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Apresentação
Você sabe qual é a diferença entre sinais e sintomas? Será que podemos diferenciar os tipos de dor, ou todas elas são
iguais? Quais são as principais técnicas de inspeção utilizadas na fisioterapia para a realização do exame físico?
Essas e outras perguntas serão respondidas nesta aula, em que estudaremos os sinais e os sintomas, aprendendo a
identificá-los e a diferenciá-los. Conheceremos também os diversos tipos de dor, correlacionando-os aos sinais flogísticos.
Por fim, aprenderemos as principais técnicas de inspeção realizadas no exame físico em Fisioterapia.
Objetivos
Diferenciar os sinais dos sintomas;
Fonte: Shutterstock
Vivemos em um mundo em que a tecnologia é uma aliada importante em todos os setores profissionais, não é verdade? No
entanto, o avanço dessas tecnologias em exames, como ultrassonografias e ressonâncias magnéticas, acabaram deixando a
avaliação do paciente um pouco esquecida por alguns profissionais.
Vimos, na aula anterior, que a avaliação é a base inicial para fecharmos o diagnóstico de uma determinada doença ou
disfunção física. Para isso, nos valemos dos sinais e dos sintomas característicos de cada uma delas.
A partir de agora, conheceremos a diferença entre os sinais e os sintomas, os diferentes tipos de dores e as principais técnicas
de inspeção, o que nos permitirá compreender melhor as queixas apresentadas pelos pacientes e realizar uma avaliação mais
bem-sucedida.
SINTOMAS SINAIS
Os sintomas são todas as queixas que o E como identificar os sinais de uma
paciente relata no momento da doença? A palavra sinal vem do Latim
anamnese ou durante a consulta signalis, que significa indício ou vestígio
fisioterapêutica. As queixas são de algo. O sinal possui um dado objetivo
subjetivas, ou seja, têm um sentido que poderá ser verificado com ou sem o
importante para o paciente e dependem
da fala dele. Por exemplo, o paciente
relato do paciente, pela observação
direta, por meio de imagens e de sons
relata que está sentindo dor nos joelhos, que observamos no exame físico
sendo esta irradiada para os pés. Só o realizado na avaliação e no atendimento
paciente poderá classificar a intensidade do paciente. Por exemplo, ao chegar ao
dessa dor e o local que em que ela está consultório de fisioterapia, você percebe
localizada de fato. que seu paciente está com uma
dificuldade no andar por presença de
Cabe ao fisioterapeuta dar um edemas em joelhos e tornozelos.
significado para essas queixas, pois elas
proporcionam um sofrimento real aos
pacientes, que nunca deve ser
desprezado.
Atenção
Um sintoma também pode ser considerado um sinal, em que o relato do paciente poderá ser observado pelo fisioterapeuta no
exame físico. Por exemplo, o paciente relata que teve febre e que está com um edema no joelho direito. Tanto a febre quanto o
edema são sintomas relatados pelo paciente e também sinais da patologia, observados pelo fisioterapeuta.
Análise da dor
Fonte: Shutterstock
Todos nós, em algum momento de nossas vidas, já sentimos ou sofremos por estarmos com dor. Ela não é só uma experiência
física, mas também pode ter uma relevância emocional importante em nossas vidas. De acordo com a Associação
Internacional para o Estudo da Dor (IASP, 2011, on-line), a dor pode ser classificada como “[...] uma experiência sensorial ou
emocional desagradável associada a lesão tecidual, real ou potencial, ou descrita em função dessa lesão”.
A dor pode ser um sinal de aviso para alguma lesão, sendo esta iminente ou real, desempenhando um importante papel na
prevenção e na recuperação das funções normais do organismo. Porém, também podemos sentir dor após o tratamento de
uma lesão ou sentir dor de forma constante, como é o caso da dor crônica.
Dor aguda
A dor aguda é considerada fisiológica, ou seja, apesar de
muitas vezes a acharmos algo ruim, ela faz parte do
sistema de proteção do nosso corpo. É a dor que nos avisa
que algo de errado está acontecendo conosco. Sendo
assim, ela desempenha um papel importante na
restauração, na manutenção da integridade física e no
diagnóstico de várias doenças.
Traumas e queimaduras;
Dor pós-operatória;
Lesões desportivas;
Lesões e atividades por sobrecarga de peso;
Dor odontológica;
Cefaleias;
Dor menstrual;
Trabalho de parto;
Exames diagnósticos, por exemplo, biópsias;
Fatores que predispõem ao aparecimento da dor no
pós-operatório;
Idade (principalmente em pessoas jovens);
Gênero feminino;
Cirurgias anteriores;
Cirurgias longas;
Tipos de cirurgias (por exemplo, a cardíaca);
Paciente com índice de massa corpórea (IMC) elevado;
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Ansiedade.
Comentário
Saber controlar a dor pós-operatória é um dos principais motivos de satisfação do paciente, facilitando assim a recuperação e
diminuindo o sofrimento dele, além de evitar o aparecimento da dor crônica.
