravilhoso”, “tudo é comércio”, “eu gosto do carnaval, do sábado de aleluia,
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Nota: Alda precisou fazer uma cirurgia, e desde então não veio para o atendimento,
mas retornará no dia 07/06/2006 para uma devolutiva do semestre, e para o encaminhamento
ser racional ao lidar com seus problemas, porém seu discurso é incoerente, pois é emotiva ao
associar músicas com histórias pessoais, ligadas à infância, que aparece com maior ênfase na
sua fala.
Sua justificativa pela LER, foi uma predisposição genética, pois seu tio, e seu avô
também apresentavam essa dificuldade. Segundo ela, a LER teve início na sua infância.
Quando Alda iniciou seu segundo trabalho teve um problema nos dentes e precisou fazer uma
panorâmica (solicitada pelo seu dentista). Ela tentou fazer o exame no local que ela
trabalhava, mas a fila era grande. Então, resolveu fazer numa clínica particular e para isso
precisou faltar uma tarde do serviço. Então, apresentou um atestado ao seu chefe e ele lhe
disse que ela não precisaria ter pago pelo exame, e que o mesmo poderia ter sido feito lá.
Segundo ela, ele riu da cara dela e fez com que ela sentisse uma grande “agressão verbal”. E,
de acordo com seu relato, foi assim que seu “problema” começou, disse também que a partir
daí todos começaram a tirar sarro e implicar com ela (desde então, todas as pessoas que
Uma outra passagem conflituosa da sua vida foi a perda de sua avó paterna, que
segundo ela, havia “desencarnado”, há 4 anos atrás. Alda sentiu uma profunda nostalgia.
Ela é muito insegura, se sente sozinha, segundo ela, “psicossomatiza tudo nas mãos”.
Seu stress tem origem psicológica, gerando total sensibilidade nas mãos, pois as mãos
Na entrevista se recusou a fazer terapia em grupo, disse que não estava preparada.
Gosta de dançar (sozinha), enfrente ao espelho, não sabe dançar em par, e recusa-se a
muitos adjetivos positivos para descrevê-lo, e vive em desavença com a mãe se dirigindo a ela
com desprezo.
com a mãe, pois elas nunca conversam, e as atitudes do pai, eram de indiferença. A mãe é
muito ciumenta, e ela relata episódios que quando conversa com o pai, a mãe o chama para
fazer outra coisa, e Alda acha que isto não tem a mesma importância do assunto que ela
Sua mãe é pianista. Alda sempre quis aprender a tocar piano, fez duas aulas e parou
porque sua mãe não podia pagar, e também porque elas não se dão muito bem. Na sessão 9
ela relata que sonha em aprender a tocar piano, mas que não pode porque sua mãe toca todos
os dias no único horário em que ela poderia estudar. Na sessão 10, foi possível analisar
Ela relata que sua mãe tem ciúme do relacionamento dela com o pai, desde a sua
infância. Quanto à possibilidade de morar sozinha, ela diz que já pensou nisso, mas não tem
Alda acredita que o amor acontece por acaso, e que ele é mágico. Quer um amor, ele
não esta nem perto e nem longe, mas ela ainda não o conhece. Ou é alguém que ela não
Na tentativa de aliviar o seu problema físico (LER), o médico indicou natação. Fez por
algum tempo e desistiu porque lhe falta tempo (trabalha de segunda a sexta das 08h às 17h, e
Ela apresenta dificuldades em encerrar a sessão sem que eu dedique de alguma forma
alguma música a ela, e apresenta dificuldades em encontrar um fim para sua produção
musical.
3.10.6 Conclusão das Sessões
A Dor que ela sente nas mãos têm uma causa fisiológica, mas me parece ser de origem
psicossomáticas; de conteúdos não resolvidos por Alda que hoje aparecem claramente nas
o triângulo da relação filha- pai- mãe, pois expressou resistência ao expressar seus
sentimentos pela mãe ou pela sua chefe de trabalho (figura feminina), que podem ser
Seus sentimentos são incongruentes com as suas atitudes. Ao projetar a sua raiva na
chefe, ela utiliza as palavras “pensa, raciocina, conscientiza”. Mesmo estando com muita
raiva, ela nomeia estas três palavras para representar a sua raiva na chefe.
interpessoal. Na relação do trabalho, ela acredita que todos a caçoam, a perseguem, pelo fato
de ela ser muito competente. Todos a julgam e a olham com muita inveja e isto a incomoda.
Em casa, ela não consegue conversar com o pai, porque a mãe sempre “corta” o seu
assunto, com um “assunto nada a ver”. Ou elas disputam o “poder” (com o pai, o piano, etc.)?
parece que ela encontra resistência em finalizar as coisas, e expressar sua raiva nas mais
diversas situações da vida. Apresentou muita rigidez, rotina, repetição nas primeiras sessões,
mas nas últimas se mostrou mais flexível. Sugiro que, no próximo semestre, esses dados
De acordo com Agein apud Barcellos (1999), a resistência é uma relutância do cliente
processo de crescimento.
música é utilizada por vantagens não-verbais específicas e as palavras para enfatizar o insight.
para manter sua saúde psicológica, ou para intensificar o crescimento e a realização pessoal.
relações que se desenvolvem, promovendo um maior nível de insights do0 cliente e de sua
individual de três peças musicais. Os dados foram obtidos por meio de entrevista e a
intensidade da dor foi avaliada pela escala numérica verbal (0-10) antes e ao término da
o efeito terapêutico observado, sugerindo que análises nesse sentido podem contribuir para a
Essa pesquisa busca elucidar que as pessoas respondem de formas diferentes aos
tratamentos, por isso eles são diferentes. Portanto esse tratamento não serve para todas as
Observamos também,
e a subjetividade pode ter se detido mais num aspecto ou outro da experiência. Não podemos
nos inferir... levando-nos a maior aproximação das formas de atuação da música sobre o ser
humano.
Musicoterapia Analítica
A musicoterapia analítica foi desenvolvida por Mary Priestley, Peter Wright e Marjorie
Wardle, no início da década de 70. Com base psicodinâmica e ênfase na teoria de Freud e
Klein, o método é geralmente utilizado com adultos. O processo terapêutico envolve a
revelação de material subconsciente e consciente, que é trabalhado tanto através da
improvisação musical como do processo verbal. Segundo Priestley, o terapeuta precisa achar
a música nas palavras e as palavras na música e procurar sempre pelo sentido em ambas; de
acordo com Priestley, a música e as palavras acrescentamse mutuamente.