Dor crônica
Você sabia que, de acordo com dados obtidos por estudos
da IASP, mais de 40% das pessoas possuem uma dor
crônica? Se perguntarmos para amigos ou familiares,
sempre vai ter aquele que nos responderá que “aquela dor
está com ele o tempo todo”. Então, o que seria a dor
crônica?
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
Atenção
Quando a dor aguda passa a ser uma dor crônica, torna-se um problema de saúde pública, pois gera uma incapacidade do
paciente que poderá ser temporária ou permanente, o que faz aumentar os custos no sistema de saúde e a perda na qualidade
de vida do doente e da família dele. Muitas vezes o doente não sente apenas dor mas também fadiga, anorexia, náuseas,
alterações no sono e dificuldade de se concentrar em algo.
A dor passa a ser o centro das atenções, gerando uma limitação nas tomadas de decisão e no próprio comportamento do
indivíduo.
Tipos de dor
Dor articular (artralgia)
A dor articular se manifesta por um problema ocorrido
dentro da articulação. O sintoma mais comum é a presença
dos Sinais Flogísticos do processo inflamatório. E quais
seriam esses sinais?
Comentário
Geralmente, quando o paciente realiza o repouso, a dor articular tende a melhorar. No entanto, em alguns casos, pela falta do
movimento no repouso e a diminuição da produção de líquido sinovial, a dor pode piorar, sendo preferível ao paciente sempre
estar em movimento.
Muitos são os motivos que podem levar à dor muscular, no entanto, nos atendimentos veremos que a situação mais frequente
é a dor consequente ao uso excessivo do músculo, o que ocorre, por exemplo, quando há exagero na prática de exercícios,
principalmente nas academias. Porém, o problema também poderá ocorrer pelas seguintes razões:
Depressão, estresse ou ansiedade, assim como problemas comportamentais na adolescência. Em alguns casos, a mialgia
pode até ser o primeiro sinal da depressão;
Síndrome dolorosa miofascial, caracterizada por uma série de pontos de dor persistentes (pontos gatilhos) e nódulos
musculares;
Uso de álcool;
Câncer.
Choque (trauma);
Osteoporose;
Osteomielite;
Leucemia;
Câncer nos ossos.
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Avaliação da dor
A avaliação da dor é mais do que medir a intensidade desta, pois é por meio dela que o paciente poderá informar qual é o grau
de sofrimento dele. As escalas mais utilizadas para avaliar a dor do paciente são:
1 2
Em todas essas escalas, o paciente apontará a intensidade da dor. Sabemos, dessa forma, que a análise da dor será subjetiva,
pois será determinada pelo paciente. No entanto, as escalas nos permitem ter uma ideia mais aproximada da percepção da dor
do doente.
Escala de faces
A escala de faces foi adaptada para o Brasil de acordo com
a cultura local, por Claro, em 1993, representando os
personagens da Turma da Mônica. Essa escala possui cinco
expressões faciais que variam da carinha sem dor até a
carinha da dor insuportável, sendo:
0 = sem dor;
1 = dor leve;
2 = dor moderada;
3 = dor forte;
4 = dor insuportável. Fonte: CLARO, 1993.
Exames de inspeção
Fonte: Shutterstock
O exame físico consiste na primeira etapa do exame clínico, ou seja, complementa a anamnese do paciente tornando possível
uma visão completa deste.
É na inspeção que devemos observar o paciente detalhadamente. Ela deve ser realizada de forma bilateral, ou seja, devemos
observar ambos os lados dos membros do paciente. A área que será avaliada deve estar despida, o ambiente deve ser
reservado e tudo o que for feito no paciente deverá ser bem esclarecido para serem evitados constrangimentos.
Cabeça e pescoço
Poderemos observar os tipos de fácies dos pacientes. Algumas delas podem levar à suspeita de algumas doenças, por
exemplo:
Fácies hipocrática – paciente extremante emagrecido;
Fácies lúpica – paciente com a vermelhidão em forma de borboleta;
Fácies parkinsoniana – face em máscara comum no Parkinson;
Fácies leonina – paciente com hanseníase;
Fácies mixedematosa – hipotireoidismo;
Fácies cushingoide ou de lua cheia – paciente que faz uso excessivo da cortisona.
Tórax
Na avaliação torácica poderemos observar se o paciente apresenta alguma dificuldade na respiração e se está fazendo
uso das musculaturas acessórias deste, mostrando, dessa forma, a realização de uma força excessiva para respirar;
também observaremos os padrões respiratórios e a frequência respiratória.
Abdômen
- Cotovelos
Cúbito valgo – deformidade em que observamos que o antebraço está inclinado para longe do corpo em um grau
maior do que o normal quando totalmente estendido;
Cúbito varo – é uma deformidade comum, em que o antebraço em extensão é desviado em direção à linha média do
corpo, podendo estar associado a uma pseudoartrose do côndilo lateral;
Cúbito flexo – deformidade em que o antebraço fica levemente fletido, mesmo sendo solicitada a extensão dele;
wu – deformidade em que o antebraço faz uma hiperextensão.
- Joelhos
Genovalgo – ocorre quando os joelhos estão desalinhados, voltados para dentro, encostando um no outro (pernas
em tesoura);
Genovaro – observamos que os joelhos se mantêm afastados mesmo quando a pessoa consegue encostar um
tornozelo no outro;
Genoflexo – observamos uma projeção dos joelhos para a frente, parecendo que os joelhos estão sempre em flexão;
Genorrecurvato – a perna pode fazer um movimento de hiperextensão formando entre a coxa e a perna um ângulo
aberto para a frente.
- Pés
Pronado – é o pisar para dentro, ou seja, quem tem a pisada pronada ou em eversão acaba descarregando todo o
peso do corpo na borda interna ou medial do pé;
Supinado – é o famoso pisar para fora, ou seja, quem tem a pisada supina ou em inversão, descarrega todo o peso
corporal na borda lateral do pé;
Plano – observamos no pé plano uma ausência do arco plantar;
Cavo – no pé cavo poderemos observar um excesso de arco plantar;
Caído – poderemos observar um pé em flexão plantar, no entanto, ao realizarmos a mobilização passiva do pé não
encontramos nenhum tipo de resistência ou espasticidade. Exemplo: Paciente que tem sequelas de poliomielite;
Equino – observaremos um pé em flexão plantar, no entanto, na mobilização passiva, encontramos uma resistência.
Exemplo: Pacientes que tiveram derrames;
Hálux valgo – observaremos o hálux valgo ou joanete quando ocorre um desalinhamento entre os ossos e as
articulações dos dedos dos pés.
- Líquido extra-articular – presença de líquido ao redor das articulações, mas não dentro dela, configurando um
edema linfático (edema duro) com presença do Sinal de Cacifo, como na figura a seguir:
Fonte: MD Saúde
- Coloração da pele
Eritema – pele avermelhada (rubor), caracterizando presença de inflamação no local;
Cianose – pele arroxeada, caracterizando deficiência de circulação sanguínea no local.
- Pele seca – caracteriza desidratação do paciente, algumas doenças autoimunes, como psoríase ou dermatite
atópica.
- Análise de cicatrizes – avaliaremos principalmente o tipo de cicatriz (cicatriz hipertrófica ou queloide) e sua
mobilidade:
Mobilidade ativa – avaliaremos a capacidade de o paciente realizar os movimentos sozinho. Uma das análises é a da
marcha, que deverá ser realizada quando o paciente estiver se deslocando de um lado para outro.
Palpação
A palpação é uma forma de diagnóstico por pressão. Utilizaremos as mãos ou os dedos para pressionar a superfície do corpo
do paciente, podendo ser uma palpação superficial ou profunda. Poderemos fazer as seguintes análises:
1 2
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Mobilização passiva
Analisar a mobilização de membro de forma passiva.
Atividades
1. Uma paciente sofreu uma fratura exposta distal de úmero D, tendo que permanecer imobilizada por 5 meses. Após esse
período, foi encaminhada ao setor de fisioterapia para realizar uma avaliação cinético-funcional. A paciente apresentou:
Crepitação grau 2 em articulação glenoumeral D, quadro álgico relatado no membro lesionado, diminuição de arco de
movimento, diminuição de força muscular, febre, parestesia e hiperemia no local da lesão. De acordo com o caso clínico, quais
são os sinais e os sintomas da paciente?
Notas
Crepitações articulares
Crepitações tendinosas
quadro álgico por atrito do tendão sobre a bainha sinovial ou pelo atrito do tendão sobre a superfície óssea;
Crepitações musculares
ocorre quando há o deslocamento do músculo sobre a fáscia, presente principalmente nos alongamentos.
Referências
CLARO, M. T. Escala de faces para avaliação da dor em crianças: etapa preliminar. 1993. Dissertação (Mestrado em
Enfermagem) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.
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http://portaldoaluno.webaula.com.br//repositorio/LD153.pdf. Acesso em: 10 jul. 2020.
HY, I.; ABRISHAMI, A.; PW, P.; WONG, J.; CHUNG, F. Predictors of postoperative pain and analgesic consumption: a qualitative
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https://bv4.digitalpages.com.br/ . Acesso em: 10 jul. 2020.
O'SULLIVAN, S. B.; SCHMITZ, T. J. Fisioterapia: avaliação e tratamento. 3. ed. Barueri, São Paulo: Manole, 2004.
RITTO, C.; ROCHA, F. D.; COSTA, I.; DINIZ, L.; RAPOSO, M. B.; PINA, P. R.; MILHOMENS, R.; FAUSTINO, S. A. Manual de dor crónica.
2. ed. Lisboa: Fundação Grünenthal, 2017.
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